Aspecto da Penumbra Brasileira

Autor(a): Jhen Faber


Volume 1

Capítulo 11: Pai(?)

Pai? Que maluquice é essa.

Apenas de ouvir essa palavra meus pêlos ficam arrepiados. É tão estranho quanto vestir trajes que não defendem nada. Se eu pudesse eu andaria nu, mas algo chamado bom senso fica me advertindo.

Mas pai?! Eu errei algo?!

Tudo que eu fiz foi prender ele em um mundo sonho que você enfrenta os seus problemas. Em vez de contornar os problemas, acho que o melhor é controlá-lo. No máximo pensei que viraria sofreria com um pesadelo.

Nunca testei em outras pessoas, usei uma vez em mim, no entanto, não achei tão efetivo. Tudo que eu vi foi uma ilha paradisíaca cercada por um extenso mar com duas luas no céu.

Embora ele fosse sofrer de um pesadelo, seria uma espécie de enfrentamento de suas falhas com o propósito de treinamento, eu achei que valia a pena testar nele. Não é como se eu quisesse foder com o psicológico dele.

Eu até acompanhei todas as etapas por fora, para eu interromper quando o pesadelo afetasse seu corpo. Entretanto, tudo aconteceu muito rápido que parei um pouco tarde. Quando eu percebi ele ficou tão desesperado que seu mijou. 

Será que foi a liberação ou eu simplesmente errei a força?

Na ocasião que usei em mim, usei com mais força, e foi tão fraco que achei um desperdício usar deste modo. Ademais, não consigo sonhar já que sempre estou desperto. O meu sono consiste em ficar inativo, enquanto meus sentidos capturam os seus arredores.

O mais próximo de um sono longo é um desmaio. Porém meus sentidos se desenvolvem cada vez mais, ao ponto de ao desmaiar, eu não paro de perceber.

Aliás, estou começando a ver através de coisas sólidas, mas por ora são apenas o que é fino. Posso ver através da pele, mas para em alguma parte dos músculos.

Neste caso, ela é ineficaz contra mim pelo meu corpo esquisito. Enquanto pensava isso, um conjunto de lembranças me vem à mente.

Pensando bem, eu raramente cai em ilusões, e elas foram principalmente na época que eu era fraco, que pensei ser consequência do meu baixo poder mental.

“Espera, outra coisa mudou.”

Meus atributos conseguintes. Eles são combinados bem com o meu atributo inato. Mas eu não sabia que existia alguma interação passiva, que eu não sabia porque é raro alguém com atributo conceitual. É tão raro quanto um homem desconhecido invadir sua casa e salvar sua vida.

Quais as causas e até onde isso acontece. O que aconteceria se eu tentar eletrocutar em um mago elétrico?... Pode ser interessante estudar essa área. Deve haver alguns limites.

Eu nunca tentei testar coisas parecidas. Pode ser interessante achar baderneiros pelas ruas que se candidatem como voluntários. No passado ouvi que existia uma lei fantasma chamada de direitos humanos.

Na verdade existem alguns defensores, mas ela é tão ultrapassada quanto muros. A ordem natural das coisas é se transformar para o mais adequado para o seu tempo.

Os muros servem para mostrar o poder de uma cidade. Por lógica contra calamidades, ela não serviria tanto, logo elas servem para delimitar até onde vão os ataques contra invasores, como devem ter algumas estruturas MTG para aumentar magias para defesa.

Depende de região para região quais são as magias de defesa utilizadas, mas geralmente são usados para criar montanhas artificiais. É preferível cuidar de muros de centenas de metros que um com quilômetros de altura.

Ainda assim, a muralha de Plíris é bizarra. Além da altura a largura descomunal. Não sei o preço no mercado por um bloco, mas deve ser o suficiente para uma família de 4 saírem em uma viagem para a praia e aproveitarem.

Os direitos humanos, portanto, também sofreram transformações. Todo humano tem além de direitos, eles têm deveres com a vida, e aqueles que descumprirem podem sofrer com punições decorrentes de seus atos.

Ao fazer merda, vai ter que explicar nem que seja pela força e vai ter que pagar por ela nem que seja forçado. Em um mundo em que todos podem tornar-se máquinas de massacre, as leis precisam dar exemplos.

