Cheaters Brasileira

Autor(a): Kuma


Volume 1 – Arco 3

Capítulo 29: Capital do Aço

 

||ESTRADAS DO CAMPONÊS||, porção central da caótica ||REN DO SUL||. Uma semana e alguns dias depois...

PLAYER: [Juniorai]

 

— Zzz...

— Junior? Junior?

Uma voz barulhenta começa a me chamar e quebra o doce silêncio de uma viagem tranquila.

— Ah? O que... o que foi?

Para a minha infelicidade era Arthur. Se fosse para ser acordado, pelo menos que fosse por uma garota bonita e peituda.

— Vamos chegar a ||BASIN-C|| em algumas horas. — informa ele.

— Ah, sim... — respondo com um bocejo e uma espreguiçada depois.

Já se fazia quase uma eternidade que estávamos na naquela viagem. Nem a viagem de Lidooberry para a ||CIDADE DOS COMERCIANTES|| — que eram praticamente em polos opostos no mapa, bem distantes — pareceu demorar tanto.

Picker saiu de dentro da minha brafoneira arruinada e se espreguiçou também. E eu nem sabia que limões com olhos e asas podiam dormir.

Uma semana se passou desde que nos despedimos da encrenqueira Justine e sua party. Parecia ontem que ainda estávamos conversando na [COMERCA], comendo e bebendo.

Seu jeito doce e bipolar de nos tratar bem; a forma como ela se preocupava conosco, como estava nos ajudando. Eu nunca tinha sentido um apreço e sentimento de gratidão assim por um NPC em toda a minha vida.

Mas suas palavras soando em um assustador tom de aviso ainda estavam frescas em minha mente...

 

 

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[COMERCA], ||CIDADE DOS COMERCIANTES||.

Uma semana antes...

 

— Justine! Que porra deu em você?

Ela apenas me mandou um “Venha comigo” e começou a me arrastar pelo braço pra cima e pra baixo sem sentido algum.

Chegamos a um lugar mais reservado. Era um terreno escondido na penumbra entre duas lojas, não muito afastado da taverna onde os outros tinham ficado. Minha cabeça nesse momento estava mais embolada que um novelo de gato, pensando em mil coisas.

— O que foi? Você está agindo ainda mais estranho do que o normal hoje! — disse enquanto parava no canto.

Ela olhou de um lado para o outro, como se certificando de que não havia ninguém perto no momento. E estávamos sozinhos.

Então ela me olhou de uma forma tão intensa que meu coração acelerou. Por um momento, pensamentos obscuros vieram na minha cabeça. Meus braços e pernas tremularam e meu rosto começou a arder.

“O que ela está pensando? Não me diga que...”

Engoli em seco. Ela só ficava ali parada, me olhando e sem dizer uma só palavra. O tempo pareceu desacelerar e os músculos enrijeceram. E então, quase em câmera lenta, seus lábios enfim começam a se mover:

—Junior?

—Sim? — respondi prontamente da forma mais natural que consegui.

—Eu queria te dizer uma coisa...

—Mesmo?

—Sim. Mas só que ninguém podia escutar.

—E o que seria? — Lentamente eu ia diminuindo o espaço entre nós.

— É algo importante e que você deveria saber. É algo que... descobri recentemente.

— Entendo. — Estava somente a poucos centímetros dela.

— Era sobre... — E então ela parou de falar quando percebeu que eu me aproximava, um olhar brilhante e semicerrado, lábios prontos para o ataque.

Porém, o que foi de fato atacado a seguir foi a minha cavidade facial.

Ela cerrou o punho e encaixou um soco quase profissional em meu maxilar, me derrubando sentado no pé da cerca alta de madeira que separava o terreno do resto da rua.

E aquilo doeu para um cacete!

— Argh! Que... que... porra... você me deu um murro?! — gritei, segurando meu queixo.

— Eu que pergunto! Que diabos você estava pretendendo fazer, seu sórdido?!

