Volume 8
Capítulo 245: O início da batalha com os piratas
A batalha com os piratas começou.
— Eu sinto muitoooooo!
E ela acabou.
Todos os piratas estavam prostrados no chão antes de dez segundos se passarem.
A razão era o enorme buraco acima de minha cabeça. As paredes do buraco estavam queimadas, mas há males que vem para o bem, já que o poder de fogo foi tão forte que as chamas acabaram não se espalhando. Bom, mesmo que as chamas se espalhassem, eu poderia extingui-las com Magia de Água.
De qualquer forma, fui capaz de ter uma conversa tranquila.
— Então, onde estamos? Espero que não estejamos em um continente diferente de onde estávamos há pouco.
— Este é o Principado¹ de Nicplan.
O pirata que eu nocauteei com a Magia do Trovão acordou e se inteirou com os detalhes, então ele respondeu ao se prostrar no chão.
— Principado de Nicplan?
Esse era um nome que eu nunca tinha ouvido.
Se Carol estivesse aqui, eu provavelmente ouviria mais detalhes em comparação a um guia turístico. Sheena Nº3 era informado sobre empregos, monstros e habilidades, mas ela era absolutamente ignorante quando se tratava de nomes de locais.
— Você nunca ouviu falar daqui? Você é um nobre do Reino Shiraraki, não é?
— Não, sou apenas um quase-nobre, não um nobre. Além disso, sou um recém-chegado que apareceu ontem.
— Bom, quase-nobre ou nobre dá na mesma para nós... então você nunca ouviu falar deste país?
Quando concordei, um pirata que parecia ser o cérebro da equipe avançou e me deu uma explicação.
Tudo começou há 300 anos, quando o rei do Reino Shiraraki, que amava seu irmãozinho, cedeu uma porção de seu território para seu irmão mais novo, Duque Nicplan. Depois disso, Duque Nicplan se renomeou como Príncipe Nicplan e formou o Principado de Nicplan.
Entendo, então foi por isso que eles acharam estranho que um nobre do Reino Shiraraki não soubesse disso. Apesar de eu realmente não saber de nada.
— E essa nação está neste momento em guerra contra o Reino Shiraraki.
— Eh?
Eu exclamei com uma voz boba.
Eles mencionaram que estavam em guerra, mas assumi que o oponente era a raça dos demônios.
— Este país pertence a raça dos demônios?
— Não… a raça dos demônios não. Este país tem um relacionamento de cooperação com os Elfos Negros.
— Uma relação de cooperação com os Elfos Negros?
Elfos Negros… Elfos Negros, hã?
Se fosse apenas pelo nome, eles eram uma raça que até eu conhecia. Me lembrei que eles eram uma raça com cabelo branco e pele morena. Quando vim para este mundo, havia informação sobre Elfos no livro que recebi de Daijiro-san e, na verdade, havia uma pessoa que parecia um Elfo trabalhando como recepcionista da guilda na cidade da fronteira de Dakyat.
Contudo, falei muito pouco com essa pessoa, assim, não fui capaz de determinar se ela era uma Elfa, mas havia até Elfos Negros, hã?
— Conte-me mais detalhes dos Elfos Negros. Eles não são parte da raça dos demônios?
— A igreja os considera parte da raça dos demônios, mas isso é um mal-entendido. Dez anos atrás, quando a igreja e o Lorde Demônio estavam em confronto, ambos os lados buscaram a ajuda dos Elfos Negros, mas eles declararam completa neutralidade e não ajudaram nenhum dos lados.
Declararam completa neutralidade, hã?
Minha impressão era que os Elfos Negros e os Elfos eram uma raça exclusiva, então isso não era inesperado.
— Contudo, a igreja não ficou feliz com a declaração de completa neutralidade e pensou que eles assinaram um tratado de paz com o Lorde Demônio, então ela classificou os Elfos Negros como parte da raça dos demônios.
Eu ouvi que a raça dos demônios e a humanidade estavam em guerra, mas os Elfos Negros na verdade não eram parte da raça dos demônios.
Suspiro, acho que não serei capaz de pedir informações a raça dos demônios sobre o atual Exército do Lorde Demônio para investigar os planos de Miri e Daijiro-san.
Bom, esse já era um plano impossível, então acho que devo voltar a meu plano original onde viajo para Mallegory.
— Ei, você ouviu sobre Mallegory?
— Eh? Ah, sim. A cidade mágica do país do Leste. Ouvi sobre ela por rumores.
— Entendo. Quero viajar para Mallegory, mas como posso chegar lá?
— Você não pode.
— Eh?
