Volume 9

Capítulo 190: A filha do Rei Demônio (Parte 4)

Dez quilômetros acima do céu.

Havia um avião enorme. Com um mar de nuvens embaixo, enquanto os poderosos motores a jato roncavam alto, o avião estava indo direto para a América.

Mas, o voo daquele avião estava em uma situação que não era normal. Era porque havia vários caças seguindo atrás daquele avião a uma curta distância. Não foi porque quase houve uma colisão entre as aeronaves, ou porque este avião era de uso exclusivo do presidente. Havia uma razão completamente diferente pela qual as aeronaves de combate armadas voavam atrás de um avião de passageiros como se estivessem o vigiando.

Foi por uma questão de derrubar o avião no pior cenário possível, antes que danos pudessem ser infligidos ao país, porque um avião sequestrado por terroristas não era diferente de um canhão voador que possuía grande massa.

Sim, esse avião de passageiros foi sequestrado por terroristas. Devido aos terroristas, que de alguma forma colocaram as armas a bordo do avião, o interior do avião estava agora sendo governado pelo nervosismo e medo.

— Ei, você…

— ?

Todos estavam quietos, e apenas esperavam que esse momento de medo acabasse. Um empresário deu uma olhada em um terrorista que patrulhava antes de chamar em voz baixa o jovem do outro lado do corredor.

Para que ele não se destacasse, o jovem apenas levantou a cabeça de leve. Quando ele olhou para o empresário que o chamava, imediatamente um pequeno pedaço de papel foi jogado no colo do jovem.

O jovem ficou surpreso e dirigiu o olhar para o empresário, mas naquele momento, o homem já estava olhando para baixo e sentava em silêncio em seu assento, como se nada tivesse acontecido.

O jovem estava com suor frio descendo pelas costas enquanto tomava cuidado com o terrorista patrulhando; ele abriu o pedaço de papel dobrado dentro da palma da mão.

"17:35"

Essa era a única coisa escrita no papel. Normalmente, essa escrita seria muito enigmática, mas o jovem sentiu um choque como se a eletricidade estivesse correndo pelo seu corpo. Ele adivinhou. O tempo anotado, que chegaria daqui a dez minutos em relação ao momento atual, era o tempo em que a situação dentro do avião poderia mudar bastante.

Com um olhar, o jovem olhou para o empresário ao seu lado. O empresário também moveu o olhar sem mexer o rosto e fez um pequeno aceno de cabeça. A vontade para realizar um contra-ataque para resolver esse incidente de sequestro existia naquele empresário.

Era muito provável que este papel foi direcionado não apenas a esse jovem, mas também a outras pessoas. Não se sabia quem começou a circular esta mensagem, mas a pessoa que o enviou deveria esperar que ainda mais pessoas respondessem à chamada.

Sem dúvidas era porque essa pessoa adivinhou o objetivo dos terroristas e decidiu fazer uma aposta de tudo ou nada. Nas notícias recentes, havia um excesso de tópicos sobre atentados suicidas. Os traços dos rostos dos terroristas obviamente pareciam os traços característicos do povo do país onde pertencia a famosa organização terrorista que todos os dias era noticiada nos jornais. Nesse caso, era possível imaginar o pior caso em relação ao objetivo desse sequestro de avião.

O jovem, pensando que eles morreriam de qualquer maneira se essa situação persistisse, repreendeu seu coração que estava murchando pelo medo e acenou com a cabeça para o empresário. E então, para aumentar o número de camaradas corajosos, mesmo que apenas mais um, ele entregou o papel, onde estava escrito o tempo do contra-ataque, para outra pessoa.

Em pouco tempo, dentro do avião em que o silêncio era dominante, os relógios dos passageiros estavam prestes a chegar à hora marcada. De repente, a tensão começou a subir. Ao lado do jovem, o empresário estava limpando o suor na testa. O jovem também entendeu muito bem esse sentimento. O destino deles poderia ser decidido em alguns minutos. A tensão que o empresário estava sentindo não era algo comum. O jovem estava sentindo o suor escorrendo pelas costas e pescoço e a sensação de seu corpo esfriando.

