Cheaters Brasileira

Autor(a): Kuma


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 10: Invasão ao Culto Manju!

 

Nos acomodamos na ||TOCA DO FAUNO||. As mesas e cadeiras eram de uma madeira rústica e bem separados umas das outras. No meio de cada mesa havia algo parecido com uma lâmpada de querosene. Adicionava um certo charme ao lugar. Além disso, o local era bem decorado com várias plantas trepadeiras que desciam de pequenos orifícios no teto e outros jarros de plantas que entupiam o salão, conferindo ao lugar um “ar silvestre”.

Porém a minha maior surpresa não foi essa; lá eu me encontro com alguém que eu não queria e nem esperava encontrar: Justine.

Ela estava sentada na mesa do lado e tomava de um líquido vermelho em uma garrafa que lembrava uma garrafa de cachaça.

E ela também me viu. Já imaginam a reação dela, né?

Você?! O que você está fazendo aqui?!”, gritamos aquilo ao mesmo tempo, com a mesma reação e ambos apontando um pro outro.

Que?”, enquanto isso, Arthur fica com cara de paisagem observando toda aquela cena bizarra.

Eu... eu vim comer, ora! O que alguém como...”

Ela se levantou rapidamente e pulou em cima de mim, tapando minha boca enquanto olhava para os lados, desconfiada.

“.....!!”

“SHIIIIU! Não faça esse alarde, idiota! Meu pai não sabe que estou aqui!”

“Hmmf! Hmmf!”

Ela sai de cima de mim e me deixa respirar finalmente. Era pra eu ter gostado de ter uma maluca riquinha e bonita pulando em cima de mim?

Algumas coisas não seguiam o script convencional. Acho que aquilo não era pra acontecer, mas que bom que aconteceu - ou não. 

“O que foi isso?!”

Ela se senta na nossa mesa, ligeira. Sua roupa estava diferente; parecia-se bem mais com uma aventureiro do que uma nobre. Vestia um colete de couro, uma calça de pano velho e alguns tiras de couro acompanhados de um par de botas sujos que ela deve ter roubado de algum marinheiro bêbado em alguma taberna por aí – provavelmente a taberna que a gente estava. Tinha um doidão lá descalço, eu me lembro! –, e seu rosto estava coberto por um capuz.

O modo como agia era bem furtivo e a todo momento evitava falar alto ou mostrar o rosto.

Ainda queria saber o que ela fazia em um lugar daqueles e agindo daquela forma. Não tinha muita pinta de nobre fazer aquilo.

“Não interessa o que eu faço ou deixo de fazer. E você? Está me seguindo por acaso?”, perguntou ela de forma agressiva.

“Eu? Nem sabia que você estava aqui!”, me defendi.

“AAAH... vocês se conhecem de algum lugar?”, Arthur finalmente criou coragem pra perguntar aquilo.

“Mais ou menos...”

“NÃO!”

O “não” dela foi bem alto e sonoro. Até doeu.

“Ela é a filha dos...”

*TAAP*

Outro tapa na boca que chega estalou. Aquilo doeu e muito! Aquela mulher já estava começando a me emputecer mais do que eu esperava.

“Cala a boca! Eu sou apenas um peregrino sem rumo. Só isso! Não tenho pais!

Como?”

“Que mulher louca...”, Arthur comentou de canto de boca.

“QUEM VOCÊ CHAMOU DE LOUCA, AQUI?!”, ela se levantou gritando e batendo as duas mãos na mesa.

Eu e Arthur nos entreolhamos, sem reação. Acho que se Salamandra tivesse uma forma materializada, teria feito o mesmo.

“O que vocês estão me olhando?”

Quem de nós dois ousaria responder? Eu ainda estava com os beiços vermelhos da última mãozada. Passo essa para o Arthur.

“Você está bem histérica.”, ele se atreveu mesmo a falar!

“Enfim... o que faz aqui?”, segui com a minha pergunta.

“Eu sempre venho aqui escondida.”

E ela voltava a sussurrar de novo, mas estava mais calma agora.

