Volume 4
Capítulo 105: Traição
Voltando um pouco no tempo. Precisamente quando Liliana e as outras chegaram no Palácio Real.
Pakyaaaaaaaaaan!
— Tsu!? Mas o que foi... !?
Para o som desagradável de vidro quebrando, Shizuku Yaegashi[1], que estava dormindo em seu quarto, rapidamente entrou em seu modo de alerta e saiu de sua cama enquanto segurava sua katana negra que ficava ao lado de seu travesseiro. Esses eram movimentos de uma pessoa que continuava atenta com seus arredores mesmo enquanto descansava.
— …
Por um tempo, Shizuku prendeu sua respiração com uma expressão séria e estava pronta para sacar sua katana a qualquer momento, contudo, não havia anormalidades dentro de seu quarto, assim, ela suspirou aliviada.
O motivo para Shizuku estar com este nível de vigilância era porque nos últimos dias não houve nenhum sinal de Liliana ou Aiko.
Mesmo há algum tempo antes disso, ela notou um senso de incongruência dentro do Palácio Real. Nesse dia, no dia em que Aiko voltou, ela desapareceu após anunciar que tinha algo importante para contar aos estudantes na hora do jantar, devido a isto, Shizuku suspeitava que algo de ruim aconteceu com a professora para silenciá-la.
Naturalmente, a aluna procurou pelo paradeiro das duas pessoas desaparecidas; apesar de eles falarem que Aiko e a Princesa só estavam sendo questionadas pelo líder da Igreja, Ishtar, no templo central, Shizuku não teve permissão para se encontrar com as duas. Além disso, eles até a evitaram ao declarar a Espadachim que as duas seriam liberadas em alguns dias, ademais, o pai de Liliana, o Rei Eric, também disse não se preocupar com isso; a aluna não poderia fazer nada além de relutantemente recuar por enquanto.
Contudo, mesmo assim, sua ansiedade não desapareceu, e como aconteceu há pouco, quando ia para cama, Shizuku ficava tão vigilante e atenta quanto uma espiã.
Quando ela silenciosamente deixou a cama, a aluna preparou seu equipamento em poucos segundos e deixou o quarto com cuidado. Desde que Kaori decidiu viajar com Hajime, Shizuku era a única pessoa no quarto. Quando ela confirmou que não havia nada errado no corredor, ela imediatamente bateu na porta de Kouki e Ryutaro, que ficava do lado oposto ao quarto dela.
A porta se abriu na mesma hora e a figura de Kouki foi vista. Ryutaro estava no fundo do quarto e parecia estar totalmente acordado. Parecia que eles também acordaram como Shizuku devido ao som de um momento atrás.
— Kouki, por favor, seja mais cauteloso. Abrir a porta tão subitamente... não seria um perigo se eu fosse uma inimiga?
As sobrancelhas de Shizuku se apertaram um pouco quando Kouki abriu a porta sem nenhum cuidado e ela o avisou. Por outro lado, Kouki tinha uma expressão de admiração. Mesmo que ele tenha ouvido o som de vidro quebrando, ele não pensava que haveria qualquer perigo nos corredores do Palácio Real. O aluno não parecia estar totalmente acordado.
Nesses últimos dias, Shizuku sentiu que algo estava estranho dentro do Palácio Real e com a situação de Aiko, — Algo está errado, mantenha-se atento —, foi o que ela repetiu várias vezes, mas Kouki e Ryutaro pensaram que ela estava se preocupando demais com isso e não a levaram a sério.
— Mais importante que isso Shizuku. O que foi que aconteceu há pouco? Era o mesmo som de algo quebrando…
— … eu não sei. De qualquer forma, vamos acordar todos e reunir informação. Seja o que for que esteja acontecendo, eu tenho uma sensação ruim…
Shizuku só disse isso e se virou para bater nas portas de seus colegas de classe uma após a outra. A maioria dos estudantes foi logo reunida para uma reunião devido ao súbito som de algo quebrando. Com apreensão, Kouki começou a erguer sua voz assim que os alunos começaram a se reunir no corredor parecendo irritados por seus sonos serem perturbados.
Então, nesse momento, uma das camareiras que era amiga de Shizuku correu na direção da garota. Ela vinha de uma casa que apreciava esgrima e possuía uma linhagem de Cavaleiros, devido a esta conexão, ela se tornou íntima de Shizuku.
— Shizuku-sama…
— Nia!
A camareira chamada Nia correu para o lado de Shizuku enquanto parecia estar desanimada. Ela era uma sombra de sua usual atmosfera solene, Shizuku se lembrou do senso de incongruência e ergueu suas sobrancelhas, mas ela foi superada pela surpresa da informação que Nia trouxe, a sensação ruim da aluna foi intensificada.
— A primeira barreira foi destruída.
—… o que foi que aconteceu?
Nia contou a verdade enquanto Shizuku instintivamente a questionava.
