Volume 9

Capítulo 185: A filha do Rei Demônio (Parte 1)

No meio da noite, em uma sala dentro da casa Nagumo, tecla!, tecla!, o som de um teclado sendo usado e a luz da tela que iluminava a sala estavam se espalhando.

Com um notebook colocado ao lado do travesseiro e uma postura deitada com os cotovelos apoiando a parte superior do corpo, quem estava movendo as pernas pequenas para trás e para a frente no ar enquanto ficava acordada até tarde era a princesa da família Nagumo: Myuu. Já fazia cinco anos desde que ela chegou a este mundo. Atualmente, Myuu, de dez anos, ainda era pequena, mas parecia que o fator “beleza” havia entrado de forma suave em sua “fofura”.

No final das frases dela, ainda havia o “nano” em anexo, a própria pessoa estava ciente disso e queria consertar esse hábito, mas mesmo assim, ela se tornou uma pessoa de caráter firme que era como uma irmã mais velha como podia ser visto pela forma como ela havia recebido um quarto individual como este.

Embora sua mãe e as irmãs mais velhas parecessem ainda se preocupar com ela por causa de sua semelhança com o pai, que muitas vezes ficava acordado até tarde e esquecia por completo do tempo devido à sua subcultura.

"Nnnnn. Então, Na-chan também participará da cerimônia, nano?"

"Isso mesmo. Cantarei um hino como membro do coral."

Quando Myuu escreveu uma pergunta, operando o teclado, a parceira de bate-papo Na-chan (nome real, Natalia) respondeu dessa forma. Essa garota parecia ser da mesma idade que Myuu, uma menina de dez anos que alegava estar morando na América. As duas se conheceram por acaso através do emocionante jogo online que jogavam, e às vezes até se contatavam fora dele. Essa garota era amiga de Myuu.

A propósito, a capacidade linguística da garota foi auxiliada pelo artefato artesanal de Hajime, que foi inserido com “Compreensão da Linguagem” (exclusivo para Myuu, fornecido com reconhecimento de voz e projeção de letras), com isto, ela não apenas podia entender idiomas em todo o mundo, como também poderia até compreender línguas antigas. Agora mesmo, ela estava realmente conversando em inglês.

"Coral, hummm. Isso é incrível, nano."

"É mesmo? Eu acho que no meu país há muitas crianças que entram no coral."

"Então, o país de Na-chan ficará bem, mesmo se as apóstolas atacarem a qualquer momento, nano. Se o povo do país se mobilizar e atacar com força com o cântico sagrado, você poderá diminuir o status da apóstola em noventa por cento. Elas se tornarão apenas meras bonecas de madeira, nano."

"Sinto muito, Myuu. Não entendo o que você está dizendo…"

Claro, era natural que ela não entendesse.

Agora, de acordo com a conversa de hoje, parecia que no domingo, Natalia acompanharia seus pais (que pareciam funcionários de escalão bastante elevado) a uma grande cerimônia em que oficiais do governo se reuniriam. Lá, parecia que um coral de hino seria feito por um grupo composto pelos filhos dos participantes da cerimônia, assim, Natalia também participaria do coro.

No entanto, do ponto de vista de Natalia, não haveria nada que ela pudesse fazer além de cantar o hino. Na festa após o final da cerimônia, as crianças tiveram que esperar enquanto os pais estavam tendo uma "conversa de adultos (muito longa)". Natalia não tinha nenhum amigo lá de quem era particularmente próxima, e também havia instruções de seus pais para se dar bem com os filhos de tais famílias. Parecia que isso a fazia se sentir constrangida e triste.

"Aaaahhh, se Myuu também comparecesse a esta festa...

"Você pode usar essa chance para se tornar amiga das outras crianças, não pode?"

"Eu não quero. Mesmo que eu me dê bem com eles, se a pessoa é filha de uma família que se opõe ao pai, será estranho... também há algumas crianças entre as mais velhas que virão falar comigo por causa da instrução de sua família, entende? Não quero me tornar amiga desse tipo de pessoa.

"Muu, você parece uma nobre."

“Ahaha, o que você está dizendo? Myuu dizendo isso faz parecer que você conhece alguns nobres. Por acaso, Myuu é da Grã-Bretanha?”

"Não, Myuu é da tribo dos Habitantes do Mar."

"Ahahaha, eu sempre ouvi você dizer isso, mas, que tipo de pessoas são essa tribo dos Habitantes do Mar?"

"Somos as mulheres do mar."

"Ahahaha."

Talvez achando que a maneira como Myuu falava era divertida, as palavras que expressavam risadas foram listadas na tela. Natalia, que pareceu se acalmar depois de um tempo, escreveu uma frase que parecia estar implorando para sua única amiga, que obviamente tinha uma atmosfera e ritmo diferentes em comparação com suas amigas normais da escola.

"Ei, Myuu. Será que, você pode falar comigo assim durante a festa?"

Parecia que a cerimônia seria à tarde, então, mesmo pensando na diferença de fuso horário, Myuu seria capaz de se tornar sua parceira de conversa. No entanto, se a figura de uma jovem garota que não participou adequadamente da festa enquanto brincava em seu smartphone no canto fosse vista, no fim, o que a família e os arredores pensariam sobre Natalia…

Contudo, mesmo que só um pouco, a atmosfera dela, que era realmente bastante sombria, foi transmitida através de sua sentença.

Vendo isso, dentro de Myuu, a alma de irmã mais velha estava surgindo!

"Muu, não há o que fazer."

"Eh, está tudo bem? Você disse que foi repreendida porque estava jogando demais na internet... seria muito tarde, sabia?"

"Está tudo bem. Não há nenhum problema. Se for por causa de uma amiga, sem dúvidas terei permissão. Portanto, Na-chan, eu não vou deixar você ficar entediada e deixar de aproveitar a festa, nano!"

"Sim-sim. Estou feliz, mas, por alguma razão, tenho um mau pressentimento."

Essa premonição de Natalia se tornaria real durante o fim de semana.

Em um determinado lugar da América, naquele dia, uma certa cerimônia estava sendo realizada. Na cerimônia mencionada por Natalia, onde muitos funcionários do governo estavam presentes, membros dos meios de comunicação também estavam participando e a situação da cerimônia foi transmitida no noticiário da noite no Japão.

De modo natural, o hino cantado pelas crianças participantes, incluindo Natalia, também foi apresentado como uma decoração da cerimônia, a figura das crianças cantando também foi divulgada no noticiário.

Depois que o programa da cerimônia terminou, chegou a hora da festa. A cerimônia estava usando o andar de um certo hotel de alta classe que estava reservado, então os pratos servidos também eram de primeira classe.

Os adultos se envolveram em conversas um pouco difíceis sobre vários assuntos, e então Natalia, que foi deixada sozinha, como esperado, agora estava tentando se tornar uma flor de parede e a filha divina do smartphone enviada pelos céus.

— Eh, eu me pergunto se Myuu ainda não está online? Será que foi como eu imaginei, ela foi parada por sua mãe, suas irmãs mais velhas ou outra pessoa?

