Volume 4

Capítulo 99: O ataque da Apóstola e a Capital Real invadida

Em uma sala onde a única fonte de luz era produzida pela luz da Lua, havia um contraste de preto e branco se espalhando pela estreita janela de grade.

Era uma sala simples e plana, com apenas seis tatames de tamanho¹ com uma pequena mesa, uma cadeira, uma cama de madeira e um banheiro simples. Se comparado com as celas de prisões da Terra, ela seria obviamente muito pior.

Em uma prisão tão ruim, Hatayama Aiko estava sentada na cama no canto da sala, atualmente enterrando seu rosto em seus joelhos.

Fazia três dias desde que Aiko foi levada para esse quarto.

Graças ao Artefato em forma de bracelete que ela usava em seu pulso, Aiko não poderia usar magia. Ainda assim, ela tentou escapar no início. Como esperado, não era possível abrir à força uma porta de aço apenas com sua força física; além disso, a abertura da janela de grade só era o suficiente para seus braços passarem por pouco.

Mesmo assim, a atual posição das salas no último andar do caro templo, o |Templo da Montanha de Deus|, tornava impossível alcançar o solo de forma segura, apesar disso, havia membros da Igreja posicionados do lado de fora, vigiando.

Em tal posição, Aiko estava preocupada sobre a segurança de seus estudantes; contudo, ela não poderia fazer nada, e assim, ela ficou abatida e sombria. Sua estatura já pequena ficou ainda menor na cama.

(Aiko): “… eu preciso ir para os meus estudantes... mas como…”

Aiko murmurou enquanto olhava para cima. Ela se lembrou que a freira com cabelo prateado a disse que ela foi sequestrada. Aiko se perguntou se o que ela ouviu de Hajime se tornaria um inconveniente se ela contasse para Kouki e os outros. Era óbvio quem era o "mestre" a quem a freira se referia. E parecia que eles estavam interessados nos estudantes também.

A mente de Aiko ficou repleta com inquietação indescritível. Ela se lembrou dos eventos de |Ur|, onde um de seus estudantes, Shimizu Yukitoshi, perdeu sua vida. “Possivelmente, mais uma vez, outro estudante irá…”, com esse tipo de pensamento em sua mente, Aiko ficou ainda mais ansiosa.

Sendo confinada nesta sala, ela tentou pensar sobre coisas que ela poderia fazer neste momento. Se ela sossegasse e refletisse com calma, notaria que o Palácio Real parecia muito estranho e estava coberto com um denso senso de incongruência. Na mente de Aiko, com uma postura forte, ela se lembrou da perigosa atmosfera que o Rei Eric e os outros líderes possuíam.

Com certeza, Aiko começou a imaginar que a freira com cabelo prateado tinha feito algo. Ela definitivamente disse a palavra ‖Charme. Se fosse verdade, então eles estavam usando algo nas linhas de lavagem cerebral.

Contudo, ao mesmo tempo, quando ela falou com Shizuku e Liliana, tal sensação estranha de incongruência não estava presente. Embora ficasse aliviada com isso, ainda havia um grande desconforto crescendo em seu peito devido ao confinamento.

Enquanto rezava por suas seguranças, ela se lembrou de outra preocupação. Foram as palavras, "eliminação do irregular". Essas foram as palavras que ela ouviu pouco antes de perder completamente sua consciência. Por essa razão, Aiko se lembrou de um certo estudante.

A pessoa a quem ela devia sua vida, o estudante que matou Shimizu Yukitoshi. Embora possuísse um forte desejo e uma força monstruosa, o garoto pensou seriamente e escutou as palavras de Aiko. E muitas coisas aconteceram, várias coisas diferentes, e lá no fundo, como esperado, bem no fundo, apesar de ela não dever pensar nisso, ela ainda continuava se lembrando.

A memória que ela desesperadamente tentou selar em sua mente mais uma vez foi lembrada, e, por algum motivo, suas bochechas ficaram quentes. Embora Aiko sacudisse sua cabeça para limpar sua mente, ela começou a se preocupar com a segurança de Hajime, e descuidadamente murmurou seu nome.

(Aiko): “… Nagumo-kun”

(Hajime): “Ou? O que foi Sensei?”

(Aiko): “Fe!?”