— Os Demônios estão invadindo. Um enorme exército estava avançando pelas imediações da Capital Real e o ataque deles quebrou a grande barreira.
— … não pode ser, como foi que eles…
A informação era tão inacreditável que até Shizuku perdeu sua calma e ficou aturdida.
Os outros colegas também estavam no mesmo estado, eles começaram a murmurar ruidosamente. O exército dos Demônios; era impossível para eles serem capazes de invadir a capital do Reino sem atrair a atenção de ninguém; com a grande barreira sendo destruída ficava ainda mais difícil aceitar a situação. Era inevitável que eles não fossem capazes de manter a calma.
— … apenas a primeira da enorme barreira foi destruída?
Assim, com uma expressão séria, Kouki fez uma pergunta a Nia. A grande barreira que protegia o Reino era composta de três partes, a primeira, no lado de fora, a segunda e então a terceira barreira; a terceira era a mais forte, já que cobria a menor escala de terra em comparação com as outras.
— Sim. Por ora... entretanto, a primeira barreira foi quebrada com um único golpe. É apenas uma questão de tempo antes que eles atravessem tudo…
Para a resposta de Nia, Kouki sugeriu que todos ajudassem a repelir o exército inimigo.
— Mesmo que seja só um pouco, nós devemos ajudar a conseguir tempo. Enquanto isso, os residentes do Reino devem se abrigar, se o corpo de exército[2] e os Cavaleiros estão preparados…
Havia poucos que mostraram uma expressão decidida com as palavras de Kouki. Shizuku, Ryutaro, Suzu e apenas os grupos de vanguarda, como o grupo de Nagayama.
Os outros estudantes só estavam com um olhar sombrio enquanto desviavam seus olhos. Eles eram pessoas que perderam a vontade para se colocarem na linha de frente. Subitamente desafiar um enorme exército apenas aumentou a hesitação deles.
“Então, mesmo se formos apenas nós...”, Kouki começou a fortalecer sua determinação, mas, surpreendentemente, Eri Nakamura respondeu.
— Espere Kouki-kun. Ao invés de lutarmos por conta própria, eu acho que devemos nos reunir com Meld e os outros.
— Eri… mas...
— Nia-san, o exército... quanto você sabe sobre eles?
— … eles são aproximadamente cem mil Demônios.
Os estudantes prenderam seus fôlegos quando escutaram o número.
— Kouki-kun. Não podemos contê-los sozinhos. Nós temos que enfrentar números com números. Mesmo que sejamos mais fortes do que pessoas comuns, eu acho que devemos ir para o local onde somos mais necessários. Ou seja, não deveríamos cooperar lado a lado com o grupo de Meld?
Apesar de vir da modesta e dócil garota de óculos, Eri, a força em seus olhos não era menor do que a de Kouki e os outros. E a opinião dela era justificada.
— Un, Suzu concorda com Eririn. Como esperado da Eririn de Suzu! Esses óculos não são apenas para exibição!
— Suzuuuuu… os óculos não têm relação com issoooo.
— Fufu, eu também concordo com Eri. Eu perdi a minha calma por um tempo. E quanto a você Kouki?
Com as opiniões das três garotas, Kouki estava hesitante. Contudo, após cuidadosamente pensar no julgamento de Eri, e como Kouki também confiava muito nela, no fim, ele decidiu se juntar aos Cavaleiros de Meld e o corpo de exército como a garota de óculos sugeriu.
Kouki e os outros alunos começaram a correr para onde os Cavaleiros e Soldados estavam se mobilizando. Ninguém notou o sorriso em forma de lua crescente ao lado deles…
Quando Kouki e os outros chegaram no ponto que era designado como um local para encontros de emergência, muitos Soldados e Cavaleiros já estavam alinhados de forma correta, o Vice-Comandante dos Cavaleiros, Jose Rancaid, estava na plataforma informando seus homens em voz alta. Enquanto eram banhados pela luz do luar, os Soldados estavam todos parados com expressões pálidas e aturdidas, eles apenas encaravam Jose sem vigor.
Assim, Jose, que notou que Kouki e os estudantes acabaram de entrar na praça, parou de falar e acenou para o Herói.
— … bom trabalho vindo até aqui. Você entende a situação?
— Sim, nós já escutamos sobre isso de Nia. Eh, onde está Meld-san?
Kouki assentiu com a cabeça para as palavras e pergunta de Jose, e ele não viu a figura de Meld enquanto olhava ao redor, então o aluno perguntou sobre o paradeiro do Comandante.
— O líder está lidando com algumas coisas. Mais importante, saa, venha para o centro. O Herói é nosso líder afinal…
Como disse Jose, Kouki e alguns outros alunos foram guiados para o meio de onde os Soldados estavam em fila. Os colegas de classe que ficaram para trás, — Eh? Nós também? —, mostraram expressões confusas enquanto eram cercados por Soldados silenciosos, eles não poderiam fazer nada além de seguir Kouki e os outros.