Mas, naquele momento, a parte de trás do avião ficou barulhenta. Gritos de raiva e gritos, e então, "pan!", o som de um tiro ecoou. O jovem perdeu a cor. Enfim começou.

O jovem e o empresário, e depois vários homens, um pai com uma família, um homem de meia-idade que parecia estar no avião com a esposa e assim por diante, estavam procurando uma chance enquanto seus rostos se enchiam de tensão.

E então, os terroristas que notaram a estranheza na parte de trás do avião saíram correndo de seus postos enquanto diziam algo. Foi nesse momento...

— UOOOOOOOOH!

— Segurem-nos!

— Roube a arma!

Os passageiros que conspiraram de antemão se revoltaram ao mesmo tempo. Um dos terroristas que deu as costas foi agredido por trás; o atacante segurou de forma desesperada a mão do terrorista que não largou a arma nem quando caiu. Um outro terrorista, quando voltou o olhar para o companheiro atacado, também foi agredido pelo pai de família que estava do lado dele e os dois caíram no chão.

Tornou-se barulhento dentro do avião. Ao mesmo tempo, a esperança de que talvez nesse ritmo pudessem subjugar os terroristas estava começando a se espalhar entre os passageiros.

Porém...

Pan!

Um único tiro ecoou, ao mesmo tempo, o empresário que estava segurando um terrorista caiu enquanto gemia. E então mais um tiro. Pan! Um tiro ecoou, e o pai de família, que estava segurando outro terrorista, gritou e caiu.

Ao mesmo tempo, os terroristas deram socos nos outros passageiros e depois atiraram com suas armas enquanto xingavam e se levantavam. O jovem que levou um tiro na perna estava soltando uma voz dolorida enquanto virava o olhar, e lá ele viu a figura de uma aeromoça segurando uma pequena pistola.

— Sem chances… por que…

O jovem falou com uma voz perplexa. Isso era natural. A comissária de bordo era uma mulher branca de cabelos loiros, não importava como ele olhasse, a nacionalidade dela era diferente da dos terroristas.

Devido às características dos terroristas e às notícias rotineiras, os passageiros estavam com a impressão de que a organização terrorista era composta apenas pelos representantes daquele país. Mas, na verdade, os terroristas adotaram métodos de sequestrar pessoas de vários países, fazer lavagem cerebral, antes de devolverem as pessoas ao país de origem para cooperarem com os atos de terrorismos, de modo que os terroristas não estavam necessariamente limitados aos nascidos apenas naquele país.

— Pai, pai!

— Querido, aguente firme!

Vozes ansiosas misturadas com gritos reverberaram. Olhando para lá, uma menina e uma mãe choravam enquanto se agarravam ao pai baleado.

Os terroristas, que estavam xingando enquanto descontavam a raiva nos passageiros que tentaram uma revolta, no momento em que viram a família chorando, sua expressão se transformou em algo feio, como se dissessem que haviam encontrado um bom alvo a ser usado como lição. Eles então caminharam em direção a essa família.

— O pecado de tratar com desdém a bondade de fazer todos vocês nos acompanharem em uma morte honrosa é pesado demais. Apenas morram, junto com toda a sua família.

O terrorista apontou a arma para a família. O pai baleado, mesmo com a expressão pálida de tanto sangrar, tentou cobrir a filha e a esposa com desespero.

Todos imaginaram o fim trágico da família. O fato de sua revolta terminar em fracasso total seria plantado dentro dos passageiros com essa execução pública.

Mas, quando o terrorista estava prestes a puxar o gatilho, de repente um tiro ecoou da parte de trás do avião. A mão do terrorista parou de se mover devido a esse som. No entanto, supondo que o mesmo aconteceu na parte de trás, ele colocou força no dedo no gatilho.

