Volume 3
Capítulo 68: Hajime se torna papai (Parte 2)
Depois que eles deixaram o aquário de Meerstat e almoçaram, Hajime e Shia passearam pelo labirinto de canteiros de flores e a avenida dos artistas de rua. No braço de Shia, havia muitas embalagens de comida compradas de várias barracas e ela estava atualmente ocupada com o sorvete de creme.
(Hajime): “Você come muito... está tudo tão bom assim?”
(Shia): “Nom… sim! Eles são mesmo deliciosos. Como esperado de |Fhuren|, até o nível de suas barracas de comida é alto”
(Hajime): “… você vai ficar gorda se comer demais”
(Shia): “… Hajime-san, essas são palavras que não devem ser ditas para uma mulher”
Por causa das palavras de Hajime, a mão que ela estava usando para comer parou por um momento enquanto ela inventava desculpas em voz baixa, "Eu vou me exercitar mais tarde... eu também vou comer menos amanhã...", e Shia continuou aproveitando os doces das barracas. Enquanto Hajime caminhava ao lado de Shia com um sorriso irônico, sua expressão subitamente mudou para uma de dúvida. Ele se virou e olhou para baixo.
Shia o notou e perguntou enquanto inclinava sua cabeça, “Nn? Há algo errado Hajime-san?”.
(Hajime): “Nn... ??? A ‖Percepção de Presença‖ detectou uma presença alarmante…”
(Shia): “Você está usando a ‖Percepção de Presença‖?”
(Hajime): “Eu sempre ativo ela como precaução”
(Shia): “Uuuun? Mas, você está mesmo tão preocupado? E mesmo que você diga uma presença…”
Shia olhou ao redor, ela inclinou sua cabeça e disse, "Há muitas pessoas por aqui, sabia?”.
(Hajime): “Não, não foi isso o que eu quis dizer... o que eu detectei, está em baixo?”
(Shia): “Em baixo? Você está se referindo a drenagem[1]? Umm, não seria só o pessoal da manutenção?”
(Hajime): “Nesse caso, eu não estaria preocupado com isso. É uma presença pequena e fraca... quem sabe seja uma criança? Além disso, uma enfraquecida”
(Shia): “Eh!? Is-isso é ruim! É-é possível que a criança caiu dentro de um buraco e se afogou! Hajime-san! Vamos atrás dela! Me mostre o caminho!”
No momento que Shia ouviu a explicação de Hajime, ela imediatamente começou a correr. Apesar das palavras de Aiko sobre sua "forma solitária de viver" ficarem marcadas em seu coração, na verdade, foi Shia que se moveu mais rápido do que ele, o que o fez sorrir ironicamente. A vivacidade e a simplicidade de Shia pareciam ser uma boa influência em Hajime.
Shia e Hajime perseguiram a presença se movimentando no subterrâneo com uma velocidade moderada. Pela estrutura da cidade, eles esperavam que a drenagem fluísse ao longo da rua. Logo após eles passarem pela presença, ele pressionou sua mão no chão e o transmutou. Faíscas vermelhas surgiram e um buraco conectado com o subterrâneo imediatamente se abriu.
Hajime e Shia pularam sem hesitação dentro do buraco. Ele então usou a ‖Aerodinâmica‖, segurou Shia logo antes de caírem dentro da drenagem que liberava um mau cheiro e eles aterrissaram nas passagens em ambos os lados dos canais.
(Shia): “Hajime-san, eu também posso sentir a presença. Eu vou pular e puxá-la!”
(Hajime): “Não, está tudo bem”
Hajime parou Shia, que tentou pular sem se incomodar com o fato de suas roupas ficarem sujas, ao segurar ela pela nuca. Ele então mais uma vez pressionou sua mão no chão e usou a ‖Transmutação‖. Uma grade foi criada juntamente com as faíscas vermelhas no canal. Como a grade foi posta diagonalmente, a criança sendo arrastada se moveu na direção deles e parou quando foi pega pela grade. Hajime operou o dispositivo em seu braço esquerdo. Seu braço se esticou para segurar a criança e ele a puxou para a passagem.