Passando pelo silêncio, as expressões dos Soldados ao redor não mudaram nada, junto das aparências dos Cavaleiros, o sentimento de incongruência começou a crescer em Shizuku. Era o mesmo sentimento ruim que ela teve desde o início quando acordou; o coração de Shizuku estava em conflito. Inconscientemente, ela colocou força na mão que estava segurando sua katana negra.
E quando Kouki e os outros foram completamente cercados pelos Soldados e Cavaleiros, Jose recomeçou seu discurso.
— Todos, o exército inimigo se aproxima. Contudo, não há o que temer. Não há inimigos que podem nos enfrentar. Nós não conhecemos a derrota. A morte não vai nos alcançar. Sa, todos, recebam nosso Herói. Agora mesmo, nós existimos para este dia. Sa, saquem suas espadas.
Os Soldados e os Cavaleiros sacaram suas espadas.
— Esse é o início do massacre. Observem com atenção.
Jose pegou algo de seu peito e o segurou sobre sua cabeça. Como instruído, não apenas os Soldados, mas também Kouki e os estudantes prestaram atenção.
E...
Ka!!
Luz irrompeu.
O item que Jose estava segurando liberou uma luz brilhante que era comparável a granada de atordoamento[3] de Hajime. Kouki e os alunos, que estavam prestando atenção, ficaram completamente indefesos, eles desviaram seus olhos na mesma hora e os cobriram enquanto gritavam, suas visões ficaram temporariamente bloqueadas por olharem para a luz.
E, no instante seguinte…
Zuburiiii!
... incontáveis sons intensos ressoaram.
— Aguuuu?
— Gaaaaa!
— Gufuuuu!?
Na sequência, gritos abafados foram ouvidos de vários lugares.
Os gritos eram diferentes dos causados pela luz de um momento atrás. Era a voz que surgia pela agonia e a dor. Então, depois disso, houve o som de incontáveis pessoas caindo no chão.
No meio de tudo isso, apenas Shizuku entendeu a causa. Após entrar no espaço aberto, a cautela dela aumentou ao máximo. Ela sentiu que havia algo errado no discurso de Jose. Por isso, quando o clarão de luz explodiu, ela assumiu uma postura defensiva sem ser abalada e a seguir foi capaz de bloquear a lâmina do assassino com sua katana negra. Era provavelmente a dádiva do treinamento que a permitiu confiar nas presenças que ela sentia enquanto seus olhos estavam cegos.
E depois que a luz desapareceu, Shizuku começou a olhar ao redor enquanto sua visão começava a se recuperar, cada um de seus colegas de classe foi perfurado nas costas pelas espadas de Cavaleiros e Soldados e estavam sendo segurados contra o chão.
— O que isto…
Eles soltaram gemidos enquanto eram derrubados e segurados de cima, além disso, olhando para as figuras de seus colegas, que tinham espadas em suas costas, a voz de Shizuku estava presa em sua garganta. “Não pode ser”, ela começou a imaginar o pior desfecho onde todos eles estavam mortos, porém, parecia que todos ainda estavam vivos, já que suas vozes de agonia podiam ser ouvidas.
Apesar de ela ficar um pouco aliviada por saber disso, Shizuku mostrou um olhar austero para os Soldados cercando a situação inesperada, uma cena estranha foi refletida dentro da multidão e, sem querer, ela se enrijeceu.
— Ara-ra, eu deveria dizer que isso era esperado? Nee, Shizuku?
— Eh? Eh… o que você está... !?
Sim, enquanto todos os outros colegas de classe estavam em condições críticas no chão, havia apenas uma pessoa que estava de pé com tranquilidade. Essa pessoa era completamente diferente de sua forma habitual, com uma voz grudenta, ela falou com Shizuku. Como a aura dela mudou demais, as perguntas e dúvidas de Shizuku estavam presas em sua garganta.
Nesse momento, mais uma vez, um Cavaleiro golpeou sua espada na direção das costas da garota.
— Ku!?
Enquanto ficava abalada com a súbita mudança na outra pessoa, Shizuku mal foi capaz de desviar e se virou para a pessoa com um olhar impressionada.
— Você também desviou disto, huh... é sério, Shizuku é uma pessoa problemática, huh?
— O que você está dizen-!?
Aumentando ainda mais a intensidade, os Soldados e Cavaleiros se juntaram e atacaram com suas espadas. Shizuku superou todos eles e então, de repente, virou seus olhos quando seu nome foi chamado.
— Shizuku-sama! Ajude…
— Nia!
Lá estava a figura de Nia atirada no chão com um Cavaleiro em cima dela e uma espada a ponto de atingi-la. Shizuku imediatamente chegou ao lado de Nia em um instante com sua habilidade de movimento instantâneo, Sem Batida, ela desferiu sua bainha contra o Cavaleiro que estava atacando Nia e o atirou para longe.
— Nia, você está bem?