Com a súbita resposta a seu murmúrio inconsciente, Aiko instintivamente soltou uma voz de surpresa. Não deveria haver mais ninguém no quarto. Enquanto procurava por todo o quarto, Aiko inclinou sua cabeça. “Foi só uma alucinação?”, ela pensou. Contudo, Aiko definitivamente não estava alucinando. Mais uma vez, ela escutou a voz.

(Hajime): “Aqui Sensei”

(Aiko): “Eh?”

O corpo de Aiko ficou alerta com a voz. Não era uma alucinação! Seu olhar espreitou pela estreita janela de grade. Havia a figura de Hajime espiando do outro lado.

(Aiko): “Eh? Eh? Nagumo-kun? Eh? Este é o último andar... deste templo… eh?”

(Hajime): “Ahhhh, sim. Primeiramente, se acalme Sensei. Eu quase terminei de verificar a existência de armadilhas…”

Desconsiderando o olhar confuso de Aiko, Hajime confirmou que não havia nenhuma armadilha com seu [Olho Mágico] antes que a ‖Transmutação fosse usada e brilhantes faíscas vermelhas aparecessem. Um buraco grande o bastante para uma pessoa passar foi feito, e com isso, a invasão estava completa.

A sala em que Aiko estava confinada ficava a cerca de cem metros acima do nível do solo. Entretanto, ele entrou como se estivesse pisando em terra firme! É preciso dizer que, com Hajime casualmente criando um buraco e entrando na sala, Aiko o encarou em choque.

Hajime mostrou um pequeno sorriso para a impressionada Aiko.

(Hajime): “O quê? Isso é mesmo tão surpreendente? Você não percebeu que eu estava vindo? No entanto, eu já devo ter praticamente eliminado todos os traços de minha presença... eu perdi um pouco de minha confiança agora”

(Aiko): “He? Percebeu? Eh?”

(Hajime): “Não, é que, você chamou o meu nome. Você não me notou do lado de fora da janela?”

Obviamente, Aiko não sentiria a presença de Hajime sem que a ‖Percepção fosse usada, mas Aiko simplesmente disse o nome dele por causa de seus desejos. Enquanto pensava nisso, Aiko não poderia dizer que ela inconscientemente murmurou o nome do rapaz. Ela rapidamente pensou que mudar o assunto seria a melhor escolha.

(Aiko): “Um, além disso, por que você está aqui…”

(Hajime): “Para ajudar, é claro”

(Aiko): “Wa, por mim? Nagumo-kun? Você veio até aqui para me ajudar?”

Para Aiko, que começou a corar e murmurar estranhamente "awawa", Hajime cuidadosamente examinou o estado dela. Pensando bem, ela não tinha sido manipulada mentalmente? Hajime pensou nisto enquanto franzia o cenho. Com um olhar sério em seus olhos, ele começou a examinar Aiko cuidadosamente com seu [Olho Mágico] em busca de sinais de manipulação mágica.

Enquanto caminhava na direção de Aiko, que se sentou na cama, ele a observou com grande atenção. Aiko começou a corar muito e seu pulso disparou. De qualquer modo, o garoto em que ela acabara de pensar foi ajudá-la após ouvir sobre sua situação difícil. Ele estava ao lado dela na cama, à noite, a observando com uma expressão intensa. Era apenas um estudante e uma professora, não deveria existir nenhum problema específico, não é? Embora ela pensasse assim... Aiko não estava confiante para dizer isso em voz alta. Ela ficou rígida, já que não podia fazer nada além de devolver o olhar que Hajime estava a dando.

Hajime, pensando que estaria tudo bem agora que o [Olho Mágico] não descobriu nenhum tipo de manipulação por magia, segurou a mão de Aiko. Ele ia remover o artefato que estava restringindo a magia dela.

No entanto, Aiko, cuja mão foi subitamente agarrada, "Hyauuuu!", soltou uma estranha voz. Ela encolheu um pouco.

“Pare! Isso não é bom! Nagumo-kun! Uma coisa dessas não pode ser permitida! Eu sou uma professora!”, ela começou a gritar.

(Hajime): “Mas, não é inconveniente que sua magia esteja selada? Ou, há algo errado em fazer isso? Apesar de não parecer haver nenhuma armadilha”

(Aiko): “Eh? Ah, esta coisa…”

(Hajime): “… o que mais seria?”