— Hah… Hah… Hah…

Enquanto pensava, escuto uma respiração ofegante. Ele deve ter se assustado muito, mas não me sinto culpado. No momento que alguém convive com os problemas e percebe como o normal, ela perde a possibilidade de mudar, então é melhor resolver rapidamente.

Não tenho todo o tempo do mundo para suavizar. Além de que, eu sou um adepto da igualdade. Sejam humanos, animais ou árvores, todos são iguais perante a mim, até que prove ser digno.

Ainda assim, estou interessado no que ele viu. As condições que eu usei na criação na Voz do Devaneio foi apenas o nome com objetivo de materializar, então na prática ela tem alto potencial e alto custo.

Usando poções de mana eu até poderia em sequência. No entanto, não é uma forma que proporciona um crescimento. Forçar a voltar a um estado anterior não contribui para o aumento da mana, muito menos os músculos.

O uso de poções muito presente em conflitos, que o propósito é dominar um lado. Claro que existem alguns maníacos que usam guerras para seu autodesenvolvimento, como eu.

Pelo gasto, eu só uso quando eu realmente preciso, então não conheço todas as aplicações. As que conheço são:

Comunicação, que uso apenas em animais.

Ilusões, que eu aumento a veracidade de ilusões.

Materialização, onde eu uso ao máximo para tornar o irreal possível por pouco tempo.

A quantidade de gasto varia de acordo com a dificuldade do que estou fazendo.

Isso pode ser considerado um erro meu?

Não, um erro acontece quando você sabe, e ainda errou. Em minha mente vou considerar que foi que eu intuitivamente acreditei nele, e ele não correspondeu com as minhas expectativas.

Mas como um mestre generoso que eu sou, perdoarei as falhas dos meus alunos. Meu único erro foi acreditar demais. Acenando a cabeça em minha mente, eu seguro ele no colo, ainda que ele esteja fedendo a urina.

Dando tapinhas em suas costas para o acalmar, a porta se abre e uma menina de cabelos desordenados aparece com uma respiração agitada. Não foi uma surpresa, já que percebi ela acordando e correndo para a sala.

Afinal nós dois dormimos na sala, e ela no quarto do pirralho. Pode ser bom comprar uma cama para ele, e eu aproveito para dormir no sofá. Por enquanto eu durmo de pé encostado na parede.

A menina agitada olha para o menino em agonia nos meus braços.

— O que aconteceu?!

— Não precisa se preocupar, deve ter sido um pesadelo repentino.

Eu não menti, foi um pesadelo repentino com boas intenções causado por mim.

A menina que escuta minhas palavras se acalma consideravelmente. Olhando no seu rosto, eu sinto que ela se acalma com minhas palavras. Talvez ela tenha experiência lidando com isso.

Nunca cheguei a ouvir a história deles, mas pode acabar sendo importante para ensinar para eles que são iniciantes.

Tem uma coisa que chama minha atenção. Chega a ser engraçado ver como ela tem um olhar desconfiado. Apesar de me respeitar por ensinar os dois, ela parece se preocupar com o que vou ensinar para o pirralho.

Ela é inteligente para sua idade, mas só isso. Eu ensinei eles, no entanto fiquei mais fora para entender como eles funcionam sozinhos. Eles formam uma boa dupla, que infelizmente parece ser prejudicial.

Quando um completa os defeitos do outro, dificilmente eles sentirão a necessidade de querer crescer.

— Estou aqui Alisson, tudo bem. Foi só um pesadelo

— A-Ana, desculpa.

— Não, não! Você não precisa se preocupar. Você pode esquecer isso, eu estou aqui.

— M-Mas Ana, eu realmente…

Nada parece estranho por fora. O garoto fala gaguejante e a menina tenta acalmar ele com naturalidade. Olhando tudo por cima, eles seriam um bom casal comum no futuro da maneira que estão.

No entanto, quando eu decidi ensinar eles, então não quero fazer um trabalho medíocre.

O sol ainda não nasceu, e mesmo que eu vá pagar o almoço e o jantar, vai ter treinamento de dia, portanto um bom descanso é essencial. Os dois parecem ter esquecido que eu estou aqui enquanto conversam.

Com esses pensamentos eu me aproximo silenciosamente de ambos e seguro o ombro de cada um com as mãos.

— Eh?

— Hum?

Os dois com expressões perplexas, que eu respondi com um sorriso cheio da gentileza que estou praticando na imaginação.

— Vocês me mostraram algo interessante. Bom sono.

