Asas ao Vento Brasileira

Autor(a): Akarui K.


Volume 1

Capítulo 10: Intrusão

Pela primeira vez, lhe parecia excelente a ideia de ainda poder estudar numa escola renomada. Seu sobrenome lhe dava acesso a muitos lugares enquanto não tinha dezesseis para ser oficialmente um bastardo. 

A nobreza era um lugar que Lukas nunca fez questão de estar simplesmente pela burguesia ser um saco de lidar. Não se encontravam pessoas boas com facilidade, ainda mais num covil de pré-adolescentes sabichões como aquela escola.

Depois de muito juntar as peças sobre a tal menina estranha, raciocinou que dividia o espaço com muitos dos verdadeiros herdeiros e protegidos pertencentes à nobreza. Especificamente, uma protegida em específico, a qual descobriu estar mais próxima do que imaginava.

Solitária a ponto de sacrificar seu bem estar num lugar sob o sol escaldante, ela era bem uma criança normal com seus cabelos arrepiados e uniforme bagunçado.

Não achava coincidência encontrá-la de novo, tão perto e tão diferente da menina polida de antes. Era como se o destino quisesse mostrar a Lukas que ela era real e que era alcançável para o “pé rapado” que a olhava.

Não a tirava da cabeça desde aquele dia. Não soube se ela reparou nele, e mesmo que soubesse o quão tosca tinha sido a cena, desejava que ela tivesse o visto. Seria um bom motivo para se aproximar dela agora.

Tentava se distrair com outras coisas, mas pensar no trabalho não ajudava em nada, porque foi lá que aquela presepada começou. Bruna o deixava envergonhado só de pensar em seu nome. 

Não conseguia conter a vontade de observá-la, mas tinha de ser bem discreto para o momento em que enfim tentasse uma aproximação. E mais discreto ainda para conseguir descobrir que tipo de pessoa ela era, em relação aos lobos.

— Tá, e você virou professora de improviso, agora?

— A inovação é talento nato dos magnatas.

Vanessa estava tornando a garota uma ginasta multifuncional — isso era muito melhor que uma máquina de brigar. Em desvantagem, improvisar em cima dos hábitos da raposa a fazia esquecer que treinar ainda era algo perigoso.

— Desafio você a chutar o topo do saco de pancadas!

— O desafio está aceito! — chutou o mais alto que podia quando seu pé escorregou. Vanessa desatou-se a rir do tombo, ignorando que alguma coisa ainda pudesse soar grave ali.

Cada passo era uma tortura; Bruna pensava um “ai” a cada vez que precisava subir uma escada. Sequer tinha disposição para surtar por ter esquecido o livro. Apenas queria relaxar e tentar achar uma posição em que a bunda não doesse tanto.

”Merda, você me paga, Vanessa.”

Em compensação, quando se mantinha focada — ou simplesmente imóvel —, não sentia tanto os efeitos do acidente. Depois de quase morrer para escrever uma enorme redação, recorreu ao segundo maior passatempo da bolsa: o livro de geografia. 

Arrastou o dedo em cada linha do índice tentando encontrar um tópico que lhe soasse interessante, mas foi interrompida por outro “poc” desgraçado em sua fuça.

Outra bolinha de papel invadiu sua busca e caiu em seu colo, escorregando direto pro chão. Na verdade, nem chegava a tanto: não passava da mais mal dobrada das folhas de caderno. 

Pegou-a, se segurando para não se levantar e jogar de volta para onde quer que tenha surgido. Ao olhar a sala, todos permaneciam bem concentrados em seus afazeres. 

Sequer ouvira qualquer som que pudesse indicar de onde veio. Não reparou em qualquer um que não estivesse fazendo nada... Exceto alguém.

Dois belos olhos a encaravam, misteriosos. O dono deles não parecia a pessoa mais simpática do mundo, aparentando ser apenas mais um burguês padrão que pudesse irritá-la.

Encarando-a daquele jeito, só podia significar deboche. Não havia mais um motivo para que alguém a encarasse, afinal agora era um enerion assumido devido àquele “acidente”.