(Aiko): “Ah, ahaha… desculpe. Não é nada…”

Com a suspeita passando, os olhos de Hajime começaram a mostrar um olhar desapontado. Aiko tentou o enganar com um sorriso falso. E, mudando de assunto, perguntou como ele sabia onde ela estava presa.

(Hajime): “A Princesa nos disse”

(Aiko): “Princesa? A Princesa Liliana?”

(Hajime): “Ahh. Ela testemunhou você sendo sequestrada. Como ela imaginou que Amanogawa e os outros estivessem sob vigilância, ela decidiu escapar da |Capital Real|. Então ela pediu nossa ajuda”

(Aiko): “Lili pediu… então Nagumo-kun aceitou o pedido dela”

(Hajime): “Maaaaa, eu pareço ser o responsável por esta situação... embora a Sensei possa não querer me ver... bem, por favor, aguente até nos reunirmos com os outros”

Após Hajime terminar de remover o Artefato que selava a magia de Aiko, ele se levantou. Aiko imaginou que a última frase de Hajime se referisse à morte de Shimizu. E os olhos de Aiko encararam o dúbio Hajime, então ela começou a dizer o que ela realmente sentia sobre isso.

(Aiko): “Não querer ver você, não é nada disso. Você veio ajudar, eu estou realmente grata... certamente, a situação de Shimizu-kun não pode ser completamente esquecida, e eu provavelmente nunca serei capaz de me esquecer disso... ainda assim, a intenção que você teve quando puxou o gatilho… eu acho que eu a entendo. Eu não guardo rancor de você, e também não te odeio”

(Hajime): “… Sensei”

Para Hajime de olhos arregalados, Aiko revelou um sorriso ansioso com gentileza.

(Aiko): “Naquele momento, como eu não pude dizer corretamente... desta vez, por favor, permita-me dizer isso... obrigado por me ajudar. Eu sinto muito por te fazer puxar o gatilho”

(Hajime): “…”

Hajime estava com um sorriso sem graça porque parecia que Yue estava correta, mesmo assim, era um fato que ele fez Aiko sofrer; contudo, ele não poderia falar sobre esse assunto.

(Hajime): “Eu, eu só fiz o que eu queria fazer. Apesar de receber sua gratidão, você não tem que se desculpar. Ao invés disso, vamos partir logo. A Princesa já deve ter chegado até Amanogawa e o resto dos alunos. Depois de nos juntarmos com eles, é necessário conversar sobre o futuro”

(Aiko): “Eu entendo. Nagumo-kun, por favor, seja cuidadoso. A Igreja o vê como um herege. E, para a pessoa que me sequestrou, você provavelmente…”

(Hajime): “Eu sei. De qualquer forma, após te entregar, eu vou tomar conta de um assunto inacabado, provavelmente, nesse momento, a Igreja e eu vamos nos confrontar... no entanto, eu já me preparei para isso”

Hajime assentiu para Aiko com um olhar que mostrava sua forte vontade. As bochechas de Aiko ficaram quentes de novo devido a esse olhar. Aiko tentou expressar suas preocupações mais uma vez.

Mas nesse momento, um som estrondoso de algo quebrando foi ouvido de longe, o ar também tremia um pouco.

Com isso, o corpo de Aiko se endureceu e ela voltou seus olhos para Hajime. Hajime estava olhando para fora e se concentrando em algo ao longe. Nesse momento, ele recebeu informação do grupo de Yue, que estava no chão.

(Hajime): “Che, com esta sincronia... bem, de certa forma, isso é conveniente…”

Após um tempo, Hajime voltou a encarar Aiko enquanto estalava sua língua. Embora Aiko não soubesse que Hajime tinha ‖Telepatia, como ela sabia que ele tinha muitos Artefatos, ela imaginou que ele descobriu algo. O olhar dela passava a impressão de querer saber o que estava acontecendo.

(Hajime): “Sensei, é um ataque surpresa dos Demônios. Parece que agora mesmo a barreira externa cobrindo o |Reino| foi destruída”

(Aiko): “Um ataque surpresa dos Demônios!? Isso significa…”

(Hajime): “Ahh, neste momento, o |Reino Haihiri| está sendo invadido. Eu acabei de receber a informação de minhas companheiras através de ‖Telepatia. Parece que os Demônios também trouxeram um enorme exército de Feras Mágicas. É um ataque surpresa completo”

Com o resumo de Hajime, o rosto de Aiko ficou pálido, "Não pode ser", foi o que saiu de seus lábios enquanto ela sacudia sua cabeça.