— Shizuku-sama…
Enquanto ajudava Nia a se levantar do chão, Shizuku olhou ao redor com atenção.
Para essa Shizuku, Nia murmurou e envolveu ambas as mãos ao redor da aluna.
E...
… uma adaga foi enfiada nas costas de Shizuku.
— Agu!? Ni-Nia? Por-por que…
— …
Com uma expressão que mostrava que ela não podia acreditar no que tinha acontecido e com uma careta devido a dor intensa de suas costas, Shizuku olhou para Nia que estava se agarrando a ela.
Sua expressão já não tinha seu olhar alegre nem a familiaridade de antes, ela apenas devolveu o olhar de Shizuku.
A estudante finalmente encontrou a resposta. No início, ela pensou que o estado de Nia era devido ao Reino sendo invadido, contudo, não era isso, a aura dela era quase idêntica a dos Cavaleiros e Soldados sem expressão que a cercavam, havia definitivamente uma razão diferente para isto.
Nia prendeu o braço de Shizuku e o torceu enquanto imobilizava a estudante contra o chão, ela então colocou grilhões que selavam a magia, exatamente como aconteceu com todos os outros estudantes.
— Ahahaha, como imaginado, até mesmo para Shizuku, você com certeza não esperava que essa garota pudesse se voltar contra você, não é? Un un, isso está correto, não está? Foi por isso que eu gastei algum tempo preparando isso.
Com uma dor escaldante percorrendo suas costas e apertando seus dentes no chão frio, Shizuku percebeu que algo foi feito aos Soldados e Nia. E apesar de ela não querer admitir, a cena desastrosa que se desenrolava diante dela, neste momento, a Espachim chamou sua amiga íntima, que tinha um sorriso cínico estranho em seu rosto.
— O que isto… significa… Eri?
Correto, essa pessoa, que era modesta e quieta, atenta e gentil, uma companheira confiável de Shizuku e dos outros alunos com quem eles compartilharam alegrias e tristeza, essa pessoa era Eri Nakamura.
Mesmo com ferimentos sérios, os estudantes, que foram atacados e ainda estavam vivos, não poderiam fazer nada além de ficarem com expressões cheias de agonia; eles observavam a expressão de Eri enquanto ela calmamente andava e tratava os Soldados como se fosse a superior deles.
Ao invés de responder a pergunta de Shizuku, Eri começou a rir de forma estranha como se estivesse se divertindo enquanto se movia na direção de Kouki. E após tirar seus óculos, ela puxou o colar que selava magia preso no pescoço de Kouki com um sorriso atraente.
— E-Eri… mas… o que… gu… aconteceu…
Embora não chegasse a extensão de Shizuku, que era amiga de infância dele, Eri, que era uma de suas companheiras e amiga íntima, tinha uma aura muito diferente ao redor dela, Kouki desesperadamente a questionou enquanto suportava a dor da espada que percorria seu corpo. Entretanto, a garota tinha uma expressão alucinada que continha ardor e ela ignorou a pergunta do rapaz.
Então...
— Aha, Kouki-kun, Euuuu pegueiiii vocêêê.
Enquanto dizia isso, ela colocou seus lábios sob os de Kouki. Dentro do silêncio estranho que cercava a área, um som vívido de água podia ser ouvido. Eri estava insanamente liberando suas emoções por Kouki como se estivesse as guardando por anos.
Apesar de Kouki não poder entender o que estava acontecendo, ele estava tentando se livrar dela com desespero, porém, o aluno foi segurado por várias pessoas, junto com o colar que selava magia, como todos os outros estudantes, ele também tinha suas mãos e pés presos, além disso, seu poder foi minado com a espada que estava presa em seu corpo.
Quando ela finalmente se satisfez, Eri separou seus lábios enquanto criava um fio prateado. Então, com uma expressão eufórica em seus olhos, ela lambeu seus lábios e começou a se levantar lentamente, ela então encarou os estudantes que estavam imobilizados e sangravam. Expressões absortas assim como expressões agonizadas estavam presentes. Quando a garota viu tal espetáculo, a aluna assentiu em satisfação, seus olhos pararam em Shizuku e ela sorriu.
— Maa, esse tipo de coisa. Shizuku.
— … o que você quer dizer… kofu…
Com uma expressão que mostrava que ela não entendia, Shizuku vomitou sangue enquanto encarava Eri, a garota sacudiu sua cabeça com uma expressão que dizia, "Erro meu", e começou a falar sobre sua motivação como se estivesse falando com um bebê.
— Uuuun, você não compreende, huh? Sabe, eu sempre quis Kouki-kun. Por esse motivo, eu fiz o que era necessário para obtê-lo. É tão simples quanto isso.
— … se você gostava de Kouki, então... se você se confessasse... este tipo de situação…
Em resposta a objeção de Shizuku, por um momento, Eri ficou sem expressão. Contudo, ela começou a falar e formou seu sorriso cínico mais uma vez.