— Eu... eu pensei que...

Ela corou subitamente, provavelmente adivinhando qual foi meu pensamento.

— Que absurdo! Alguém da realeza como eu jamais ficaria com alguém tão baixo como você! Seu tarado sujo! — berrou a bipolar por mais alguns minutos.

Eu me levantei, sacudindo a poeira da roupa e massageando minha mandíbula dolorida. Justine se recompôs, o rosto mais vermelho que uma pimenta. Seus punhos ainda estavam tremendo e a respiração dela estava pesada.

— Certo, certo... acho que me precipitei. Desculpa...

— Tudo bem. — Ela soltou um suspiro, acalmando a respiração. — Eu que peço desculpas por bater em você. Mas, voltando ao assunto, era algo que só queria contar a você.

— O que seria mesmo?

— No tal laboratório que te contei antes... onde eu achei aqueles projetos.

— ...?

— Eu encontrei também... uma coisa estranha. — Justine mudou seu timbre, parecendo um tanto receosa.

— O que você encontrou?

— Era um livro. Bem... de começo eu pensei que fosse apenas um livro qualquer de lendas, mas ele falava coisas estranhas como dominação, a guerra entre dois reinos que devastaria todo o continente, uma profecia...

Era incrível como o tom da conversa tomou um caráter mais sombrio rapidamente.

— E tinha algum nome esse livro? — perguntei.

— Apotheosis.

Achei o nome muito esquisito e não consegui fazer um link com nada que eu me lembrasse. Talvez fosse algo que o próprio jogo tivesse criado para criar uma linha de narrativa para o jogo.

Se essa linha me envolveria ou não, eu só iria descobrir depois.

— Muito bem, talvez não seja nada, Justine. Talvez não seja nada mais que isso: uma história.

— Mas e se não for?! — Ela fez uma pausa, puxando uma mecha de cabeço para trás da orelha, recuperando a postura. — Tudo que dizia no pouco que consegui ler estava se cumprindo... a guerra, assassinatos em massa, conspirações.

Eu frisei os lábios.

— Tem algo mais que se lembre? Alguma informação?

— Tem sim. Eu descobri que esses fanáticos malucos servem uma tal de “Deusa Salvadora”.

— Hm? Seria a tal da deusa Valmara... Dandara... Tamara...?

Valadara! — corrigiu ela.

— Isso! Seria essa?

— Não sei, mas acho que não se trata dessa deusa.

— E que deusa seria essa, então? Você leu algo assim no livro?

— Não. Não achei nada sobre o nome ou o posto dela. Só li que eles e uma tal de Comp Fantasma a seguiam.

— Comp Fantasma?

Que nome chulo. Se não fui eu, alguém no grupo deve ter criado essa desgraça. Parecia um nome de algum grupo de Lol ou de alguma party.

— Eu já ia chegar nessa parte. É um grupo secreto e desconhecido que age nas sombras, articulando jogos políticos e incitando conflitos por todo o mundo.

— Acha que eles estão por trás do atentado contra você? — questionei, abrindo uma nova linha de raciocínio.

— É uma possibilidade. Há a chance de meu pai pertencer a esse grupo também. — acrescentou Justine.

— Bem... se há uma guerra acontecendo agora, imaginando que sejam esses caras os responsáveis por ela. — concluí com um suspiro.

— Junior, pelo amor da deusa, eu te peço... ||BASIN-C||, assim como a minha cidade, está em uma região de guerra muito perigosa! Tenha cuidado!

Eu segurei em seus ombros e sorri, tentando acalma-la.

— De boa, minha jovem! Eu sei me virar, você sabe!

Ela sorriu também, assentindo com a cabeça.

— Eu sei que sim. E também sei que você e seu amigo do braço esquisito ali gostam de se meter em lugares que não deveriam e com gente que não deveriam, então vou repetir só mais uma vez...