Logo depois disso, sons de tiros em sucessão puderam ser ouvidos mais uma vez. O movimento do terrorista parou mais uma vez enquanto pensava que eles estavam muito chamativos lá atrás. Naquele momento, os terroristas que estavam nesta área acreditavam sem dúvida que seus companheiros também estavam dando um exemplo na parte de trás da aeronave.

Afinal, havia também um conspirador que sofreu lavagem cerebral de outro país se escondendo lá, então, não importava o que acontecesse, eles poderiam lançar um ataque surpresa. Havia também mais terroristas estacionados na parte de trás em comparação com a frente. Em relação aos tiros consecutivos, havia muitos indivíduos de sangue quente entre os terroristas, então eles pensaram que era por causa disso.

— Ei, ei, o que esses caras estão fazendo lá atrás?

— … pois é. Como esperado, eles estão atirando demais. O que eles farão se uma bala perdida atingir a janela.

Os terroristas se entreolharam. A causa disso foi o intenso som de tiros que estava reverberando até agora.

O objetivo dos terroristas era um ataque suicida na capital da América, usando o avião sequestrado. Eles não podiam deixar o avião cair até então, por isso tinham que prestar muita atenção, mesmo quando usavam armas. No entanto, apesar disso, tiros soavam de forma audíveis na parte de trás do avião, o que os fez pensar que o atirador não estava levando em consideração isso, em vez disso, parecia que era um disparo realizado em desespero para evitar a morte.

— Ei, Nadim, Karim, o que vocês estão fazendo? Relatem a situação.

Como as áreas frontal e traseira do avião foram divididas e eles não conseguiam ver o que estava acontecendo, eles não entendiam a situação apenas pela visão. E então eles usaram um dispositivo de comunicação para entrar em contato com os outros, mas o que eles podiam ouvir era apenas: — Impossível! O que, é aquilo... — uma voz incompreensível que era uma mistura de terror, inquietação e confusão.

— Ei, Nadim! O que é que está acontecendo! Relatório!

— Uma mulher está, isso é impossível! A arma não funciona. A mulher loir-...

A voz do homem chamado Nadim foi cortada. Ao mesmo tempo, os ferozes tiros também pararam.

Um silêncio sinistro envolveu o avião.

O terrorista que estava olhando para o dispositivo de comunicação deu um sinal usando o olhar para o outro homem e a aeromoça. Ambos assentiram e apontaram a arma para a partição em direção à área traseira.

— Aqui é Yosef. Saeed. O que aconteceu com Nadim e os outros? O que diabos está acontecendo por lá?

Uma comunicação do camarada terrorista que estava ocupando o cockpit chegou. A porta do cockpit estava fechada e tinha sido preparado com antecedência para que a porta não pudesse ser aberta, independentemente do que acontecesse na área dos passageiros. E assim, o terrorista que se apresentou como Yosef não saiu do cockpit, mas ainda conseguiu se comunicar e pediu um relatório que os outros terroristas não poderiam ignorar.

Além disso, Yosef conseguiu invadir o robusto cockpit, que não podia ser aberto de forma alguma no meio do voo, porque os terroristas haviam tomado a família do piloto de refém. O piloto foi pressionado com uma escolha agoniante, mesmo sabendo que ele seria morto de qualquer maneira no final, ele compreendeu que essa opção só pioraria a situação, mas quando lhe foi mostrada a imagem da pele de seu filho sendo pressionada com uma faca, ele enfim escolheu obedecer aos terroristas. Quem carregou as armas dentro do avião e também abriu a porta da cabine foi o piloto.

— Não sei. Vamos confirmar agora.

Saeed disse isso, e então ele se aproximou da divisória para a área traseira enquanto preparava a arma.

