Volume 1
Capítulo 4: Pedido
O canto o trouxe novamente para a realidade, era suave e nostálgico. Essa pessoa que cantava estava bem perto, mas não podia vê-la na escuridão, apenas senti-la tocar seu rosto.
Sua voz era bela como a de uma sereia, ou ainda mais que uma musa lendária que ele escutava em histórias. Mas na verdade, quem lhe contava essas histórias cantava bem melhor do que essas cujo tanto falava.
Uma voz doce que ecoava na mente, que dançava com seu coração. Inspirava ele se levantar, se esvae aos poucos, despertando o garoto.
Tentou se mover um pouco, mas uma pontada veio com força nas costelas, como se fosse perfurado por navalhas, fazendo ele desistir. Juntando as sobrancelhas, ele se esforça para sentir o local ao redor.
O lugar em que estava suspenso era pequeno e desconfortável, sentia arrepios em partes específicas do corpo, como costelas e pernas. O vento soprava as ataduras e causava pequenos tremores em seu corpo.
Ao abrir os olhos percebeu que estava deitado em um sofá minúsculo. Por alguns segundos ficou inquieto, olhando para todos os lados que poderia torcer o pescoço, mas logo entendeu ao ver seu irmão entrar pela porta com um balde com água.
Espera… não era você cuidando de mim?!...
Seus olhos arregalaram, mas não por Ken estar ali, mas sim por estar sozinho ao abrir os olhos. O som se foi, e nem nenhum sinal daquela pessoa foi deixado para trás, isso fez ele ficar arrepiado.
Seus olhos se cruzaram, a preocupação engoliu a confusão, em uma ação imediata, derrubou o balde com água no chão e saltou para alertar seu irmão tardiamente:
— Não se meche!
— Groan!...
Sentiu seu corpo quase se rachar, quebrar, ao tentar se mover, teve essa impressão. Gritou e caiu na posição anterior, suspenso no sofá.
O garoto alcançou seu corpo machucado e colocou as costas da mão em sua testa, a temperatura era escaldante como um vulcão, isso deixou Ken com uma expressão desgostosa.
— A não…
— Obrigado Ken, você fez o que pode…
Cerrar os dentes era uma medida preventiva para o pior, esse que veio como uma descarga elétrica extremamente forte. Percorreu todo seu corpo ao se forçar sentar no sofá, com um dos braços sustentou o peso.
— Não se esforça, você quebrou muitos ossos… — Tocou em seus ombros, e teve uma reação estridente de Kaleek. — Ah, desculpa…
— Tá tudo bem, pega aquele frasco…
Em uma estante ao lado deles, um pouco alta demais para Ken, estava um frasco ao lado de vários medicamentos conhecidos por ele, exceto por um.
Ken tinha conhecimento básico sobre medicina, por sonhar em ser médico no futuro, mas, ao olhar para aquele recipiente, não reconheceu de primeira.
Rapidamente se aproximou e puxou uma cadeira, subiu na e com muita dificuldade sobre as pontas dos dedos, deu pequenos toques no vidro antes de conseguir agarrar o recipiente.
— Ótimo…
— O que é? Não vi isso nos livros.
— Era da mamãe, isso é um remédio raro.
Ao pegar o recipiente e descer da cadeira, esticou os braços para seu irmão, que agarrou com muita dificuldade. Derramou o líquido dentro de sua boca, seus músculos tremeram no processo, escorreu um pouco no canto dos lábios.
Desceu pela sua garganta como se rasgasse, o gosto era repugnante, e fez ele soltar grunhidos e salivar. O suor gelado desceu, e ele cobriu a boca enquanto Ken olhava confuso.
— O que ele faz?
— Ele vai tirar um pouco da dor… O suficiente para eu me mexer.
Era uma espécie de remédio anestésico, que adormecia o corpo e tirava toda ou parte da dor de quem consumia. E claro, seu gosto era ruim até demais, Kaleek raspou a língua numa tentativa de tirar esse gosto.
Os olhos azuis acompanharam seu irmão, brilhando ao ver ele se levantar em alguns minutos após ingerir o remédio.