 

 

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TEMPO PRESENTE...

 

— ... “fique de olho na Comp Fantasma.” — repeti sua advertência com as mesmas palavras, suspirando. — Nem nos meus pensamentos você deixa de ser um pé no saco...

— Junior...

—Hm? O que foi, Arthur?

Ele parecia inquieto e desanimado. Acho que muito tempo de viagem, tanto por terra como por mar não faziam bem a ninguém — até agora eu estava enjoado daquele maldito barco!

— Aconteceu de novo... não foi? — perguntou como se eu já soubesse do que ele estava falando.

— Salamandra. Ele... essa coisa...

A ficha caiu.

— Ah... deixa pra lá, cara. — cortei a conversa na hora. — Isso já passou.

— Mas... mesmo assim.

— Nós sobrevivemos, não foi? É isso que importa. — Me ajeitei em um montinho de folhas para deitar de novo.

— É que... sinto que isso é algo que vai me consumir, cedo ou tarde.

— Salamandra? Ela

— Isso. — confirma Arthur. — E eu estou com um pouco de medo, sabe?

Arthur se sentou nas bordas da carroça onde viajávamos, pensativo. Então, ele prossegue:

— Se lembra de quando invadimos o Templo do Culto Manju para salvar a Justine?

— Lembro sim.

— Quando lutei contra um dos inimigos, uma cultista que tinha o poder de se desmontar, eu perdi o controle de Salamandra também. Mas daquela vez... foi diferente. Eu estava são; eu assistia a tudo, mas sem fazer nada. Assistia à minha Relíquia Hospedeira tomar meu corpo e matar uma pessoa na minha frente! Isso foi horrível!

 

(...)

“— Você cometeu um grave erro ao tentar me controlar. Agora o preço pelo seu pecado é a sua vida!”  

(...)

 

— Eu fiquei com medo... de nunca mais conseguir voltar a ser eu mesmo. De perder o controle. De ser dominado... por isso! — disse Arthur enquanto encarava sua garra escarlate.

“Huhuhuhu...”

Salamandra então começa a rir, como se acabasse de ouvir uma piada.

— O que?

“É só uma questão de tempo, humano. Só uma questão de tempo...”

— Como assim, seu...?!

— Arthur! — chamei o nome dele bem alto.

— ...!

Ele virou seu rosto assustado para mim, respirando pesado.

— Não dê ouvidos pra ele! Lembre-se: você é o portador e ele é a arma! Você é o mestre, não o contrário!

— Junior...

— Você é mais forte que essa garra vermelha idiota! Não deixe que isso afete sua autoestima! Se você recebeu esse poder, pode muito bem controla-lo!

Arthur soltou um sorriso fraco, parecendo bem melhor que antes.

— É... tem razão! vou me esforçar para isso, então!

“Hunf! Humano patético! Um dia, você conhecerá seu lugar.”, Salamandra fez mais aquele comentário e depois não disse mais nada.

Ignorando o comentário da Relíquia Hospedeira, Arthur virou a cabeça e se levantou rapidamente. Espalmou a mão sobre os olhos, se esforçando para enxergar de longe.

— Ali! Estamos quase chegando! ||BASIN-C|| está logo à frente!

Só faltou ele dizer o famoso “Terra à vista!”.

— Já? — Me levanto rapidamente.

De fato, algo apareceu no horizonte. Grandes muralhas que brilhavam com um lume faiscante do sol refratado. Em outras palavras, mesmo dali, dava para perceber que a muralha era feita de puro ferro!

“Ah... e logo eu que pensava que iria conseguir tirar pelo menos mais um cochilo.”, pensei, aos suspiros de cansaço.

 

 

 

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||BASIN-C||, algumas horas depois...

 

Se eu fosse resumir a cidade de ||BASIN-C||, seria uma grande pilha de metais flutuantes em forma de prédios. E os prédios eram extremamente maiores que qualquer arranha-céu que eu já vi em algum filme ou mesmo no mundo real.

