Volume 1
Capítulo 10: Dungeon
*Obrigado pelas mil visualizações!
Aqui está um desenho da Ester e do Noah juntos, em breve teremos mais artes assim. Espero que gostem do capítulo <3*
— Só o que faltava, isso também consegue voar?! O que falta agora, cuspir fogo?
Enquanto pairava no ar a besta parecia estar realizando algo dentro de seu organismo, emitindo uma luz serena de seu estômago. Mesmo lá de baixo Ester conseguiu sentir um cheiro novo a cercando... cheiro de fumaça?
A luz em sua barriga se torna vermelha e começa a aumentar, deslocando-se até sua garganta, como se a criatura fosse vomitar. Ela abre sua boca e revela seus dentes pontiagudos, e então a energia acumulada é expelida na forma de calor, gerando uma grande onda de chamas que incendeia o chão.
— Eu falei brincando!!! — Exclamou enquanto corria para desviar do fogo.
A jovem observou a muralha de pedra que havia adentrado recentemente, a única coisa que poderia salvá-la do calor, e partiu em direção a ela. Tudo as suas costas já havia se tornado cinzas, faltava pouco para ela virar uma também. Estava a poucos metros da estrutura quando, com o azar do destino, sentiu sua perna falhar e despencou ao solo.
— Agora não, droga! Deve ser o efeito tardio da poção!
Se virou de costas enquanto seus pulmões ardiam ao inalar o ar quente que se aproximava.
As chamas estavam chegando.
"Pensa, pensa! Você não pode morrer aqui! Não ainda..."
Pensou, porém, a exaustão não ajudou.
Foi quando, enquanto via seu fim se aproximar, atentou-se a uma figura que estava a sua frente, em frente as chamas.
— Ei! Sai daí, você vai se queimar!
Tentou se levantar, mas seu corpo não lhe obedecia.
— Venha rápido!
Foi quando finalmente entendeu quem era a entidade — Nora.
— Pense, Ester. Você tem muitos recursos que ainda não usou, ainda mais agora que juntou pontos ao eliminar seus oponentes. Confie no seu potencial e na sua inteligência, não apenas nos punhos. — Disse Nora
— Nora?! O que, como? Por que você tá aqui agora, depois de tanto tempo?! — Indagou Ester
— Eu sempre estive com você, e sempre estarei.
As chamas a alcançaram.
— Nora!
As palavras de Nora ecoaram em sua mente e a encheram de dúvidas. Porém, Ester pensou em como sair viva daquela situação.
— Venha, Grimório!
Ergueu seus braços com o que restou de força, pegando duas cartas entre os dedos.
"Espero que isso funcione!" Pensou
— Escudo anti-magia!
Ao falar tais palavras uma energia azul transparente com formato oval, semelhante um casulo, começa a se formar ao redor de Ester.
O fogo lhe alcançou.
Ester fecha seus olhos e vira o rosto. O medo mais uma vez tomou conta de seu espírito. Porém, ao abrir os olhos mais uma vez percebeu que as chamas não estavam lhe atingindo. A capa protetora que a envolvia estava desviando as labaredas, impedindo que ela se queimasse.
— Ufa! Ainda bem que funcionou...
Ao término da baforada de fogo que exterminou qualquer resquício de vida remanescente uma grande nuvem de fumaça negra se impôs. A criatura, impossibilitada de ver qualquer coisa, começou a balançar suas asas para dissipar a fumaça, não vendo nenhum sinal da garota. Confiante de que havia lhe incinerado, a besta pousa. Estava voltando para seu sono, foi quando ouviu uma voz de suas coatas.
— Berserker!
Rapidamente a criatura se vira com o susto, mas na mesma hora é arremessada para longe com um poderoso soco em sua cabeça.
Era Ester, irreconhecível.
As veias de seus músculos estavam pulsantes, quase estourando. Seus olhos avermelharam-se e uma baba de fúria escorria de sua boca
— Groarhhhh!!
Soltou um grito bestial e partiu para cima da criatura. Sua velocidade parecia ter aumentado, junto do tamanho de suas coxas e panturrilhas, alcançando-a em instantes. Não esperando o avanço repentino e ainda abalada pelo golpe recente, Ester disfere mais uma sequência absurda de socos e pontapés no monstro, que parecia estar incomodado com os danos. Estranhamente seu soco inglês parecia estar expelindo um tipo de energia elétrica, que parecia estar infligindo mais danos no interior da besta.
Como percebeu que não conseguiria confrontar aquela humana o monstro espera uma abertura e salta novamente, abrindo suas asas e aumentando sua altitude. Começou a juntar energia em seu estômago como da outra vez, soltando mais uma baforada de fogo na direção da garota. Dessa vez, pela distância ser menor, o fogo atingiu Ester em cheio, sem lhe dar chance de fugir.