Diga logo que você veio até aqui para me vigiar.”

Justine fica vermelha e desvia o olhar. Confesso que se não fosse seu temperamento, eu já estaria até flertando com ela.

“Não diga besteira! Eu já andava por aqui muito antes de hoje, está bem?!”

“Oh! Acredito totalmente, minha jovem!”, respondi com um tom sarcástico no final.

“Tá acontecendo alguma coisa e eu não sei?”, Arthur ainda estava se perguntando isso desde o começo da conversa.

Humanos realmente são seres tão medíocres. É até divertido!

“Ei! Quem você está chamando de medíocre?!”, respondi à tirada de Salamandra.

“Ei... eu não falei nada disso. Está doido?!”, Justine respondeu como se tivesse sido para ela.

De novo eu esqueci que só Arthur e eu podíamos ouvir Salamandra. Me passei por perturbado de novo.

AAAAH! Desculpa! Eu só... pensei alto.”

“Além de suspeito, você é estranho.”

“Concordo.”, Arthur assentiu.

Arthur, seu desgraçado!

“Como eu estava dizendo, eu vinha aqui muito antes de hoje. A vida dentro daquela gaiola é sufocante!”, ela continua.

“Como? Você tem a vida que meio mundo queria ter!”

Ela suspira.

É, mas do que adianta se você não é feliz com tudo isso?”

Fiquei sem resposta depois daquele argumento. Onde que eu esperava ouvir isso de um NPC?

“Desde que eu me entendo por gente, eu sinto que nunca pertenci àquele lugar. Eu sempre ouvia as histórias que os empregados da nossa família comentavam entre si. Sobre os heróis que derrotavam demônios e aventureiros que saiam em aventuras emocionantes arriscando suas vidas. Eu sentia meu coração acelerar, entende?”

Na verdade, eu não entendia, mas eu concordei. Mal sabia ela que eu tinha me “tornado” um Aventureiro há pouco tempo também.

Eu sinto que a vejo por outro ângulo agora. Não sei... talvez ela mesma não tenha culpa de ter esse jeito nojento e antipático. Não sei como ela se sente, mas estava claro que ela não era feliz dentro daquela mansão.

“Eu sempre quis ser uma aventureira! Viajar pelo mundo, enfrentar criaturas, ter o sabor do é o medo! Não ter a certeza da segurança. Virar uma lenda e ter meu nome sendo falado em todas as tabernas e praças do reino!”

Ela era bem mais louca do eu imaginei que seria. Ainda assim, sua empolgação ao falar aquilo era tanta que era contagiante também. Fazia parecer até que era algo bom.

Não é tão legal assim como você imagina...”

“COMO NÃO?”, e de novo a calma foi para a casa do...

“Bem...”

*KABRUUUUUM*

Eu não tive nem tempo de terminar de falar e uma explosão acontece dentro do lugar! A taberna inteira foi tomada por um tumulto generalizado. Gritos e correria para todo o lado.

Uma grande fumaça invade o ambiente também logo em seguida.

“Droga! ARTHUR! JUSTINE!”, gritei, procurando-os no meio da confusão.

“MERDA! O QUE FOI ISSO?! O QUE ESTÁ ACONTECENDO?!”, eu ouvi a voz de Arthur entre a cacofonia de gritos.

“CADÊ VOCÊ, ARTHUR?! NÃO VEJO NADA!”

AAAAAHHH! SOCORRO!”, Justine grita.

Aquele grito era tudo o que eu não queria ouvir. Algo havia acontecido a ela no meio da confusão.

"JUSTINE? ONDE VOCÊ ESTÁ?!"

Eu saio correndo no meio da balburdia até que tropeço em uma mesa e derrubo mais dois caras aleatórios. Arthur ainda estava desaparecido para mim, embora eu conseguisse ouvir sua voz no meio da salada de gritos e sons de coisas quebrando.

Eu recebo outra daquelas mensagens bizarras ante meus olhos. Minha visão era a mesma de uma HUD em primeira pessoa. Tipo o de um jogo de FPS. Eu sempre podia contar com indicações e mensagens chegando em forma de alertas.