(Shia): “Esta criança…”
(Hajime): “Bem, esta criança ainda está respirando... vamos sair daqui por enquanto, o cheiro é muito ruim aqui”
Vendo a criança que eles salvaram, Shia arregalou seus olhos pela surpresa. Hajime também tinha conhecimento da aparência da criança, então ele também estava surpreso. Contudo, a atual localização deles não era boa, tanto fisicamente quanto mentalmente, então eles se mudaram para outro local.
Por algum motivo, já que parecia que isso não tinha sido um acidente onde uma criança caiu no canal e se afogou, Hajime, que estava hesitante sobre voltar para a rua pelo buraco que ele criou mais cedo, usou ‖Transmutação‖ para fechar o buraco e abriu outra saída na passagem da drenagem depois de se lembrar da disposição dos prédios na superfície. Assim, enquanto segurava a pequena criança enrolada em um cobertor que ele pegou da [Caixa do Tesouro], ele começou a se mover.
Faíscas vermelhas repentinamente apareceram em um certo beco, e um buraco se abriu no chão. Aqueles que pularam de lá foram Shia e Hajime carregando uma criança com ele. Hajime usou ‖Transmutação‖ para fechar o buraco e ele voltou seu olhar para a criança que ele segurava.
Pela estatura da criança, ele ou ela deveria ter em torno de três ou quatro anos de idade. Com longos cabelos verde esmeralda e, apesar da criança estar suja, isso não mudava suas características adoráveis. A criança devia ser uma menina. Contudo, o que era mais chamativo eram suas orelhas. Diferente das dos humanos, suas orelhas eram barbatanas parecidas com um leque. Além disso, o que aparecia de dentro do cobertor era uma pequena mão parecida com uma folha de bordo[2] e uma fina película dobrada entre seus dedos.
(Shia): “Parece que esta garota veio da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋... mas por que ela está neste lugar…”
(Hajime): “Bom, estou certo de que não é por um bom motivo”
A tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋ era uma raça com uma posição consideravelmente especial até entre as raças dos ⌊Demi-Humanos⌋. Eles viviam na |Cidade Costeira de Elisen|, localizada ao largo da costa logo depois do |Grande Deserto Guruyuen| no Oeste do continente. Usando sua característica especial, a tribo era responsável por 80% dos produtos marinhos que apareciam no mercado deste continente. Essa era a razão para eles serem protegidos publicamente pelo |Reino Haihiri| apesar de eles serem uma raça de ⌊Demi-Humanos⌋. No fim, era tudo sobre o dinheiro, já que eles eram protegidos porque poderiam ser usados mesmo que a discriminação continuasse.
Era por isso que era inacreditável para uma pessoa da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋, que era protegida pelo |Reino|, ser arrastada pela drenagem de uma grande cidade no continente, ainda mais quando ela era apenas uma criança. O cheiro de crime era intenso.
Enquanto eles pensavam na garota da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋, o nariz dela se contraiu, seus olhos abriram e ela piscou. Então, as grandes e redondas pupilas começaram a encarar Hajime. Hajime, cujo olhar se encontrou com o dela, não olhou para longe e devolveu a encarada. Com a tensão incerta flutuando no ar, Shia, que parecia saber algo, se aproximou dela com uma expressão impressionada. Subitamente, o estômago da garota da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋ soltou um fofo ronco. Com seu nariz se contorcendo de novo, ela tirou seu olhar de Hajime e seus olhos foram atraídos para as embalagens que Shia comprou das barracas.
"Estes?", Shia pensou enquanto ela inclinava sua cabeça e movia as embalagens com espetos de carne dentro da direita para a esquerda. Exatamente como um ímã, o olhar da garota foi atraído. Aparentemente, ela estava com muita fome. Shia tentou pegar o espeto de carne da embalagem enquanto Hajime começava a falar com a garota e transmutava ao mesmo tempo.
