Volume 8
Capítulo 157: O sinal do contra-ataque
No castelo do rei demônio, na sala de audiências, um grito ecoou.
Uma voz chamando o nome de sua amada que parecia muito triste, era como um lamento.
Hajime, que foi quem soltou esse grito, estava sendo segurado por várias apóstolas. No momento, ele estava em uma postura em que sua testa estava esfregando contra o chão. Seu único braço que procurava Yue, que havia desaparecido depois de ser transformada no receptáculo do deus criador Ehito, foi forçado ao limite das articulações de suas costas por uma apóstola.
Shia e as outras foram empurradas no chão por garras puxando suas costas de grandes lobos feitos do chão de pedra, elas estavam crucificadas no chão enquanto o sangue jorrava de seus corpos. Shizuku e seu grupo também não conseguiam se mover devido à ilusão mostrada pela magia de Ehito e pela influência da Declaração Divina.
Aiko e o resto dos alunos também estavam sendo observados pelas apóstolas e monstros. Combinado com as feridas de antes, eles não estavam em condições de se mover.
E então, os artefatos nos quais Hajime confiava já haviam desaparecido.
Se um exemplo fosse feito usando a terminologia do xadrez, essa situação era exatamente o que alguém chamaria de "xeque-mate". Por esse motivo, até Ehito priorizou resolver o problema da resistência de Yue, em vez de dar o golpe final no Sinergista e o restante do grupo.
O sorriso distorcido que Ehito dirigiu a Hajime, que gritava por Yue, foi um sorriso satisfeito, colorido de alegria e prazer por "olhar com satisfação para a figura sofrendo do garoto". Essa também foi a razão para ele deixar o resultado para seu retentor Aruvheit.
Com dez apóstolas e trinta monstros restantes, a sala de audiências agora parecia um pouco deserta. Lá, um passo firme ressoou.
― Kuku. Que desagradável, Irregular. Houve um pequeno problema no final, mas Ehito-sama parecia muito satisfeito com aquele hospedeiro. Tudo isso é graças a você que descobriu "aquilo" e a trouxe aqui enquanto lhe concedia força. Estou te agradecendo, entendeu?
Com uma voz que transbordava de alegria e desprezo, Aruvheit soltou palavras sombrias e enlameadas de malícia.
Por outro lado, longe de contestar, Hajime estava apenas abaixando a cabeça e seu corpo nem sequer tremia. A intenção assassina e o ódio que fizeram até as apóstolas estremecerem antes, e então a torrente imparável de força, tudo isso não pôde ser sentido no corpo do Sinergista. Pelo estado ferido e pela quantidade de sangue perdido, à primeira vista, parecia até que o rapaz já tinha parado de respirar.
Aruvheit também pensou isso. Ele inclinou a cabeça antes de dirigir o olhar para uma das apóstolas segurando Hajime. A apóstola silenciosamente balançou a cabeça e dirigiu um olhar perigoso para a nuca do garoto. Parecia que Hajime ainda estava vivo.
― Hmm, onde foi parar aquela sua força que você mostrou no começo? Bem, eu queria dizer isso, mas até você tem um limite, hum. Embora exista um buraco no seu estômago, você foi atingido por tanta magia do meu senhor, além de forçar seu corpo a usar poderes que ultrapassaram o limite várias vezes. Acho que é surpreendente para você ainda respirar. Ou então, sua amada que foi roubada foi o que se tornou o golpe final? Hmm?
― ... pare com essas provocações, seu vilão da terceira classe! Se você ainda não se divertiu o suficiente, eu vou cuidar de você.
Aruvheit disse palavras atormentadoras, mas Hajime não respondeu, como se para representá-lo, um grito raivoso se elevou um lugar diferente. Era Shia.
Ao gritar, a garra que empurrava as costas de Shia cavou ainda mais fundo e mais sangue fluiu, mas sem prestar atenção a isso, a garota-coelho arranhou o chão enquanto tentava avançar.
Olhando para a garota fazendo isso, os olhos do grande lobo que eram feitos de pedra se apertaram, como se dissessem para ela calar a boca, sua mandíbula afundou no ombro de Shia. Um som brutal foi audível mais uma vez e sangue jorrou. O sangue espirrando sujou o pescoço da garota-coelho e o lado de seu rosto, sua figura parecia horrível.
― !? Ngigi-gii, você acha que eu vou perder!? Vou fazer você voar, todos vocês. Venham me enfrentar desuu!
Mesmo assim, ela nem sequer gritou de dor, ela gritou de raiva enquanto aumentava seu esforço. A frustração de ser incapaz de fazer qualquer coisa, onde ela só podia ver Hajime se machucar e Yue ser levada, combinado com a força que ela continuava a aumentar até agora, o poder estava aumentando de forma explosiva dentro de Shia.
E então, por fim, "bakin", um som de algo quebrando ressoou, o braço da garota-coelho, que só podia se mover muito pouco, saltou para cima.
BAMM!
Um som estrondoso surgiu da cabeça do grande lobo que mordia seu ombro, o fazendo ser lançado para longe. Com isso, a ferida em seu ombro aumentou e sangue jorrou ainda mais, porém, como esperado, Shia não prestou atenção a isso. Ela pisou no chão com tanta força que o chão se partiu e ela se aproximou de Aruvheit com rapidez.
― URYAAAAAAAAA!
Suas orelhas de coelho bateram, junto com os olhos tingidos de clara intenção assassina para primeiro eliminar o inimigo mais forte, o punho de Shia atingiu Aruvheit.