— Isso é inútil, inútil, inúúúútil. Se confessar é inútil. Kouki-kun é generoso, então não há formas de ele ver alguém como especial. Mesmo se exista apenas lixo sem valor ao redor dele, ele não as deixaria sozinhas porque ele é benevolente demais. Por isso, com o objetivo de tornar Kouki-kun apenas meu, eu tive que trabalhar duro e me livrar de todo o lixo em seus arredores.
“Você não consegue entender nem isso?”, Eri encolheu seus ombros como se isso fosse algo tolo. Apesar de serem chamados de lixo, os estudantes não estavam com raiva já que estavam surpresos demais com a súbita mudança. Para a pessoa diante dela mudar tanto, Shizuku olhou para a garota como se esta fosse a primeira vez que elas se encontravam.
— Fufu, foi algo bom sermos enviados para um mundo diferente. No Japão, teria sido realmente difícil me livrar do lixo, era duro viver lá. É claro que eu não permitirei que sejamos enviados de volta após esta guerra terminar. Junto de Kouki-kun, nós dois vamos continuar vivendo aqui para todoooo o sempreeee.
Enquanto olhava para Eri rindo e se entretendo, um palpite impossível veio à mente de Shizuku e ela involuntariamente o compartilhou.
— … não pode ser… o motivo para a grande barreira... ser destruída com tanta facilidade foi porque...
— Ahaha, então você notou isso? Correto, fui eu. Eu disse a eles para quebrarem o Artefato que mantinha a grande barreira.
Parecia que o pior cenário possível que Shizuku pensou se tornou realidade. A razão para os Demônios serem capazes de chegar nas periferias do Reino sem serem notados e facilmente quebrarem a grande barreira, tudo foi obra de Eri. A linha de visão de Eri estava voltada para os Soldados e Cavaleiros sem alma que estavam de pé ao lado dela; ela provavelmente os disse para fazerem isso.
— Se eu matasse vocês, eu não poderia mais permanecer no Reino... foi por isso que eu entrei em contato com os Demônios, levando o Reino em direção a destruição com as habilidades que recebi neste mundo, eu vou mandar os Cavaleiros que transformei em marionetes para as terras dos Demônios como tributos, então seremos apenas eu e Kouki-kun.
— Impossível… para entrar em contato com os Demônios…
Kouki, após conseguir se recuperar do choque do beijo, murmurou com uma expressão que mostrava que ele não podia acreditar nisso. Eri esteve treinando com todos eles no Reino por muito tempo. Dentro da enorme barreira em que os Demônios não seriam capazes de entrar, deveria ser impossível entrar em contato com eles, ele começou a usar esses argumentos enquanto tentava acreditar em Eri.
Entretanto, a moça facilmente quebrou suas esperanças.
— A mulher da raça dos Demônios que nos atacou no Grande Calabouço Orcus. Enquanto partíamos, eu rapidamente fiz algo, eu usei Necromancia. Como esperado, os Demônios vieram recuperar o corpo dela, então eu aproveitei a oportunidade. Com essa situação, eu fiquei nervosíssima. Se o que eu propus fosse rejeitado e eu fosse assassinada... involuntariamente, eu usei a Necromancia... eu não queria que eles duvidassem de mim, assim mostrei minha Necromancia para aumentar meu valor... maa, no fim, tudo correu bem…
De acordo com as palavras de Eri, ela usou Necromancia na mulher da raça dos Demônios e deixou uma mensagem para os Demônios que iriam procurar por ela, já que a companheira não voltou. Graças a isto, Mikhail soube como Cattleya tinha morrido. Junto a isto, ela se comunicou com os Demônios através de um cadáver "humano" apropriado.
Quando a história de Eri foi ouvida, Shizuku se lembrou da Necromancia da garota e seu rosto que já estava pálido pela perda de sangue ficou ainda mais pálido.
Necromancia era a magia que agia nos pensamentos residuais do cadáver. Ela escondeu o fato de que poderia usar isso perfeitamente. Se fosse isso, então todos os Cavaleiros e Soldados que pareciam não possuir alma e cercavam Shizuku e os outros... o pior cenário possível chegou a mente da Espadachim quando ela pensou em Nia, que a segurava contra o chão.
— A razão... para as aparências... dessas pessoas é…
— É claro que é por causa da Necromanciaaaa. Todos já estão mortoooos. Ahahahahahaha!
Shizuku cerrou seus dentes enquanto ela recebia a resposta cruel e uma refutação desesperada foi ouvida.
—… isso é mentira... os mortos-vivos... não podem falar... eles não deveriam... ser capazes de fazer isso!