Na verdade, eram duas. A primeira dizia que recebi o status //CEGO// e //DEBILITADO//. Cego eu até entendia, mas debilitado?! Por tropeçar em uma mesa?

A outra era um alerta de quest e que brilhava com uma luz diferente dessa vez. Ela surgiu do nada e parecia ser bem mais importante que as outras.

Dizia o seguinte:

 


-MENSAGEM DO SISTEMA: -

 

NOVA MISSÃO!

 

- A filha dos Lidooberry capturada! Resgate-a! –


 

A mensagem vinha com uma breve descrição, mas foi bem direta no que eu deveria fazer e sobre o que havia acontecido.

*POOW*

Eu levei um soco violento e beijei o chão de novo.

A mão do indivíduo era pesada e grande. O desgraçado me derruba e corre com outros para a saída. Nem vi direito quem foi que me acertou no meio da fumaça.

Assim que a fumaça se dissipa, um homem vestindo algo parecido com um quimono oriental e com uma estrela roxa tatuada no meio da cara aparece segurando Justine inconsciente nos ombros. Ele estava com seus subordinados e já estavam em fuga.

“EEEI! VOLTEM AQUI! Merda!”

“Que merda foi essa?! Quem eram aqueles caras?!”, perguntou Arthur, vindo até mim e me socorrendo.

Enquanto isso, os outros aventureiros que jaziam no local também se recuperavam do susto. Muitos deles ficaram comentando o que tinha acontecido:

“Quem eram esses caras?!”

“Não me diga que eram os caras do Culto Manju!”

Culto Manju?! Não pode ser! Tem certeza?”

“Não há dúvidas! Eram eles sim! Não viu as roupas?”

“Eu não vi foi nada!”

“O que eles queriam? Esses caras são loucos!”

“O que eles estavam fazendo aqui? Melhor não nos envolvermos com eles!”

Culto Manju?”, Arthur repetiu o nome citado.

Ainda estava meio lesado por causa do soco, então procuro me recuperar para poder pensar no que fazer.

“Eles... levaram a Justine!”

Ele olhou para os lados e percebeu que a menina não estava mais conosco. Demorou até para notar. Pelo menos, algo de Arthur que não havia mudado era sua lerdeza para perceber certas coisas.

“A menina que estava conosco... ela foi levada mesmo!”

Uma dor latente me ataca. Uma dor de cabeça parecida com a que eu senti na masmorra.

 

“Levar...”

“Aaaaaaahhhhh!”

“Pessooooaaal!”

“Junioooorrr!”

“Vocês me pertencem agora!”

           


AAAAAAAHH!!”

“Ei! Ei! Ei! Calma!”, Arthur ficou do lado, sem saber muito o que fazer.

Quando me liguei, eu ainda estava sentado no chão da taberna. O lugar estava vazio, estando apenas Arthur mais um grupo de funcionários que arrumavam a bagunça no lugar.

Minha visão tomada por linhas estranhas preto-verdes. Me lembrava as cores de um CMD.

Linhas de código...

“Ei cara! Você está bem? Foi só um sonho!”

“Eu... o que aconteceu?”

“Você apagou por alguns minutos e depois ficou aí no chão gritando. Você está bem? Teve mais alguma visão?”

Demorei algum tempo para responder. Ainda arfava bastante.

Não sei...”

Arthur arqueou as sobrancelhas.

“Já passou, cara. Fica tranquilo aí.”

“Ei! Vocês vão sair ou não?! Temos que arrumar aqui!”, gritou o funcionário da taberna.

“Vamos sair quando quisermos, inferno!”, rebateu ele.

Arthur fuzila o pobre homem com os olhos. Ele volta aos seus afazeres como se não tivesse dito nada.

Vamos lá salvar a menina então.”

Ele estende a mão para me ajudar a levantar. Eu sorri involuntariamente. A dor de cabeça passou, mas a minha mandíbula ainda estava latejando com o soco. As linhas estranhas sumiram da minha visão também.

