Volume 1 – Arco 1

Prólogo: Uma Doce Gargalhada

“Quando você olha muito tempo para o abismo, o Abismo olha de volta para você."

E se eu te dissesse que ele não só olharia para você, mas gargalharia ao te ver se arrastando para suas profundezas?

Em algum lugar por aí, em uma ilha, ele existe e portões prateados guardam sua entrada, esperando a sua chegada.

Então venha, viajante. Faça como muitos outros antes de você. Atravesse esses malditos portões e vague por suas profundezas em busca de tesouros e riquezas nunca vistas.

Continue vagando até que perca tudo e todos. Para no seu fim só lhe restar aquela doce, sombria e inebriante gargalhada.

Encontrei esse texto escrito em um pedaço de papel velho e ensanguentado há muitos anos. Não sei o porquê de tê-lo guardado comigo por tanto tempo. Talvez porque ele me lembre de um passado que já tentei esquecer, talvez porque me lembre de minha infância. Ou talvez, só talvez, seja porque essas palavras falam mais sobre mim do que eu gostaria.

Bem, há duas coisas que você deve saber a meu respeito. 

A primeira, meus cabelos são negros, feito um poço de piche. 

A segunda, meus olhos carregam as sombras da noite, e elas me perseguem por onde quer que eu vá. 

Porém, nem sempre foi assim, houve uma época longínqua em que eu não passava de uma criança de cabelos brancos como algodão e olhos de um azul profundo e inocente.



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