Natalia confirmou que Myuu não estava acessando a sala de bate-papo que as duas costumavam usar. Parecendo desapontada, a garota suspirou devido ao momento sombrio que ela teria que passar até o final da festa.

Mas, naquele momento...

— Jovem senhorita. Se você suspirar assim, sua felicidade irá embora, sabia?

— Eh?

Natalia ficou assustada e voltou o olhar para a direção da voz que de repente falou com ela. Ali, quem falava essa frase de um mulherengo era uma garota bonita da mesma idade que ela.

Não, era uma garota bonita na medida em que a palavra fofa parecia um pouco insuficiente para ela.

Cabelo loiro esmeralda que parecia macio e liso e olhos jade claros que pareciam místicos. Lábios rosados e bochechas coloridas de rosas. Aquela figura que usava um vestido com um suave tom de verde era como uma fada que saiu de um conto de fadas. Aquele leve sorriso travesso, que se assemelhava a um gato de Cheshire1 de uma certa história, apesar de sua aparência gentil, isso também estimulava a imaginação.

Depois de um tempo atordoada, ou possivelmente extasiada, Natalia, que estava olhando para aquela garota-fada, viu como a outra estava a olhando, o que a levou a voltar aos seus sentidos com um "Hah".

— E-err, você é, quem?

— Muu, isso é horrível. Mesmo eu tendo vindo aqui porque Na-chan disse que estaria sozinha.

— E-eh? Na-chan? Eh?

Embora este fosse um mundo grande, a única que a chamava por esse apelido era aquela amiga divertida que morava no Japão.

Entretanto, sim, Natalia, que era relativamente inteligente para sua idade e ascendência, imediatamente rejeitou essa possibilidade.

Bem, é claro que ela fez isso. Qual era a chance de uma amiga no Japão correr até a América só porque ela estava dizendo que estava sozinha? Além disso, as duas conversaram sobre isso há três dias antes da cerimônia. Myuu não seria capaz de chegar a tempo se ela não partisse na mesma hora, pensando de forma lógica, isso era algo impossível.

Mesmo que Myuu estivesse mesmo vindo até o local por ela, como a garota entrou neste lugar? Era um local onde vários oficiais importantes estavam reunidos. De modo natural, qualquer pessoa que não estivesse relacionada seria verificada rigorosamente antes de entrar. Não havia outra maneira de entrar, além do convidado ter sido registrado com antecedência.

Nesse caso, só havia uma possibilidade: Myuu era na verdade filha de uma família convidada para a cerimônia, assim como a sua própria, o que significava que ela estava mentindo para a amiga esse tempo todo. Mas, fundamentalmente, as duas estavam apenas conversando pela internet, ou usando seus avatares de jogo, elas não se conheciam de verdade. Então, como esperado, essa garota na frente dos seus olhos era...

— Não é nada disso, nano. Myuu é Myuu, a genuína que vive no Japão, entendeu?

— ... vo-você, como eu pensava, você é Myuu? Mas como…

Myuu, que parecia adivinhar o pensamento de Natalia, falou parecendo alguém que conseguiu ter sucesso em sua brincadeira. Myuu então se aproximou da outra garota, que se contorceu de surpresa, e pegou a mão dela sem hesitar. E então, Myuu aproximou os lábios da orelha de Natalia e sussurrou baixinho, como se estivesse soprando sua respiração na orelha, como se estivesse expondo um segredo:

— Myuu é a filha do rei demônio-sama, e também a principal discípula de suas esposas, então…

— ...

— Se for para uma amiga, algo assim não é problema, nano.

Myuu olhou bem de perto para Natalia, cujo rosto estava vermelho por algum motivo, e então, enquanto sorria e parecia um pouco perturbada:

— Ou será que é um incômodo Myuu vir aqui?

Ela perguntou isso.

A cabeça de Natalia balançou para a esquerda e direita em alta velocidade, ao ponto em que parecia que uma imagem persistente podia ser vista daquele movimento. Sua expressão expressava seus sentimentos de forma mais eloquente do que qualquer coisa.

Natalia, que foi obrigada a jogar fora os pequenos detalhes inúteis e sentiu que Myuu estava um pouco à vontade com ela, tornou-se capaz de passar seu tempo nessa festa chata e sombria com sua amiga.

A propósito, Myuu estava neste lugar por causa de Hajime, a quem ela pediu para enviá-la usando a bússola e a chave de cristal.

Neste momento no Japão já era noite, então Myuu havia explicado sobre a circunstância e seu destino para Hajime e as outras. O Papai Hajime não podia dizer nada sobre a conhecida global de sua filha e a leveza de seus movimentos, mas Yue e as outras estavam se sentindo calorosas ao ver a garotinha que havia se tornado completamente dura e elas a enviaram para o local com alegria. Quem preparou o vestido de Myuu também foram as esposas de Hajime.

Embora, se soubessem que Myuu estava deixando sua amiga com o rosto vermelho por suas ações e discurso, isso era semelhante a um homem bonito de um jogo otome2 que prensaria a personagem feminina contra a parede, então... não havia dúvida de que a reunião de emergência da família Nagumo seria realizada no mesmo instante.

— Nossa, fiquei muito surpresa!

— "Não vou deixar você ficar entediada", foi o que Myuu disse, Myuu mantém as palavras de Myuu.

— Aah, esse jeito de falar, você é sem dúvidas Myuu.

Natalia encolheu os ombros enquanto aceitava a situação depois de ver Myuu, que estava dizendo isso, com uma expressão rígida. Ela aceitou que a garota bonita diante de seus olhos, que poderia ser confundida com uma fada, era mesmo sua amiga Myuu.

— Não vou perguntar sobre os detalhes, mas você realmente veio aqui, hein.

— Nn. Se Natalia estiver sozinha, Myuu correrá para o seu lado, mesmo que você esteja em outro mundo.

— ... obrigada Myuu. Por alguma razão, entendi que, no futuro, Myuu será alguém que não é muito exemplar, entendeu?

— Estranho... nos últimos tempos, Myuu é frequentemente informada disso. Mesmo que Myuu esteja apenas imitando as onee-chans e papai.

— Essas onee-chans e papai-san, eles também não são chamados de pessoas não exemplares?

— Hah!?

Mesmo tendo uma conversa boba como essa, o coração de Natalia estava batendo com força. Seu coração estava batendo rápido porque, se a existência de Myuu, que não deveria estar na lista de convidados, fosse descoberta, isso se tornaria um grande alvoroço. Porém, mais do que esse nervosismo, ela estava se sentindo muito feliz por poder encontrar inesperadamente sua amiga, que ela queria ver, dessa forma.

Além disso, sua amiga era mais bonita do que ela imaginava. Myuu era bem-humorada e, por algum motivo, também parecia adulta. Ela era uma amiga que fazia Natalia querer se gabar com as outras pessoas.

A conversa delas estava ficando animada, as duas estavam se mesclando com a parede, mas pareciam mais animadas e se divertiam mais do que qualquer outro presente.