No entanto, seu rosto era estranhamente familiar.

Incomodada, sua atenção recaiu no papel, atrofiado dentre a fúria de seus dedos. Iria atirá-lo no lixo, aquilo devia ser um novo meio de infernizar sua doce paz, mas... 

“E se não?” 

Se era mesmo dele, podia ser qualquer coisa. O menino não lhe era estranho por alguma razão da qual não se lembrava no momento. Isso era intrigante porque eram raras as vezes que reparava no rosto de alguém.

Espiou o fundo da sala mais uma vez, ainda meio descrente. Parando pra ver melhor, não havia nenhum caderno, menos ainda uma caneta sobre a mesa do fulano. 

Seu coração palpitou com um sentimento estranho: um mesclado de esperança, alívio e decepção. Enxotando-os, desamassou o papel, apressada para saber o que, afinal, estava escrito na droga do bilhete. 

Então, pasmou-se com a mais desorganizada das caligrafias, que por pouco teve a chance de passar despercebida por uma frase tão pequena:

“esqueceu seu livro hoje?”

Podia significar qualquer coisa: se alguém reparara que Bruna preferia ler, essa mesma pessoa seria uma alma boa, logo ali, em sua sala de aula, bem debaixo do seu focinho. 

Bem como podia ser mais alguém querendo esfregar na sua cara que não tinha nada de melhor pra fazer a não ser repetir a leitura do único amigo que sequer era real. 

Ou, banhado em uma esperança oculta, alguém que tivesse se interessado na raposa do cabelo bagunçado, o remetente sendo algum tipo de admirador secret...

O sino quase a fez saltar: de súbito atirou o bilhete no meio do livro antes de fechá-lo num baque estrondoso, erguendo-se num ímpeto. 

Envergonhou-se, já que literalmente fora a primeira a reagir e tentou disfarçar caminhando em passos fortes para fora, mapeando os corredores que deveria pegar para chegar ao seu canto. 

Tinha meia hora para aproveitar e seu estômago pedia para dedicar um tempo de almoço. Porém, lembrando que esquecera o raio do livro, raciocinou que tinha trinta tediosos minutos para desfrutar.

Sendo obrigada a tomar mais tempo com a refeição, sua irritabilidade transparecia através de seus olhos, fixos nas janelas de onde o sol invadia com abundância. 

Afastou com um suspiro a vontade de saltar pelo vidro e correr para longe, de repente tão cansada daquilo tudo. Sem o livro, era evidente o quanto a solidão incomodava.

Não que fosse uma pessoa de muitos amigos, mas ter alguém para conversar fazia falta, já que mesmo em casa não trocava palavras com os lobos, pois não tinha a mínima vontade de se aproximar deles.

Impelida a olhar para os lados, sua intuição encontrou novamente os mesmos olhos que a encaravam na sala de aula. Bruna fitou-os por tempo suficiente até que o dono deles desistisse primeiro.

Não tolerava encaradas, isso foi o bastante para deixá-la tão angustiada quanto desconfortável. Os trocentos olhos que a fitavam na infância nunca deixaram de acompanhá-la nos corredores da vida. A memória fez sua raiva emergir com voracidade.

Se retirou do local o mais rápido que pôde, a ponto de sentir o piso afundar sob seus pés de tamanho o seu ódio. 

Sentiu-se paralisado quando os olhos dela o atravessaram. Era como se eles tivessem uma espécie de poder maligno que superasse até mesmo os olhos que o visitavam em pesadelos. 

Mesmo assim, Lukas não recuaria. Não o faria sabendo o motivo da agressividade em seu semblante. Ouvira o bastante sobre ela para entender que ela tinha um problema similar ao seu. Seguiu-a com os olhos antes de perdê-la de vista e suas pernas começarem a funcionar por conta própria.

Não que ser enerion a tornasse uma bastarda, mas além de enerion, ela claramente não era parente de sangue dos lobos. 