Mas, antes de chegar à partição, a causa da anormalidade por fim chegou do outro lado. Um dedo esguio apareceu da borda da partição e, assim, a separação foi aberta de forma casual.

— Óó.

— ...

Por um momento, Saeed esqueceu a situação atual e soltou uma voz de admiração. O outro homem terrorista também não tinha palavras, mas seus olhos se arregalaram em choque óbvio.

Aquele que mostrava sua figura da área de trás, com cabelos dourados lisos e macios esvoaçantes e olhos carmesins estreitando com uma aparência sonolenta, era uma garota incomparavelmente bonita que parecia uma boneca de porcelana. Não é preciso dizer que era Yue no modo de menina.

A fim de destruir todos os planos dos terroristas e fazer com que todas as suas ações se tornassem sem sentido, ela embarcou no avião sequestrado usando o teletransporte espacial.

Os olhos de Yue percorreram os terroristas. Saeed, cujo olhar encontrou o de Yue, sentiu sua temperatura corporal subir contra uma garota que só podia ser vista como uma menina na primeira metade da adolescência. Mesmo que a aparência dessa garota só pudesse ser vista como uma menina pequena, não importava como ele a observasse, a atmosfera em que ela estava vestida era a personificação do próprio encantamento. Parecia que ele era um inseto atraído por uma armadilha; se ele baixasse a guarda, parecia que ele atacaria a garota enquanto era pego.

Yue voltou o olhar para a família que tremia aos pés de Saeed. A família também estava dirigindo olhares estupefatos para a linda garota que apareceu de repente.

— … está tudo bem.

Yue sorriu para a menina que estava agarrada ao pai e transmitiu essas palavras. E então, sem nenhuma cautela, ela caminhou em direção à família.

Aquela figura indefesa fez Saeed retornar aos seus sentidos, e então seu olhar se moveu em direção à área traseira através da divisória aberta. Lá estava…

— O que, você está... o que você está fazendo… Carlo?

Lá, ele viu uma cena de seu camarada ajoelhado, estrangulando o próprio pescoço. Parecia que o homem já estava inconsciente, o branco de seus olhos estava exposto enquanto espuma saía de sua boca. Era uma cena muito anormal.

— … não sou páreo para Kaori, mas isso não é problema.

Saeed voltou aos seus sentidos mais uma vez devido à voz que veio de baixo dele. Com um — Hah! —, ele abaixou o olhar, ali a figura de Yue estendendo a mão sobre o pai baleado, e a figura do pai envolto em uma leve luz dourada podia ser vista. Era como se o tempo estivesse sendo rebobinado enquanto o sangue voltava para a ferida do homem antes que a ferida visível se fechasse. A bala que entrou no corpo também foi empurrada para fora da ferida e caiu com um estalo. A mãe e a filha estavam atordoadas, olhando para aquele cenário miraculoso.

Yue, que constatou que a ferida havia sido fechada, levantou-se em silêncio. Ela estava bem na frente de Saeed e talvez porque ele tivesse testemunhado cenas inimagináveis uma após a outra, o interior da cabeça do terrorista já estava todo bagunçado.

Mesmo assim, seus longos anos de treinamento e experiência em terrorismo fizeram com que ele movesse seu corpo por conta própria, dizendo que a garota bonita demais diante de seus olhos era uma ameaça para ele e seus camaradas. O cano da arma apontou para a cabeça de Yue e a mão empurrou a arma para a frente.

— Vo-você, mas que diabos...

— ... todos vocês também, está tudo bem.

Mesmo com o cano da arma apontado para ela, a garota não mostrou nem um pouco de agitação. Em vez disso, Yue, que parecia nem reconhecer sua existência, fez a expressão de Saeed se contorcer.

Yue agiu como se não estivesse preocupada com o terrorista, e acenou com a ponta dos dedos como um bastão, espalhando luz dourada. Depois disso, o empresário que estava à beira da morte devido ao grave ferimento, o jovem e os outros passageiros que participaram da revolta tiveram suas feridas curadas de maneira semelhante à do pai agora. Não parou por aí, mesmo as pessoas que já haviam perdido suas vidas tiveram seus batimentos cardíacos recuperados e suas consciências voltaram.

