Volume 11
Capítulo 426: Aqueles que mudaram o Herói
“Eu... perdi?”
Alessio percebeu isso no momento em que recuperou a consciência.
Ichinojo venceu a batalha contra as Deusas Demoníacas e o mundo trilhou o caminho da paz.
Isso provou a Alessio que o mundo não precisava mais do poder de um Herói.
“O que devo fazer a partir de agora?”
Depois de ter nascido como herói, ser criado como herói e lutado como herói, esse fato era também uma negação de sua própria existência.
“Talvez eu deva apenas morrer aqui.”
Se ele permanecesse imóvel dessa forma nesse local, ele seria comido por monstros e morreria.
Caso contrário, ele morreria de fome.
Se ele fosse morrer, deveria ter morrido enquanto lutava contra o Lorde Demônio, mas isso não poderia mais acontecer. O Lorde Demônio, que estava no comando do Exército do Lorde Demônio, estava prestes a entrar em seu caminho, então ele o derrotou primeiro.
Aqueles que possuíam o poder do Lorde Demônio, Ichinojo e a reencarnação de Familis, provavelmente não lhe concederiam sua morte também.
“Nesse caso, a próxima opção é ser alimento de monstros...”
Quando Alessio teve esse pensamento...
— Uua!
Quando saliva quente caiu sobre ele, Alessio sentou-se de forma involuntária.
Mesmo que ele tivesse pensado em ser comido, ele não queria ser babado.
— Eh?
Mas não era um monstro feroz.
O dono daquela baba era um Burro Lento de aparência despreocupada e uma dupla composta por um homem ruivo e uma mulher de cabelos azuis.
Ele conhecia o Burro Lento.
Era a Fera Sagrada em que Metias foi selada e enviada para Alessio por seu autômato, Miremia.
Mas ele não reconheceu os dois aventureiros...
“Eh? Eu me lembro um pouco de ver esses dois antes...”
Ele não podia reconhecê-los, mas tinha a sensação de ter os visto há muito tempo.
Ele pensou muito sobre isso e enfim se lembrou.
Eles se pareciam com o menino e a menina que uma vez o guiaram em uma cidade no passado, quando ele estava viajando ao redor do mundo para salvar aqueles que estavam sofrendo com o Lorde Demônio.
Isso foi há mais de dez anos, então não era estranho se eles tivessem crescido tanto.
Havia uma grande chance de ele estar certo, mas ele não se lembrava de seus nomes nem do lugar em que se conheceram, por isso não havia garantia.
— Você está acordado, Onii-chan! Eu sou Jofre. Qual é o seu nome?
— Prazer em te conhecer, Onii-chan. Eu sou Elise. Qual é o seu nome?
Se eles não sabiam sobre ele, isso significava que não eram conhecidos de Ichinojo?
— Eu sou…
Quando Alessio estava prestes a dar seu nome...
— Shio.
Ele deu o apelido que costumava usar.
Ele não queria ser conhecido como o herói.
Ele não queria ser conhecido como o herói que perdeu.
— Entendi, Shio huh? É ótimo ter um nome simples!
— Hã-hã, simples é o melhor!
— Tudo bem, vamos para casa! Estou morrendo de fome. Quero pelo menos chegar a tempo do café da manhã e comer algumas salsichas.
— Hã-hã, vamos para casa! Ah, se não nos apressarmos, o café da manhã na lanchonete vai acabar!
— Quê!? Este é um problema sério! Temos que correr.
Jofre percebeu depois que disse isso.
Alessio não mostrou intenção de ficar em pé.
— Shio, qual o problema? Seu estômago está doendo?
— Eh? Isso é terrível. Se o seu estômago está doendo, você pode tentar colocar ameixas secas em sua testa.
Alessio se lembrou de ter ouvido isso de Daijiro como uma cura para dores de cabeça, mas ele se perguntou se isso iria funcionar?
Além disso, era impossível adquirir ameixas secas no Continente do Oeste.
— Não, meu estômago não está doendo. Só estou cansado. De lutar contra monstros.
“Então me deixem morrer...” ele queria dizer isso, mas quando Jofre e Elise o ouviram, sorriram e responderam:
— Ah, então nós estamos na mesma! Nós acabamos de lutar contra um grande número de monstros! Eu cortei mil monstros com a minha espada. Estou exausto.
— Hã-hã, eu lutei contra muitos monstros também! Eu disciplinei milhares com meu chicote, então estou exausta!
Eles não pareciam tão fortes, mas era um fato que eles alcançaram o andar mais baixo de um labirinto cheio de monstros.