O latejamento era contínuo, mesmo após tomar o remédio, só parte da dor foi anestesiada. Pelo movimento pesado de seus membros Ken ficou em dúvida.
— Tá doendo?
— Tá… — Suspirou fundo. — Ken, você vai vir comigo hoje…
Não eram simples fraturas, claramente ficou com traumas extremamente graves. Por mais que parecesse idiota perambular por ai, ele não melhoraria deitado em um sofá, ainda mais um com nem metade do seu tamanho sem o tratamento adequado.
Observou ao redor, o caos e destruição no local, as cadeiras e mesa quebradas, no centro o grande pilar de gelo partido espalhava neve e estilhaços de gelo pelo cômodo. Um clima tão desesperançoso e quebrado quanto sua mente.
— Arruma suas coisas…
Ele se apoiou na parede ainda meio trêmulo, observou de relance Ken se deslocar pela casa em pedaços. Após isso, sentiu estalos nos joelhos.
Se esforçava para manter seu braço esquerdo que apenas tremia instintivamente, imóvel. Uma dor que não deixava o descansar e nem pensar, nem mesmo se mover livremente sem sentir uma dor excruciante, que o fazia ter náusea.
Os passos foram lentos e arrastados, a poeira voou, se aproximou dos escombros e buscou por algo no meio daquela bagunça. Seus olhos fixaram-na, ao apanhar ele puxou uma camisa velha jogada ao chão.
Ao puxar uma lasca de madeira do meio da bagunça, uma farpa acaba entrando em seu dedo e ele solta bruscamente. Sem se importar muito, apanha novamente.
Nesse período, havia rasgado um pouco a camiseta e enrolado ao redor do pescoço, pegou a lasca, se esforçou para encaixar seu braço em cima dela e do pano que sustentava ambos.
— Cacete, isso vai doer…
Ajoelhou para que a lasca não caísse ou saísse do lugar, usou seu joelho como apoio. Seu rosto estava encharcado de suor, e ele respirava ofegante enquanto olhava para o braço enfaixado.
Surpreendentemente conseguiu tocar seu cotovelo, sem gritar de dor e dobrá-lo. Seus lábios sangraram por ele os morder e causar uma dor para inibir outra que viria, o que claramente não funcionaria, por não serem equivalentes.
A dor veio, mas ele fincou as pressas nos lábios, e passou o braço por dentro do pano e descansou na madeira, finalmente conseguindo encaixar perfeitamente, ou quase.
Suspirou dolorosamente e se lançou na parede, rangeu os dentes e tocou o chão, enquanto suportava toda dor que diminuiu aos poucos.
— Tô pronto. — Ergueu a mochila desgastada. — Vamos na casa da Ellen, ela pode te curar!
— Não esquece de trancar a porta.
— Haha, engraçadão!
A piada foi sem graça, principalmente aos ouvidos de alguém preocupado. Mas ele entendia o motivo, seu irmão sempre tentava amenizar a situação com piadas sem graça, então acabou por esconder o sorriso que por pouco não ficou aparente.
Apoiu sua mão na lareira para se levantar, ele se deu conta novamente daquela foto, jogada e com cacos de vidro por todo chão. Sorriu aliviado, apanhando-a.
Novamente estava de frente para a neve, após passar pelo buraco que deveria ser sua porta. Um som estranho chamou sua atenção, estava cada vez mais alto e gradativamente uma silhueta se aproximava.
A nevasca dificultou identificar a criatura entre quatro patas que se aproximou rapidamente, parecia eufórica, assim como Ken, arregalou os olhos.
A pelagem grossa envolta do corpo musculoso, sacudiu o corpo ao vê-lo, bufou em seu rosto fazendo seus cabelos voarem ao vento.
Tocou o focinho do grande javali — Kelmoth havia voltado, e estava ileso. Não pode controlar o sorriso e o longo suspiro de alívio.
— Bom garoto.
***
As orelhas se ergueram como radares identificando um grunhido. Sem fazer alarde ela virou seu pescoço em direção a porta, rapidamente concentrou-se totalmente na audição.