Mas esse tempo agradável foi de repente quebrado.

Junto com um som de gashan!, um homem de meia-idade derrubou seu copo enquanto desabava. As pessoas ao redor correram para o homem em pânico para verificar a situação e descobriram que ele parecia estar dormindo. As pessoas ficaram exasperadas e explicaram que essa pessoa com certeza bebeu muito álcool, mas no meio disso, de repente, outra pessoa em um local diferente também desabou da mesma forma.

Com isso como ponto de partida, as pessoas no local da festa desmoronavam uma após a outra e desmaiavam em intervalos diferentes.

— O qu-quê? O que está… a, u?

— Natalia?

Natalia estava perplexa, mas no meio de sua fala, suas palavras foram interrompidas. Quando Myuu olhou para ela, encontrou a figura da amiga caindo de joelhos, com as pálpebras parecendo que se fechariam a qualquer momento. Ela estava obviamente sendo agredida por uma sonolência repentina e não natural.

Myuu na mesma hora pegou Natalia, que parecia que ia cair, e então percebeu que também estava ficando com sono.

— Isso é… por acaso foi a comida? Uu, mesmo que essa devesse ser uma festa normal…… é porque Myuu é a filha do papai, nano?

Enquanto murmurava algo que poderia causar um dano relativo a Hajime se ele ouvisse isso, Myuu disse: — Está tudo bem. — para Natalia, que parecia que desmaiaria a qualquer momento. Ela então pegou um remédio mágico em sua Caixa do Tesouro e o bebeu. Com isso, a sonolência foi interrompida.

Myuu pensou em dar o medicamento a Natalia também, mas ela duvidava que a garota pudesse se controlar com o que ocorreria daqui em diante. No final, Myuu não fez isso.

Ela então decidiu enviar um email para Hajime, mas percebeu que a transmissão estava sendo bloqueada. Naquele momento, ela captou o som dos passos de um grupo se aproximando.

Myuu gemeu enquanto olhava em volta. A maioria das pessoas parecia ter consumido a comida que estava misturada com uma droga para dormir, e todas estavam dormindo profundamente ou quase caindo no sono. Não, quando Myuu viu que os seguranças e os garçons também estavam adormecendo, parecia que outro método além da dosagem dos alimentos também era usado.

Fazer algo como deixar todas as pessoas de uma festa estritamente vigiada de políticos desmaiadas sem matar ou ferir alguém era impossível com uma capacidade mediana de planejamento e organização.

— Não há o que fazer, nano.

Myuu olhou para Natalia com uma expressão preocupada, e então ela se deitou naquele local aconchegando-se perto da amiga. Então ela fingiu dormir enquanto abria os olhos apenas um pouco para que ninguém notasse.


— Acorde, Na-chan. Por favor, acorde.

— Mmm.

A sensação mole que tocava de leve sua bochecha, a sensação de sua cabeça sendo afagava lentamente, fazendo com que a consciência de Natalia despertasse um pouco. Do outro lado de suas pálpebras um pouco abertas, havia a figura de cabeça para baixo de Myuu olhando para seu rosto.

— Myuu?

— Sim, é a Myuu. Bom dia, Na-chan.

— Un, bom dia. Mas, por que Myuu está no meu quarto?

— Na-chan. Se você está confundindo mesmo esta sala que está cercada por concreto e uma porta de ferro como seu quarto, então Myuu precisa muito conversar com a família de Na-chan, entendeu?

— Eh? ...!?

Natalia, que enfim se recuperou de sua sonolência, levantou seu corpo e passou o olhar pelos arredores. Ela confirmou que o lugar em que estava era exatamente como Myuu disse, uma sala de concreto sombrio e uma porta de ferro.

Ao mesmo tempo, ela viu outras crianças além dela e Myuu. Quase dez crianças da mesma idade estavam amontoadas no canto da sala onde já estavam acordadas. Observando como todos usavam roupas de festa, parecia que eram crianças que também estavam naquele local. Várias crianças tinham rostos que ela conhecia como membros do mesmo coral.

Todas estavam sentadas parecendo assustados. O olhar de Natalia voltou-se para Myuu, que parecia estar lhe dando um travesseiro de colo.

— Myu-Myuu. Mas o que diabos, como é que isso… onde estamos!? O que aconteceu conosco!? Onde está o pai!?

Natalia estava à beira do pânico. Para isso, Myuu diminuiu a distância entre as duas e abraçou a cabeça de Natalia. E então, Myuu acariciou as costas de Natalia de forma gentil várias vezes, enquanto dizia: — Está tudo bem, está tudo bem, nano. Myuu está aqui com Na-chan, nano. —, essa frase foi sussurrada para Natalia com um tom extraordinariamente gentil.

Com isso feito, Natalia aos poucos relaxou com sua compostura retornando a ela.

Julgando que a amiga havia se acalmado, Myuu separou o corpo delas, e então ela também olhou para as outras crianças e abriu a boca.

— Em primeiro lugar, todos nós fomos obrigados a dormir com a droga que estava colocada na comida e depois fomos sequestrados, nano. Depois disso, fomos levados a este lugar de carro depois de viajar por cerca de quarenta minutos. Aqueles que foram sequestrados são apenas as crianças que estavam no local, os adultos foram deixados sozinhos no local.

A palavra "sequestrados" quase fez as crianças chorarem, mas antes disso acontecer, Myuu continuou a falar:

— Nem todas estão nesta sala, mas pelo menos todas as crianças que foram levadas para fora daquele local parecem estar dentro deste edifício. De acordo com a conversa dos autores, como já podíamos imaginar, parece que eles estão fazendo várias demandas. Todos nós somos reféns para isso. Os autores são uma organização muito grande, todos os seus membros estão equipados com armas de fogo. Parece que levará algum tempo até a ajuda chegar, nano. Enfim, a situação atual é parecida com isso. Há alguma pergunta?

— Primeiro, quero perguntar como Myuu pode entender tudo isso!?

A explicação bem fundamentada de Myuu fez o rosto de todos se transformar em algo que parecia dizer: — Ah, sim. —, mas entre eles, Natalia rugiu. Em resposta a isso, Myuu respondeu com franqueza:

— Foi porque Myuu esteve acordado o tempo todo!

— A droga para dormir!?

— Desintoxicada!

Natalia nem perguntou sobre "como?" ou qualquer outra coisa. Enquanto suas palavras ficaram presas na garganta, Natalia exclamou:

— Por-por que você está tão calma!?

Ela fez essa pergunta natural para Myuu. Então...

— Porque Myuu tem uma abundante experiência em ser sequestrada, nano.

— Que tipo de vida você teve!?

— Ser obrigada a atravessar um deserto, ser trancada em uma prisão subterrânea, ser tragada por um esgoto, ser exibida em um leilão, ser sequestrada por uma irmã monstruosa…

— Pareeee, eu não quero ouvir mais do que issoooo!