Centelha Anímica!

Seus corpos perdem as forças e eu os seguro antes de caírem no chão.

— Ufa…

Respirando aliviado depois de tudo se acalmar, eu olho para a sala. O cobertor de novo no chão, o cheiro de pungente, e duas crianças apagadas.

“Foda-se…”

***

Enquanto Ana estava dormindo, sente um brilho quente em seu rosto, despertando fracamente sua consciência.

— Uaah!…

“Já é hora de acordar?...”

Bocejando, Ana estica seu corpo enquanto pisca preguiçosamente. Ela já estava acostumada a acordar cedo para ajudar os seus pais, portanto o brilho do sol é como um despertador para ela.

Entretanto, ela nunca se sentiu tão cansada quanto hoje. Talvez por ser a primeira vez que ela teve um treino de combate?

Mesmo que ela tenha se acostumado com Frey, seu mestre emana uma pressão esquisita. Ele ensinou o básico de como criar uma habilidade, musculação e arte marciais, então ele sumia e voltava com coisas novas. Ela pensou que ele poderia estar roubando, então ela consultou seus pais.

Conversando com eles, ela descobriu que ele havia começado a trabalhar como mercenário solitário. Ela, que nunca tinha visto uma demonstração de força até ontem.

Ele nunca os tratou mal como também não demonstrou preocupação por ninguém. Mas ao ouvir que ele começou um trabalho perigoso para cuidar dos dois, ela pensou que ele podia ser um julgamento errôneo dela.

Frey falava sobre respeito e estratégia, então ela pensou que ele só demonstraria externamente quando os dois mostrassem algo digno de respeito. Com isso em mente ela foi conversar com Alisson que aceitou prontamente.

Nesses 5 dias ela se familiarizou com o poder mágico, e ela criou uma estratégia. Ela sabia que Alisson tem uma boa reação para se defender e ele chamaria atenção usando muita mana, e ela iria acumular energia para atacar de verdade.

Era simples, mas ela estava confiante. Porém o que ela descobriu foi que Frey é um monstro.

No momento que ele resolveu acelerar, Frey desapareceu de sua visão e antes que desse conta, ele atravessou o corpo de Alisson. Vendo por fora, seu corpo esfriou com medo de Alisson ter se ferido gravemente.

Entretanto, como se estivesse alucinando, tudo estava normal e Frey agia como se ele realmente tivesse atravessado o corpo de Alisson.

Naquele momento ela se sentiu assustada e um certo pensamento passou por sua cabeça.

“Como alguém que deveria ser da mesma raça que ela é tão forte?”

Ana gosta de ouvir histórias, então mesmo com a educação mais básica, ela sabe um pouco de hierarquia. Foi assim que ela aprendeu sobre as denominações nobres como “La”, “Van”, “Tos” e os estigmas nos olhos usados somente por humanos. Portanto ele deveria ser humano.

“…… Sinto que estou perdendo alguma coisa.”

Ontem, Alisson teve um pesadelo, que era comum na época que ele perdeu seus pais. Mas ela sente que está perdendo algo…

“Vamos relembrar de tudo…”

Ela acordou de noite e correu para sala onde viu Alisson abraçado em Frey enquanto o chamava de pai. Sinceramente, pode ser apenas a sua opinião, mas ela achou fofo.

Na verdade, ela sempre gostou dele, mas só se aproximou dele quando ele precisou.

“Talvez inconscientemente ela buscasse um momento de fragilidade?”

Pensando dessa perspectiva ela sente seu coração pesado. Se ela tivesse chance ela se aproximaria antes…

Recuperando totalmente a consciência, ela se vê no quarto, que Ana não sabe quando chegou. Ao seu lado, está um menino de cabelos castanhos que está dormindo na cama tranquilamente.

— ?!!

Ela quase levanta a voz em surpresa, mas o segura a força. Em caos, sua mente esquece tudo, e apenas uma pergunta passa por sua cabeça.

“Porque estamos dormindo juntos?!”

— Óbvio que foi porque eu coloquei vocês aqui.

Frey que apareceu na janela sorrindo antes que ela se desse conta cobria o sol com seu corpo e fala com um tom lento comparado com o habitual.

— Já que acordou, levanta o pirralho e se arrumem que vou ensinar vocês de verdade a partir de hoje.

Finalizada suas palavras, ele some como se nunca tivesse existido. 



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