Após o cessar das labaredas, a criatura mais uma vez espanta a fumaça com suas asas, confiante de que desta vez havia eliminado sua inimiga. Entretanto, para sua surpresa, Ester estava no mesmo local em que foi atingida, sem nenhum tipo de queimadura. Antes que pudesse ficar surpresa percebeu que a garota segurava algo em suas mãos, uma espécie de lança estranha — uma alabarda.
Ester fez uma pose estranha e segurou a arma com uma força descomunal, rachando seu cabo, e num movimento forte o suficiente para rasgar o ar ela dispara a lâmina para o céu. A Quimera que ainda estava recuperando seus pulmões da ardência e que estava debilitada pelos golpes anteriores não teve chance de desviar, sentindo o frio do aço cortar uma de suas asas fora. Como um meteorito de carne a besta despenca com tudo, criando uma grande cratera ao atingir a superfície.
Ao abrir seus olhos avermelhados, a primeira coisa que viu — e a última — foi o rosto daquela humana, totalmente tomada pelo ódio. De longe era possível ouvir o som dos ossos sendo quebrados e da carne sendo esmagada.
A Quimera foi morta.
Com o término da luta o efeito Berserker terminou, fazendo Ester recobrar seus sentidos.
Quando seus olhos voltaram ao normal de imediato já sentiu todos seus músculos sendo atrofiados e sangrando pelo desgaste constante.
— Arghh!! Que dor insuportável! Imaginei que depois que o efeito acabasse algo assim aconteceria, mas não tão forte!
Ester olha seu corpo e observa o local onde as chamas a encostaram, sem nenhum tipo de ferida aparente.
— Ainda bem que funcionou.
[Cinco minutos antes...]
Após bloquear a baforada com o escudo anti-magia ela aproveita a nuvem negra e corre para atrás de uma rocha que sobreviveu ao fogo.
— Venha!
Abrindo seu Grimório, Ester começa a pensar e quanto observa as páginas.
— Hmm... vejamos. Das cartas que eu tenho a única que pode servir pra derrota essa criatura é a Berserker. Não queria usá-la, já que a descrição menciona que vou perder a sanidade, mas não tem o que fazer...
— Mas mesmo com uma força maior ainda tem dois problemas, aquele fogo infernal e as asas. Não consigo alcançá-la se começar a voar, e quando isso acontecer é provável que mais uma onda de chamas irá vir. Se eu for atingida pela baforada não quero nem imaginar o que vai acontecer!
— Preciso de algo para lidar com esses dois problemas... é mesmo! A Nora falou que eu tinha ganho mais pontos, quase que me esqueço disso! Vejamos, quantos eu consegui matando aqueles lobos e macacos...
Foleou até a loja mais uma vez e olhou seus Soul Points — 145.
— Caramba! Só de matar aqueles poucos monstros ganhei mais de cem pontos, acho que agora devo conseguir comprar algo na loja.
Atentou-se aos itens que estavam à venda, olhando primeiro os que estavam em promoção.
[Promoções espaciais:
Adaga do Monarca ‐ de 200SP por 150SP
Coração de Espectro de Fogo - de 200SP por 100SP
Poção do rejuvenescimento ‐ de 80SP por 60SP]
Seus olhos voltaram-se para um item — Coração de Espectro de Fogo
Curiosa, pressionou-o.
[Coração de Espectro de Fogo:
Retirado de um Espectro de Fogo ainda vivo. Por viverem no inferno, essas criaturas têm uma resistência nativa contra fogo. Ao consumi-lo por inteiro o alvo recebe imunidade a fogo. Contudo, quando atingido por água sofre penalidades.]
— Isso é perfeito! Quer dizer... a parte sobre penalidade pode ser um problema, mas depois eu resolvo!
[Comprar?]
[Sim] [Não]
Pressionou no [Sim]
Ao fazê-lo, uma caixa de papelão surge do livro e começa a flutuar. Ester a agarra e rapidamente desembrulha, revelando o conteúdo em seu interior — Um coração carmesim pulsante.
Ester cerra o nariz e os lábios.
— É meio nojento... a única forma é comer isso mesmo? Arf...
Fechou os olhos e, mesmo contra sua vontade, devorou o coração por completo.
Ao término de sua refeição sentiu como se ao invés de sangue, fogo estivesse correndo por suas veias e artérias, gerando uma forte, mas agradável ardência.
— Espero que isso realmente me proteja. Agora que resolvi o problema do fogo resta apenas o das asas...