O grunhido veio como uma trombeta, por pouco não balançou a casa. Seus olhos viraram-se em direção a esse som — esbanjou um sorriso, puxou levemente seus lábios finos.
Kelmoth!
Sentada, a linda meio-elfa de cabelos loiros, afiava seu machado, sendo iluminada por uma lareira ao lado, calma e graciosamente como deveria ser.
As orelhas se moviam de um lado para o outro, empinava o nariz, e se levantava lentamente com olhos arregalados. Deixou o machado em cima de uma mesa de madeira.
Moveu-se rapidamente para a porta, seu cérebro lhe mandou imagens, sons e o próprio cheiro da pessoa que esperava do outro lado da porta, era o mesmo que sonhar acordada.
— Kale-
Ficou paralisada, em choque ao ver Kaleek, ataduras cobriam boa parte de seu corpo, outras eram escondidas por uma capa. Congelou no tempo, vendo aquele estado de sofrimento repentino, seus lábios tremeram enquanto seu peito aflito gritava.
Seu braço esquerdo estava sendo suspenso por uma camisa e um pedaço de madeira. O que mais a deixou curiosa, foi que mesmo com todos esses hematomas, ainda conseguiu fingir um sorriso para ela.
Claramente era falso, quem conseguiria sorrir nessas condições. Ninguém. Seu rosto parecia aliviado, e de certa forma, ela reagiu aliviada mesmo com seu estado, por ele estar vivo.
O grande javali atrás deles bufou, Kaleek acenou e tentou dizer algo após novamente abrir um sorriso amarelo, mas, antes que terminasse a frase a garota pulou em seu encontro.
— Bom di-
O tapa cortou sua fala ao meio. Olhou, confuso, para o belo rosto de expressão amarga, completamente desestabilizado.
— Seu idiota.. O que você fez? — Olhou rapidamente para o pequeno garoto descendo do javali, mas seu olhar voltou com força para Kaleek, interrompeu ele novamente.
— Cala boca, vacilão. Entra logo! — Torceu o lábio, e puxou-lhe pelo braço.
Comprimiu os lábios ao agarrá-lo, pensou que ele nem notaria, ou pensaria que estava irritada, e era o que queria que ele pensasse. Mas ele notou, e além disso ele percebeu os lábios trêmulos, por isso ele não resistiu.
Os olhos do garotinho e da fera se encontram, deu de ombros e acariciou o focinho dela, como se confirmasse que tudo ficaria bem, ele mostrou os dentes e repetiu a demonstração de carinho.
Sabia que se tratava de uma conversa entre “adultos” ele ali ficou com o seu grande amigo, que bufava e soprava seus cabelos, o fazendo rir. Após isso ele pulou em Kelmoth e agarrou seus longos cabelos.
Ao arrastá-lo para dentro e bater a porta, apontou o dedo para a cadeira ao lado. Enrijeceu o corpo e torceu os lábios, ao ver o perigo nos olhos dela, ele se sentou. Voltou seus olhos para ela, reagiu surpreso com uma luz verde fraca emitindo de suas mãos.
— Ellen, eu… — Tentou explicar, mas fora cortado com uma Ellen, furiosa.
— Faz chiu, não perguntei, vacilão.
As mãos dela faziam milagres, o que chamariam de sobrenatural, naquele mundo era natural. Suas feridas dos pés à cabeça foram restauradas ao estado inicial em alguns minutos.
A sensação de formigamento atingiu todo seu corpo, chegou até sentir uma dormência no seu braço lesionado, mas, se esvaiu. Surpreso, ele tirou a tala improvisada e balançou o braço sem sentir nenhuma dor.
— Tudo pronto… — Se sentou de frente a ele, suspirando.
— Nossa, obrigado!
— Mano, você é louco? Fica aí se metendo em briga depois de uma tempestade daquelas.
— Como você…
— Agora explica, como você fez fraturas tão feias!?