Para os passageiros, isso foi uma cena de milagres.

Mas, para os terroristas, era uma cena de pesadelos.

Dessa forma...

— Kuh, este monstro.

Pan!, Saeed puxou o gatilho e a bala voou em direção a Yue. Foi um tiro que era impossível de errar de tão perto. A mente de todos mostrou a cena da morte em que o cérebro da garota que manifestou esse milagre seria espalhado de sua cabeça.

Porém...

— Uma coisa, dessas… impossível.

A bala parou no espaço em frente a Yue. No ar, onde não havia nada, como se algo macio estivesse bloqueando o caminho, sem qualquer alteração no formato da bala, a capsula ainda flutuava.

O olhar de Yue voltou-se para Saeed mais uma vez. Não havia emoção naqueles olhos frios. No momento em que Saeed viu isso, ele foi obrigado a entender, querendo ou não. Que para a garota diante de seus olhos, ele era algo sem valor, como uma pedra na beira da estrada. Não havia sentido nele nascer; ele não trouxe nada além de mal em sua vida, apenas um obstáculo a ser removido, ele desapareceria sem que alguém sequer se importasse... esse era o tipo de existência que ele tinha.

— Uh, aaAAAAAAAA!

Sua própria existência foi rejeitada. Esse terror e essa humilhação fizeram Saeed explodir. De muito perto, ele continuou a puxar o gatilho como se estivesse possuído. Depois dele, o outro terrorista e a comissária de bordo também miraram em Yue e dispararam.

Os passageiros gritaram. No entanto, isso também aconteceu apenas por pouco tempo. Quando viram que todas as dezenas de balas ainda flutuavam no ar em torno de Yue, seus gritos foram aos poucos diminuindo.

Saeed e os outros trocaram os cartuchos de suas armas e continuaram atirando até todas as balas acabarem.

Assim, kachink!, um som transitório ressoou. A pistola, que estava com a parte de cima deslizada para trás, informou-os do fim. Yue, que estava completamente imóvel durante tudo isso, passou o olhar por Saeed e os outros. As balas que flutuando ao redor de Yue caíram no chão ao mesmo tempo e se espalharam. E então, uma palavra:

— … então?

— ...

— Ua…

— Hih!

Saeed e os outros cambalearam para trás. Suas armas caíram no chão com um baque. Só havia medo à vista em seus olhos.

— Você é, você é, o que é...

— … você não precisa saber. Por enquanto, "Cale a boca".

— ...

A boca de Saeed se abriu e fechou tentando perguntar a verdadeira identidade de Yue. Mas no momento em que Yue disse a ele: — Cale a boca. —, sua voz não pôde sair. Enquanto Saeed estava olhando atordoado, as palavras de Yue prosseguiram.

— …"Ajoelhe-se".

Saeed e os outros se ajoelharam ao mesmo tempo. Então, Yue recitou o final: a Declaração Divina.

— … "Lentamente estrangule, seu próprio pescoço".

Até o fim, os olhos carmesins de Yue não possuíam cor de emoção em relação a eles. Essa se tornou a última visão que Saeed e os outros viram.

O olhar de Yue se moveu em direção ao último inimigo, em direção ao terrorista que estava ocupando o cockpit. E então, quando ela caminhou em direção à porta sólida entre ela e a cabine, como se isso fosse algo trivial:

DOGOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOON!

— ...

Um choque feroz e um som estrondoso assaltaram o interior do avião. Logo depois disso, o avião inclinou-se com um solavanco e máscaras de oxigênio caíram por todo o lado. Os passageiros gritaram. Os passageiros sentados na área traseira testemunharam fumaça negra saindo de forma intensa das duas asas do avião, e seus rostos ficaram pálidos.