Quando Myuu explicou isso e os casos de sequestro em que ela esteve enquanto contava com os dedos, por algum motivo, Natalia a abraçou enquanto chorava. Sem dúvidas, Natalia estava tendo a impressão de que Myuu era uma garota infeliz que havia passado por uma vida horrível.

— Uu, mas por que Myuu está aqui? Se for Myuu, então você não seria capaz de escapar, não?

— Hum?

Enquanto esfregava os olhos com força na manga, Natalia fez uma pergunta de que, se fosse Myuu, ela seria capaz de evitar esse destino. Apesar de ser o centro das atenções para as outras crianças, devido à conversa dessas duas, Myuu estava inclinando a cabeça como se dissesse: — Do que você está falando, é o que quero saber? —, enquanto respondia:

— Mesmo com Na-chan sendo levada embora, por que Myuu iria fugir, nano?

— Uh.

Ao ouvir a resposta de Myuu que parecia estar dizendo: — Mesmo que 1 + 1 = 2, por que você responderia com 3? —, Natalia não podia dizer mais nada. Myuu parecia cada vez mais com um protagonista bonito demais, a jovem donzela Natalia-chan não poderia dizer nada! Seu rosto parecia uma maçã madura!

Para desviar sua mente disso, Natalia perguntou o que eles fariam daqui em diante:

— Por enquanto, Myuu entrará em contato com o papai, nano.

Dizendo isso, Myuu tirou o smartphone por baixo da saia que vestia. Os meninos reféns estavam cochichando: — Eh, os smartphones não foram todos confiscados… — mas… sob a saia de uma garota havia um grande mistério. Com certeza era assim.

O rosto dos meninos corou um pouco quando viram as coxas de Myuu, que apareceram com a saia erguida, e desviaram os olhares (parecia que sua tensão e terror foram atenuados ao assistirem a conversa entre Myuu e Natalia) enquanto a garota tentava entrar em contato com Hajime…

— !? Agora eu consegui, nano

De repente, Myuu abaixou a cabeça enquanto ficava de quatro. Na mão dela havia um smartphone que exibia uma tela preta sem luz.

Na verdade, este smartphone era diferente do normal que Myuu usou antes, esse era um artefato de comunicação que Hajime criou. Assim, para que a garota pudesse usá-lo, ele era de um tipo com um armazenamento de energia mágico carregado em seu interior, exatamente como os outros artefatos exclusivos de Myuu; mas se lhe perguntassem qual era a diferença com um smartphone normal, bom, esse era capaz de se comunicar com outro mundo.

Se alguém possuísse esse smartphone, seria pelo menos possível para o proprietário entrar em contato com Hajime e outras pessoas que possuíam o mesmo dispositivo, não importando onde estivessem na Terra, portanto, mesmo que o smartphone normal fosse retirado, não haveria problema, foi isso o que Myuu estava pensando, porém...

— Eu esqueci, de recarregar, nano

Seria preciso muita energia se fosse usado para entrar em contato com outro mundo. Antes disso, Myuu, que estava naquela idade, contra seu melhor julgamento, ficou muito absorta em conversar com sua amiga, e usou muito do poder mágico armazenado e foi repreendida pelo papai Hajime. Desta vez também, ela recentemente usou o telefone demais. Temendo as broncas, ela evitou pedir para recarregar o telefone, o que fez com que ele ficasse completamente vazio no momento.

— E-err, Myuu?

Natalia, que de alguma forma adivinhou a situação depois de ver sua amiga, que continuava deprimida de quatro, mostrou a Myuu um leve sorriso. Myuu, que percebeu isso, levantou o rosto de repente e abriu a boca enquanto desviava o olhar:

— Para os humanos, não é bom prestar atenção apenas ao passado, nano. Olhar para o futuro é o que é certo, nano. Isso não está correto, Nataliaaa!?!?

— Ee!? E-err…

— Isto não é um fracasso, nano. É uma descoberta de que esse método não está funcionando, nano!

— Sim-sim?

— E assim, não vamos entrar em contato com o papai.

— ...

Myuu alegremente armazenou o smartphone dentro da saia (pareceu isso, mas na verdade, o item foi armazenado dentro de sua Caixa do Tesouro). Enquanto Natalia e os outros estavam olhando para Myuu com uma expressão que mostrava que não podiam dizer nada, a garota cruzou os braços e começou a pensar enquanto balançava a cabeça acenando para si mesma.

"Err, promessa número 1 ao papai, não exponha sua verdadeira identidade e não mostre o artefato. Promessa número 2 ao papai, quando necessário, sempre discuta primeiro com alguém, seja papai ou uma das onee-chan. Promessa número 3, quando não houver tempo para proteger a promessa número 1 e 2, no momento em que Myuu achar que é necessário...”

— ... "faça como quiser. Quanto à limpeza depois disso, eu cuidarei disso”, disse papai, nano. Sim, agora é a hora, nano.

Myuu, que havia reconfirmado suas promessas importantes com o pai, estava sussurrando: "Papai é muito legal, nano. Quando Myuu se lembrou disso, Myuu se apaixonou mais uma vez, nano." dentro de sua cabeça enquanto decidia seu plano com precisão.

De qualquer forma, ela havia dito a Hajime a hora em que a festa terminaria, então mesmo sem ela entrar em contato com ele, não, exatamente porque ela não estava em contato com ele, Hajime deveria suspeitar e o rapaz abriria um portal para o local da festa para buscar a filha. Combinando o tempo em que estavam sendo sequestrados e o tempo que ela passou na festa, Hajime deve ter notado a anormalidade em menos de uma hora.

Quando isso acontecesse, Hajime, que possuía a Bússola da Orientação, poderia procurar no mesmo instante o paradeiro de Myuu. Com isso, esse incidente de sequestro seria resolvido.

No caso em que, por exemplo, a situação mudasse antes que Hajime percebesse, Myuu usaria todo o poder que lhe foi dotado e resolveria o problema sem se conter. Ela planejava lutar pelo bem de sua vida e da vida de sua amiga, confiando a ocultação de informações posteriores a seu papai, que era a pessoa mais confiável do mundo.

No caso de ter que lutar, ela recuperaria seu smartphone, que deveria estar em algum lugar deste prédio, e contataria Hajime. Com isso, todos os problemas seriam resolvidos.

Sendo esse o plano decidido, Myuu se empolgou com um — Isso aí, nano! —, enquanto seu hábito de falar, que ela se mantinha atenta para que não aparecesse, estava a todo vapor. Natalia e as outras crianças, que olhavam fixamente para Myuu assim, viram ela se virar para elas e engoliram em seco ao verem o enorme sorriso da garota na direção delas.

— Está tudo bem, não precisam ficar tão preocupados. Porque está tudo bem, nano.

Essa frase não foi um mero consolo, ou uma esperança, ou mesmo um blefe. Uma força que faria qualquer um que escutasse ser convencido existia em suas palavras. A tensão nos corpos das crianças diminuiu naturalmente e suas expressões recuperaram parte de sua cor natural.