Conhecia histórias de nobres que adotavam enerions para sua própria família para torná-los guerreiros ou animais de defesa pessoal. 

A ideia parecia repugnante a princípio, ainda mais quando considerou o jeito evitativo e inexpressivo de Bruna. Pouco tempo depois do dia no bar ouvira os boatos sobre ela. E isso não o deixou dormir em paz.

Tentara obter mais informações escutando a conversa do patrão com o lobo em outros dias: o grande homem não parecia ter intenções ruins com Bruna, apesar de falar dela como se fosse uma joia rara. 

Vanessa, sua irmã ou talvez esposa, parecia ser muito pior que ele, segundo o que fofocavam dela. Era uma bruxa, de acordo com seu patrão. Lukas não precisou ouvir muito mais para raciocinar algumas coisas. 

Podia dizer que Bruna era o filhote de dragão dos Volkers, que andava acoleirada e submissa — ou isso era só uma paranoia. Diante dessa suspeita, se incomodava tanto que não podia passar um minuto sem pensar em se aproximar. 

Desejava conhecê-la sem aqueles moldes, aquelas correntes invisíveis. Queria saber se ela era mesmo tão séria ou se era apenas uma máscara, tão dura quanto rocha. 

Se ela podia ser alguém além das mãos cinzentas em seus dois ombros que enxergava tão claramente agora.

Em passadas largas, mantendo distância para que seu ritmo soasse natural, tentava não perdê-la de vista — não que fosse fácil perder aquele pontinho vermelho numa multidão aberta como aquela. 

Enquanto caminhava, aproveitava para analisar melhor sua aparência. As mãos escuras dela confundiam-se com as luvas de uma dama, enquanto as dele continuavam a ser aquele mesmo laranja opaco, mais perto do bege. 

Se perguntava por que eram tão diferentes e tão iguais ao mesmo tempo. Podia deduzir a resposta, mas não gostava de ponderar sobre seu passado nem história. Eram coisas que deviam morrer ali enquanto ele tentaria seguir em frente como alguém normal.

Achou que estivesse sozinha até que notou que ele estava sempre no mesmo corredor que ela. O garoto familiar, o mesmo que a encarou  no refeitório. 

O que o fazia pensar que podia segui-la? Bruna ocupou-se em refletir se o bilhete não viera mesmo dele para afastar qualquer traço de psicopatia. “Não tem razão esse cara vir atrás de mim. A menos que me conheça de algum lugar.”

Bruna tentava elaborar rotas de fuga enquanto tentava se lembrar de onde vira aquele rosto. Não era exatamente o rosto, mas a silhueta, o porte. Até porque, teria certeza de sua identidade caso, em algum momento anterior, tivesse notado seus olhos tão marcantes.

Diante da possibilidade de passar o dia todo caminhando em círculos, apenas decidiu ir para seu ponto de força: o banco. Se o garoto estivesse mesmo a seguindo, teria que disfarçar muito bem para escapar de uma parada súbita.

E se ele quisesse se aproximar mais do que ela permitisse, certamente se queimaria. 

Foi então que, sem muita demora, ele de fato parou, empertigado como um nobre, bem diante dela. O nervoso fazia o coração de ambos palpitar, estando Bruna na defensiva e ele apenas ansioso. 

Foi então que ela se lembrou. Se desconsiderasse suas roupas, ele era o mesmo garoto que varria o chão quando esteve no bar naquele dia. 

Mas aquela era uma escola para nobres. O que um garçom estaria fazendo nela? A ideia a intrigou ainda mais que o fato dele estar tão decidido a contatá-la a ponto de parar como um soldado ali.

O garoto tinha a sombra de um sorriso no rosto e seus olhos eram simpáticos. Bruna seguia imóvel e potencialmente agressiva.

Sentindo o calor ao redor, Lukas pensava no melhor meio de iniciar um papo com uma pessoa que tinha a sagacidade como método de interação. 

Não se esquecera de sua apresentação no bar, nada dócil. Esperava que ela fosse diferente desta vez.