Era verdade. Primeiramente, era impossível não notar uma invasão com a quantidade de forças que estava avançando em direção ao |Reino|. A grande barreira que cercava a |Capital Real| também era forte o bastante para repelir qualquer ataque comum e era inesperadamente resistente contra os mais poderosos. Ninguém acreditaria que as duas maiores dificuldade fossem superadas tão facilmente.

(Hajime): “Sensei, primeiro, vamos temporariamente nos juntar com Amanogawa e o resto do grupo. Então vamos falar sobre o que fazer”

(Aiko): “Si-sim”

Aiko, que congelou com a tensão, estava agora segurando a mão direita de Hajime. “Uhya!”. Uma voz estranha lhe escapou, ela envolveu seus braços ao redor do pescoço de Hajime com a brusquidão da ação.

Assim, no momento seguinte…

]Ka!![

Uma grande luz prata verteu do lado de fora.

(Aiko): “!?!?!?”

Uma luz tão forte quanto o luar caiu dentro do quarto, alarmes instintivamente se ativaram na mente de Aiko.

Contudo, Hajime não se abalou e prosseguiu pulando para fora da sala através do buraco que ele fez anteriormente. Aiko gritou enquanto se agarrava em Hajime devido aos rápidos movimentos, mas não havia tempo para se preocupar.

Aconteceu simultaneamente, Hajime segurou Aiko e disparou para fora do quarto antes da luz erradicar completamente o local no instante seguinte.

]Bobaaaa!![

Não houve nenhum som ribombante quando o quarto foi esmagado, ele simplesmente evaporou, se desfazendo em partículas de luz. O topo do templo, que era feito de aço, agora não tinha nada mais do que partículas muito mais finas do que areia, que foram então espalhadas com o vento da noite e desapareceram no céu.

Para o fenômeno específico, Hajime, enquanto usava ‖Aerodinâmica para se manter no ar, arregalou seus olhos e murmurou.

(Hajime): “… isso foi... decomposição?”

(???): “Belíssima resposta irregular”

Para seu breve murmúrio, uma resposta inesperada surgiu, uma voz que parecia o badalar de um sino, entretanto, ela era fria e desprovida de qualquer emoção.

Quando Hajime voltou seu olhar para onde a voz surgiu, havia uma mulher com cabelo prateado e olhos azuis o encarando do teto. Hajime então imaginou que esta era a mulher que sequestrou Aiko.

Apesar de esta mulher ser diferente da descrição de Liliana. Ela não estava vestindo o hábito de uma freira, ao invés disso, esta mulher estava completamente envolta por um vestido branco e armadura. O vestido não tinha mangas e chegava até a altura dos joelhos, seus braços, pernas e cabeça estavam cercados pela proteção da armadura, com uma placa metálica presa em ambos os lados de sua cintura. Era a figura de uma guerreira, não importava como você a olhasse. Exatamente como uma Valquíria².

A mulher de cabelo prateado saltou pelo ar como se a gravidade não tivesse poder sobre ela. E, com uma rotação, se posicionou na frente da lua, um par de asas prateadas se expandindo de suas costas.

As asas se expandiram com um ]Basaa[, parecia que as asas prateadas estavam envolvidas por magia prateada. Com a Lua atrás dela, ela parecia misteriosamente divina enquanto seu cabelo prateado flutuava com o vento. Ela possuía beleza e encanto extremamente impressionantes.

Entretanto, infelizmente seus olhos não entravam nessa descrição. Apesar de sua imensa beleza, apenas seus olhos passavam uma impressão fria como se fossem pedras de gelo. Não era a frieza do ódio contra outro ser. Era exatamente como uma ferramenta mecânica com um só objetivo. Eram os olhos de uma boneca.

A mulher de cabelo prateado, enquanto olhava de cima para Hajime, que segurava Aiko cuidadosamente, lentamente estendeu ambos os braços.

Então, suas manoplas brilharam momentaneamente, e, no momento seguinte, uma enorme espada branca apareceu em suas mãos. A enorme espada tinha quase dois metros de comprimento e também estava envolta por magia prateada. A mulher de cabelo prateado parecia não ser afetada por seu peso, chamando Hajime sem um pingo de sentimentos.