Vamos!”

Regra básica antes de sair em uma missão: saia procurando por informações. A maioria dos aventureiros se ferrava apenas por falta de informação.

Como eu era um pouco mais experiente – tinha uma bagagem de campanhas de RPG para me gabar –, eu não cometeria esse erro.

A praça estava um pouco transtornada por conta do ataque do tal Culto Manju. Eu nunca havia ouvido falar sobre aquilo.

Não parecia ser um grupo radical ou mesmo um coven de bruxos. Talvez uma seita? Um grupo secreto que agia nas sombras?

“E então?”, perguntei novamente.

“O que eu ouvi falar é que eles são um culto que servem à deusa Valadara. Ninguém sabe como são as coisas lá dentro. Até porque ninguém nunca voltou de lá para dizer.”

Valadara?”, Arthur repetiu o nome.

“Você conhece, Arthur?”

“É a deusa da matança e da vingança. Isso não pode ser bom!”

Aquilo me deu um frio na barriga. Cada história soava mais tenebrosa que a outra.

“Dizem que o templo do Culto Manju fica uns 10km ao nordeste de Lidooberry. Eu recomendaria que vocês não fossem lá.”, ele realmente estava bem sério quanto ao que dizia.

“As pessoas que vão até lá não voltam mais. Ninguém nunca voltou de lá!”, o parceiro dele reforçou o aviso.

“Suponho que vocês dois sejam uma dupla de suicidas.”, disse um ferreiro.

“AAAAAH! Ninguém tem nenhuma droga de informação útil para nós! Que inferno!”, já estava quase fumegando de raiva.

Era de se esperar, já que o Culto Manju é meio que desconhecido – diria que é quase um tabu falar dele. O que as pessoas sabem são apenas rumores e muitas delas nem sequer querer falar sobre isso.

Eu não podia me basear em rumores. Rumores não diziam nada e tínhamos que saber pelo menos a localização exata desse tal templo.

Eles podiam enfiar os rumores no...

“Oh! Vocês por aqui!”, eu conhecia essa voz arrastada. Era Ludwig!

A voz grossa e inconfundivelmente pausada nos surpreende, vindo da praça. O trio de aventureiros genéricos vinha até nós, bem receptivos.

“O que estão fazendo?”, pergunta o cara do “YUP”

“Estamos procurando por informações sobre o Culto Manju.”

*POW*

Eu dei um pescotapa em Arthur – até agora eu só tinha levado. Por que ele estava falando da nossa missão para eles? Por acaso montaríamos uma party e sairíamos todos para nos suicidar juntos?

Não era para falar, idiota!”

“AI! AI! AI! Calma!”

Culto Manju? Você falou, Culto Manju?”

“Só podem estar de brincadeira! Yup!”

“Vocês são mais bravos do que eu imaginei!”, Laimonas parecia ter dito “bravos” para não falar “loucos”.

Eu pensei que ele iria dizer “suicidas”, na verdade. Soaria menos convincente, eu acho. Pela primeira vez, eu não estava totalmente puto ao vê-los. Eles poderiam ajudar em mais alguma coisa.

“Já que o cabeção do meu amigo já falou, agora vocês vão dizer tudo o que sabem!”, fui bem direto.

Eles se entreolham e depois soltam uma gargalhada juntos.

“BWAHAAHAHAHAHAHAH!”

“Posso saber o que é tão engraçado?”, retiro o que eu disse. Agora eu voltava a ficar puto!

“Perguntou para as pessoas erradas, amigão! Nós somos sempre os últimos a sabermos das coisas.”

Estava começando a achar que eu era um imã de retardados! Claro, eu não podia falar muito. Retardado atrai retardado. No fim, todos nós nos entendemos.

“Entendi...”

“Nem os mais bravos aventureiros voltaram de lá vivos. Há um certo misticismo em torno daqueles caras.”, comenta Laimonas.

“Foi o que todos os outros disseram...”, Arthur esfregou a testa, certamente frustrado.