— Veja, isso é devido a minha habilidade. Apesar de algumas memórias e padrões de pensamentos durante suas vidas serem adicionados para eles serem capazes de falar, isso foi minha ideia original para a Necromancia, Amarrar Alma, eu acho? Ah, mesmo assim, o senso de incongruência permaneceu, huh. Eu não fui capaz de cuidar de tudo em um dia, então eu comecei a me preocupar sobre o que fazer... um dia, uma pessoa ofereceu sua cooperação. Uma pessoa com lindo cabelo prateado. Eu estava surpresa por meu plano ser descoberto, nesse instante, eu preparei minha resolução para várias coisas... não era certo que eu seria acusada naquele momento, embora eu não pudesse confiar nessa pessoa, eu podia ao menos me aproveitar delaaaa.
— É sério, foi tão assustadoooor —, Eri fingiu estar limpando seu suor. Muito provavelmente, houveram vários processos que resultaram nessa situação, mas ela não mostrou indícios de que iria os explicar.
— Na verdade, eu acidentalmente coloquei minhas mãos em um assistente próximo do Rei, então eu sou incrível, não sou? Em contrapartida, ele ficou igual a uma pessoa drogada e perigosa. Maa, graças a isso eu fui capaz de prosseguir com meus planos com rapidez. Kufufu, está tudo bem! Eu não desperdiçarei as mortes de vocês. Eu vou corretamenteeee reciclá-los e permitir que os Demônios os usem!
Originalmente, eles só agiram através de pensamentos residuais com o uso da Necromancia, mas se você levasse em consideração a intenção da pessoa morta enquanto ainda viva, os pensamentos residuais seriam envolvidos por magia assim que o alvo voltasse a vida, ele se moveria da forma que o Mago desejava, alternando com uma forma onde técnicas eram usadas para possuir um corpo e fazê-lo obedecer ao Mago.
O desempenho do morto-vivo era normal, embora incomparável com quando ele estava vivo, ele não se moveria a menos que fosse ordenado, já que não possuía mais a capacidade de pensar por conta própria. É claro que se você desse uma ordem como — Continue atacando —, eles continuariam por serem capazes de se mover sem o uso de instruções detalhadas.
Em outras palavras, quando Nia e Jose falaram com Shizuku e os alunos, eles não tinham capacidade de pensar, isso deveria ser impossível com o uso de Necromancia. Era por isso que havia um senso de incongruência, a técnica que Eri chamou de Amarrar Alma era uma técnica que acrescentava memória e padrões de pensamentos para o cadáver através da extração do restante do espírito do alvo.
Esta era basicamente uma habilidade para interferir com a alma. Ou seja, Eri conseguiu trabalho duro e adentrou no reino da Magia da Era dos Deuses por conta própria. Definitivamente uma trapaça, embora ela dissesse com frequência que era incompatível com a Necromancia, essa quantidade de estudo e o talento no nível de um gênio era algo que merecia admiração. Por outro lado, isso também poderia ser por seu imenso ímpeto por sua obsessão.
A propósito, a razão para Eri não matar imediatamente seus colegas de classe era porque o Amarrar Alma só poderia ser usado uma vez logo após a morte.
— Guu… pare… Eri! Se você fizer essas coisas… eu…
— Não vai me perdoar? Ahaha, eu imaginei que você diria isso. Kouki-kun é amável. Além disso, não importa quanto lixo eu limpe... dessa forma, eu também vou usar Amarrar Alma em Kouki-kun; eu vou ser capaz de te tornar meu. Ninguém mais, apenas olhando para mim, cumprindo cada um dos meus desejos! Apenas meu Kouki-kun! Aa, aa! Só imaginar isso faz com que eu me sinta tendo um orgasmo!
Eri começou a se abraçar e contorceu seu corpo com uma expressão ninfoléptica[4]. Não havia mais a aparência da garota calma que fazia parte do comitê de livros. Todos os colegas pensaram. “Ela ficou louca”. Amarrar Alma era uma habilidade especificamente feita para facilitar e aumentar ainda mais a conveniência da Necromante ao dar instruções, contudo, não havia como mudar o fato de que uma marionete era apenas uma marionete. Mesmo que ela entendesse isso, ela ainda não parecia se incomodar com esse tipo de Kouki.
— Mentira... isso é mentira! Uu, Eririn não é... não tem jeito de Eri fazer isto! Com certeza... algo... é isso... ela está sendo manipulada! Recobre seus sentidos Eri!
Suzu, que era a melhor amiga de Eri, gritou com uma expressão aflita enquanto ofegava com a dor. Ela estava arranhando o chão com suas mãos como se estivesse tentando rastejar na direção de Eri. A garota se virou para Suzu e olhou os olhos dela com um sorriso. Ela lentamente caminhou em direção a pessoa mais próxima, que estava deitado no chão: Reiichi Kondo.
Kondo sentiu um mau pressentimento, — Hiiii —, ele soltou um grito enquanto tentava se afastar, mesmo que só um pouco de Eri, que se aproximava. Naturalmente, ele estava sendo imobilizado, a única coisa que ele poderia fazer era gritar, já que sua magia também estava selada.