DONGON! Ondas de choque ferozes reverberaram. O punho da garota-coelho traçou uma trajetória esplêndida e atingiu o rosto de Aruvheit... ou era assim que parecia.
Contudo...
― Hou, depois do Irregular, você também se libertou da Declaração Divina de Ehito-sama... que pena, um sujeito insolente está sendo servido por uma mulher insolente. Que deplorável.
― Kuh, uma barreira simples como esta!
Uma barreira foi erguida apenas a partir de Aruvheit levantando um pouco sua mão, parando o punho de Shia que era como um canhão mortal em seu caminho.
Com uma expressão calma, sem uma gota de desconforto, Aruvheit concluiu que a garota-coelho era uma insolente. Ignorando isso, Shia balançou o punho mais uma vez.
A expressão do rei demônio ficou irritada, sentindo que isso acabaria da mesma forma, não importava quantas vezes a garota desse socos, mas o segundo ataque de Shia criou um gemido ainda mais alto, e então, uma rachadura apareceu na barreira de Aruvheit.
― Mas o quê?
― Voe para longe desuu!
Talvez Aruvheit nunca tivesse imaginado nem em seu sonho mais louco que, além de Hajime, que era chamado de irregular, haveria alguém que poderia quebrar sua barreira, além disso, com as mãos vazias. Aruvheit parecia um pouco surpreso.
Não desperdiçando essa abertura, Shia fez uso do recuo de seu segundo soco e girou, colocando muita força centrífuga e desferindo um chute giratório onde uma rachadura foi criada. Sua perna longa e firme foi reforçada até o limite, e o chute foi desencadeado com uma forma incomparável e bela.
Enquanto suas orelhas de coelho estavam balançando, um som de algo estourando surgiu, o chute giratório de Shia atravessou a barreira. E então, sem parar, seu chute acertou Aruvheit, que estava lá dentro.
Na mesma hora, o rei demônio cruzou os braços e bloqueou o chute da garota-coelho, mas ele foi incapaz de resistir ao peso que superava sua imaginação, assim como Shia disse, ele foi lançado para longe.
A perna que realizou o chute não parou e foi levantada até chegar ao zênite, então sua perna foi levada para baixo contra o chão dando sequência a um chute descendente. E então ela girou como um cata-vento em alta velocidade, usando suas pernas, ela atingiu muitos fragmentos que flutuavam no ar do chão quebrado.
As pedras que foram arremessadas pareciam balas e cortaram o ar em alta velocidade, tornando-se um ataque para perseguir Aruvheit.
As pedras atacaram como uma rajada de uma metralhadora na direção do rei demônio, que se esmagou contra um pilar de pedra na sala de audiências, nuvens de poeira subiram devido ao pilar quebrado.
― Ainda não acabou de―!?
― Para o chão.
Quando Shia estava prestes a atacar ainda mais, no momento em que ela assumiu uma postura agachada, as apóstolas logo se aproximaram da esquerda e da direita, com pós-imagens sendo criadas atrás delas. Em suas mãos havia grandes espadas revestidas com uma luz prateada de desintegração.
A garota-coelho estava bastante vigilante contra as apóstolas e monstros, mas não podia negar que o sangue correu para sua cabeça. Shia, que se empolgou e pulou para muito longe, agora era um alvo fácil no momento em que avançou, em sua expressão, a emoção de ser encurralada estava visível: "Droga!"
Se ao menos ela tivesse seu Drücken, seria capaz de afastá-las à força, mas a inexistência da sensação confiável que ela costumava sentir na mão a fez cerrar os dentes.
Dessa forma, Shia resolveu aceitar os danos para abrir caminho, foi nesse momento que: ― Essa é a frase desta!
Dois raios de luz preta afastaram as duas apóstolas que atacavam a garota-coelho. ― Tio-san
― Guh, declaração divina, é isso? Verdadeiramente, algo problemático. Shia, esta tira o chapéu para tua coragem.
Quando a garota-coelho se voltou para trás, a figura de Tio, em uma dragonificação parcial, com a cauda constringindo o grande lobo enquanto fazia uma expressão de dor estava lá. Parecia que, ao contrário de Shia, a ryujin não tinha escapado por completo da influência da Declaração Divina.
Tio não foi capaz de entender a magia até seu princípio, mas mesmo assim, ela entendeu que era uma magia com efeito aterrorizante. Dessa forma, ela não pôde deixar de elogiar a garota-coelho que, além de remover a maldição apenas com sua vontade, ela foi capaz dar o troco a Aruvheit.
Tio usou o grande lobo furioso que ela apertava com o rabo para atacar o outro que segurava Kaori, enquanto fazia isso, a mulher disparou um ataque de sopro contra uma apóstola brandindo uma grande espada de cima para manter o inimigo no lugar. Seu corpo já estava envolto em um poder mágico preto transparente, isso mostrava que ela estava usando magia de sublimação.
Mesmo assim, um ataque sem reunir forças de antemão não poderia impedir a investida de uma apóstola, dessa forma, o melhor que Tio podia fazer era obrigar a apóstola a reagir imediatamente para tomar medidas evasivas.
Mas, naquele momento, mais uma voz ressoou.
― Tio-san, por favor, acorde Kaori de alguma forma! Eu vou te cobrir! Shia, segure o rei demônio!
Ao mesmo tempo que essa voz surgiu, uma sombra negra passou pelo lado de Tio. Essa era Shizuku, envolta por um poder mágico azul escuro e seu rabo de cavalo, que era sua marca registrada.
