Aspecto da Penumbra Brasileira

Autor(a): Jhen Faber


Volume 1

Capítulo 3: Possibilidades

Abro os olhos ao ouvir a fedelha se aproximar a distância. Parece que ela está acompanhada por seus pais, então eu me aproximo do pirralho que dorme no sofá com uma cara relaxada.

Ontem em uma crise de raiva ele tentou me acordar.

Eu precisava de algum tempo sozinho para pensar em como ensinar o pirralho. A fedelha eu sei que é inteligente, mas é trabalhoso criar um plano de estudo, e tentei me lembrar dos meus professores.

Primeiro eu preciso ter conhecimento e uma boa retórica.

Mais importante que isso é que alguém pegue as roupas, ou eu preciso gritar… Como professor tenho que ser culto…

Antes disso vou verificar a casa, ver se descubro seus pontos fortes através dos seus vestígios. Enquanto vasculhava, encontrei um quarto.

Abrindo a porta o cheiro de mofo incômoda meu nariz. Pela reação do menino, seus pais morreram, e se este for o quarto deles, ele não abriu o quarto após sua morte.

Entrando no quarto, além da cama e o armário,vejo uma estante com uma adaga prateada de dois gumes que chama minha atenção por um único motivo.

Ela é uma arma de guerra em bom estado, pegando na mão eu seguro a ponta e forço levemente, na qual ela resiste bem, em seguida, eu a reforço com poder mágico, que é absorvido com facilidade e ele começa a esquentar.

“Oh! Um artefato MTA de boa qualidade.”

Geralmente, o que é inanimado, mesmo que tenham atributos, eles não podem ser utilizados, mesmo sob interferência. Artefatos só podem ser criados quando mortos deixam seus espíritos em algo.

Este espírito remanescente acaba liberando um dos atributos, se existir similaridade, mas isso acontece mais com restos de um ser vivo.

Depois de vasculhar tudo, consegui ter uma ideia do seu passado e pontos fortes. Mesmo que ele seja mago, ele pode tirar proveito de um artefato, mesmo que não possa reforçá-lo.

Com um sorriso satisfeito, me aproximo do pirralho e toco o seu ombro liberando uma corrente elétrica para acordar ele.

Pulando de susto, Alisson que acaba de se lembrar de tudo que aconteceu no dia anterior, estava prestes a levantar a voz, eu uso a educação que racionalizei nos meus sonhos.

— Seus sogros estão vindo. Você vai querer mesmo iniciar uma briga sem sentido? Acho bom vestir umas roupas e ficaria grato se pegasse as roupas que eles trouxeram.

Ouvindo minhas palavras com um tom educado, o garoto de cabelos castanhos olha confuso para meu sorriso sábio. Portanto, ele pergunta com um rosto sério.

— Quem é você?

— Foda-se. Pega a roupa e vai atender seus sogros.

Chato demais fazer essa atuação meia boca. Prefiro arranjar o meio termo. O menino que estava confuso com meu novo estilo, respira aliviado comigo voltando ao meu tom base.

Alisson corre para o quarto. Poucos minutos sua voz retumbante ressoa.

— Como eu estou com o anel?!

— Foi ela que se declarou.

— Hum?!

Realmente é chato cuidar de crianças. Cansado disso, eu deito no sofá e começo a fazer perguntas construtivas.

— Pirralho, qual os seus resultados na Balança de Sigrid e Cristal de Urd?

A resposta volta rapidamente.

— Isso? Alfa Inferior e Vetores.

Uma combinação interessante. Parece que temos mais em comum do que eu imaginava. Apesar de não ter o atributo vetores, também nasci como um MTA inferior.

Não acho que ele saiba sobre o que significa os resultados, ele provavelmente só conhece por guerreiros, guerreiros mágicos e magos. Além disso, ele não parece saber o quão interessante é seu atributo inato.

E mais importante, ele pode reforçar a adaga com poder mágico. Os magos são especializados em controlar o poder mágico, os guerreiros em reforçar e os guerreiros mágicos fazem os dois com alguns problemas no crescimento em comparação aos primeiros.