A cidade era bastante movimentada e a grande maioria da população era composta por anões, o que me surpreendeu um pouco. Geralmente cidades de anões ficavam em cavernas ou montanhas, mas uma ao ar livre foi uma novidade.

Você também via alguns fauneses e outras criaturas passeando no meio da cidade, mas grande parte dos cidadãos não passava de um metro e meio.

— Mantenha o capuz abaixado. Não sabemos se humanos são bem-vindos aqui. — cochichei para o Arthur.

“Sabemos que eles não são muito amigáveis com pessoas acima de metro e meio”, era um raciocínio a ser levado em consideração.

Eu pensava isso mais na brincadeira, mas por outro lado, era certo que anões eram uma raça bastante orgulhosa e que levava a sério suas tradições e costumes.

“Mentes fechadas... isso é bem familiar em muitos sentidos.”

Logo à frente, algo estava acontecendo algo que iria sanar completamente minhas dúvidas.

— Saiam já daqui! Não sabem ler, seus imprestáveis! — Uma voz truculenta vociferou.

Mesmo com uma multidão reunida no centro da avenida empoeirada, não era difícil enxergar o que acontecia por conta da estatura dos cidadãos. Alguns que tapavam a visão eram fauneses de passagem.

— O que? O que está acontecendo? — Arthur parecia confuso.

Não que eu não estivesse também. Por que tinha um grupo de humanos sendo enxotados para fora de um bar?

E eles não pareciam nem um pouco bêbados.

— Para fora! Para fora! Não quero mais ver a cara imunda de vocês aqui!

— Qual foi rolha de poço?! — gritou um dos aventureiros, ameaçando sacar uma flecha de sua aljava.

— Não fizemos nada, seu circo de piolhos! Só queríamos uma bebida! — protestou o outro.

— Não quero saber! Vocês sujam a imagem dessa cidade, seus humanos fedorentos! — vociferou o baixinho barbudo brandindo uma concha de metal.

— Que merda de discussão é essa?

— Wiwiwi... — Picker se revelou debaixo dos panos do meu sobretudo, zunindo que nem um despertador barulhento.

Só não podia bater nele que nem eu faria com o despertador — e eu até poderia, mas talvez ele fosse útil alguma hora.

— Ei! Se aquieta! — O empurrei pra dentro da minha brafoneira de novo.

— Será que deveríamos ajuda-lo? — questionou Arthur, o rosto ficando vermelho de raiva ao interpretar a cena.

A multidão assistia àquela balburdia em certo silêncio, mas havia alguns anões comentando coisas entre si; alguns perto de nós até estavam planejando atacar os aventureiros.

— E então, Juniorai? — Arthur pergunta novamente.

Ele estava esperando que eu decidisse algo? Nem tudo que acontecia naquele jogo estava sob meu controle — bem... quase nada para ser mais exato. — e aquela realidade deixava aquilo bem claro.

“Será que eu devia me meter? Talvez sobre para nós se eu fizer isso, mas...”

 


MENSAGEM DO SISTEMA

– CONDIÇÃO PARA MISSÃO PRINCIPAL REQUERIDA!

|– VOCÊ IRÁ AJUDAR O GRUPO DE AVENTUREIROS? SIM () NÃO () –|


 

De novo essa mensagem? Ela explodiu na minha visão e quase me fez cair para trás com o susto. Era típico de quando um inseto voar bem no meio da sua cara durante uma viagem em alta velocidade.

— O que foi, Junior? — perguntou Arthur percebendo meu leve susto.

Eu dei uma cabeçada para trás e depois me recompus, lendo a mensagem do sistema na minha visão, aberta em uma janela com bordas em neon.

— Nada não. Foi só um inseto. — respondi.

— Ou seria ou missão, no caso. — corrigiu Arthur.

Eu olhei para ele sem conseguir esconder minha expressão de surpresa.