Myuu acenou com a cabeça uma vez para aquelas crianças, e então enquanto sussurrava: — Só por precaução, Myuu fará a preparação, nano. —, Myuu reuniu as crianças para o canto da sala, então começou a montar pequenas cruzes em seus arredores.

Talvez não fizesse mais sentido perguntar sobre isso, mas, por enquanto, as crianças assistiram a garota colocando a mão debaixo da saia mais uma vez. Embora ela mostrasse como estava tirando cruzes de lá, o tamanho e o número dos itens estavam superando o alcance que era possível ser armazenado dentro de uma saia infantil. Esse fenômeno profundamente misterioso fez com que Natalia ficasse com um olhar distante, enquanto os olhos das outras crianças brilhavam com força ao ver cada movimento de Myuu.

— Você... quem é você?

Um rapaz de cabelos loiros, que corou com o sorriso de Myuu, fez essa pergunta com uma voz baixa.

Em resposta a isso, Myuu, que estava acenando com satisfação depois de terminar de montar as cruzes, então proclamou com confiança e um olhar triunfante, como se fosse isso fosse seu orgulho:

— O nome de Myuu é Myuu. A amada filha... do rei demônio-sama assassino de deuses, nano!!

Não foi preciso dizer que os rostos das crianças ficaram brancos ouvindo isso.

Um pouco depois disso...

Em poucos minutos, Myuu estava se tornando o centro das atenções desta sala de prisão. Era óbvio que as crianças se reuniam sob ela, que mesmo nesta situação ainda sorria sem sequer demonstrar agitação. Todos se amontoaram querendo estar ao lado dela.

Vendo que, por alguma razão, Natalia não estava se sentindo contente. Myuu pediu que todas as crianças se apresentassem, e depois que todas terminaram, ela afirmou que Natalia era "Uma amiga próxima, nano!". Se Myuu não fizesse isso, talvez Natalia estaria mal-humorada, independentemente da situação atual.

"Além disso, aquele cara, ele não está muito próximo?"

Natalia estava ocupando um dos lados de Myuu enquanto no lado oposto havia um menino loiro falando de forma fervorosa com a garota. A aspereza do olhar de Natalia para esse menino estava crescendo sem parar.

Não ficou claro se o menino de cabelos loiros notou, mas ele continuava a falar com Myuu enquanto às vezes se sentia preocupado com o olhar de Natalia.

— Err, não entendi muito bem, mas... de qualquer forma, o papai de Myuu-chan é absurdamente forte, e ele vai nos localizar e depois bater naqueles caras, é isso?

O rapaz loiro, que tinha o nome de Emile, perguntou a Myuu. As crianças estavam com olhos cintilantes ao ouvir a história de Myuu sobre o quão forte seu pai era, mas Emile, que estava relativamente calmo, estava pensando de forma realista durante a história da garota e tinha notado algumas coisas que deveriam ser impossíveis sem usar magia misturada na história, então sua impressão foi essa.

A propósito, o número total de crianças dentro da sala era nove. Cada uma delas eram filhos dos funcionários do governo que participaram da festa.

— Hã-hã. Se for papai, então contra esse tipo de caras, seria morte instantânea, nano. E se forem as onee-chans, mesmo que seja apenas uma delas, então os bandidos vão splash! ou boom!, ou zap!, ou pew!.

— En-entendo. É, entendo…

Por alguma razão, Emile sentiu que estava ouvindo efeitos sonoros muito gráficos, mas ele fez o seu melhor para ignorar isso.

— Mas, nesse caso, parece que será melhor não fazer nada desnecessário. Se dentro de 30 minutos nosso paradeiro for descoberto, então não vamos fazer nada perigoso. Myuu-chan também, parece que você fez algo como fingir dormir, mas não é bom fazer coisas arriscadas, sabia?

— Vai ficar tudo bem. Nnnnn, Emile é gentil, nano.

— ... não, nada disso, porém...

Myuu sorriu docemente para Emile, que estava se preocupando com ela mesmo neste tipo de situação. O jovem notou que algo disparou dentro dele. — Ahhhh, Emile está ficando vermelho. — ou: — Emile, você gosta de Myuu, não gosta!? — e assim por diante, zombarias imprevistas e características de crianças estavam saindo dos outros vendo o rosto do garoto.

O olhar de Natalia estava ficando cada vez mais sério. Chegou ao ponto em que levantava a dúvida de que essa garota era mesmo uma menina de 10 anos de idade!

O rosto de Emile ficou vermelho brilhante enquanto ele fazia sua objeção dentro daquela atmosfera, mas quanto mais ele ficava agitado e negava as zombarias, mais fundo ele estava cavando sua própria cova. O rosto de Natalia estava ficando cada vez mais parecido com uma Hannya3. A sensação trágica que envolvia as crianças no início não podia mais ser encontrada em lugar nenhum.

Em troca, o jovem Emile teve que provar o sentimento trágico como resposta:

— Sinto muito, nano. Myuu, não pode responder aos sentimentos de Emile!

— Eu fui totalmente rejeitado! Por-por quê? Não, não é como, como se eu gostasse de Myuu-chan. Estou perguntando isso, porque estou me sentindo curioso, ou algo assim...

— Emile não é meu tipo, nano!

— Fui atingido por um direto! En-então, qual é o seu tipo... não, isso também é, é só porque estou curioso, ou algo assim, não é como se eu realmente quisesse ou-ou-ouvir...

— Myuu gosta do papai!

— Esse foi uma baita de um cruzado! Não, veja aqui, Myuu-chan. Está tudo bem que você goste do seu papai, mas, você não pode se casar com ele... aliás, isso é diferente de amar ou algo assim...

— aAA?

— Rii, fui ameaçado por um rosto fofo que parece o de um gângster! Não, é porque, seu papai, ele é seu pai, sabia?

— Não somos parentes de sangue, então não há problema.

— Um desenvolvimento impensável! Ve-veja bem, Myuu-chan. Mesmo que vocês dois não sejam parentes de sangue, ele é a pessoa amada da sua mãe, não é? Então, se Myuu-chan está se sentindo assim com seu pai, sua mãe não vai se sentir apreensiva?

— Mamãe disse: "Se houver uma abertura, então aproveite-a!" para Myuu, nano!!

— Uma assistência impensável! Uma coisa dessas... que tipo de família é a família de Myuu-chan...

— Há mamãe e papai, depois vovô e vovó, então, além da esposa do papai, há também mais sete esposas, é uma família normal.

— Há algo de errado com o pai de Myuu-chan, sabia!

— aAA!?

— Rii, sinto muito! Estou te implorando, não faça uma careta como se fosse um chefe da máfia com esse rosto fofo!

O primeiro amor de Emile-kun se tornou uma tempestade de golpes.

As crianças ao redor cacarejavam. Natalia estava abraçando o braço de Myuu enquanto fazia uma expressão de "Bem feito!!". O personagem de Natalia corria o risco de desmoronar.

Em meio a isso, uma garota loira parecendo um pouco mais velha do que Myuu fez uma pergunta com olhos brilhantes, parecia que histórias de amor sendo o prato favorito de qualquer garota era um ponto comum que era compartilhado por todos os mundos.