Dessa forma, a Espadachim usou uma maneira única de caminhar para deslizar de forma suave pelo espaço pessoal de outra apóstola que se aproximava da ryujin por trás, ela pegou o pulso da apóstola surpresa e rolou o corpo dela para flutuar no ar. E então a apóstola adotou uma postura perdida devido ao seu próprio impulso. Shizuku agarrou o estômago da apóstola e, com o outro braço, deu um golpe com o cotovelo. Era, por assim dizer, uma técnica de Aikido¹, um dos taijutsu² do estilo Yaegashi. "Kyourai".
O golpe de cotovelo que carregava um poder impossível para ser apenas a força de Shizuku, junto com a destreza dessa técnica, conseguiu afastar a apóstola de forma temporária.
A Espadachim também mal estava se livrando da maldição da Declaração Divina. O poder mágico no qual ela se envolvia vinha da magia da sublimação. Ela fez seu desempenho corporal evoluir para um nível mais alto. Como resultado, isso era um Superar Limite improvisado.
Ela não o usou até agora por causa da intensa dor da ilusão, bem como da oscilação de sua mente. Na verdade, ela não se livrou por completo do efeito da ilusão, então sua expressão distorceu-se ao suportar dores intensas e suor frio escorria de seu corpo.
― Tu falas de modo irresponsável.
― En-entendido desu!
Tio jogou o lobo de pedra preso em seu rabo como um martelo improvisado na apóstola que foi obrigada a tomar medidas evasivas há pouco com seu ataque de sopro, depois correu para o local em que Kaori estava. Ao mesmo tempo, Shia também escapou das apóstolas e monstros que vinham atacar enquanto corria para onde Aruvheit estava.
Shizuku viu que havia mais três apóstolas que se dirigiam a ela, com isso, todas as outras agiram depois de ver a situação, a Espadachim correu para interceptá-las enquanto, no caminho, pegava um fragmento do chão e o fazia voar com seu corpo reforçado. Era uma arte de arremesso do estilo Yaegashi: “Senreki”. O alvo eram os globos oculares das apóstolas.
Embora seu corpo fosse reforçado usando magia de sublimação, a precisão do arremesso em si dependia da habilidade do usuário. Algo como mirar com precisão em um alvo tão pequeno como um globo ocular de um oponente em movimento enquanto corria era uma habilidade para um verdadeiro perito.
Mas, de forma natural, as apóstolas levantaram suas espadas e repeliram o ataque.
― Inútil.
Uma das apóstolas que se aproximava dirigiu um olhar desumano para Shizuku da sombra de sua grande espada. E então ela abriu suas asas de prata e as bateu com força uma vez. Ao fazer isso, inúmeras penas de prata voaram das asas como disparos de espingarda, elas avançavam para aniquilar Shizuku.
A Espadachim usou Sem Batida para realizar movimentos radicais que faziam parecer que seu corpo estava ignorando a inércia e o Teletransporte Explosivo, que tornava possível executar o Teletransporte de forma consecutiva, assim, ela conseguiu evitar por pouco o ataque. Enquanto suportava o medo por suas roupas, ponta do cabelo e, em seguida, sua pele que se desintegraram de forma superficial pelas penas prateadas, Shizuku se aproximou com uma postura baixa, como se estivesse abraçando o chão.
― Eu não saberei até tentar!
Enquanto gritava desafiadora, a Espadachim por fim deslizou através do bombardeou de penas de prata e deslizou como um jogador de beisebol em direção as apóstolas, depois empurrou a mão para baixo com uma força que poderia dividir o chão e, usando o coice, lançou um chute alto.
Um dos taijutsu do estilo Yaegashi: "Saka Shushou".
Era uma técnica de chute para levantar o oponente de uma postura muito baixa. Assim, o praticante ainda poderia lutar mesmo depois de perder sua espada, o estilo Yaegashi incluía técnica de bainha, taijutsu e técnicas de derrubadas.
A grande águia apontou para suas presas e estendeu sua garra afiada do céu ― esse chute desenhou uma trajetória esplêndida como uma reprodução inversa da cena citada. Combinado com o ímpeto do Teletransporte, o golpe continha um poder destrutivo e silencioso. No mínimo, com a atual Shizuku, que estava no estado de superar limite improvisado, usando magia de sublimação, se ela conseguisse acertar um contra-ataque, até mesmo uma apóstola poderia ser lançada para longe com sua força.
Mas, como esperado, esse plano ainda era ingênuo...
― Não, isso é inútil.
― !!!
O chute foi bloqueado com facilidade pela asa de prata. Além disso, a parte da bota da perna que tocava a asa já estava se desintegrando. Essa era a habilidade inerente das apóstolas.
Shizuku respirou fundo, ao mesmo tempo em que girava como um cata-vento, usando a perna do chute como eixo. Sua postura mudou como se ela estivesse dormindo horizontalmente no ar; então, ela mirou o rosto da apóstola com a outra perna. Um dos taijutsu do estilo Yaegashi, "Jushusou".
No entanto, até essa tentativa foi bloqueada pela outra asa da apóstola. E então, ela bateu suas asas para afastar a Espadachim, jogando a garota para longe.
― Guh!
Shizuku atingiu o chão com força e gemeu por reflexo. Então, penas de prata caíram como uma chuva torrencial. Na mesma hora, a garota escapou pulando enquanto estava de quatro como um animal. E então Shizuku rolou de forma horrível e mal escapou das penas prateadas que se dispersaram pelo chão uma após a outra como se uma chuva intensa.
Ao mesmo tempo, a aluna pegou um fragmento do chão quebrado mais uma vez e jogou-o na apóstola que passava por ela e ia em direção a Tio, que estava tratando de Kaori.