Kaleek riu com um certo tom de sarcasmo, fitou os olhos roxos da meio elfa com expressão séria, mas amoleceu. Seus olhos pareciam ametistas, brilhavam ao refletirem sua expressão vidrada.
— Você não vai me deixar sair, se eu não dizer, certo? — Fechou os olhos e abanou a mão.
— Correto.
— É mesmo — Ele riu — Tudo bem então.
As joias amarelas, como o próprio sol, fixaram-se nas bochechas rosadas, a expressão séria veio com um toque em suas mãos. Ela reagiu, o encarou, e ele se aproximou.
As ametistas tremeram, seus suspiros se tornaram fracos ao apertar de leve as mãos cheias de calos do garoto, que olhava diretamente para sua alma.
— Eu tenho uma dívida.
****
Ken tirava uma soneca em um casaco de peles, quente e confortável. Mas na verdade não era um casaco e sim um ser vivo; a respiração dele movia o pequeno corpo encostado nele.
Sem querer incomodar seu irmão, ele se abrigou em um espaço ao lado. Onde Ellen deixava seu javali, da qual Ken não sabia o nome.
De certa forma ele não deveria conseguir abrigar todos ali, mas como estavam tão grudados e aquecidos, eles nem ligaram pela falta de espaço.
Por fora aquele espaço era uma espécie de quadrado feito de madeira, ou uma casa menos trabalhada. Parecia feita por alguém minimalista até demais.
Um som que se assemelhava a uma brisa batendo soou, quando Kelmoth acordou e viu a porta se abrir lentamente.
Seus olhos se moveram de um lado para o outro, agarrou o pelo do animal e grunhiu, fazendo o javali se assustar. Na verdade, não foi por conta do grunhido, o javali se assustou com algo que abriu a porta.
Ken foi jogado para o lado quando Kelmoth, com os pelos do corpo arrepiados, se levantou e tremeu ao olhar para a porta.
— Ai, minha cabeça, zé!! — berrou com as mãos sobre o cocuruto.
As palavras ditas no subconsciente foram libertas de forma natural e espontânea. Como se realmente fossem ditas por vontade própria enquanto ele ficava boquiaberto.
— Nossa…
Ficou maravilhado, nunca vira um animal tão belo na sua vida. Ele tinha uma pelagem branca e macia, e seus olhos reluziam em azul. Suas duas caudas sobrepostas criaram uma ilusão que confundiu seus olhos.
A pequena raposa se sentava tranquilamente enquanto os javalis a encaravam, a centímetros de distância. Em situações normais, a raposa fugiria, ao invés disso, ela manteve o olhar fixo no garotinho em silêncio.
— Você morde? — Ele estendeu a mão e a fechou, em um gesto para chamá-la. — Hã, o que foi, Kelmoth!?
O grande javali de Kaleek mordeu o capuz do garoto, puxou e o deixou pendurado, sem que ele conseguisse se mover.
Os javalis viam algo que ele não via, seus pelos estavam totalmente arrepiados e eles nem ousavam se aproximar, mesmo com a intenção de atacar.
O vento se tornava denso, difícil de respirar. Além disso, seus olhos ardiam ao tentar manter o olhar fixo nos olhos da raposa por muito tempo.
Antes que Ken se soltasse e tentasse alcançá-la, a raposa se transformou em vapor diante dele. As caudas desapareceram primeiro, depois o corpo, e por fim, os olhos penetrantes.
Tome cuidado, criança.
Ele arregalou os olhos quando alguém sussurrou em seus ouvidos. Era bizarro. Uma voz divina e com um tom celestial arrepiou todos os seus pelos.
****
A conversa dentro da cabana se desenrolava, de alguma forma, os gritos agudos escapavam para o exterior pelas paredes. Seus dentes cerrados como de um animal selvagem, em fúria, assustaram Kaleek por um momento.
Seus pés se firmavam no solo, sua mão levantada preparava outro tapa no rosto já vermelho do garoto, ela franziu o cenho.
Seu rosto já estava anestesiado depois de tantos tapas. Mas no final das contas ele merecia, por ser um idiota insensível.