— Ei, ei, Myuu-chan. Então, quando você vai confessar para o seu papai?

— Nnnnn, confessar? Nnnnn.

Myuu inclinou a cabeça um pouco, depois de mostrar um gesto de pensamento, — Nnnnn. —, seus olhos lentamente se estreitaram.

— Se é confissão, Myuu faz isso todos os dias. Todos os dias, Myuu diz que Myuu ama o papai, nano.

— Eeeee, seu pai não vai entender assim, sabia, não vai mesmoooo...

— Não. Papai é esperto, então ele entende. Mas, Myuu ainda é pequena, então papai não está pensando em Myuu dessa forma, nano... é por isso que...

— Por isso que...?

Os olhos das meninas brilhavam com o coração batendo rápido, Emile estava sendo esmagado sob um sentimento trágico, Natalia estava olhando para Myuu com uma expressão complicada, e os meninos estavam direcionando seus sorrisos para tal Emile. No meio de tudo isso, Myuu...

— É por isso que... eventualmente, Myuu vai devorar o Papai, nano.

Dizendo isso, Myuu lambeu os lábios. Ela riu com bochechas levemente coradas e olhos que estavam úmidos de paixão. Era uma figura fascinante que se assemelhava a uma certa princesa vampira, na medida em que fazia alguém querer dizer: — Eh, ela tem dez anos de idade, não tem?

De forma espontânea, as meninas ficaram abaladas os meninos foram surpreendidos ao ponto em que suas almas quase fugiram enquanto Emile e Natalia pressionavam as mãos no coração como se tivessem sido atingidos por um tiro.

Como esperado, parecia que Myuu havia herdado até as coisas que não precisavam ser herdadas de suas irmãs mais velhas.

Mas foi nesse momento, que o símbolo do terror, que foi afastado graças a Myuu, se tornou um passo que ressoou do outro lado da porta. As crianças de repente perceberam e se aconchegaram perto da parede.

— Myu-Myuu...

— Nn, está tudo bem. Eu não vou deixar eles tocarem nem em um único cabelo de Na-chan.

 — Un, eu, acredito em Myuu.

A porta se abriu com um som rangente e, do outro lado, dois homens com o rosto escondido por máscaras e algo que parecia ser rifles de assalto penduradas nos ombros entraram na sala.

— Ei, qual deles vamos levar?

— Eles são todos iguais, certo? De qualquer forma, além dessa pirralha, esses pirralhos são todos filhos de oficiais do governo ou do exército. O efeito será o mesmo, independentemente de quem matarmos. De qualquer forma, também sequestramos muito em outras bases. Vai ficar tudo bem, mesmo se usarmos todos os pirralhos daqui.

— Entendo. Somos nós quem decidimos por enquanto, hein. Um será morto agora mesmo para servir de exemplo, certo?

Os dois que estavam conversando algo que só poderia ser associados a um futuro sombrio, não importava como você analisasse isso, estavam agindo como se a vida das crianças não valesse nada. Isso fez os corpos das crianças encolherem e tremerem. E então, um dos homens estendeu a mão para uma garota que ele por acaso viu... era Natalia, quem Myuu cobriu atrás dela. Mas, essa mão foi parada pelo aperto surpreendentemente forte de uma mão pequena.

— ... no final, o limite de tempo chegou primeiro, nano.

— Você está no caminho, pirralha.

Um olhar frio que roubou todo o calor perfurou Myuu por trás da máscara. Myuu conversou com esse homem sem esconder sua atmosfera de "Isso é impossível".

— Isto é um aviso. É melhor para vocês libertarem todos agora mesmo, sem fazer nada contra nós. Tio, vocês não têm chance de ganhar, nano.

— … … … fuh.

Aquele discurso impensável que veio de uma menina de dez anos nessa situação fez o homem mascarado ficar sem palavras, mas, no momento em que sua mente o alcançou, um bufo saiu de seu nariz. Pensando que a pequena existência diante de seus olhos não sabia nada sobre aquilo que se chamava realidade, isso fez com que o ridículo brotasse dentro dele.

Ao mesmo tempo, uma cor de sadismo surgiu dentro de seus olhos. Quando ele olhou mais de perto, era uma garotinha muito bonita. Essa garotinha bonita que não sabia nada sobre a realidade, se ele a fizesse sentir uma violência avassaladora, com que tipo de voz ela ficaria, pensou o homem.

Myuu, que sabia da irracionalidade da realidade, entendeu o que estava na mente desse homem com facilidade. Portanto, enquanto ela suspirava em seu coração, como já era esperado, as palavras não fariam mais sentido agora, no momento em que o homem mascarado estava prestes a bater em Myuu, seus lábios se curvaram de forma destemida.

— O inimigo deve ser morto, nano!

— ... o quê!?

Antes que ele percebesse, uma pequena pistola para uso de Myuu estava em sua mão e foi empurrada com força contra o estômago do homem.

Por que uma criança sequestrada estava segurando uma arma... mesmo sentindo confusão caótica pela situação incompreensível, o homem torceu o corpo, mas...

Pan!

Um som seco soou, ao mesmo tempo, o homem recebeu um forte impacto no estômago, sem sequer poder gritar, o homem deu uma cambalhota.

— Merda, esta pirralha!

— ...

O outro homem apontou seu rifle de assalto para Myuu, porém, mais rápida que o homem, ela invocou uma pistola semelhante na outra mão, sem sequer mudar de postura ou desviar o olhar. Uma bala voou abaixo da axila de Myuu e atingiu o estômago do homem que estava à esquerda da garota.

Mais uma vez, um som seco de "pan!" ressoou junto com o homem gemendo com uma voz baixa enquanto desmoronava. E então, mesmo com uma expressão incrédula, o homem estava tentando puxar o gatilho de sua espingarda de assalto.

— Voe para longe, seu imbecil, nano!

Antes que qualquer um percebesse, Myuu avançou e nas mãos dela havia um martelo cômico que era segurado... na cabeça do martelo havia um personagem de coelho que parecia com Mif○y colorido em vermelho e amarelo, o ataque do martelo piko piko4 atingiu a cabeça do homem sem piedade e o fez voar.

O homem se esmagou contra a parede antes de desmoronar de forma impotente. Olhando de relance para aquele homem, Myuu apoiou o martelo piko piko no ombro enquanto se virava, e assim, em direção ao primeiro homem que tentava se levantar...

— Ei, esper-...

— Nada de esperar, nano!

O martelo piko piko atingiu com violência e força total. O martelo que voou com uma força que era impensável para uma menina de dez anos de idade atingiu o rosto do homem de forma direta. "Pikon!" Tal som cômico e imagens de estrelas foram espalhados enquanto o homem estava afundando.

— Myuu…

— In-incrível…

Os olhos de Natalia se arregalaram enquanto Emile soltava um murmúrio de admiração. Essa expressão e murmúrio representavam o coração de todos os presentes. Afinal, dois homens adultos equipados com armas de fogo foram eliminados instantaneamente por uma garota cuja idade não era tão diferente da deles. Além disso, havia também as armas que apareciam uma após a outra como um truque de mágica.