— O Norte do Reino Shiraraki está completamente selado. É impossível para humanos atravessarem o Deserto da Morte no Leste. Até ontem, navios podiam ir e vir da costa do Oeste, mas o mar também foi bloqueado, então fomos incapazes de partir com nossos navios.
— Então vocês estavam no Reino Shiraraki antes do bloqueio marítimo?
— Sim, ouvimos rumores de que eles estavam reunindo materiais necessários para a guerra através de Genova, então queríamos roubar esses produtos e convertê-los em ouro, mas o mar foi bloqueado mais rápido do que imaginamos e justo quando estávamos em apuros e sem rotas de fuga, vimos seu navio e atacamos. Estávamos errados por pensar que isso foi uma revelação de Torerul-sama.
— Hmm? Uma revelação de Torerul-sama? O que você quer dizer?
— Isso pode soar inacreditável, mas...
Torerul-sama aparentemente apareceu nos sonhos do garoto quando ele estava tirando um cochilo durante o dia. Então, ele se tornou capaz de usar o feitiço Retornar para Casa.
Além do mais, Torerul-sama disse ao garoto que ele poderia ganhar muito dinheiro se preparasse uma armadilha em uma certa zona de recife.
No início, os piratas pensaram que ele estava brincando, mas depois de o garoto usar a Magia Cotidiana Limpar e Criar Óleo, eles acreditaram nele e me atacaram de acordo com o que Torerul-sama os disse.
— Haa… o que está acontecendo agora?
O que essa Deusa da Preguiça estava pensando?
Mas se era a intenção da Deusa-sama me atacar, parecia um pouco estranho puni-los pelo ataque.
— Por enquanto, vamos conversar sobre isso após você me dar toda a informação que preciso.
— Si-sim. Vamos oferecer todas as nossas mulheres e tesouros. Por favor, poupe nossas vidas.
Você não tem que me oferecer suas mulheres.
Você também não precisa tremer Angela-chan. Não tenho interesse em garotinhas.
Ah, Carol tem 17 anos de idade, então ela não é uma garotinha.
Eu encarei as piratas adultas. Havia um leque de lindas mulheres que você não esperaria ver entre piratas, mas eu sacudi minha cabeça.
— Não preciso de nada disso.
Não vou me arrumar mais nenhum problema.
Interlúdio: As “Cinco Deusas”
Enquanto isso, havia cinco seres observando Ichinojo e seu grupo.
Os cinco seres estavam sentados ao redor de uma mesa redonda feita às pressas no mundo branco e estavam comendo curry.
Esses cinco seres eram Koshmar, Torerul, Setolance, Libra e Minerva. As Cinco Deusas.
— Entendo. Eu vim porque essa foi uma invocação de emergência, mas isto é com certeza mais do que imaginei.
A notavelmente maior entre as cinco Deusas, Koshmar, suspirou.
A propósito, a razão para esta reunião foi porque Ichinojo aumentou o level do Imitador e adquiriu Magia Falsa.
Magia Falsa teria metade do poder usual quando usada para feitiços ofensivos. Entretanto, para outras magias, o efeito seria diferente de acordo com o feitiço. Por exemplo, se Magia Falsa fosse usada no feitiço Retornar para Casa, o usuário seria transportado sozinho quando originalmente ele seria transportado com seu grupo.
— Umu, meus olhos não mentem. Isto é de fato trabalho daquela pessoa.
Libra encarou Torerul com um olhar furioso quando ela exclamou com orgulho.
— Então, o que isso tem a ver com me pedir para fazer curry? Torerul.
— É claro que é porque eu queria comer. Não é Minerva?
— Sim, Torerul, eu prefiro alho-poró japonês em conserva do que vegetais em conserva com molho de soja.
Ignorando as palavras dela, Minerva colocou um pires com alho-poró japonês em conserva na frente de Torerul. Esse alho-poró japonês em conserva foi algo que ela emprestou de Miri e não devolveu, mas as outras deusas não estavam conscientes disso e Minerva também se esqueceu desse detalhe.
— Eu não quero alho-poró japonês em conserva, mas… obrigada pela refeição.
— Huuuuum, senhoritas. Tentem aprender um pouco com Koshmar-senpai e Setolance-senpai.
— Desculpe presidente do comitê.
— Quem é a presidente do comitê, quem?
Setolance, que estava silenciosamente comendo seu curry, falou após os cantos dos olhos de Libra se contorcerem com raiva.
— Não diga isso Libra. É muito raro para nós, as Cinco Deusas, nos reunirmos assim. Essa é uma boa oportunidade para aprofundarmos nossa amizade. Conversar também é parte de nosso trabalho. Além disso, o curry de Libra é com certeza delicioso.