A cada Rank, o corpo passa por uma evolução. No caso dos magos e guerreiros a mudança é evidente a cada nível. Mas usar os dois abre muitas opções em uma batalha.

Sua resposta me fez pensar em duas possibilidades para ensino, a partir quando alguém nasce como um tipo inferior, ele tem a possibilidade de mudar para um guerreiro mágico, o que era considerado um evento raro.

Embora tenha mudado graças a um certo filho de um conde do norte que criou um método, mesmo que seja muito difícil.

Não que ele tenha criado o modo de mudar de classes, pois isso já existia. O que ele fez foi criar o método de alcançar o equilíbrio.

Se a balança de Sigrid representa o modo que a mana é controlada em sete níveis, sendo os extremos o Alfa Extremo, Médio, Inferior, seguido pelo Beta Extremo, que representa o equilíbrio e depois o Gama Inferior, Médio e Extremo.

Terminado de se arrumar, ele chega na sala vestido do melhor jeito possível. Eu decidi chamar sua atenção levantando a mão, mesmo que ele me encarasse com um rosto de poucos amigos me vendo acomodado no sofá.

— Eles vão demorar um tempo para chegar. Enquanto isso vou começar a te ensinar.

Porque para ele acompanhar na fase teórica, eu preciso acelerar seu ensino. A fedelha provavelmente vai se sair bem com ensinamentos menos problemáticos.

— É o seguinte, vou dar duas possibilidades para você. Normalmente apenas nobres sabem como estabilizar seu lugar na Balança de Sigrid para começar a ascender nos Ranks.

— Hum? Como você sabe disso?

A expressão dele é de alguém impressionado, no entanto quem está impressionado sou. Como ele não percebeu que sou um aristocrata?

Bem, poucos são tão loucos como eu, mas mesmo assim, eu até mostrei o estigma…

O melhor que posso fazer é não esperar tanto dele nessa parte.

Eu levanto o indicador e começo a falar com um rosto cansado 

— Primeira opção, você pode virar um guerreiro. É menos cansativo e o crescimento é garantido. Como professor eu recomendo esse que é mais fácil para alguém como você.

Levanto o dedo do meio em seguida e tentando não focar na idiotice e dou a segunda possibilidade.

— A última opção é virar um guerreiro mágico, porém depende muito do talento, e não sei se você tem o necessário, mas mesmo assim vou guiar você por um tempo.

Ele pensa profundamente e fala com uma expressão decidida.

— Isso… Guerreiro mágico não seria mais legal?...

Se não fosse eu, pensaria que ele não entendeu, mas ele parece ter compreendido o que disse, mas seu modo de pensar é bem simples. Esse é o motivo para ele não ter entendido que a fedelha que conquistou ele primeiro.

Eu queria assistir a cena, porém ele me percebeu e quis testar seus talentos. Segundo boatos nestes 25 anos pessoas com talentos estão nascendo constantemente.

No entanto, nunca vi algo que fosse tão próximo de mim. Felizmente para ele não possuímos o mesmo talento, mas acho que pode ser bom.

O único problema é que ele é ingênuo.

Para alguns isso é uma qualidade, mas para mim é idiotice. Ele vai morrer rapidamente por causa desta ingenuidade ou ele pode acabar virando um vilão que um dia vai perceber como funciona o mundo.

O mundo não é mais um lugar para pessoas como ele viver felizes. Mesmo os fortes caem por serem ingênuos.

Na minha faixa etária sou um dos mais fortes que conheço, já que derrubei um Rank 7, que é considerado o pico dos mortais e sou quase Rank 6.

Mas agora sou um professor, portanto preciso entender até onde ele já foi.

— Você já tentou usar seu atributo inato?

— …… Tentei, mas meu corpo ficou pesado e me machuquei.

— Boa. Parece que não vou precisar fazer você passar por isso de novo.

Ele soluça com minhas palavras, mas eu sou sincero. Não existe nada melhor para aprender que errar.

— Apenas um deus controlaria algo plenamente. E mesmo que controlemos, acabamos não alcançando o máximo potencial.

Vendo o seu rosto confuso, continuo a explicação do modo mais fácil para ele.

— Você comprou um par de anel. Como foi o processo?