No entanto, a expressão de Myuu não mostrou nenhum senso de realização. Em vez disso, com uma expressão sombria de sua cautela que estava aumentando ainda mais, ela estava olhando para o outro lado da porta e deu uma instrução às crianças estupefatas.

— Na-chan, todo mundo. Até eu dizer que está tudo bem, vocês absolutamente não devem sair de trás daquelas cruzes. Entendido?

— Eh, Myuu, não vamos escapar, mesmo que esses homens tenham sido derrotados?

— Hã-hã, várias pessoas estão vindo para cá depois de ouvir a comoção de antes, nano. Mesmo se quisermos escapar, agora é perigoso sair para fora.

— En-entendido.

Natalia liderou as outras crianças e elas se aconchegaram atrás das cruzes que Myuu havia alinhado. Durante esse intervalo, a garota pegou uma nova arma. Desta vez, ela escolheu algo que faria o mínimo de som possível.

Logo depois disso, três homens entraram na sala. Eles ficaram surpresos ao ver que dois de seus companheiros foram derrotados antes de apontarem os canos dos rifles para as crianças. Eles estavam prestes a questionar as crianças sobre o que tinha acontecido, quando...

Hyun, hyun!

O som de algo cortando o vento entrou em seus ouvidos. Ao mesmo tempo, um dos homens recebeu um forte impacto em sua cabeça, o que apagou sua consciência.

— Quê!?

— Esta pirralha!

Vozes de choque e maldições ecoaram. Logo depois disso, Myuu, cujo vestido balançava com seu elegante movimento giratório, dirigiu a arma na mão para os inimigos e a lançou com aquele movimento e seu pulso estalou.

"Hyun!", o som de algo cortando o ar ressoou e pulverizou o tornozelo de um dos homens enquanto o envolvia ao mesmo tempo.

O chicote preto de uso exclusivo de Myuu: "Isto é uma Arma, Desu”.

A ênfase na nomeação era sem dúvidas a consideração do papai para que o caráter pervertido da mestra na arte com chicotes não fosse transferido para sua amada filha, mesmo no pior dos casos. Era uma precaução com a filha, para que o chicote nunca fosse usado para qualquer outro propósito que não o de uma arma.

"Isto é uma Arma, Desu" bateu o homem cujo tornozelo foi pulverizado contra o homem ao seu lado antes de soltá-lo, e então atingiu o pulso do alvo cujo equilíbrio estava quebrado. Apenas com isso, o osso do pulso foi esmagado e o homem gritou enquanto largava a arma. O homem em colapso tentou preparar seu rifle, enquanto o homem com o pulso quebrado tentava tirar a pistola da cintura, mas a ponta do chicote dobrou e bateu com força na cabeça dos dois homens quase ao mesmo tempo e os roubou de suas consciências.

— Mu, ainda há mais um, nano!

— ... o que, você...

O último homem que estava do lado de fora da sala mostrou sua figura enquanto puxava o gatilho do rifle na direção da garota que instantaneamente derrubou os três homens que entraram na sala. "Ta!, ta!, ta!, ta!, ta!" Em meio ao som que reverberava com a ferocidade de uma arma disparada, Myuu jogou fora o chicote preto e pegou o “Marteloooo Piko Piko” mais uma vez e jogou-o para frente.

Myuu, que estava na linha de fogo, estava escondida na sombra do Marteloooo Piko Piko, assim, as balas não a atingiram. As balas perdidas que erraram Myuu passaram por suas costas... seguindo em direção ao grupo de crianças.

— Kyaaah, espere, eee!?

— Men-mentiraaaa…

Diante dos olhos de Natalia, Emile e os outros, que gritavam, as balas paravam com ondulações espalhando-se pelo ar.

Artefato de Barreira de uso exclusivo de Myuu: "Não Toque, Pervertido!".

As cruzes alinhadas eram artefatos em que uma barreira seria implantada com os itens como base. Dessa forma, para que as balas não atingissem as crianças no pior cenário possível, Myuu fez uma zona segura simples dentro da sala de antemão. A nomeação deixava aparente para que tipo de situação o criador imaginou esse artefato.

E então, a própria Myuu, que protegeu as crianças das balas perversas, seguiu com:

— Durma, nano.

— aAA!?

O Marteloooo Piko Piko arremessado bloqueou a visão do inimigo e, em um instante, Myuu circulou as costas do oponente com passos curtos, como se estivesse rastejando pelo chão, e com duas kodachis nas mãos, ela girou enquanto cortava os tendões das duas pernas do inimigo. Ao mesmo tempo, a cabeça do homem, que ficou incapaz de ficar de pé, foi atingida e atingida por dois ataques consecutivos com os punhos das armas, fazendo com que o homem desmaiasse com o branco dos olhos expostos.

Katanas Gêmeas de uso exclusivo de Myuu: "Muuramasa5 e Kotetsuu6".

Esse artefato reagiria à imagem de Myuu e poderia ativar a geração de impacto de ondas de choque em forma de cortes vibratórios de alta velocidade, além disso, apenas segurá-las faria com que a percepção e a capacidade física da garota aumentassem. Essas duas kodachis eram dignas de serem chamadas de "espadas demoníacas".

A propósito, a esgrima de espadas gêmeas que Myuu aprendeu foi baseada na arte de espadas grandes de Kaori combinada com o estilo Yaegashi de Shizuku. Especialmente a combinação do corte giratório seguido de um golpe com o punho da arma de mais cedo era uma técnica que estava apenas a um passo de ser a técnica secreta do estilo Yaegashi.

— Por enquanto, conseguimos suportar a emergência, mas certamente haverá reforços em breve, portanto, todos se preparem para escapar.

Myuu girou as duas kodachis como um truque de mágica, e as duas armas desapareceram. Olhando para ela, as crianças enfim levantaram suas vozes alegres e saíram correndo atrás das cruzes. Suas bocas enviaram elogios a Myuu como: — Myuu-chan é incrível! —, — Tão legal! —, — For-te!

— Myuu! Você está bem? Você não está ferida?

— Myuu-chan! Você está bem!?

— Na-chan, Emile. Myuu está bem, nano. Em vez disso, o próximo inimigo chegará em breve, então vamos seguir para um lugar onde é mais fácil lutar enquanto tivermos tempo. Será perigoso se eles jogarem uma granada em uma sala fechada sem saída como esta.

Embora Myuu tivesse passado por homens adultos com extrema facilidade, ela não parecia orgulhosa e, em vez disso, calmamente deu às crianças as próximas instruções. Testemunhando isso, Natalia e Emile soltaram vozes extasiadas, algo que pareceu bastante estúpido.

Myuu deu uma olhada nos dois que estavam assim, e -então ela tomou uma ação que fez Natalia querer gritar enquanto fazia os meninos se sentirem felizes e envergonhados. Afinal, o vestido de Myuu desapareceu de repente.

