Volume 9

Capítulo 282: Jure para o espelho de pedra

— Doxco, você ainda está bebendo?

— Vamos nos juntar a você. Como já estamos aqui, precisamos beber antes de sairmos. Hoje secaremos a taberna!

— Sim, você tem total razão. Vou tomar uma lager.

Desta vez, um trio de humanos entrou na taberna e nós trocamos olhares.

— Ah!

— Ah!

— Ah!

— Ah!

O trio e eu exclamamos ao mesmo tempo.

Foi porque nos conhecíamos.

— Há quanto tempo parceiro!

— Faz bastante tempo. O que você está fazendo em um lugar como este?

— Esta reunião é destinada ou uma orientação de Deus?

O trio era composto pelo Lenhador-san de Meia-Idade, Sr. Fura-fila e Veterano-san, com quem fiz o exame de mercenário.

— Sou eu quem deveria perguntar o que vocês estão fazendo aqui. Diferente de mim, que falhou no exame, vocês três não se tornaram mercenários?

— Ah, quanto a isso. Em primeiro lugar, nós três formamos uma equipe.

O Lenhador-san de Meia-Idade respondeu como representante.

Parecia que o homem de meia-idade era o líder da equipe.

— Nós três fomos protestar depois que soubemos que passamos no exame de mercenário, mas você não. Não havia como aceitarmos esse resultado.

O Sr. Fura-fila continuou com uma sentença inesperada.

Então esses caras fizeram algo assim por mim.

Embora existisse um ditado que dizia que até tocar nas mangas da roupa era o destino para outra existência, estávamos apenas no mesmo grupo do exame.

— Ao que parece, você foi desqualificado porque recebeu uma missão especial. Ficamos convencidos depois de ouvir isso.

Como sempre, Veterano-san falou de uma maneira que não combinava com sua aparência.

Embora eles chamassem isso de missão secreta, era apenas uma missão falsa para distanciar Shumei da guerra.

Depois disso, os três foram beber para tirar sarro de mim e de modo inesperado se deram bem.

Eles se prepararam para ir à guerra, mas ela acabou em pouco tempo.

No fim, os três escolheram assumir outros empregos como mercenários.

— Ei, não me digam que vocês são os responsáveis por escoltar a carga especial?

— Ah, sim. Espere, então o habilidoso Quase-Barão-sama de quem o guarda estava falando é você mano!?

O Lenhador-san de Meia-Idade levantou a voz em choque.

— Pois é, isso é verdade.

— Mas, por que o mano iria... me desculpe pela minha falta de educação. Por que o Quase-Barão-sama do Reino Shiraraki faria um exame de mercenário no Reino Nicplan... não, espere. A missão secreta e o fim repentino da guerra — tudo foi devido ao Quase-Barão-sama...!?

— Por favor, não conte isso a ninguém. E por favor, fale de forma casual como antes. Eu com certeza aceitei a posição de Quase-Barão, mas recebi isso durante certos eventos e o uso do título foi apenas por sua conveniência. Eu não sou uma pessoa impressionante.

— Como esperado... vou respeitar Ichinojo-san por toda a minha vida.

O Sr. Fura-fila olhou para mim com um olhar de admiração.

— Hã-hã, eu podia sentir que você não era uma pessoa comum quando o vi pela primeira vez nos exames.

As palavras do Veterano-san combinaram com sua aparência desta vez.

— Ó, então Ichinojo é um Quase-Barão?

Doxco disse com uma cara vermelha. Parecia que ele estava começando a ficar bêbado.

— Sim. Me desculpe Doxco. Por manter isso em segredo.

— Eu não me importo, mas você ainda tem saquê refinado? Todos beberam tudo.

— Já está acabado!?

Um barril de saquê refinado foi tragado em um piscar de olhos.

Depois disso, o banquete continuou com os três mercenários.

Bem, bebi com moderação e me concentrei mais em conversar.

Pois provavelmente ficaria bêbado se acompanhasse o ritmo deles.

O Sr. Fura-fila se gabou de secar a taverna, mas depois de apenas uma caneca de cerveja e um copo de saquê, ele começou a chorar e a fazer barulho antes de adormecer.

Sashimi de tubarão. Você quer comer?

Tentei fazer sashimi a partir da porção de carne gordurosa do tubarão.

— Você não pode comer isso cru.

— Está tudo bem, eu usei o Limpar, então você não precisa se preocupar com parasitas. Isso é ótimo, sabia?

Limpar era mesmo versátil.

Eu tentei adicionar um pouco de sal.