Eri, que foi até o lado de Kondo, o fez mais uma vez tremer de medo e o mostrou um sorriso. Kouki e os outros estavam erguendo suas vozes, — Pare! Pare com isso!
— Pa-pare!? Gaa, ah, agu…
Os gritos abafados de Kondo começaram a surgir. A espada foi mais uma vez enfiada nas costas do rapaz, porém, desta vez, foi no local em que seu coração estava. Por pouco tempo, apesar de Kondo se debater e mostrar sua tenacidade devido a seu poderoso Status, seus movimentos logo ficaram fracos, e... ele parou de se mover por completo.
Eri colocou suas mãos em Kondo e começou a murmurar um encantamento. Após completar o encantamento e murmurar o nome da magia, Amarrar Alma, um Kondo semitransparente se sobrepôs com seu próprio corpo.
Depois disso, o Cavaleiro que estava prendendo o garoto se levantou e se afastou um passo. Kouki e os outros alunos esperaram ansiosamente, Kondo, cujo coração deveria ter sido destruído, lentamente levantou seu corpo, ele ficou de pé com uma expressão sem vida, da mesma forma que os Soldados e Cavaleiros ao redor.
— Siiiim. Uma marionete foi completadaaaa.
A voz animada de Eri ressoou enquanto os outros estudantes olhavam para Kondo com surpresa assim que ele ficou de pé parado sem dizer nada e sem nenhuma expressão. Agora mesmo, uma pessoa foi finalmente morta, para a cena de morte, eles não poderiam transmitir seus pensamentos.
— E-Eri… por que...
Para Suzu, que tentou fazer uma pergunta com uma expressão chocada, Eri compartilhou a pior conclusão possível.
— Nee, Suzu? Obrigado. No Japão e mesmo aqui, você foi muito conveniente para usar e me manter próxima de Kouki-kun.
— … eh?
— Eu tive que desistir. A atmosfera entre Kouki-kun enquanto ele era cercado por Shizuku e Kaori era demais. Se você se aproximasse sem cuidado, outras garotas iriam criar buracos em você com os olhos... como não tínhamos poderes daquele lado, era questão de tempo até você se autodestruir por tentar se aproximar. A esse respeito, eu sou grata a existência de Suzu. Você parecia ser radiante, não importava quão tolamente usada e exposta você era. Mesmo se eu me aproximasse de Kouki e dos outros, ninguém iria se queixar sobre isso. Por esse motivo, a posição de “melhor amiga de Suzu Taniguchi” era muito conveniente. Graças a vocês eu fui capaz de ficar perto de Kouki-kun do outro lado, e mesmo quando chegamos em um mundo diferente, nós conseguimos ficar no mesmo grupo… un, Suzu era mesmo conveniente! Portanto, obrigado!
— … ah, uu, ah…
Com o choque da confissão de Eri, o som de algo se quebrando dentro de Suzu ressoou. Suzu descobriu que sua melhor amiga, com quem ela sempre esteve junta e acreditou por todo esse tempo, não era nada mais do que uma fantasia. Até a luz do escapismo em seus olhos desapareceu.
— Eriiii! Você é-!
Para as palavras extremas, Shizuku gritou com raiva. Nia, que se tornou uma marionete, puxou a cabeça da garota pelo cabelo e a bateu contra o chão. Entretanto, como se ela estivesse dizendo — Isso não é nada —, os olhos de Shizuku se incendiaram com a ira.
— Fufu, você está zangada, huh? Essa expressão que você tem é muito boa. Eu te odeio com força. Seu rosto combina tão naturalmente com Kouki-kun e até seus olhos carregam um senso de atitude condescendente, eu odeio tudo em você. Por isso, para você em particular, eu vou dar um papel especial.
— … um papel… o que você quer dizer?
— Kufu, nee? Que tipo de sentimentos você teria por matar sua melhor amiga após se encontrar com ela depois de muito tempo?
Com essas palavras, os olhos de Shizuku se arregalaram assim que ela imaginou o que Eri estava planejando fazer.
— … não pode ser, Kaori!?
Como se dissesse, — Você acertou em cheio! —, Eri começou a bater palmas com um sorriso cínico em seus lábios. Enquanto usava Shizuku como um fantoche, Eri iria tentar assassinar Kaori.
— Estaria tudo bem apenas deixá-la com Nagumo, mas... há uma pessoa que disse, "Eu amaria ter essa pessoa como minha marionete"! Eu fui ajudada de várias formas, então eu decidi dar a essa pessoa uma recompensa. Eu sou alguém que cumpre suas promessas afinal! Eu sou mesmo uma boa mulher, não sou?
— Pare de fazer piadas! Gofu…aguuuuu!?
Enquanto se irritava, Shizuku, que tentou se mover, conseguiu apenas aumentar a ferida que foi infligida a ela; a lâmina de Nia afundou ainda mais.