A apóstola nem olhou e repeliu a pedra com sua asa.
"Eu não posso nem segurá-las!? Mesmo que eu tenha apenas que atrair a atenção delas até Kaori abrir os olhos e curar Nagumo-kun..."
Shizuku escapou da barragem mortal com uma expressão desesperada enquanto gritava em seu coração.
O objetivo da Espadachim era que Tio usasse magia da alma ou de regeneração e revivesse Kaori, cuja consciência foi forçada a se desligar. Se Kaori pudesse se mover de novo, ela poderia curar Hajime com sua excelente magia de cura. Se o Sinergista pudesse apenas se mover, seria possível quebrar o impasse da situação atual, Shizuku pensava dessa forma. A fé que a garota mantinha em relação a Hajime não mudou em nada, mesmo depois de ele ter sido derrotado por Ehito.
A Espadachim voltou seu olhar para o Sinergista, que estava sendo segurado por duas apóstolas ainda caído em seu próprio mar de sangue.
"A pessoa por quem me apaixonei de verdade pela primeira vez... aquele que me salvou várias vezes... meu coração, minha vida também... eu posso fazer qualquer coisa, se for por essa pessoa. Só porque a oponente é uma apóstola, só porque não há arma, não há razão para desistir! Desta vez, eu serei aquela que te salvará!"
Em contraste com o calor avassalador que fervia em seu coração, Shizuku começou um encantamento com uma pequena voz sussurrante. A maioria dos artefatos foi roubada, mas, felizmente, ela ainda possuía outras coisas além de uma arma que foi negligenciada por ser considerada insignificante.
As botas que estavam encantadas com Aerodinâmica, o enfeite de cabelo, o primeiro presente de Hajime, que possuía capacidade de regeneração equipada, e então suas roupas, costuradas com o círculo mágico da magia de sublimação.
Do corpo de Shizuku, que estava fugindo da fúria das asas de prata, um poder mágico anormal azul escuro transbordou ainda mais.
Ele estava se sobrepondo a magia de sublimação. Algo como uma Quebra Suprema. De modo natural, esse era um exercício de força que ultrapassou o limite, mesmo em seus melhores momentos. Foi um ato que acumulou irracionalidade além de irracionalidade, era impossível que não houvesse ônus algum após fazer isso.
A expressão de Shizuku foi distorcida pela dor, ela mordeu os lábios com força para suportar a ondulação do grande poder. Em troca de tanta dor, por um breve momento, com certeza por apenas por um momento, o poder mágico que reforçava a Espadachim brilhou enquanto envolvia seu corpo.
A apóstola que passou por Shizuku indo em direção a Tio, que estava se concentrando em curar Kaori, cujas mãos perversas estava quase as alcançando. Ela estremeceu em reação e olhou para a Espadachim. Contudo, talvez decidindo que não precisava se preocupar com isso, a apóstola voltou-se para Tio e brandiu sua espada.
Para tal inimiga, Shizuku rugiu de raiva.
― ... não despreze os humanos!
A velocidade de Shizuku que mostrava sua especialidade como lutadora ágil, além da aceleração sublimada que ultrapassava o limite, como era de se esperar, estava no nível em que até uma apóstola não podia ficar indiferente. A apóstola lançando penas de prata em Shizuku arregalou os olhos em choque quando foi ultrapassada em um instante pela Espadachim, que disparou sem nenhum movimento preliminar e em um ritmo constante.
E então a apóstola que estava a ponto de abaixar sua espada grande também olhou para trás, para a presença que de repente se aproximava.
Mas não havia como Shizuku dar a seu alvo tempo para se voltar para trás, sem parar, ela desferiu um forte chute giratório. Seu objetivo era a parte de trás da cabeça da apóstola.
A mulher que iria se virar teve a direção da cabeça retornada à força por um impacto, ela foi lançada acima da cabeça de Tio como uma bala de canhão.
Para Shizuku, que pairava no com o recuo do golpe, mais uma apóstola sacou sua espada grande.
A Espadachim saltou usando Aerodinâmica e evitou o ataque, então seu corpo girou no ar enquanto ela passava por cima da apóstola, ambas as pernas pressionavam a cabeça da inimiga. E então, a partir dessa posição, seu corpo se torceu ainda mais e girou para trás, derrubando a apóstola de cabeça no chão.
Taijutsu do estilo Yaegashi: "Kaigetsu". Uma técnica que executava um arremesso ao torcer o corpo enquanto as duas pernas seguravam a cabeça do oponente.
A técnica humana, que foi lapidada por sua usuária, deixou a apóstola incapaz de reagir no mesmo instante, um som brutal pôde ser ouvido do pescoço da mulher quando sua cabeça atingiu o chão. Uma pequena cratera foi criada quando a cabeça se enterrou em um ângulo impossível.
Nesse momento, a apóstola que estava lançando penas de prata contra Shizuku lançou um bombardeio.
Shizuku naturalmente tentou se esquivar, mas...
― Merd-!?
Ela não conseguiu fazer isso.
A razão foi porque atrás dela estavam Tio e Kaori. Antes que ela percebesse, Shizuku estava em uma linha de tiro onde não poderia escapar.
Se ao menos ela tivesse sua katana negra, ela poderia cortar o próprio espaço e conseguir cortar até o brilho prateado. Mas, a atual Espadachim estava de mãos vazias. Não havia como parar o clarão que carregava a capacidade brutal de desintegração, fugir dele significaria deixar suas camaradas à mercê da morte.
Essa hesitação foi fatal. Diante da luz prateada da morte, dentro da cabeça de Shizuku, um branco total se formou.