— Bem… Eu vi o preço e trabalhei e comprei.

— Fez o certo, primeiro eu identifico o que quero, depois começo a trabalhar para alcançar aquilo e finalmente gasto. Isso é a focalização, ou uma habilidade.

Pelo menos ele não é burro, ele simplesmente carece em sagacidade. Isso é um alívio, mas ainda preciso pedir para ela passar um pouco da sua sagacidade para o pirralho.

Ainda preciso explicar muitas coisas, mas o som de batidas vem da porta, portanto eu deixo apenas um pedido como professor.

— Me traz as roupas.

— Certo!

Sua voz saiu animada. Eu pareço ter ganhado o respeito dele nesta explicação, acho que é muito pouco para conseguir o respeito, acho que isso é algo que apenas pessoas sem malícia podem fazer.

Após algum tempo ele volta carregando algumas camisa branca e uma calça preta. Eles provavelmente não quiseram se arriscar e escolheram as roupas que a maioria das pessoas acharia aceitável.

Vivendo na selva, eu me importo mais com liberdade de movimentos que com a coloração. Uma pena que vão ficar um pouco apertadas, mas não posso culpar a menina, pois ela não sabe o meu tamanho.

Eu visto a calça e coloco a camisa, mas me sinto incomodado com a camisa. É incômodo roupas depois de você se acostumar com a liberdade. Suspirando uso a camisa para fazer um rabo de cavalo.

Apesar de Alisson não entender o porque estou fazendo isso, ele olha com um rosto surpreso e fala.

— Oh! Você não parece um bandido.

— Claro.

Mesmo que eu pareça um bandido, meu pai é elegante, minha mãe só vi em fotos, mas ela era bonita. No meu caso eu sou um molde que foi jogado na selva e virou uma outra coisa.

É inútil falar sobre isso, ele já vai descobrir que sou um aristocrata que por acaso fugiu de casa. A verdade sobre mim é que não vou viver tanto, logo fugi de casa para aproveitar o mundo.

Perder os movimentos das penas não era motivo para me tirar da floresta. Poderia ser divertido essa parada, o que por sinal se concretizou.

Mal cheguei e já achei interessante. Dois talentos únicos que tem apenas 12 anos. Como serão os alunos da Academia?

Com um sorriso no rosto vou para onde todos estão. Eles sendo os pais da fedelha, acho que pode ser válido testar os seus talentos. Aumentando o meu espírito eu falo com o menino assustado.

— Pode abrir a porta.

— S-sim.

***

— Filha, tem certeza de que ele é um nobre?

Gael pergunta para sua filha enquanto esperam na porta da casa de Alisson. Na noite passada ela saiu feliz por finalmente Alisson se declarar, voltou com um rosto complexo, que ela logo explicou.

— Um aristocrata apareceu…

Ele que ouviu suas palavras também ficou confuso, porém Gael procurou com seus contatos história sobre Frey Van Ashe e ele descobriu informações impressionantes.

O gênio que criou o método para uma pessoa virar guerreiro mágico e fugiu de casa.

Sinceramente, pelo o que ele escutou dos boatos, Gael imaginou um erudito, e pelos relatos de Ana, ele imagina um bandido.

Se ele pudesse escolher, Gael viria sozinho. Ele era um artista antes de trabalhar no salão de cabelos de sua esposa, na qual ele se adaptou bem.

Enquanto conversavam, a porta abre mais uma vez e uma presença aterradora cai sobre eles e uma voz grave é ouvida.

— Vocês são os pais da fedelha?

Gael sente que não consegue respirar sentido isso. Contudo essa presença foi aliviada imediatamente, mas ele não conseguia falar.

— Uau, foi assustador. Você é Frey?

A voz descontraída de sua esposa o assusta. Gael olha para Maya e vê ela falando com um tom leve contra um nobre com tanto poder.

Frey com um rabo de cavalo e sem camisa aparece acompanhado de Alisson. Seus olhos penetrantes pareciam cavar suas fraquezas, mas suas palavras são leves, sem se importar com seu pavor.

— Não precisam ser assim, só queria ver se o talento de vocês.



Comentários