(Hajime): “Okay, qual o seu nome?”
A garota cujos olhos foram capturados pelos espetos de carne que Shia estava segurando ficou surpresa e encolheu seu corpo quando faíscas brilhantes subitamente apareceram no chão seguidas de uma caixa quadrada flutuando. Hajime perguntou o nome dela mais uma vez, e depois que seu olhar vagou pelo local por um tempo, ela disse seu nome em um murmúrio.
(Garota): “… Myuu”
(Hajime): “Entendo. Eu sou Hajime e esta é Shia. Então, Myuu, se você quer comer o espeto de carne, primeiro lave a sujeira de seu corpo”
Hajime pegou água limpa que ele guardava dentro da [Caixa do Tesouro] e encheu a banheira que ele acabara de transmutar. Além disso, ele ajustou a temperatura da água usando um [Minério das Chamas] e o banho improvisado estava completo. É muito perigoso comer uma refeição com o corpo sujo com esgoto. Como ela parecia ter bebido a água da drenagem, era necessário tomar remédios desintoxicantes e bactericidas (produtos comercializados).
Pouco depois, Myuu respondeu ao tirar o cobertor junto de suas roupas sujas pela drenagem e entrou na banheira. “Ekk!”, apesar de seu corpo se encolher como se ela estivesse assustada, ela então semicerrou seus olhos quando seu corpo gradualmente se aqueceu. Hajime entregou os remédios e a toalha para Shia, passou o sabão para Myuu e ele saiu do beco para comprar algumas roupas para Myuu.
Quando Hajime voltou para o beco depois de comprar as roupas de Myuu, ela já tinha saído da banheira e estava sendo segurada por Shia, enrolada em um novo cobertor. Enquanto Shia estava segurando Myuu, ela disse, "Ahh", enquanto ela cortava pedaços de carne e alimentava a pequena boca de Myuu.... Seus cabelos sujos recuperaram seu brilho verde esmeralda e a luz refletida criava um halo[3] ao redor de sua cabeça.
(Shia): “Ah, Hajime-san. Bem-vindo de volta. Embora seja meu julgamento de amadora, não há problemas com Myuu-chan”
Quando Shia notou o retorno de Hajime, ela relatou enquanto continuamente esfregava o cabelo úmido de Myuu. Talvez por ela também notar a presença de Hajime, ela começou a encará-lo de novo enquanto mastigava. Ela devia estar julgando se ele era uma boa ou má pessoa.
Hajime respondeu as palavras de Shia acenando e pegou as roupas que ele comprou. Era um vestido branco como leite e feminino que parecia muito com o que Shia estava usando. Além disso, havia um calçado parecido com a sandália de um gladiador[4] e roupa íntima. Como os itens eram para crianças, ele estava preocupado com os olhos da balconista da loja quando ele os comprou.
Hajime caminhou em direção a Myuu, tirou o cobertor e colocou o vestido sobre a cabeça dela, rapidamente acompanhado pela roupa íntima. Ele se ajoelhou diante de Myuu e colocou as sandálias em cada pé. Junto a isto, ele pegou um Artefato que liberava um ar quente (em outras palavras, um secador de cabelo) da [Caixa do Tesouro] e secou o cabelo úmido de Myuu. Myuu ficou completamente imóvel, mas apesar de ela continuar encarando Hajime, ela gradualmente semicerrou seus olhos quando o ar quente agradável surgiu.
(Shia): “… o que posso dizer? Parece que Hajime-san é bom cuidando dos outros”
(Hajime): “O que você está dizendo tão de repente…”
Apesar de Hajime franzir o cenho com as palavras de Shia enquanto ele ainda secava o cabelo de Myuu, a aparência dele era a evidência de que ele era bom cuidando dos outros, então as bochechas de Shia relaxaram em um sorriso. Hajime se sentiu um pouco envergonhado e mudou de assunto.