— E aí.  — iniciou ele, amistoso. Dada sua aparência polida, não parecia um dialeto muito adequado, o que só o tornava ainda mais suspeito para Bruna.

Ela ficava mais desconfortável a cada segundo e seria difícil não transparecer. 

No entanto, ao mesmo tempo em que lutava para não demonstrar, tentava a todo custo afastar os olhos dele, tomada por uma estranha falta de sucesso.

Aqueles olhos de esmeralda a prenderam como correntes, uma hipnose inexplicável. Por que aquele verde todo cativava tanto?

Adivinhando o que a garota sentia, ele largou seus olhos primeiro, deixando de fitá-la. Lukas olhou o céu, fingindo analisar o ambiente em que estavam e disfarçando com algo aleatório:

— Me pergunto se esse sol não te incomoda. Aqui é quente igual um forno.

Bruna se permitiu contemplá-lo, um tanto surpresa. Era praticamente uma criança com voz de adulto, seu corpo não era muito avantajado, mas tinha a voz grave até demais. 

Se passou pouco tempo até que ele a fitasse novamente, percebendo que o silêncio se devia às poucas opções de resposta que deixara.

— Posso... Me sentar ao seu lado?

“O banco é público”, Bruna quis responder, mas se segurou. Esperava qualquer coisa pior que isso, sendo que agora ele lhe parecia apenas esquisito. 

Tanta tranquilidade era até intrigante, dado que todos alheios costumavam olhá-la como se fosse explodir a qualquer momento. 

Bruna sentiu as costas esquentarem, o calor descendo pela espinha como uma gota de suor — mas nunca suava, tampouco ficava nervosa. Esperou que se devesse pelo absurdismo dele. 

Sem muitas opções, apenas acenou a cabeça. Pôde sentir um cheiro agradável quando ele sentou-se a uns dois palmos de distância, um aroma suave e fresco. 

Mato, chuva, terra úmida, árvore, um cheiro tão bom que a entorpecia parcialmente — seria nostálgico se não atraísse uma saudade tão negativa. Era o cheiro da sua floresta.

— Bom, eu acho que te conheço de algum lugar — reiniciou, amistoso. Bruna não conseguia pensar em nada para lhe responder, tal que o menino continuou a tagarelar. — Você costuma andar arrumadinha por aí?

“Que merda de conclusão é essa?”, Bruna pensou agressivamente. Talvez aquela tenha sido a forma mais elegante de dizer para ela o quanto era desarrumada.

Porém, ele não parecia muito de zombarias. O tom não condizia com a frase dita, dado que ele mantinha um olhar bem pacífico e sem julgamentos.

— Você estava me seguindo? — insinuou Bruna, sem deixar brechas para o caso daquilo ter sido realmente um ultraje.

— Estava. — Ele respondeu como se fosse a coisa mais normal do mundo. — Sabe, não tem muito mais gente interessante aqui. Não falo com todo mundo e viver uma coincidência parece um bom motivo para te conhecer.

Bruna jogou o rosto para longe para esconder a irritabilidade. Do que seus livros lhe diziam, ele só estava ali porque queria se certificar de que Bruna não espalharia o segredo do seu trabalho “humilde demais para nobres”. 

— Sei o que pensa. — A menina apenas disse, seca, abrindo uma fábrica de vergonha em Lukas, que recordava o momento constrangedor do bar.

— B-bom — tentou prosseguir, desconcertado. — Eu juro que não foi por mal. É que eu nunca imaginei que…

Paralisou quando notou os olhos mortais da menina sobre si. Ela parecia tirar muitas conclusões sobre ele. 

Lukas nunca fora muito bom com gente da sua idade e isso se evidenciava bastante agora. Relembrando o que acabou de dizer, entrou em estado tímido, caçando palavras para mencionar com certa dificuldade.

— Er… Eu… Meu nome é Lukas — soltou, segurando qualquer coisa que o deixasse em saia mais justa que aquela. — Só Lukas.