Já fazia mais de duas horas que estávamos buscando e informações e só demos de cara na areia.

“De qualquer forma, só estamos perdendo tempo aqui. Já sabemos onde é o templo e isso é tudo que importa. Vamos, Arthur!”

“Sabemos?”

“Ei! Vocês vão lá sozinhos?”

“Claro! Não vamos conseguir nenhuma informação a mais aqui e ninguém parece saber desse tal culto.”, respondi já caminhando pra saída da cidade.

“E se fôssemos com vocês? Yup!”

“Como?!”

Vocês querer ir com a gente?!”, Arthur também ficou de boca aberta com aquela declaração, no mínimo, inesperada.

Claramente vocês vão ter mais chances se levarem um grupo maior, não é?”, raciocinou Ludwig.

Ele parecia ser o mais são dos três.

AAAH..., mas vocês sabem que não há uma garantia de nós sobrevivermos, não é?”

Falei aquilo como um blefe para ver se desistiam da ideia. Claramente eu queria voltar vivo e não iria para algo que sabia se ia morrer – bem, a Thayslânia foi um “risco calculado”.

Para a minha alegria e tristeza ao mesmo tempo, eles eram tão suicidas quanto nós.

“Não se preocupe, jovem! Não há esposas nem filhos esperando por nós em casa. Somos homens que vivem pela aventura!”, disse Ludwig sacando sua espada da bainha.

“Pode crer! Yup!”, Stuz também sacou a sua.

“Somos homens bravos! Não tememos a morte!”, Laimonas fez o mesmo.

Os três uniram suas espadas, lembrando os três mosqueteiros. Confesso que eu me surpreendia cada vez mais com os NPCs daquele jogo.

“Vivemos pela aventura, então morreremos por ela também!”, Ludwig brada em um tom triunfante.

“Nossa! Que empolgação inesperada! Hahaha!”, Arthur pareceu bem mais animado.

Até ele entrou na onda. Bem... era melhor ter mais companhia, realmente. Pelo menos, se enfrentarmos muitos cultistas, teremos um apoio mais consistente.

Recrutados para a party!

Antes de partirmos, eu dei uma boa olhada em seus status:

 


- LAIMONAS

FORÇA: 45(0)             CONSTITUIÇÃO: 50(0)

DESTREZA: 20(0)        SABEDORIA:  5(0)

ESPÍRITO: 6(0)            HP: 840 / 840

                                       MP: 230 / 230

                                       SEM STATUS ADICIONAIS

                                       EFEITOS NEGATIVOS: NÃO TEM


 

 


- LUDWIG

 FORÇA: 15(0)             CONSTITUIÇÃO: 15(0)

DESTREZA: 40(0)        SABEDORIA:  10(0)

ESPÍRITO: 15(0)            HP: 320 / 320

                                         MP: 230 / 230

                                         STATUS ADICIONAIS: ADAGA FIRME: //DESTREZA// + 20

                                          EFEITOS NEGATIVOS: NÃO TEM


 

 


- STUZ

FORÇA: 20(0)               CONSTITUIÇÃO: 18(0)

DESTREZA: 21(0)        SABEDORIA:  20(0)

ESPÍRITO: 30(0)            HP: 205 / 205

                                         MP: 500 / 500

                                STATUS ADICIONAIS: BRINCOS LOAN - //ESPÍRITO// + 5

                                       EFEITOS NEGATIVOS: NÃO TEM


 

Os status deles não eram lá essas coisas. Provavelmente eram guerreiros de nível baixo.  Ludwig possuía uma //DESTREZA// maior, então devia ter alguma experiência com arquearia. Já o cara dos “Yup” tinha um //ESPÍRITO// maior; poderia ser algum tipo de conjurador ou utilizar magias mais facilmente. Já Laimonas era o “tanque” do time, com seus incríveis 50 de //CONSTITUIÇÃO//!

Até seus atributos eram genéricos. Temiam que não fossem durar muito na batalha, mas ainda assim era melhor do que nada. Acho que se juntassem todos, teríamos um grupo bem balanceado e que poderia se sair bem.