Nesse momento…
― Interrupção do Céu!
― Interrupção Sagrada!
Duas vozes ressoaram. Ao mesmo tempo, diante dos olhos da Espadachim, barreiras brilhantes foram criadas.
Uma delas era uma barreira de múltiplas camadas que tinha várias divisões empilhadas ― a conjuradora era Liliana, que desenhou um círculo mágico com seu próprio sangue e estendeu a mão de forma desesperada para Shizuku.
A outra era uma barreira poderosa e brilhante ― a conjuradora era Suzu, que, mesmo encharcada de suor frio e com a expressão distorcida pela dor enquanto ainda estava desabada no chão, também desenhou um círculo mágico usando sangue e mal esticou a mão.
O clarão prateado que provocava a ruína foi bloqueado pelas barreiras lançadas pelas duas garotas desesperadas e a velocidade do avanço diminuiu um pouco.
Contudo, o que foi disparado foi uma luz que desintegrava tudo, não importava se era mágico ou material. De modo natural, as barreiras também resistiram menos de alguns segundos até se dispersarem.
Embora esses poucos segundos representassem o tempo que poderia ser conquistado. E então, esses poucos segundos mudaram o destino da Espadachim, que foi exposta a esse clarão de morte.
― Shizuku-chan, para baixo!
― !!!
Shizuku nem olhou para trás ou respondeu a essa voz familiar e apenas obedeceu.
Na mesma hora, acima da cabeça da Espadachim, que se pressionava contra o chão, um clarão prateado semelhante avançou. Aquela luz que colidiu com o clarão prateado da apóstola de frente era o ataque lançado pela melhor amiga de Shizuku. Embora houvesse poderes aterrorizantes colidindo sobre sua cabeça, as bochechas da Espadachim relaxaram e formaram um sorriso.
― Não pensem que eu sou o mesmo que todas vocês!
As poderosas palavras de Kaori ecoaram no espaço que brilhava com luz prateada. Ao mesmo tempo, o poder mágico da Curandeira explodiu. Essa era a prova do reforço usando magia de sublimação. Assim como ela proclamou, o clarão prateado que Kaori lançou pulsou ao mesmo tempo em que aumentou sua força.
E então, ele engoliu a luz da apóstola.
― Superando-nos, com nosso corpo...
Ao mesmo tempo em que esse sussurro escapou, a mulher que mostrava uma expressão indescritível se dispersou em pedaços ainda menores que o pó e desapareceu.
― De alguma forma, conseguimos.
― Obrigada Tio. Vou curar todos agora mes-...
Tio reviveu Kaori usando magia da alma e de regeneração juntas, mas agora ela estava em um estado que não podia esconder sua exaustão. Ela murmurou enquanto limpava a testa suada.
A Curandeira agradeceu ao começar a usar a magia de cura. Não apenas Hajime, ela estava planejando curar todos os feridos de uma só vez.
Mas isso foi obstruído pela grande espada de prata que saltou de seu lado direito. Visando Kaori, que terminou de lançar seu ataque, as duas apóstolas atingidas pela técnica de Shizuku há pouco se moveram.
Com duas espadas grandes, Kaori bloqueou o golpe das duas inimigas. Das duas apóstolas que tentaram a cortar usando seu estilo de duas espadas grandes, uma tinha o braço entrelaçado pela cauda de dragão de Tio, a outra foi impedida por Shizuku, que desviou a trajetória do golpe usando Aikido no chão. Kaori, Tio e Shizuku, as três e as duas apóstolas se entreolharam em um impasse.
Então…
― Kyaa!
― Aguu!
Gritos reverberaram. Quando os olhares das três se voltaram para o local, Liliana e Suzu estavam sendo detidas. De forma parecida com Shia e as outras antes disso, nas costas delas haviam garras afiadas presas em sua carne.
Em um esforço para ajudá-las, Ryutaro tentou se mover em direção a Suzu com um olhar desesperado, Aiko, Nagayama e o resto dos estudantes se contorceram em direção a Liliana. Mas eles também foram presos por monstros parecidos com cobras ou amarrados com fios de monstros do tipo aranha, no fim, eles foram injetados com algum tipo de líquido que os fez convulsionar. Eles não poderiam fazer nada.
Além disso…
― Puxa vida, forçando minha mão dessa forma. Embora eu nem chegue perto dos pés de Ehito-sama, não há como vocês serem páreo para um deus como eu, não acham?
Shizuku e as outras foram surpreendidas por essa voz. Elas estavam desesperadas com sua própria batalha e não prestaram atenção aos outros pontos, mas agora elas olharam imaginando o que havia acontecido com Shia, que foi enfrentar Aruvheit.
E então, o que havia lá era a figura de Shia, que balançava no ar de forma impotente com o pescoço preso pelo rei demônio. Além disso, sangue estava fluindo de todo o seu corpo como se milhares de lâminas estivessem cravadas em sua pele, parecia que ela não perdeu a consciência, mas até sua voz gemida soou fraca.
― Shia!
― Shia!
― Shia!
Kaori e as outras arregalaram os olhos e gritaram.
Nesse instante, a atenção da Curandeira e das outras foi dividida. Essa abertura não foi ignorada pelas apóstolas. Com suas espadas gêmeas, elas lançaram Kaori e as outras para longe, para o mesmo local, então as apóstolas criaram um círculo mágico usando suas penas de prata em um instante, onde grandes ataques de raios foram gerados.
― Aa!!
― Guuu!
― !!!