(???): “Eu sou Nointo. Eu sou uma ⟦Apóstola de Deus, por meu mestre, eu vou remover todas as peças desnecessárias”

Uma declaração de guerra. A mulher que se apresentou como Nointo, no verdadeiro sentido do termo, era uma ⟦Apóstola de Deus. Finalmente, parecia que eles tinham decidido interferir nos planos de Hajime. Diretamente o removendo do "jogo de Deus".

Magia prateada surgia ao redor de Nointo. Uma enorme pressão atacou Hajime e Aiko, era como se eles estivessem debaixo de uma enorme cachoeira.

Apesar de Aiko tentar resistir desesperadamente, sua expressão ficou azul e depois branca. Seu corpo começou a tremer incontrolavelmente. Pensando, "Estamos condenados", enquanto quase perdia sua consciência, uma magia vermelha brilhante subitamente cercou Aiko. A magia vermelha brilhou ainda mais para protegê-la, ela bloqueou completamente a pressão que Nointo liberava.

Aiko arregalou seus olhos. Ela virou seu rosto para Hajime, quem ela assumiu ser a causa. Assim, sem nem mesmo tremer, ele recebeu a pressão. Ela viu a aparência de Hajime mostrando seus dentes ferozmente.

Enquanto ele recebia a pressão, o olhar cético de Aiko não estava mais em sua mente. Hajime, exatamente como Nointo, fez uma declaração de guerra.

(Hajime): “Mate-me se você puder, fantoche de Deus”

Com essas palavras como sinal, a uma altitude de 8.000 metros no céu sobre a |Montanha de Deus|, a ⟦Apóstola de Deus e o Monstro que escapou do inferno entraram em confronto.


Pouco antes do ataque de Nointo contra Hajime, Yue, Shia, Kaori e Liliana avançavam pelo Palácio Real usando passagens secretas. O propósito delas era levar Liliana até o grupo de Kouki.

Originalmente, foi decidido que Yue e as outras iriam resgatar Aiko na |Montanha de Deus|, e também procurar pelo |Grande Calabouço| e a ‖Magia da Era dos Deuses, já que a situação de Liliana procurando a ajuda do grupo de Kouki era uma tarefa trivial.

Entretanto, para garantir a segurança de Aiko, eles precisavam ter certeza que o grupo de Kouki não tinha sofrido lavagem cerebral. Era necessário confirmar se eles estavam seguros.

Além disso, a |Montanha de Deus| era literalmente a sede da Igreja. Mesmo que fosse para resgatar Aiko, era preferível que eles não causassem um alvoroço. Para não ser notada, uma pessoa seria o suficiente para procurar pelo local de confinamento de Aiko, assim, Hajime seguiu sozinho.

Dessa forma, Yue, que permaneceu na |Capital Real|, decidiu se juntar a Kaori, que insistia em ajudar Liliana, já que isso não seria um grande problema.

Ainda assim, só para casos de emergências, Tio estava de prontidão em algum lugar do |Reino|. Isto se devia ao fato de eles precisarem de alguém para supervisionar a situação.

Assim, o grupo de Yue viajou para o palácio através de passagens secretas e apareceu em um quarto de hóspedes. No local de onde elas vieram, a antiguidade silenciosamente voltou para seu local original, escondendo a passagem como se nada tivesse acontecido.

(Liliana): “Neste horário, todos devem estar dormindo em seus próprios quartos... por enquanto, vamos seguir para o quarto de Shizuku”

Liliana baixou sua voz na escuridão. Então ela virou seu rosto da direção do quarto de Shizuku. Ao invés de confiar em Kouki, o Herói, sua avaliação era mais realista.

Concordando com Liliana, Shia liderou o grupo porque ela tinha a maior percepção dentro do grupo. Shizuku e os outros estavam atualmente dormindo em quartos de alta classe, então eles estavam em uma área separada. O grupo estava avançando pelos corredores com passos silenciosos enquanto a luz da Lua se infiltrava pelas janelas.

E, depois de avançarem por um tempo, algo aconteceu.

]Zudoooon!![

]Pakyaaaan!![

O som estrondoso lembrando um bombardeio, em seguida, o som de vidro se quebrando podia ser ouvido através da |Capital Real|. O ar sacudiu e tremeu com o impacto, as janelas no corredor em que estava o grupo de Yue também estavam vibrando.