Outras informações como a origem, idade e essas coisas não era necessário. Não iriam me dizer nada que eu já não soubesse.

Um outro aviso piscou no meu HUD visual. Uma mensagem dizia que Laimonas, Ludwig e Stuz foram adicionados à minha party.

Agora todos eles estavam em uma espécie de lista mental, onde eu saberia exatamente suas localizações, da forma como deveria ser em um jogo. A cada dia eu aprendia algo diferente daquele mundo.

“Muito bem! Vamos indo!”, disse partindo em caminhada.

Nós saímos da cidade, abastecendo nossas mochilas com o que precisássemos e rumamos para a floresta de novo. Saímos na calada da noite e então, como ninjas na mata fechada, nos esgueiramos pela escuridão, caminhando perdidos entre as arvores da ||FLORESTA DOS PASSOS||, uma floresta até agora sem nenhum aspecto peculiar.

Passamos um bom tempo perdidos no mato escuro, até que avistei uma fraca luz crepitar entre os troncos escuros e gelados das arvores.

Era um enorme templo que ficava no topo de uma chapada com várias torres e cercada por um muro. Um muro bem alto por sinal.

O lugar já ficava em um relevo bem alto. Claro que haviam outras bem maiores em volta, mas tivemos que subir uns bons degraus que levavam até a entrada do templo. Nós subimos e tentamos ao máximo nos misturar nas sombras do ambiente.

O trio de secundários ficou de um lado. Eu e Arthur do outro. A entrada era guardada por dois cultistas armados com lanças. Eles eram carecas, musculosos, vestiam quimonos claros e suas expressões eram vazias – tipo robôs mesmo.

Não tinha como entrar se não passássemos por eles. Não tinha muito como a gente averiguar se havia outra passagem ou entrada.

“O que vamos fazer?”, sussurrou Arthur.

“Esperamos eles virarem ou algo assim. Depois atacamos.”, respondi já mentalizando a tática.

Mandei um sinal de espera para os outros três e ficamos de tocaia. Passou-se uma eternidade e eles continuavam parados no mesmo canto, sem se moverem e com o olhar fixo para a escada. Em nenhum momento eles sequer olharam para o lado ou pelo menos piscaram.

Realmente eram malditos robôs! Qual era a daqueles guardas? Será que nem pra ir no banheiro?!

“Não acho que eles vão sair não.”, comentou Arthur.

“Ah, cara! Qual é?”

Ludwig resolveu se mostrar. O maluco foi até a escada, entrando no campo de visão deles, mas não reagiram. Será que eram uma ilusão ou algo do tipo?

Depois de vermos que eles não faziam nada, nós também saímos da tocaia. Ludwig caminha até os dois zumbis parados no portão. Eu até diria para ele não ir, mas ele já estava lá.

“E então? Vocês não vão fazer nada?”

“Que que você tá fazendo, seu imoral?!”, eu quase podia gritar sussurrando.

“Estamos esperando eles fazerem algo há mais de duas horas e nada. Acho que estão enganando a gente. E se for só uma ilusão?”

“Ah, tá bom então! Mas toma cuidado aí!”

“Cuidado” é meu nome do meio.”, o último que me disse isso levou uma lançada no meio do olho.

Ludwig passou a mão na frente do rosto dos dois, mas eles ainda não mostraram nenhum movimento. Era até assustador.

Eu tentei ver os atributos deles, mas só dava “?” e [DESCONHECIDO] em tudo. O fato de eu poder ver seus atributos significava que eles eram reais?

“Parece que não vão fazer na...”

*PIIISH*

*VUUSH*

Uma lançada precisa! Duas lançadas!

Duas lanças acertam Ludwig no estômago. Os guardas reagiram em um piscar de olhos! Foi tão rápido que sequer vimos eles mudando de posição!

“NÃAAAAAAAO!!”, gritei, abandonando meu posto.

“Merda!”

O aventureiro caiu no chão e rolou escada abaixo. Felizmente eu consegui agarrá-lo a tempo junto com Stuz e Laimonas.