As três soltaram seus respectivos gritos enquanto convulsionavam. Mesmo assim, apenas Kaori conseguiu diminuir o dano usando o poder mágico da desintegração, então ela tentou usar a magia de cura.
Porém…
― Você não me ouviu? Eu disse que eu também sou um deus. Eu comando em o nome de Aruvheit ― "Não faça nada".
― !!!
Sim, a razão pela qual Shia também perdeu se devia à mesma Declaração Divina que foi feita a Kaori agora, porque seu movimento foi restrito. Embora, assim como a pessoa disse sobre si mesmo, parecia que o poder de restrição era bastante inferior comparado ao de Ehito.
Na realidade, Kaori e as outras lutaram para quebrar as restrições usando o reforço da magia de sublimação. Diferente de quando Ehito era quem usava a habilidade, o braço delas começou a se mover na mesma hora.
No entanto, isso não mudava o fato de que elas estavam mostrando uma abertura fatal, desde que houvesse apóstolas e monstros no local, até mesmo uma restrição temporária era mais que suficiente.
Seguindo para Kaori e as outras que caíram no chão, um ataque de raio surgiu mais uma vez. Desta vez, seguindo o comando de "não faça nada", a Curandeira também não conseguiu desintegrar o ataque e, portanto, foi atingida em cheio. Kaori, Tio e Shizuku gritaram em silêncio, então uma fumaça branca surgiu de seus corpos.
Embora o sinal momentâneo de contra-ataque criasse o resultado de uma apóstola derrotada, elas foram reprimidas por completo e com facilidade.
Aruvheit levantou a mão e jogou Shia como se ela fosse lixo, depois pisou nas costas da garota desmaiada enquanto dominava o ambiente.
― Hmm, que tal? Consegui dar a vocês, tolos, além dos irregulares, um pequeno gosto do desespero?
Parecia que Shia e as outras foram derrotadas instantaneamente com o objetivo de partir seus corações.
Aruvheit assumiu o papel de abrir o coração de Yue, que se tornaria o receptáculo de Ehito, para que seu comandante pudesse roubar seu corpo com facilidade ou seguir o plano B, que era abalar o coração da vampira.
Como ele não desempenhou seu papel com perfeição, Ehito foi forçado a tomar seu tempo para se reajustar.
Por causa disso, não apenas ele foi incapaz de cumprir o comando concedido pelo senhor que respeitava, como também fez com que ele ficasse perturbado, o que fez com que sua mente se tornasse tempestuosa.
Em outras palavras, ele permitiu que Shia e as outras se opusessem a ele, então ele suprimiu e impôs desespero a elas para que pudesse aproveitar a alegria disso, tudo veio de seu desejo de extravasar sua raiva.
A fim de deixar os insolentes que se opunham a ele em desespero e acabar com todos enquanto estavam no fundo da desesperança, Aruvheit abriu a boca com uma expressão cheia de desprezo.
― Mas, como castigo para aqueles que cometeram insolência em relação a deus, acho que isso é um pouco leve demais. Portanto, que tal eu ensinar a todos vocês algo realmente adorável?
Pisando nas costas de Shia, Aruvheit a fez soltar uma voz de dor enquanto olhava para a direção de Liliana.
― Assim como Ehito-sama falou, este mundo terminará em breve. Exércitos de apóstolas serão convocados dos Recintos Sagrados para exterminar todas as coisas vivas neste mundo. O primeiro alvo será o Reino Haihiri. Porque é fácil criar um Portão Divino que se conecta aos Recintos na Montanha Deus. Você entendeu, princesa Liliana? Sua pátria será tingida de vermelho pelo sangue fresco de todo o seu povo nestes poucos dias, sabia?
― ... que coisas terríveis você está...
― Isso é terrível? Pelo contrário, é uma honra, não é? Essas pessoas podem receber o fim trazido pelos anjos enviados pelo deus em que elas acreditavam, sem dúvida. Em vez disso, todos não deveriam apresentar as cabeças em fila? Ku-ku-ku.
― Você é louco! Todos vocês, seus deuses insanos!
Mesmo sendo pressionada por um monstro, Liliana amaldiçoou Aruvheit com a voz turva pela dor e pela raiva. O rei demônio, que recebeu essa maldição com sentimentos agradáveis, voltou o olhar para os visitantes de outro mundo.
― A pátria de vocês se tornará o novo playground de Ehito-sama. Vocês podem se sentir honrados. Vocês foram convocados como peões de Ehito-sama, e agora até seu local de nascimento será oferecido a ele. Mesmo que todos encontrem seu fim neste lugar, poderão partir com glória.
― Pare de falar besteira!
Parecia que o que Ehito disse sobre marchar para a Terra era verdade. Embora não houvesse magia na Terra, se Ehito manobrasse secretamente lá onde havia muitos países, religiões, populações e também vários tipos de armas que eram muito mais perigosas do que a mágica, quanto sacrifício haveria...
Este mundo, apesar de sua longa história, sua população estava muito aquém da Terra, pensando em como a razão disso era por causa de como Ehito estava brincando com este mundo, eles nem queriam imaginar que tipo de futuro trágico estava reservado a Terra.
Para não falar de suas famílias ou amigos, suas pessoas importantes, que eles deixaram para trás por virem para cá. Shizuku, Ryutaro e os outros encararam Aruvheit com olhares demoníacos.
Mas aqueles olhares penetrantes que queriam muito matá-lo estavam apenas despertando o senso de superioridade do deus vassalo. A prova disso era como sua expressão estava se transformando cada vez mais em um êxtase agradável.