(Shia): “Wawa, mas o quê!?”

(Liliana): “Isto... não pode ser!?”

Shia, enquanto usava suas orelhas de coelho ao máximo para ouvir as pessoas que poderiam aparecer, instintivamente as cobriu com ambas as mãos enquanto soltava uma voz de dor. Logo após isso, o rosto de Liliana ficou pálido, e ela se apressou em direção à janela. Yue e as outras também se aproximaram da janela para ver o que estava acontecendo.

E o espetáculo que cumprimentou seus olhos…

(Liliana): “Como é possível... a grande barreira... foi destruída?”

Liliana cobriu sua boca e falou com uma voz trêmula. Exatamente como ela disse, no céu noturno da |Capital Real|, a grande barreira se despedaçou em partículas de magia e se espalhou como poeira.

Liliana só poderia observar o espetáculo com espanto, uma luz brilhou no momento seguinte, o som estrondoso foi ouvido mais uma vez. E a fina película de luz que cobria a capital do |Reino| começou a vacilar.

(Liliana): “Até a segunda barreira... por quê… ela é tão frágil? Com isto, logo...”

O que era a grande barreira a qual Liliana se referia? Havia três enormes barreiras mágicas que defendiam o |Reino| de inimigos estrangeiros. Um Artefato gerava a barreira em três pontos, ⌈Magos da Corte Real forneciam seus |Poderes Mágicos nele regularmente para sustentar as barreiras. Sua força foi testava muitas vezes, o |Reino| foi protegido da invasão dos Demônios por centenas de anos. Esta era uma das razões para a guerra ainda estar em um impasse.

Uma barreira de proteção absoluta foi quebrada em um único momento. E, agora mesmo, a segunda barreira também estava perto de ser destruída. Quanto mais próximas do |Reino| as barreiras estavam, mais fortes elas se tornavam, mas se a segunda barreira estava a ponto de ser destruída, era uma questão de tempo antes que a última também caísse. O Palácio Real estava ficando agitado. Parecia que eles tinham notado que a barreira foi atacada. Luzes começaram a piscar em vários locais.

(Liliana): “Não pode ser, um trabalho interno? Mas, ajudar... as forças inimigas? O que é que está acontecendo…”

Foi Yue quem descobriu essa resposta por Liliana, que estava muito absorvida na ideia e ficou aturdida.

(Tio): “Tu me escutaste? Senhora, esta deve resumir a situação para ti?”

O [Minério da Telepatia] começou a brilhar, uma voz ressoou dele. Era a voz de Tio, que foi deixada vigiando a |Capital Real|. Pela forma que ela falou, eles praticamente compreenderam o que estava acontecendo.

(Yue): “Nn… por favor, faça isso Tio”

(Tio): “Entendido. Cerca de um quilômetro ao Sul da |Capital Real|, há Demônios liderando um enorme exército de monstros. O 〈Dragão Branco daquela vez também está aqui. Teu ‖Sopro foi o que destruiu a barreira. Contudo, esta não vê a figura do líder”

(Liliana): “Não pode ser, uma invasão? Como, mas como eles conseguiram chegar tão perto…”

Em resposta ao relato de Tio, Liliana franziu o cenho com uma expressão incrédula.

Para essa dúvida, Yue e as outras podiam imaginar a resposta. O cavaleiro do 〈Dragão Branco, Freed Baghuar, o ⌊Demônio daquela vez em que a ‖Magia Espacial foi obtida no |Grande Vulcão|. Até mesmo para Yue, era virtualmente impossível abrir um "portal" para um exército inteiro passar, mas se houvesse alguma ajuda, isso podia ser possível.

Se transportar por todo o caminho do continente do Sul sem atrair atenção, aparecendo bem debaixo do nariz da |Capital Real|. Não havia outra forma além dessa. Embora o 〈Dragão Branco estivesse atacando, ele provavelmente não podia se movimentar muito. Seu mestre provavelmente estava descansando na retaguarda, dando ordens.

Enquanto isso, o som de vidro se quebrando ressoou pelo ar mais uma vez. A segunda barreira estava destruída. Enquanto ficava frustrada, Liliana os incitou para se encontrarem com Kouki e os outros estudantes. Contudo, Yue sacudiu sua cabeça.