— Aha, isso é doloroso? Isso machuca? Eu sou tão benevolente. Neste momento, eu vou te livrar de sua dor…
Desta vez, parecia que era a vez de Shizuku; com um sorriso cínico, a outra garota se comprometeu. Kouki e os outros desesperadamente tentaram resistir a uma ilusão de Shizuku se tornando um fantoche como Kondo que invadiu suas mentes.
A resistência de Kouki em particular era muito mais intensa, enquanto erguia sua voz com desespero, rachaduras começaram a aparecer nos cinco grilhões que selavam magia e estavam postos nele. Ele usou o Superar Limite? Uma pressão terrível começou a transbordar de seu corpo.
Contudo, os Cavaleiros, cujos limitadores cerebrais foram removidos, mostraram forças extremas incomparáveis com suas versões vivas e prenderam suas juntas com perfeição, não era possível para o Herói se livrar deles. A expressão de Kouki foi tomada pelo desespero.
Shizuku estava focando sua consciência para se impedir de desmaiar por causa da quantidade de sangue que ela perdia, a Espadachim decidiu que até o momento final, ela continuaria a encarar os olhos de Eri com uma raiva feroz até que a outra desviasse seus olhos.
Com isso, Eri a olhou de cima com um sorriso em seus lábios, ela queria realizar os ritos finais por conta própria? A Necromante recebeu uma espada de um Cavaleiro próximo.
— Te vejo mais tarde então? Shizuku. Fingir ser sua amiga quase me fez querer vomitar.
Apesar de Shizuku estar encarando Eri, dentro de seu coração, ela estava olhando na direção de sua melhor amiga. Embora ela soubesse que não a alcançaria, mesmo assim, pensando sobre a tragédia que estava por vir no futuro, ela ofereceu suas preces para sua melhor amiga que estava em uma viagem em algum lugar do mundo.
“Eu sinto muito Kaori. Na próxima vez que nos encontrarmos, por favor, não confie em mim... continue viva... obtenha felicidade…”
A espada do Cavaleiro que estava sendo segurada pelas mãos da outra garota refletia a luz da Lua e brilhava. E como se estivesse enfiando uma estaca de madeira em um Vampiro, a afiada ponta da espada foi rapidamente empurrada na direção do coração de Shizuku.
Enquanto observava o perigo se aproximando, Shizuku rezou. “Por favor, permita que minha melhor amiga sobreviva, por favor, permita que ela obtenha felicidade. Apesar de ir na frente, o meu cadáver vai acabar te ferindo, mas, como ele está perto de você, tenho certeza que você ficará bem. Viva com força, conquiste a felicidade com sua pessoa amada... por favor…”
Desvanecendo, o mundo começou a passar lentamente dentro da mente de Shizuku nesse momento. “Ah, esta é minha vida passando diante de meus olhos…”, finalmente, Shizuku começou a pensar que a espada iria agora perfurá-la; sua vida...
… não foi tomada.
— Eh?
— Eh?
A voz de Eri soou junto da de Shizuku.
A espada do Cavaleiro que Eri desferiu foi detida por uma barreira que era do tamanho de uma palma. As duas que estavam completamente espantadas com o que aconteceu ouviram a voz de alguém que não deveria estar ali. Sendo encurralada, a voz estava cheia de impaciência. Essa era a pessoa que Shizuku estava desejando felicidade; a voz de sua melhor amiga.
— Shizuku-chan!
Notas
[1] A partir desse capítulo vou deixar de usar a notação japonesa para nomes (Sobrenome + Nome), e vou usar a notação que usamos (Nome + Sobrenome).
[2] Um corpo de exército constitui uma grande unidade militar, tradicionalmente composta por duas ou mais divisões, além de tropas de corpo, totalizando um efetivo médio de 20.000 a 80.000 militares. Dois ou mais corpos de exército poderão formar um exército.
[3] Uma granada de atordoamento, também conhecida como granada de luz e som, é um explosivo não-letal usado para desorientar temporariamente os sentidos dos inimigos. Ela é projetada para produzir um clarão de luz cegante e um altíssimo barulho, de mais de 170 decibéis (dB), sem causar danos permanentes. Foi usada pela primeira vez pelo SAS (Serviço Aéreo Especial) do Exército Britânico no final da década de 1970. O clarão produzido momentaneamente ativa a todas as células fotorreceptoras no olho, impossibilitando o funcionamento da visão por cerca de cinco segundos até a restauração do funcionamento normal, livre de estímulos, do olho. Uma pós-imagem também será visível por um tempo considerável, prejudicando a capacidade da vítima de mirar com precisão. O alto estrondo tem a intenção de causar perda temporária da audição, e também perturba o fluido do ouvido, causando a perda do equilíbrio.
[4] Ninfolepsia era a crença dos antigos gregos de que indivíduos poderiam ser possuídos por ninfas. Na cultura moderna, ninfolepsia também pode ser definida como "uma paixão despertada nos homens por lindas garotas mais jovens" ou "frenesi selvagem causado pelo desejo por um ideal inalcançável".