― Muito bem, parece que a recepção da raça dos demônios terminará em breve. Eu quero provar esses corações desafiadores e olhares desesperados por mais um tempo, porém... eu também só posso brincar até aqui.
Aruvheit olhou para o buraco no teto. À frente de seu olhar estava a cena dos membros da raça dos demônios sendo sugados com expressões extasiadas para o turbilhão de ouro, o "Portão Divino".
Na verdade, até enquanto Shia e as outras estavam lutando duro, os demônios por toda a cidade estavam flutuando em direção ao Portão Divino, a maioria já estava reunida nos Recintos Sagrados. Parecia que aqueles que seriam exterminados neste mundo eram todos os seres vivos, exceto a raça dos demônios ― isso significava que as raças humana e demi-humana seriam eliminadas. Não se podia dizer exatamente qual era o motivo de convidar apenas a raça dos demônios para os Recintos Sagrados, mas a única certeza era que a razão não devia ser nada boa.
Aruvheit chutou Shia para longe e depois trocou um olhar com uma apóstola. A mulher assentiu e depois foi direto para Myuu e Remia. E então, ignorando como Remia estava abraçando Myuu perto de seu peito, a apóstola levou a garota à força, o que fez a expressão de sua mãe endurecer.
― Pare! Por favor, devolva Myu― agu!?
― Mamãeee!
O punho da apóstola bateu forte em Remia, que estava resistindo de forma desesperada. A mulher foi atirada contra a parede e soltou um pequeno gemido. Diferente de Shia e das outras, seu corpo era apenas o de uma civil. Seus órgãos internos foram feridos pelo impacto que a apóstola liberou
e ela vomitou sangue, a dor a obrigou a ficar agachada e a deixou incapaz de se mover.
O grito de uma criança pequena ressoou, no entanto, mesmo com isso, não havia sequer uma pessoa que pudesse se mover.
Myuu, que foi levada pela apóstola, foi crucificado no ar por Aruvheit, usando algum tipo de mágica, então, ele caminhou em direção à posição de Hajime, que ainda estava caído no chão sem nem se contrair.
― Irregular. Por quanto tempo você pretende ficar assim? Não apenas você foi um incômodo em várias coisas no jogo de Ehito-sama, você até me envergonhou, você está pensando que esses pecados podem ser redimidos com apenas esse grau de desespero? Não há nenhuma maneira de isso ser verdade, você não acha? Agora, erga seu rosto. E então, grave a cena da cabeça da garota que o idolatrava como um pai sendo explodida diante de seus olhos. Se banhe nos restos de seu cérebro e sangue, chore e grite! Agora!
― Papaaaai! Não morra! Acordeeee!
Aruvheit riu alto enquanto movia Myuu na frente de Hajime. E então sua mão segurou a parte de trás daquela cabecinha. Era como a foice do deus da morte. Se essa mão fosse movimentada, sem a menor resistência, o futuro de Myuu com certeza mergulharia em um vermelho horripilante, ejetado na profundidade da escuridão.
Mas, mesmo agora, quando tal morte foi empurrada para ela, Myuu nem se preocupou consigo mesma, ela gritou de preocupação com o papai que amava.
De longe, as vozes de Shia e das outras os alcançaram. As vozes que chamavam Hajime, as vozes preocupadas com Myuu, as vozes que pediam a Aruvheit que parasse, as vozes que proclamavam seu autossacrifício, que diziam que se ele fizesse isso, que fizesse com eles ― todos estavam lutando para evitar a tragédia.
... foi um espetáculo bizarro.
Hajime, que nesse tipo de situação deveria estar com os olhos brilhando como um animal, seus caninos expostos como se ele fosse rasgar a garganta do inimigo com sua intenção assassina transbordando, independentemente de Myuu, quem ele adorava, agora fosse massacrada... ele ficou calado.
As apóstolas segurando o Sinergista não mostravam nenhum sinal de soltar as mãos, então era certo que ele estava consciente. No entanto, apesar disso, ele estava terrivelmente silencioso, em um nível aterrador.
Yue sendo roubada foi chocante para ele, seu coração estava partido com isso...
Shia e as outras que conheciam o profundo amor de Hajime pela vampira pensaram em ajudar o garoto imóvel, por isso elas lutaram muito pensando que tinham que fazer algo de alguma forma, mas agora que chegaram a esse ponto, elas enfim sentiram que algo estava errado.
E elas notaram. Quão despercebida sua pele começou a se arrepiar. Isso foi envernizado pela dor que corria por todo o corpo e pela situação absolutamente desesperadora, mas o alvo do alarme que o instinto delas despertou não era o inimigo, o alarme estava direcionado para algo muito diferente.
― Papai?
Talvez Myuu também sentisse algo igual, ela chamou Hajime com um pouco de timidez.
Olhando para o Sinergista, que nem sequer levantou o rosto para a garotinha, que tinha o único valor de ser usada como refém na sua frente, Aruvheit se cansou de esperar e trocou um olhar com uma apóstola.
A mulher, por algum motivo, olhou para a parte de trás da cabeça de Hajime com um olhar perigoso que nunca havia mudado desde que o conteve. E então, de forma surpreendente, depois de mostrar um gesto que parecia uma ligeira hesitação, ela segurou cuidadosamente o cabelo do garoto com um ar determinado... e levantou o rosto dele à força.
― !!!
Nesse instante, sem nem perceber, Aruvheit deu um passo para trás.
Ele não parou por aí, o deus até cometeu um erro elementar que ele nunca havia cometido há vários milhares de anos ― ele mostrou uma desarticulação terrível de seu controle mágico. Como resultado, Myuu, que estava crucificada no ar, caiu na frente de Hajime.