Bruna piscou, mudando de expresssão. “Que coincidência”, pensava ela. “Um homônimo igualmente sinistro aqui, que não gosta do sobrenome. Acho que posso dar uma chance.”

— Bruna. — Ela pigarreou, lembrando de uma certa vez em que seu pai a chamara de outro nome num momento de raiva. — Henriqueta, eu acho.

O ambiente se silenciou ainda mais, coisa que nem parecia possível. Enquanto ela decodificava seus olhos verdes, perdeu-se nos pensamentos e sequer ouvia o caos escolar ao redor. O garoto sorriu, o que a fez se sentir menos ameaçada por um segundo.

— Como assim, “eu acho”? Você não tem certeza de seu sobrenome? — Quando ela mudou os olhos e abriu a boca para falar, ele continuou rapidamente, relevando a grotesca pergunta que fizera com uma informação que ele mesmo odiava usar a seu favor: — Quer dizer, eu também não tenho certeza do meu.

Novamente voltando a seu rosto normal, uma leve torcida de lábio dela lhe disse que ele estava se precipitando.

— É por isso que você trabalha naquele bar, então? — questionou ela. Ele conteve um suspiro nervoso ao embolar a garganta.

— Quase isso.

Outro breve silêncio se instalou ao que ela rebobinava informações na mente. Era suspeito que a informação não parecesse afetá-lo. Havia algo naquele garoto que o tornava similar a ela, só não podia pôr isso em palavras agora.

“Interessante”. Sua calma era anormal e ele não parecia mesmo um nobre exceto pela sua aparência naturalmente polida. Deveria se dar uma chance de conhecê-lo, já que aparentemente ele não representava ameaça apesar das calúnias que disse. 

Pensando que talvez as falas atrapalhadas e grotescas dele se devessem por sua postura rígida, Bruna afrouxou o laço e permitiu um comentário a ele:

— Ah. Você tem o mesmo nome de um parente meu. Irmão, eu acho.

— De novo, achando algo. — Ele brincou. — Você não tem certeza de que ele é seu irmão?

A garota decidiu relevar aquele outro dizer ridículo e, pacientemente, se dedicou a explicar.

A informação de que era a protegida dos gêmeos de preto poderia lhe ser útil caso ele, de fato, pretendesse ridicularizá-la. 

Não que fosse algo para se orgulhar, mas de fato seus parentes a protegeriam de alguma situação grave. Ou era isso que se convenceu a pensar com os anos.

Perguntara pouco sobre os motivos do garoto não ostentar um sobrenome. Alguém assim era pouco provável de se existir naquela escola, sendo Bruna a única que se distinguia tão claramente pelo simples fato de sequer pentear o cabelo. 

O que mais chamou sua atenção foi o fato dele trabalhar sendo tão jovem quanto ela. Ao que sabia de Vigdra, sua cidade, uma família minimamente estruturada não precisaria de seus filhos trabalhando.

Mesmo assim, se ele estava em maus lençóis, não mais demonstrou sentimentos sobre isso além de apenas morar no bar.

Aqueles olhos verdes a intrigavam, no entanto. Lukas tinha uma aparência excepcional para ser apenas um desconhecido. A beleza era característica inata dos nobres de classe mais elevada, sem contar a perfeição uniforme de seu tom de pele.

Se ele de fato estava em maus lençóis, não se esforçaria muito mais para descobrir isso, já que ele mesmo não questionou nada que Bruna não quisesse dizer por conta própria. E assim se manteve.

Esperava que por trás de suas esmeraldas não houvesse alguma mentira, já que estava começando a simpatizar com ele.

Sua conversa não durou muito: poucos minutos depois, o fim do intervalo se anunciara.

Um lado seu pensava que ele pudesse ficar lhe atirando mais bolinhas de papel até que a professora decidisse dar atenção. 

Mas o que estava pensando? Talvez o bilhete nem fosse mesmo dele. Amassou-o ainda mais e o esqueceu no fundo da bolsa, evitando mais fantasias do que lhe era possível imaginar com sua solidão.



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