— Quinze mil Zeris… Por que não me contou?... — Deixou as palavras escaparem, decepcionada.
— Não quero envolver nosso grupo nisso, são assuntos de família.
— Está me dizendo, que eu não sou parte da sua família? — Ela respirou fundo.
— Não foi o que eu quis dizer…
Ellen sentou na cadeira atrás de si, curvou a cabeça, se culpou mentalmente. Ao tentar procurar um motivo para isso, entrelaçou os dedos finos de forma inconsciente.
— Por que… vocês nunca me deixam ajudar…
Seus olhos como ametistas, agora eram mais como pequenas uvas de cores escuras. Sua postura curvada passava o ar de tristeza, como se não tivesse controle sobre aquilo, e realmente não tinha.
— Meu pai era igualzinho. Ele sempre guardou segredos, sempre com essa conversa de que queria me “proteger”. — Riu com o nariz, mas pareceu forçado. — Sinceramente, odeio essa palavra.
A voz dela, que antes era forte como um espírito do deus viking, agora era suave e melancólica. Não teve escolha a não ser abaixar a cabeça e ouvir calado, observou os lábios dela se moverem lentamente, ao levantar levemente o rosto, as mãos entrelaçadas inquietas, tudo com atenção e cuidado.
— Teve uma vez que ele chegou em casa todo machucado, mesmo assim ele dizia: está tudo bem querida, o papai está bem…
— Ellen… — Tentou tocar as mãos inquietas da garota.
— depois disso, ele foi encontrado morto na esquina de casa.
— …
— Ele nunca me contou, talvez por ser só uma adolescente… Mas eu sempre soube, eu sempre senti a mentira nos olhos dele. Sentia que ele estava metido em algo perigoso. E eu não quero que você faça o mesmo que ele, não quero que me afaste da sua vida, por mais conturbada que seja.
Não entendia o porquê precisava ser protegida, e não queria enxergar seu pai em outra pessoa novamente. Mas ao contrário de seu pai, Kaleek estava dando toda sua atenção a ela, queria escutá-la, ouvi-la e entendê-la.
Os olhos amarelos fitaram os roxos, uma lágrima escorreu nas bochechas e pingou nas mãos inquietas. O toque a fez ter arrepios, seus olhos marejados fitaram as mãos dele tocando as dela.
— Você está certa, me desculpa.
Seu rosto se aproximou da elfa, ele disse palavras de arrependimento, sua mão se estendeu abaixo dos olhos dela, limpou suas lágrimas recém caídas, continuou:
— Você é minha família. — Ela arregalou os olhos com a aproximação dele. — Irei ter um final feliz, ao seu lado.
Era como encarar uma estrela, toda sua complexidade e brilho, e se afundar naquele cosmo estelar, como se fosse explodir e renascer da poeira de toda sua existência.
Seu brilho refletiu em suas ações, como se fosse cadente, impulsionando-o a realizar seus desejos. Destruiria seus medos e enfrentaria seus demônios, ao seu lado, como almas gêmeas, entrelaçados pelo destino.
Seus olhos brilhavam como uma galáxia, se misturavam com a aproximação, explodindo e formando um sentimento único. A vastidão daquele olhar refletia uma promessa silenciosa de eternidade, onde o tempo parecia diluir-se, e tudo que existia era aquele momento.
Não existiam palavras, era como se fossem sugadas para dentro de um vácuo. Mesmo o som no ambiente sendo nulo, ainda era tomado pelo som de suas respirações irregulares.
Sua ansiedade, transmitida de forma descontrolada, foi interrompida pelo contato. No instante em que seus corpos se tocaram, algo mudou. A fusão de seus olhares, o desejo ansioso, tudo calou-se de repente. Foi como se o tempo tivesse se comprimido, e a agitação interior dela fosse engolida pela força daquele momento.
Cada batida de seu coração se alinhava com a dele, e, pela primeira vez, ela não teve medo do que
sentia. A tensão se dissolveu, restou apenas a certeza de que, ali, naquele instante em que seus lábios se encontram, tudo fazia sentido.
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