Aruvheit, que moveu o braço em pânico para consertar a magia na garotinha, ficou de olhos arregalados com uma cena incompreensível. Por alguma razão, a mão que ele segurava tremia com arrepios.
Os monstros que estavam atrás do rei demônio também estavam abaixando a cabeça enquanto recuavam lentamente. Se alguém estivesse assistindo, com certeza notaria como os olhos dos monstros que emitiam um brilho preto avermelhado brutal estavam agora tremendo como ondulações.
... medo.
Para um monstro, ainda mais para um de classe demoníaca que havia recebido o fortalecimento pela magia da era dos deuses, essa emoção não era mesmo adequada para eles. A onda que corria nos olhos deles era exatamente isso. O tremor de Aruvheit também era o mesmo.
A causa era uma só. Abismo.
O abismo que se espalhava diante de seus olhos estava despertando seu medo primitivo e instintivo.
Mais escuro do que a escuridão, mais profundo até mesmo que o inferno. Mesmo sendo um deus, ele ainda seria engolido e desapareceria para se tornar "nada", ele foi levado a sentir uma ilusão pela imensa niilidade que enchia até a borda daquele... olho.
O único olho de Hajime.
― ... ma-matar...
Aruvheit foi tomado por um impulso que até ele mesmo tinha dificuldade de entender, ele estava tentando transmitir o comando as apóstolas para matar o Sinergista agora mesmo. Essa pessoa deveria à beira da morte, sem nenhuma arma, e seu coração partido em pedaços, mesmo pensando nisso, ele não podia deixar de dar esse comando.
Algo como usar Myuu para se vingar ou ser um obstáculo em seu trabalho para abrir o coração de Yue, ou, se ele iria matá-lo, seria com suas próprias mãos, ou, negando como ele recuou devido à sua dignidade como deus, esse tipo de coisa apenas piscou por um instante no fundo de sua mente antes de serem descartadas muito além de sua compreensão.
De qualquer forma, o monstro diante de seus olhos tinha que ser detido e morto, neste exato momento!
Havia apenas esse pensamento repetido dentro da cabeça caótica de Aruvheit, ele continuava reiterando junto com um alarme estridente.
Esse comando foi rapidamente obedecido pelas apóstolas segurando Hajime.
Nem mesmo uma gota de poder mágico, longe disso, nem mesmo a intenção de matar ou o ódio ou qualquer coisa podiam ser sentidas do Sinergista, apesar de parecer que uma má premonição os incomodasse o tempo todo.
Eles queriam se livrar dele o quanto antes, queriam apagar sua existência, mesmo que apenas um instante mais cedo.
Embora não devessem ter algo parecido com emoções, a figura das mulheres que executariam o comando incompleto do inarticulado Aruvheit era como um cão fiel que aceitava a comida que lhes fora proibida de comer um pouco mais cedo, essa era a expressão desse tipo de emoção.
A mão da lâmina das apóstolas estava tingida com luz prateada. Usando a habilidade de desintegração, elas apagariam por completo o homem horrivelmente ferido diante de seus olhos!
Mas, parecia que essa ação estava um pouco, não, estava fatalmente atrasada. Aruvheit e os outros deram muito tempo a Hajime.
Como se o silêncio até agora fosse uma mentira, a intenção demoníaca que abalou o medo de todos transbordou. O poder mágico vermelho que parecia sangue se espalhava de forma visível, como se fosse engolir tudo. Parecia que a tampa da caldeira do inferno estava aberta.
Dessa forma, a voz de Hajime, que enfim foi solta, também foi algo que fez alguém alucinar como se ela ecoasse do fundo do inferno. O significado de suas palavras também era sombrio e pesado, como se estivesse apenas tentando ferver o ouvinte com sua sinceridade... se fosse preciso colocar em palavras, essa era uma "maldição".
― ... tudo e todos, desapareçam (Negar Toda a Existência).
Naquele momento, um conceito que negava o mundo foi lançado.
Notas
[1] Aikido, ou aiquidô, é uma arte marcial japonesa desenvolvida pelo mestre Morihei Ueshiba (1883-1969), aproximadamente entre os anos de 1930 e 1960, como um compêndio dos seus estudos marciais, filosofia e crenças religiosas. O aikido é, frequentemente, traduzido como "o caminho da unificação (com) da energia da vida", ou "o caminho do espírito harmonioso". O objetivo de Ueshiba era criar uma arte em que os seus praticantes pudessem defender-se a si próprios a partir do ataque adversário. O cerne desta arte marcial orbita em torno do uso pragmático da energia num combate, no controlo desse fluxo. Os praticantes desta arte respeitosamente chamam seu criador de O-Sensei ("Grande Mestre"), ou "fundador".
[2] Taijutsu é um termo japonês que pode ser traduzido como "Artes Corporais", é utilizado no Japão desde o Século X como uma forma genérica para designar as diversas modalidades de artes marciais. O mesmo pode ser dividido em dois segmentos, o Daken Tai Jutsu o qual inclui um trabalho com socos e chutes diferenciados do conhecido karate, ou o Ju Tai Jutsu com torções e projeções ao solo diferenciados do Judo ou Jiu Jitsu. Mais tarde adotou-se com um significado similar para Ju Tai Jutsu, o termo Ju-jutsu. Na palavra "TaiJutsu", "Tai" significa "Corpo" e "Jutsu" significa "Técnica", assim qualquer técnica aplicada sem o uso de armas poderia ser chamada de Taijutsu. O termo Taijutsu é utilizado por diversas artes marciais que não aparentam ter tantas características em comum.