Uma enxurrada de sangue escorreu pelo buraco em seu abdômen. Seu HP desceu perigosamente de 320 para 20, e a partir dali iria perder de 1 a 5 de vida por minuto dependendo da hemorragia.

Rapidamente, Arthur acerta uma |BOLA DE FOGO| no meio dos dois. A labareda explode e nocauteia os guardas. Eles não têm tempo de reagir – na verdade, eles sequer se moveram.

Foi até bem fácil. Por que não fizemos isso desde o momento que chegamos? Precisou o cara se ferrar para pensarmos em tacar uma bola de fogo neles!

Eram coisas que eu não entendia como podiam existir em RPGs.

Eu me sentia até culpado por ele.

“Aqui! Beba isso!”

Uma //POTION DE VIDA// Lv.5. Assim que eu bati os olhos nela, eu sabia que eu ia precisar. Ainda me sobravam 4.

Eu dei para ele. Seu HP baixo se recuperou em uma boa parte, quase totalmente. A ferida continuou aberta, mas começava a regenerar. Ainda era preciso uns primeiros socorros, de qualquer forma. A vida de Ludwig iria continuar descendo se não estacássemos o sangramento e eu não queria desperdiçar potions.

“Aqui. Isso deve resolver!”

Nós rasgamos o quimono dos guardas caídos e enfaixamos seu corpo com um curativo improvisado. Estava meio feio e o próprio tecido já estava queimado pela bolada de fogo, mas devia servir por hora.

“Eu... vacilei feio. HEHEHE...”

“Não fale muito. Yup!”

“Você foi bravo, companheiro! Descanse por agora.”

Ludwig se apoiou neles e seguimos pelos portões. Mesmo com aquele pequeno contratempo, acho que conseguiríamos resgatar Justine sem maiores problemas.

Pelo menos era o que eu pensava, até abrir o portão e me deparar com um pátio cheio de cultistas. Devia ter pelo menos uns 30 que eu conseguia ver, fora os que deviam estar aguardando na torre. Além disso, entre aquele pátio e a torre havia mais um modesto lance de escadarias que faria qualquer monge desistir de pagar a promessa.

Entretanto, eu ainda estava de orelha em pé. Toda aquela situação... a forma como estavam no pátio. Era como se eles estivessem nos esperando.

“PUTA MERDA!”, saiu quase automático da minha boca assim que os portões se abriram.

Eita!”, os três guerreiros falaram quase ao mesmo tempo.

“O que você falou mesmo hein, Junior? Ninjas na mata fechada?”, Arthur disse aquilo com um desnecessário toque de ironia para uma hora daquelas.

“Quantos cultistas! Yup!”

“Estamos bem encrencados!”

“Ora, ora! Olha só o que temos aqui. Valadara nos enviou mais sacrifícios para a nossa cerimônia!”

Os cultistas se organizam em filas, formando um corredor que vinha desde as escadas da torre. Uma mulher, aparentemente da nossa idade, veio quase desfilando na nossa direção.

 Era bem magra e macilenta – quase esquelética – e seu quimono era diferente dos demais, sendo bem mais curto e com várias marcações em seu corpo, como se ela tivesse sido “montada”. Ela lembrava um manequim. Seu rosto era malicioso e pálido, lembrando o rosto de um fantasma e bem diferente dos outros.

O resto era a mesma coisa dos outros dois da entrada.

Até porque, todos que fossem apenas peõezinhos eram zumbis. O mais legal é que todos os status deles também eram zumbis; um igual ao outro em praticamente tudo!

Será que era algum cheat que eles usavam para tornar todos fantoches idênticos? O que estava acontecendo aqui?! Quem eram esses caras?

“Preparem-se por que daqui vocês não passarão!”, disse ela abrindo os braços e com uma expressão bem sádica.

Logo sua energia gelada e sombria perpassou nosso grupo e inundou o pátio. Era arrepiante. Até agora eu não havia sentido nada assim, nem quando lutei contra Thayslânia.

“Essa vai dar trabalho!”   



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