(Hajime): “Bem, sobre o que fazer…”
(Shia): “Sobre o que devemos fazer com Myuu-chan, não é…”
Como ela entendia que os dois estavam falando sobre ela, Myuu alternadamente olhou de Shia para Hajime.
Por ora, Hajime e Shia decidiram ouvir sobre a situação de Myuu.
Como resultado, o que Myuu falou com uma voz hesitante era quase exatamente o que Hajime imaginava. Em um certo dia, ela se perdeu enquanto estava nadando com sua mãe perto do litoral, e enquanto ela vagava por aí, ela subitamente foi capturada por um homem da raça humana.
Depois que muitos dias difíceis se passaram, ela foi transportada por uma grande distância até |Fhuren| e foi então posta em um lugar sombrio parecido com uma prisão. Dentro do lugar, havia muitas crianças da raça humana. Depois de ela passar sabe se lá quantos dias lá dentro, várias crianças que estavam com ela eram levadas diariamente, mas nunca voltavam. Um garoto um pouco mais velho disse que eles iam ser mostrados para os convidados e teriam seus preços definidos.
Quando era finalmente a vez de Myuu, por sorte, havia uma manutenção na drenagem naquele dia, então o buraco levando para o canal subterrâneo estava aberto. Myuu, que ouviu o nostálgico som da água, imediatamente pulou lá dentro. Normalmente, não havia nada que uma garota de três ou quatro anos pudesse fazer porque a dificuldade era alta demais, mas, felizmente, ela não estava algemada. Myuu nadou com todas as suas forças enquanto resistia ao desconforto da imundice do esgoto. Embora ela fosse jovem, ela era uma criança da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋. Os homens não poderiam fazer nada além de correr pela passagem para tentar pegá-la, mas falharam em fazer isso enquanto ela nadava com a corrente.
Contudo, como ela não estava acostumada com viagens longas, aliado ao estresse de ser sequestrada, a comida intragável e o péssimo ambiente onde ela foi ensopada pela drenagem por muito tempo, Myuu finalmente perdeu a consciência quando ela atingiu tanto seus limites físicos como mentais. Sua consciência retornou aos poucos por ter sido envolvida por costas quentes e ela notou que estava sendo carregada por Hajime.
(Hajime): “Os convidados definem o... preço. Um leilão, huh. Para crianças indo desde a raça humana até a tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋ estarem lá, isso deve ser um leilão clandestino”
(Shia): “… Hajime-san, o que devemos fazer?”
Shia, que parecia aflita, abraçou Myuu com força. Os olhos dela estavam claramente expressando que ela queria fazer algo a respeito disso. Era normal para a raça dos ⌊Demi-Humanos⌋ ser capturada e transformada em Escravos. Shia, que foi privada de sua família por causa disso, entendia o medo e a dor.
No entanto, Hajime sacudiu sua cabeça.
(Hajime): “Deve ser melhor confiá-la ao posto de vigilantes”
(Shia): “Mas... você vai abandonar esta garota e as outras crianças…”
Quando Shia escutou as palavras de Hajime, ela cerrou seus dentes. Ela abraçou Myuu com força assim que ela recebeu o choque e olhou para Hajime. O que Hajime queria dizer com posto de vigilantes era uma organização parecida com a força policial na Terra. Ao confiar ela a instalação governamental, Myuu poderia ser separada deles. Apesar de isso não ser um abandono, mas sim um procedimento regular para encontrar crianças perdidas, Shia não pensava assim.
Hajime tentou explicar isso a Shia de uma maneira fácil de entender.
(Hajime): “Sabe Shia. A coisa certa a se fazer é enviar crianças perdidas que você encontra para o posto de vigilantes. Ainda mais quando Myuu é uma garota da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋. Ela com certeza será protegida por eles. Além disso, leiloar alguém da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋ é um grande problema. Eles irão investigar isso e as outras crianças serão salvas. Isso não é o suficiente?