— Acho que as únicas formas de a atingir no alto seriam usando cartas de Feitiço que possam causar dano ou uma arma a distância. O problema da primeira opção é que não me restam muitos pontos, e como as cartas que vem no deck são aleatórias eu dependeria totalmente da sorte. Caso não viesse uma carta útil, seria meu fim...
— O problema da segunda alternativa é que... eu não sei usar nenhuma arma! Em toda minha vida treinei apenas artes marciais que usam o corpo, então mesmo que eu usasse uma espada ou arco só iria me atrapalhar.
— Eu precisaria de algo que se beneficia com minha força, sem depender tanto de técnica. Será que tem algo assim?
Ester começou a passar pelas páginas da loja.
Ela observou inúmeros artefatos, armamentos e itens interessantes durante os poucos segundos que passou olhando o Grimório, mas os que lhe chamaram atenção foram dois.
[Azagaia — 10SP
Uma lança curta usada como arma de arremesso.]
[Seiva Elétrica — 20SP
Obtido em plantas elétricas e carnívoras. Essa seiva pode ser imbuída em uma arma branca para causar um dano elemental elétrico extra em seus alvos por um curto período de tempo.]
— Isso! Acho que por ser uma arma de arremesso deve ser mais fácil de usar, e posso compensar a mira usando uma força explosiva. Já essa seiva vai ajudar meu soco inglês quando eu já tiver derrubado a Quimera. Agora eu tô pronta!
Comprou os dois itens.
— Vambora!
[Tempo atual]
— Agora que derrotei o chefe, o que será que vai acontecer?
— Ah, é mesmo. Roy, pode vir!
De uma efêmera nuvem de fumaça Roy surgiu.
— Parabéns. — Disse Roy — Você foi melhor do que eu esperava.
— Obrigada.
— Quando sairmos daqui irei tratar seus ferimentos.
— É melhor mesmo, heheh...
Enquanto conversavam Ester mais uma vez percebeu algo de canto de olho — A aura saindo do cadáver da Quimera.
Argh!
— O que foi? — Indagou Roy
— Aquela dor de novo. Mas, pelo menos dessa vez está mais fraca. Sempre que eu olho essa aura estranha isso acontece.
— De que Aura você está falando?
— Aquela! — disse quanto apontava — Você realmente não a vê?
— Perdão, mas tudo o que vejo são restos de uma besta enorme.
— Acho que tô ficando lelé da cuca...
— Não. Eu já vi muitas pessoas malucas, e você com certeza não é uma. Seja lá o motivo de você ver isso, é algo que descobriremos investigando. Faça o seguinte, assim como fez antes, procure nesse tal Grimório um recipiente para guardarmos um pouco disso, para assim tentarmos achar alguém que também a enxergue.
— É uma boa.
Começou a procurar mais a fundo na loja, mas sem sucesso.
Foi quando se lembrou de algo.
Imediatamente foi até a sessão de Decks, e então pressionou sobre um deles — Deck de Cartas Aleatórias.
— É um chute, mas vamo nessa!
Comprando o deck algumas cartas começam a flutuar sobre seus arredores numa dança excêntrica. Eram elas:
[Espelho (Utilidade)
Ele reflete, o que você achou que faria?]
[Relógio Analógico (Utilidade)
Use para... Ah você sabe.]
[Garrafa d'água (Consumível)
Se hidratar é importante!]
[Pote de vidro (Utilidade)
Serve pra guardar coisas, dãã...]
— Bingo! É o que eu pensei mesmo. Apesar do preço ser meio caro pros objetos que isso vem...
Enquanto pegava suas cartas novas, percebeu que ainda havia uma restante.
[Lente do caçador (Especial)
Ao pôr sobre seus olhos consegue ampliar sua visão em até 8x. Se usar muito pode dar dor de cabeça! Não olhe diretamente para o sol.]
— O que?! Veio uma carta especial nesse deck? Será que isso significa que pode vir literalmente qualquer coisa nessas cartas aleatórias? Dependendo da sorte... Vejamos, essa é o número 33, então agora tenho duas cartas únicas em minha posse.
— Essa carta é bem útil, melhor fazer o mesmo que fiz com a Marca Ecoante. Lente do Caçador!
A carta se desfaz em energia luminosa, flutuando no ar e virando um objeto pequeno em formato circular. Esse objeto, ainda brilhoso, foi de encontro com os olhos azuis de Ester, virando um só. Agora seus olhos, além do brilho diamante impecável e imensurável, tem um tipo de retícula branca em formato triangular.
— Como será que eu uso isso... Será que assim?
Ela põe seus dedão e dedo indicador à frente de seu olho esquerdo, formando um espaço redondo semelhante a um binóculo. Ao fazê-lo, inacreditavelmente sua visão focou nos objetos mais distantes ao horizonte, semelhante a uma super lente, podendo ver mesmo os mínimos detalhes.