— Eu vou experimentar um pouco então... hn — é meio borrachudo e eu não gostei.

— É mesmo? Eu gosto, mas acho que não se encaixa no gosto das pessoas daqui. Nesse caso, vou tentar fritá-lo.

Quando em Roma, faça como os romanos. Eu não tentei insistir na culinária japonesa e tentei fazer um prato que as pessoas daqui gostavam.

— Criação de Óleo!

Depois de criar o óleo, cobri a carne de tubarão com ovo batido, farinha e migalhas de pão e as fritei.

— Costeleta de tubarão servida!

— Ichinojo, você pode usar Criar Óleo? Você poderia produzir óleo usado para manutenção de equipamentos mais tarde? É claro que eu te pagarei.

— Ah, eu tenho muitas latas de óleo, então vou vender essas para você.

— Isso vai ser uma grande ajuda — hn! Essa fritura está deliciosa! A propósito, o que é esse molho branco? É tão delicioso.

— Ele se chama molho tártaro. Vou te ensinar a forma de como fazer isso.

Afinal, o molho tártaro era feito com ovos e picles e combinava bem com salmão frito.

— Ichinojo é mesmo capaz de qualquer coisa. Que tal isso? Gostaria de permanecer nesta aldeia depois de terminar seus negócios? Eu até lhe darei a posição de líder da vila.

— Não, obrigado, ser o líder da aldeia não é nada além de problemas.

— Pois é, é mesmo problemático. Ichinojo, siga-me rapidinho.

— … ? Ah, tudo bem.

Doxco perguntou e eu o segui para fora da taberna. Bebemos por muito tempo.

Já estava escuro lá fora.

— Por aqui, siga-me.

Doxco me levou para o fim da vila — para o que devia ser um cemitério.

Havia algumas pedras ornamentadas alinhadas com nomes gravados nelas.

Paramos em frente ao túmulo maior e mais recente.

Provavelmente era um espelho de pedra, mas ele era polido com requinte e refletia a luz da lua de forma linda.

Contudo, de modo estranho, não havia nome gravado no túmulo.

— Isto é um túmulo?

— Sim. A sepultura dos meus amigos.

Doxco disse e derramou saquê refinado na sepultura.

Eram amigos, no plural.

Além disso, o túmulo era novo e não havia nomes gravados na lápide.

Eu poderia especular de quem era a sepultura a partir desses fatos.

— Por acaso esse é o túmulo das Elfas-Negras?

— … é, elas vieram para esta vila também. Elas mereciam algo melhor.

Doxco disse e olhou para mim.

— Ichinojo. Esse colar — pertence a Rarael?

Doxco perguntou enquanto olhava para o colar de âmbar em volta do meu pescoço.

Ele estava certo. Foi o colar que recebi de Rarael.

O anão continuou antes que eu pudesse responder.

 — No começo, suspeitei que você matou Rarael e as outras e o pegou. No entanto, eu soube que estava errado depois de conversar com você por um tempo.

— Sim, recebi isto de Rarael. Como prova de nossa amizade.

— Entendo... esse foi o primeiro colar que fiz quando era um aprendiz de artesão. Ela realmente gostava disso, então ela o deu após perceber que estava prestes a morrer. Se ela fosse morta, o item seria arrancado, então ela prefeririu dar a Ichinojo... ela deve ter pensado dessa maneira.

— … talvez.

Eu olhei para o céu noturno enquanto respondia a Doxco.

A lua crescente estava brilhando.

Eu queria muito dizer a ele que Rarael e as outras ainda estavam vivas. Entretanto, decidi não fazer isso. O anão devia ser confiável, mas era melhor manter o risco no mínimo possível.

Se eu dissesse a ele que as Elfas-Negras ainda estavam vivas, teria que falar sobre como elas continuavam protegendo a Árvore Dourada.

Então, eu só poderia responder com isso.

— Não foram encontrados corpos na floresta, não é?

— Sim, a floresta foi incendiada pelo misterioso monstro de fogo que as Elfas-Negras invocaram. As temperaturas extremas não deixaram corpos de animais ou monstros.

— Nesse caso, existe a possibilidade de que elas ainda estejam vivas.

— … ah, isso seria ótimo. Sendo assim, isto não é um túmulo. É uma marca para onde as Elfas-Negras podem retornar.

Doxco riu e bebeu o vinho restante.

É isso mesmo, se as Elfas-Negras forem aceitas de volta a este mundo, eu as convidarei para beberem álcool aqui.

Eu jurei para o espelho de pedra.



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