Se esse fosse o caso, Alessio se perguntava se os dois possuíam uma força que ele não podia reconhecer.
— Entendo, então vocês dois são aventureiros. Nesse caso, tenho uma pergunta a ambos. Um aventureiro luta pelo bem do mundo. Mas uma vez que o mundo está em paz, as pessoas não são mais gratas por aquele aventureiro. Se os dois estivessem na posição daquele aventureiro, como se sentiriam?
Jofre e Elise ponderaram sobre aquela pergunta maluca sem acharem estranho.
O único som na sala era o som de mastigação de Centauro comendo os vegetais dentro das bolsas de itens de Jofre e Elise que abriam sem a permissão deles.
E depois, Jofre e Elise responderam:
— É solitário não ser agradecido por ninguém.
— É solitário não ser agradecido por ninguém.
Alessio achava que esse era o caso.
Aos humanos, não havia nada mais doloroso do que não ter outros entendendo o que estavam fazendo.
As pessoas desejavam ser elogiadas por alguém para terem uma sensação de realização.
Isso era o mesmo para Heróis.
Mas Jofre e Elise anularam esse processo de pensamento com facilidade.
— Mas eu sempre tenho Elise vendo como eu dou o meu melhor. Esse aventureiro não tem nenhum companheiro que o reconheça?
— Mas sempre tenho Jofre me assistindo dando o meu melhor. Será que esse aventureiro não tem nenhum amigo que se alegra com ele?
Depois de ouvir isso, Alessio recordou.
Não importava o que ele fizesse, ele tinha companheiros ao seu lado.
Mas agora...
— Agora, esse aventureiro…
“Não tem ninguém”... ele queria dizer isso.
— Esse aventureiro, no final das contas, tem um companheiro estúpido que não consegue abandoná-lo e assim o seguiu até o fundo do inferno. Certo, uh, Shio?
Ele não conseguiu dizer isso depois de ver Hack aparecer de repente.
Alessio se apoiou no ombro do mago e se levantou.
— Eu te fiz esperar. Nossa, eu fui derrotado de forma tão chamativa.
— Não, a ideia de querer te encontrar acabou de passar pela minha cabeça. Nós dois estamos acabados.
Alessio respondeu.
— Você está bem agira? Shio. Se você quiser, posso te mandar para a cidade.
— Podemos convidá-lo para o café da manhã?
— Vocês dois! A cidade está em estado de emergência, então não vai ter nenhum café da manhã.
Hack disse com um olhar de exasperação.
A cidade ainda estava racionando e a maioria das cafeterias estava fechada.
Jofre e Elise pareciam achar que as lojas estariam abertas porque o incidente com o surto de monstros acabou, mas só porque o caso foi resolvido, não significava que as lojas abririam na sequência.
— Entendi... acho que podemos assar um pouco de carne e comer.
— Carne de Dragão Demônio, certo? Temos uma montanha dela.
Hack ficou surpreso ao ouvir sobre a carne de Dragão Demônio.
Mesmo aventureiros habilidosos raramente desejariam lidar com Dragões Demônios, mas esses dois caçaram um grande número deles? Ele estava convencido de como esses dois foram capazes de alcançar o andar mais baixo do labirinto cheio de monstros.
Embora a verdade era que eles receberam a carne de Ichinojo.
— Eu não consigo mais entender o mundo. Ei Shio, vamos para casa.
Hack disse e pegou um Talismã de Transferência.
— Sim. É verdade, Jofre and Elise? Estamos planejando ficar um pouco na cidade de Kussa, famosa por suas fontes termais, então se vocês quiserem uma aventura, venham nos encontrar. Vou acolher vocês dois.
— Entendido! Sim! Com certeza te procuraremos quando chegar a hora!
— É encorajador ter boa companhia durante as viagens!
Ele se perguntou de onde essas frases se originaram? Alessio ponderou enquanto percebia que agora estava em um observatório perto da Capital Real.
— E então, o que devemos fazer agora? Você realmente planeja fazer uma viagem até as águas termais? Está tudo bem para o Herói-sama ir em uma viagem dessas?
— Não, Hack. Agora que perdi para o Lorde Demônio, não vou mais me chamar de Herói. Ééé.
Alessio disse isso ao olhar para baixo sobre a Capital Real iluminada pelo sol nascente.
— Vou ficar Desempregado por um tempo e tentar viver uma vida despreocupada. Dessa forma, o mundo pode começar a parecer um pouco diferente.
Hack sorriu depois de ouvir isso.
— O Herói se tornou um Desempregado, hein? O mundo está tão pacífico assim agora?