(Yue): “… nos separamos aqui. Vocês continuam”

(Liliana): “Na, aqui? O que você quer…”

Liliana franziu o cenho com dúvida e começou a falar que se encontrar rapidamente com Kouki e os outros e planejar suas próximas ações seria o melhor. Enquanto Yue abria a janela, seus olhos se estreitaram e ela falou seu motivo friamente.

(Yue): “… o cavaleiro ⌊Demônio do 〈Dragão Branco feriu Hajime... eu vou espancá-lo até ele chorar”

Aparentemente, devido ao ataque surpresa no Grande Vulcão, Yue carregava um profundo rancor contra Freed. Todas presentes no local não poderiam fazer nada contra a perigosa atmosfera de Yue.

(Shia): “Vo-você está nervosa Yue-san…”

(Yue): “… Shia? Você já se esqueceu”

(Shia): “Sem chances. Eu vou continuar o espancado, mesmo se ele começar a chorar e implorar”

Apesar de Shia instintivamente se corrigir com a irritada Yue, as palavras da ⌊Vampira foram inexpressivas, mas Shia começou a dizer algo ainda mais extremo. Shia, que normalmente mostrava um sorriso brilhante, declarou suas intenções de forma imponente com uma expressão divertida. Shia também parecia não ser capaz de perdoar o que tinha acontecido antes.

(Shia): “E portanto, Kaori-san, Lili-san. Yue e eu, para disciplinar o dono daquele lagarto gigante, vamos partir agora”

(Yue): “… nn, qualquer um que nos obstruir também”

Assim que elas disseram isso, ambas Yue e Shia saíram pela janela sem ouvirem o que Kaori e Liliana tinham a dizer. A vida de Freed estava em jogo. Fuja Freed! Depressa, fuja! Era o que seus companheiros teriam dito se eles estivessem ali.

A brisa da noite e o barulho entraram pela janela aberta. Por um tempo, Kaori e Liliana ficaram paradas em silêncio, então elas começaram a avançar mais uma vez, como se nada tivesse acontecido.

(Liliana): “… Nagumo-san… é muito amado…”

(Kaori): “Sim... insanamente... senão... elas são inimigas bem poderosas”

(Liliana): “Kaori… para sobreviver, trabalhe duro, ok? Eu irei ajuda-la”

(Kaori): “Sim. Obrigado Lili…”

Depois disso, Lili se virou e murmurou com uma voz triste, “A forma como eu estou sendo tratada está ficando mais e mais grosseira…”.

O comentário foi ignorado admiravelmente por Kaori. “Para falar a verdade, Lili choraria se eu dissesse que também queria ir?”. Enquanto pensava isso no canto de sua mente, Kaori e Lili rapidamente seguiram para Kouki e o resto do grupo de alunos.


Notas

[1] No Japão, o tamanho de um quarto é geralmente medido pelo número de tatames. O tamanho tradicional de um tatame é 90 cm por 180 cm (1,62 metros quadrados) por 5 centímetros. Então a cela de Aiko tem aproximadamente 9,72 m².

[2] As valquírias (literalmente "a que escolhe os mortos"), na mitologia nórdica, são dísir, deidades femininas menores que serviam Odin sob as ordens de Freya. O seu propósito era eleger os mais heroicos guerreiros mortos em batalha e conduzi-los ao salão dos mortos, Valhalla, regido por Odin, onde se converteriam em einherjar (guerreiros mortos recolhidos pelas Valquírias para irem ao palácio de Valhala). A escolha servia metade daqueles que morriam em batalha (a outra metade seguia para o campo de Freyja, na vida após a morte, denominado Fólkvangr). Odin precisava de guerreiros para que lutassem a seu lado na batalha do fim do mundo, Ragnarök. A sua residência habitual era Vingólf, situado próximo de Valhalla. O dito salão contava com quinhentas e quarenta portas por onde entravam os heróis derrotados para que as guerreiras os curassem, deleitando-se com a sua beleza e onde também "serviam hidromel e cuidavam da louça de barro e vasilhas para beber". Estas surgem também como amantes de heróis e outros mortais, em que, por vezes, são descritas como filhas da realeza, ocasionalmente acompanhadas por corvos, e de vez em quando incorporadas a cisnes ou cavalos.



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