— Ué... Você consegue ver isso aqui também?!

— Era pra eu não conseguir ver?

Pensei em como deveria responder aquilo. Mesmo que ele tivesse vindo do mesmo mundo que eu, ele não parecia ser alguém que tivesse consciência das mecânicas por trás daquela realidade.

— Na verdade, grande parte das pessoas consegue ver seus status e coisas como missões em telas parecidas. Não sei por que o espanto. Não era para acontecer isso?

— É óbvio que não! Pelo menos, não para todo o resto. — respondi, não muito certo do que eu mesmo estava falando.

Agora eu fiquei pensativo naquele fato. Por que todos eram capazes de enxergar essas coisas que envolviam metagame? Coisas que eram fora da realidade daquele mundo?

E o mais importante... Como ninguém suspeitava que aquele mundo fosse de mentira?!

Além da estranha sensação de que eu já havia passado por aquela mesma cena antes, aquilo era só mais um indício de que algo muito errado estava acontecendo.

Mas por ora, não tinha como focar muito nisso. E a razão era bem simples.

Como da vez em que conversamos com Justine lá na ||CIDADE DOS COMERCIANTES||, o tempo havia parado. O próprio mundo nos fez uma escolha que tínhamos que responder.

E de novo, uma das opções estava destacada para nós como se indicasse o que deveríamos escolher para seguir em frente.

Meu instinto de jogador e de uma pessoa que queria sobreviver me empurrava a escolher a segunda opção. A janela estava piscando na minha cara, como dizendo que eu tinha que decidir logo.

Escolhi o NÃO.

Ao escolher a opção, o tempo voltou a correr normal. Os anões começavam a vaiar, gritar e jogar areia e pedras nos coitados. Assim como eu decidi naquela tela, nada fizemos além de assistir.

Só que então eu senti alguém se apoiando no meu ombro por trás e não era o Arthur.

—...! — Dei um pulinho pra trás e esbarrei em alguns anões na frente, sendo carinhosamente chamado de cego, manco e filho de uma mulher que pratica atos sexuais remunerados.

— O que é isso?

Era um senhor bêbado que estava cambaleando de um lado para o outro e esbarrou em nós por acidente.

Ele devia ter na faixa de 50 a 65 anos de idade; tinha pele morena, cabelos brancos e lisos, presos em um rabo de cavalo e uma barba rala corrida pelo rosto; vestia algo como uma armadura de ferro e outra de couro por baixo, encaixando em um cinturão de couro reforçado com ligas de ferro.

A armadura de cintura continha um cinto extra onde havia espaços para carregar suas ferramentas de ferreiro. Calçava botas de ferro sujas e as luvas estavam pretas de fuligem.

Seus olhos estavam estreitos e seu rosto enrugado e de feições duras como as de um velho soldado aposentado estava corado.

Aquele velho devia ter tomado todas. Esvaziado o estoque da taverna.

— Eu sugiro... Que vocês não se metam! Ouviram bem! Não se metam! — disse ele com a voz arrastada.

Eu e Arthur nos entreolhamos.

— Então... Quem é você mesmo? — perguntei.

O velho gargalhou, tropicando de um lado por outro enquanto voltava para o buraco de onde saiu. Até aquela altura, os outros três que haviam sido expulsos da taverna vizinha haviam ido embora.

Aos poucos, os ânimos estavam se acalmando. Ainda me sentia meio mal por não ter feito nada, mas algo me dizia que eu tinha que fazer isso.

— Por que vocês querem saber?! Eu não devo nada a vocês, devo? — perguntou o velho, soluçando.

— Não sei... Deve? — eu respondi com outra pergunta.

Um bêbado não me questionaria sobre isso. E parece que acertei na mosca.

Ele apenas riu e, previsivelmente respondeu:

— HUAHAHAHA! Então lhes responderei enquanto eu bebo! Podem entrar, canastrões!



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