Embora eu só esteja supondo, este provavelmente é o lado negro desta grande cidade. Quando Myuu foi capturada, ela definitivamente foi colocada em um local onde os oficiais públicos não poderiam colocar suas mãos. Em outras palavras, este é um problema de |Fhuren|. Dessa forma, não é necessário relatar isso? Considerando suas circunstâncias, eu entendo seus sentimentos de querer fazer algo, porém..."
(Shia): “Is-isso... isso é verdade... mas, pelo menos, podemos ser aqueles a levar esta criança? Afinal, nós estamos indo para o oceano no oeste…”
(Hajime): “Haaaaa, escute. Nós estamos indo para o |Grande Vulcão| primeiro. Não me diga que você vai levar ela conosco para o |Calabouço|? Ou você vai dizer a ela para esperar no deserto sozinha? Em primeiro lugar, nós seremos considerados como companheiros do sequestrador se nós levarmos a criança sequestrada da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋ sem permissão. Então, não diga nada irracional como isto”
(Shia): “… uuh, eu entendo…”
Aparentemente, nesse curto espaço de tempo, Shia passou a adorar Myuu. Talvez porque ela leu o clima a respeito de sua situação, Myuu se agarrou a Shia com força. Myuu parecia gostar de Shia também, e sentia a necessidade de resistir a se separar dela.
Contudo, o que Hajime sugeriu era a coisa certa, então Shia só podia concordar e encolher seus ombros. Hajime se curvou para encarar Myuu e começou a explicar de uma forma que Myuu pudesse entendê-lo.
(Hajime): “Escute Myuu, nós vamos levar você para pessoas que irão te proteger. Apesar de poder levar algum tempo, você com certeza voltará para o mar no Oeste”
(Myuu): “… e quanto a Onii-chan[5] e Onee-chan[6]?"
Myuu perguntou o que os dois iam fazer com um tom apreensivo.
(Hajime): “Eu sinto muito, mas isso vai ser um adeus”
(Myuu): “Não!”
(Hajime): “Espere, isso não deve ser...”
(Myuu): “Não!”
(Hajime): “...”
(Myuu): “Myuu está bem com Onii-chan e Onee-chan! Myuu quer ficar junto!”
Hajime vacilou por causa da forte rejeição. Myuu começou a se debater no colo de Shia, exatamente como uma criança mimada. Até agora, eles pensavam nela como uma criança quieta, mas isso aparentemente era porque ela ainda estava tentando determinar o caráter de Hajime e Shia. Quem sabe porque ela julgou eles como pessoas em que ela podia confiar, ela agiu dessa forma. Entretanto, ela ainda podia ser uma criança originalmente tranquila e animada.
Hajime não se sentiu mal por ter a confiança dela, mas era necessário reportar a situação para os oficiais, e eles não poderiam levar Myuu junto já que eles iriam conquistar um dos |Grandes Calabouços|, o |Grande Vulcão|, pelo caminho. Ainda assim, "Nããããããão!!", Myuu rejeitou isso com todas as suas forças, então ele desistiu de persuadir ela e apenas a colocou em seus braços para levá-la para o posto de vigilantes.
Como Myuu não queria se separar das pessoas que ela milagrosamente conheceu e podia confiar, ela puxou com força o cabelo e o tapa-olho de Hajime e arranhou as bochechas dele no caminho do posto de vigilantes como uma forma de resistência. Se não fosse por Shia sorrindo com gentileza ao lado dele, Hajime provavelmente teria sido denunciado como um sequestrador. Com seu cabelo bagunçado, um olho fechado porque seu tapa-olho foi removido e arranhões em suas bochechas, Hajime chegou no posto de vigilantes e explicou as circunstâncias para os funcionários com olhos arregalados.