Parecia que todos os quatro motores instalados no avião foram destruídos. Talvez devêssemos dizer que foi um milagre que as asas ainda estivessem intactas. Ou talvez tivesse sido calculado para terminar assim.

O olhar de Yue se estreitou em direção à cabine. A causa disso era óbvia. O último terrorista julgou que, nesse ritmo, havia uma grande possibilidade de o ataque suicida à capital americana falhar devido à anormalidade que acontecia dentro do avião, então ele ativou o explosivo.

De fato, este era o terceiro avião sequestrado que Yue havia embarcado e suprimido. O julgamento de Yosef, que foi feito com grande determinação, deveu-se ao pensamento de que, mesmo que o avião que ele sequestrou não pudesse cumprir o objetivo, ainda havia outros aviões sequestrados. Em vez de ter este avião suprimido e recuperado, ele preferiria derrubá-lo, sacrificando muitos passageiros americanos, trazendo a maior tragédia possível para os Estados Unidos. O fato de ele não ter destruído o corpo do avião e, em vez disso, apenas os motores, foi por causa de seu pensamento de causar danos ainda maiores, escolhendo o local em que o avião cairia.

— … nn, este erro é meu. Eu vou corrigir esse erro.

Logo depois que Yue falou sozinha dessa forma, ela usou a Existência do Céu para apagar sua figura do interior do avião.

— Eu estou, sonhando?

Quem murmurou atordoado foi o piloto que seguia o avião de passageiros. Havia uma voz exigindo um relatório da situação retumbante no rádio, mas o piloto não tinha compostura para responder a isso.

Mas, com certeza, seria cruel alguém criticar o piloto por isso. A razão era que, diante de seu olhar, o avião fumegante que acabara de começar a cair devido à explosão repentina, e que foi envolto por luz dourada no momento seguinte, continuou a voar em linha reta. Foi por causa dessa visão extremamente absurda que o piloto ficou assim.

E o que fez com que o olhar do piloto ficasse pregado no lugar, o que o forçou a ficar pasmo, foi a figura de uma garota parada no topo daquele avião. Uma pessoa estava em cima de um avião que estava voando a uma altitude elevada; embora isso fosse o suficiente para fazê-lo duvidar de sua própria sanidade, também havia o fato de como aquela garota estava envolta na mesma luz dourada que o avião, e além disso, um par de asas brilhantes foram abertas em suas costas.

Talvez percebendo o olhar do piloto, a garota dourada, Yue, virou o rosto na direção dele. E então, ela de repente mostrou um sorriso. A aeronave de combate sacudiu de forma violenta. O piloto estava pressionando seu peito como se tivesse sido atingido por alguma coisa. Ele teria que pegar depressa o manche de controle em vez disso.

Yue voltou o olhar para a frente e começou a andar no avião sem dificuldades, como se a resistência do vento e a temperatura não tivessem efeito algum. Ela desceu na frente do cockpit.

— Uma-uma garota? Não, mas, hein?

— O que-que-que-que-que-que...

O piloto, que estava sangrando na cabeça, e Yosef estavam fazendo caretas muito engraçadas. O copiloto estava deitado por ter sido baleado. Parecia que ele ainda estava respirando, mas talvez ele só pudesse manter sua vida por apenas alguns minutos. Yue, enquanto estava envolta em luz dourada, apontou a ponta do dedo para o copiloto.

No mesmo instante, uma luz fraca envolveu o copiloto e curou sua ferida.

— Vo-você está...! Este, monstro!

Yosef adivinhou o motivo pelo qual ele não podia entrar em contato com seus companheiros nas áreas dos passageiros e levantou uma voz trêmula e irritada. E então, ele apontou a arma para Yue, que estava fora do cockpit e estava prestes a puxar o gatilho. Ele planejava derrubar este avião de qualquer maneira. Depois disso, ele nem sequer hesitaria em algo como quebrar a janela do cockpit.