— Eu não o fiz sozinha. Desta vez, graças aos vegetais que Koshmar-senpai preparou, assim como a carne que Setolance-senpai trouxe, fui capaz de fazer este curry.
Como a Deusa da Boa Colheita, Koshmar tinha uma fazenda em seu próprio espaço, e ela cultivava vegetais lá. Enquanto Setolance chamava seu espaço de campo de treinamento, onde ela criava monstros e lutava com eles todos os dias. Vegetais frescos recém-colhidos da fazenda e carne de monstros recém-caçados. Ambos tinham um sabor impecável. Quando combinados com o curry de Libra formulado com temperos precisos aos miligramas, não havia como o prato não ter um bom sabor.
O fato de Minerva, que normalmente estava cercada por uma aura suicida, estar sorrindo, era prova do sabor do curry.
— Então, eu entendo o porquê aquela criança ter expectativas por aquele garoto rude (Ichinojo), mas porquê agora...
Koshmar retomou o tópico principal.
— Talvez o ex-Lorde Demônio saiba de algo? Aquela garota se juntou com outra herege chamada Daijiro e elas parecem ter algo planejado.
Torerul se queixou.
As Deusas tentaram investigar a situação de Daijiro e Miryuu, mas havia uma barreira única colocada ao redor do navio voador em que as duas estavam, então as Deusas não podiam observar o interior do navio, mesmo sendo divindades.
No momento, elas estavam verificando constantemente o navio voador, mas além de parar em várias cidades para abastecer os suprimentos de comida e pedras mágicas, elas não fizeram nada que se destacasse.
— Daijiro, hã. Aquela pessoa é com certeza problema. Ela foi a pessoa responsável por enviar a alma de Familis para o Japão 12 anos atrás... mais importante, não podemos ignorar a escolha dela de usar um revólver como sua arma. Apenas flechas e magias são permitidas para ataques de longo alcance, qualquer coisa além disso não seria uma arma, mas sim uma ferramenta usada apenas para matar.
Após beber o lassi² que acompanhava o curry, Setolance limpou sua boca com um pano.
Ela sentiu um pouco de insatisfação, mas como comer era apenas um luxo para as Deusas, ela não queria pedir para repetir.
Isso também era uma forma de treinamento.
Contudo, Libra que amava sua senpai logo viu através dela e serviu uma segunda porção de arroz com curry a ela.
— Nós ainda temos um pouco sobrando, então por favor, aceite mais um pouco.
— Ah, obrigada. Libra.
Setolance sorriu e aceitou o arroz com curry de Libra.
As outras duas que viram isso também agiram.
— Eu também quero mais!
— Eu também quero mais.
Torerul e Minerva apresentaram seus pratos vazios.
— Não tenho mais para vocês duas.
— Libra, tudo fica mais saboroso quando comemos juntas.
Libra não tinha escolha além de recuar após Setolance dizer isso.
— Tudo bem.
Ela respondeu e serviu uma segunda porção de arroz com curry para as duas.
Koshmar lamentou que a conversa não estava progredindo, mas era verdade que nesse momento, elas só podiam reunir fragmentos de informação e não poderiam agir baseadas apenas em especulações. Acima de tudo, era complicado que Tet, que era considerada a mais informada sobre este caso, não estivesse presente.
— Torerul. Tet disse o porquê ela não queria vir?
— Ela disse que era porque seus livros estão acumulando.
— Acho que não há o que fazer então.
Koshmar suspirou.
Afinal, ela não poderia incomodar Tet.
— A propósito Torerul. Aquele garoto humano pode usar Retornar para Casa por sua causa, não é?
— Yup. Eu interferi com seus sonhos só um pouco para preparar o desenvolvimento que ele queria... foi tudo de acordo com o que planejei.
— Nossa, você... terei que te punir por este incidente.
— Por-por quê!?
Torerul estava desnorteada e Minerva que viu a reação dela lhe passou algo.
— Aqui, alho-poró japonês em conserva.
— Não quero isso!
No fim, Torerul recebeu uma punição que era completamente adequada para crianças: ter que lavar os pratos usados nessa reunião com água fria.
Notas
[1] Um principado é um território governado por um príncipe. É distinto de um reino, normalmente por ser um microestado, outras vezes porque não tem soberania total.
[2] Lassi é uma tradicional bebida à base de iogurte da Índia. O lassi é feito com iogurte, água, temperos e, às vezes, frutas. O lassi doce usa açúcar no lugar dos temperos.