— Fuwah.

— Espere, ei, vocês, não olhem!

O vestido apenas foi guardado dentro da Caixa do Tesouro, mas, do ponto de vista das crianças que não sabiam disso, parecia que Myuu de repente estava usando só suas roupas íntimas. Além disso, a Myuu despida usava um baby-doll verde que transmitia um ar adulto, o que faria alguém querer dizer: — Isso não é um pouco inapropriado para uma criança de dez anos?

A pele branca de Myuu, que parecia transparente, foi exposta de forma generosa, mas não havia cor de vergonha na expressão séria da garota. Para Myuu, que certa vez passou por uma aventura em um mundo de espadas e magia, não valia a pena se preocupar com algo desse nível, sem falar em como ela estava no meio de uma batalha agora.

E então, neste campo de batalha, havia uma razão pela qual Myuu tirou o vestido.

Logo depois disso, o corpo da garota foi envolvido por uma luz fraca e, no momento seguinte, Myuu se transformou com uma nova roupa.

Uma camisa social que lembrava o que Yue usava, e shorts brancos que lembravam os que Shia usava. Meias brancas até os joelhos que expunham o território absoluto de suas pernas e botas pequenas com babados fofos. Sua cintura estava envolvida com dois cintos de armas se cruzando, como o que Shizuku usava.

Um Marteloooo Piko Piko miniatura foi afixado na parte de trás do cinto de armas naquela cintura, enquanto pedras preciosas coloridas foram colocadas nas inúmeras ranhuras que armazenavam balas. Nas duas coxas de Myuu, em lados opostos, havia dois coldres de armas equipados com "Donneeer e Schlaaag", enquanto nas costas havia "Muuramasa e Kotetsuu", cruzando-se.

Este era o estado de completa prontidão de batalha de Myuu! Ela se transformou em um instante. Aquela figura com roupas trocadas e armas à mostra era como uma garota mágica!

Na verdade, todas as crianças que estavam dirigindo olhares de anseio para Myuu disseram: — Myuu-chan é uma garota mágica…

Mas, naquele momento, sons de vozes raivosas e muitos passos correndo até o local entraram nos ouvidos de Myuu. Parecia que ela não podia mais esperar que o inimigo enviasse um pequeno número de suas forças, e ela também não podia esperar para ver. O inimigo havia entendido que eles não estavam atacando, mas sim recebendo um contra-ataque, então decidiram enviar sua "força de batalha" para o local.

Muito provavelmente, demoraria trinta ou quarenta minutos antes do prazo em que Hajime notaria a estranheza da situação. Se perguntassem a Myuu se ela poderia ganhar tempo até lá se escondendo, como já esperado, não importava quantas vezes ela estivesse reavaliando a situação, a resposta que ela chegava não era certa.

Acima de tudo, ensinamentos como uma defesa não agressiva, ficar constantemente na defensiva enquanto continuava sendo atacada... isso era algo que Myuu não aprendeu!

— Todos vocês são inimigos, nano. O inimigo deve receber um "pow!", nano!

Com suas duas amadas armas que foram presenteadas por seu amado papai nas duas mãos, clique!, Myuu mostrou um sorriso largo e destemido.

Neste momento, a filha do rei demônio estava começando a se mover.


Nota do Autor (Ryo Shirakome)

Muito obrigado por ler essa história.

Muito obrigado pelos pensamentos, opiniões e relatos sobre erros de ortografia e palavras omitidas.

Parece que estou apenas fazendo o que quero...

Mas, não estou refletindo ou me arrependendo. Aa, estou me divertindo escrevendo isso.

Sobre os detalhes triviais, ficarei feliz se todos fecharem os olhos e usarem a tolerância usual de: — Bem, este é o Shirakome.


Notas

[1] O Gato de Cheshire, Gato Risonho, Gato Listrado ou Gato Que Ri é um gato fictício popularizado por Lewis Carroll em Alice no País das Maravilhas e que é famoso principalmente pelo seu pronunciado sorriso. Embora mais frequentemente celebrado em contextos relacionados a Alice, o Gato de Cheshire antecede o romance de 1865 e transcendeu o contexto da literatura, evidenciando-se também na cultura popular, aparecendo em várias formas de mídia - desde a propaganda política à televisão - bem como sendo alvo de diversos estudos a respeito. Uma de suas características distintas é que, de tempos em tempos, o seu corpo desaparece e, sendo a última parte visível o seu sorriso icônico.

[2] Otome game é um tipo de jogo de vídeo game que é direcionado para o público feminino, onde um dos principais objetivos é desenvolver um relacionamento amoroso entre a personagem feminina da jogadora e um dos vários personagens masculinos. Este gênero é mais estabelecido no Japão, e é geralmente baseado em visual novels e jogos de simulação. Esses jogos são compostos por um “harém inverso”, em que há uma protagonista mulher que pode se relacionar com um dos homens. Alguns jogos oferecem uma ou outra rota com garota, no caso, tendo uma rota shoujo-ai. Apesar da proposta de romance, isso não significa que todos os jogos sejam focados nisso.

[3] Hannya é uma máscara dotada de dentes ameaçadores, boca grande e chifres. Existe um conceito de um inferno no budismo japonês em que Hannyas são a representação dos confusos sentimentos humanos como a paixão, ciúme, e ódio, todos capazes de transformar homens e mulheres nesse terrível monstro. O que justifica o porquê de atores do tradicional teatro japonês se utilizarem de tal máscara em suas performances nas representações das histórias (desde o século 19) para transmitir uma identidade, uma personalidade nebulosa aos seus personagens. A Hannya é a máscara mais divulgada no Ocidente.

[4] O Martelo Piko Piko é em um popular brinquedo infantil japonês de mesmo nome. A frase "piko-piko" é uma onomatopeia para o som estridente que esses martelos fazem quando atingem algo.

[5] Muramasa (nascido antes de 1501), conhecido como Sengo Muramasa, foi um famoso ferreiro de espadas que fundou a escola Muramasa e viveu durante o período Muromachi (séculos XIV a XVI) em Kuwana, província de Ise, Japão (atual Kuwana, Mie). Apesar de sua original reputação como criador de lâminas finas apoiada pelo shōgun Tokugawa Ieyasu e seus vassalos, as espadas katana gradualmente se tornaram um símbolo do movimento anti-Tokugawa. Além disso, na tradição e na cultura popular do século XVIII, as espadas eram consideradas yōtō ("katana amaldiçoada").

[6] Nagasone Kotetsu (1597-1678) foi um fabricante de espadas japonês do início do período Edo. Kotetsu nasceu em Sawayama por volta de 1597 e ficou conhecido como Nagasone Okisato. Seu pai era um armeiro que serviu Ishida Mitsunari, o senhor de Sawayama. No entanto, como Ishida foi derrotado por Tokugawa Ieyasu na Batalha de Sekigahara, a família Nagasone e alguns outros artesãos de Sawayama foram para a província de Echizen, onde se refugiaram na cidade de Fukui.



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