No entanto...

— … "Não se mova".

— ...

De modo natural, seu movimento foi interrompido. O piloto ficou perplexo com Yosef, cujo movimento endureceu como uma pedra. Mas, no momento seguinte, a figura de Yosef desapareceu no ar.

Yue o teletransportou. Yosef apareceu logo acima do avião no ponto cego da cabine. Sim, ele apareceu do lado de fora do avião voando a oito quilômetros de altitude, com a velocidade de algumas centenas de quilômetros por hora. Além disso, ele estava com as mãos afastadas, como se estivesse sendo crucificado; ele estava preso ao topo do avião.

— … morra enquanto congela.

Yosef arregalou os olhos. Normalmente, um humano normal perderia a consciência nessa condição no mesmo instante, mas ele recebeu proteção contra o frio e um suprimento de oxigênio, então o homem não morreria com tanta facilidade.

Yue voou para trás de forma suave. Ela bateu as asas douradas e estava voando enquanto combinava sua velocidade com a do avião. Olhando do ponto de vista do piloto e do copiloto, que recuperou a consciência, parecia que havia uma garota flutuando na frente de um avião em pleno voo.

Yue lançou um sorriso para as duas pessoas que a encaravam com espanto e acrescentou:

— … deem o seu melhor.

Depois de dizer isso, sua figura desapareceu.

Mesmo depois que Yue desapareceu, o avião ainda estava envolto em luz dourada. Havia apenas um motor em operação, mas o avião ainda podia manter sua altitude. A dificuldade da pilotagem estava aumentando, mas, de forma misteriosa, os dois pilotos não sentiram nenhuma ansiedade do avião cair.

— … William. Eu sou um criminoso.

— Capitão…

O piloto estava segurando o controle enquanto espremia essas palavras da garganta. Ao ouvir isso, o copiloto, William, fez uma expressão complicada onde não poderia dizer nada. Pela conversa dos terroristas, ele adivinhou que a família do piloto foi sequestrada e ameaçada diante de seus olhos. Talvez porque ele pudesse ver a expressão do piloto cheia de amargura, mesmo depois de quase ter morrido, William era incapaz de dizer qualquer palavra de difamação.

O piloto disse o seguinte a William:

— Mas, Deus disse a um criminoso como eu, para viver. Dê o seu melhor, entregue os passageiros em segurança para suas casas. Se você não concordar com isso, ficarei quieto e cederei o controle para você. Mas, se...

— Capitão. Eu também tenho uma família. Se meu filho passasse pela mesma experiência que o seu, a confiança de que posso dizer que ainda priorizaria os passageiros... é algo que não tenho.

As palavras do piloto foram cortadas por William. E então, ele assentiu com uma expressão séria enquanto voltava para o assento do copiloto. Aquele gesto indicava com mais eloquência do que qualquer palavra que ele deixaria este avião ao piloto mais uma vez.

— … muito obrigado. Este é meu último voo. Não importa o que aconteça, juro que aterrissarei este avião em segurança.

— Vai ficar tudo bem, capitão. Afinal, a proteção da deusa está conosco.

— É, você tem razão.

O rosto do capitão se torceu com dificuldade. Essa era uma expressão complicada que era uma mistura de alívio e arrependimento, gratidão e culpa e vários outros sentimentos.

"Deusa. Por favor, eu imploro, não importa o quão desavergonhado esse som. Minha família... por favor."

O capitão não pôde deixar de orar assim diante do milagre que testemunhou.

Meio dia depois, o avião esfarrapado, envolto em luz dourada, pousou em segurança. No meio do aeroporto, que estava em tumulto devido à situação sem precedentes, o capitão que estava sendo interrogado, ouviu como sua família foi salva por uma linda mulher com orelhas de coelho. E então, ele se tornou um crente zeloso da deusa dourada e da beldade com orelhas de coelho.



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