A expressão do vigilante que escutou as circunstâncias ficou séria e ele prometeu proteger Myuu dentro do posto de vigilantes, junto com a investigação e procedimentos para devolver Myuu para sua casa. Como Hajime tinha esperado, esse era um enorme problema, e ele queria se retirar já que o reforço deveria chegar imediatamente do escritório central deles. Contudo...
(Myuu): “Onii-chan odeia Myuu?"
Dito pela garotinha com olhos marejados junto de um olhar para cima, nenhuma pessoa sã seria capaz de aguentar isso, incluindo Hajime. “Uh”. Ele gemeu. Apesar de ele persistentemente explicar a ela que ela voltaria para casa se ela estivesse com o tio da segurança, a expressão triste de Myuu não melhorou em nada.
O vigilante não podia mais aguentar isso, com um pouco de força, ele separou Myuu do grupo de Hajime enquanto tentava acalmá-la, e Myuu puxou o cabelo branco do homem enquanto soltava uma voz triste. Hajime e Shia finalmente deixaram o posto de vigilantes, mas, naturalmente, eles não sentiam vontade de continuar o encontro. As sobrancelhas de Shia estavam enrugando em preocupação enquanto ela continuava a olhar de volta para o posto de vigilantes.
Pouco depois, o posto de vigilantes não estava mais a vista, e Hajime queria dizer algo para fazer a depressiva Shia se sentir melhor em um lugar um pouco mais longe do posto. Mas nesse momento…
] BooOOooMm!!!!! [
Uma explosão aconteceu atrás deles e fumaça preta podia ser vista. O local era...
(Shia): “Ha-Hajime-san. Logo ali está…”
(Hajime): “Tch, o posto de vigilantes!”
É verdade. O lugar de onde a fumaça preta estava saindo era o posto de vigilantes de onde eles acabaram de sair. Os dois concordaram um com o outro e correram de volta para o posto de vigilantes. A pior coisa que poderia acontecer em tal momento entrou em suas mentes. A organização que sequestrou Myuu explodiu o posto de vigilantes junto com Myuu para impedir o vazamento de informações.
Suprimindo suas impaciências, eles chegaram ao posto de vigilantes. O que entrou na vista deles foi o espetáculo dos vidros das janelas, junto com a porta do posto, explodidos e espalhados pela rua. No entanto, o prédio em si não foi danificado, então não havia preocupação de ele desmoronar. Hajime e Shia entraram no prédio e eles encontraram o tio da segurança caído debaixo de um cobertor.
O vigilante tinha ambos os braços quebrados e estava inconsciente. Algo parecido aconteceu com os outros vigilantes. Felizmente, não havia nenhum ferimento fatal. Enquanto Hajime olhava para os vigilantes, Shia foi investigar outros lugares e voltou uma aparência apressada.
(Shia): "Hajime-san! Eu não consigo encontrar Myuu-chan! Aliás, is-isto!”
O que Shia entregou foi um pedaço de papel com algo escrito nele.
[ “Se você não quer que a garota da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋ morra, venha até *** *** com a garota de cabelo prateado da tribo dos ⌊Homens-Coelho⌋” ]
(Shia): “Hajime-san, isto é…”
(Hajime): “Parece que esses caras são bem gananciosos…”
Hajime amassou o papel em sua mão e revelou um sorriso selvagem. Essas pessoas provavelmente escutaram a conversa entre Myuu e o grupo de Hajime no posto de vigilantes de alguma forma. Posteriormente, eles julgaram que Myuu seria útil como uma refém, e eles não tentaram matá-la para silenciá-la por causa do pensamento de obter uma rara ⌊Mulher-Coelho⌋.
Ao lado de Hajime estava Shia, com uma expressão decidida.
(Shia): "Hajime-san! Eu...!”
(Hajime): “Não diga mais nada. Eu já entendi. Esses caras são meus inimigos... chega de papo furado, nós vamos esmagá-los e pegar Myuu de volta”
(Shia): “Sim!”
Sinceramente, Hajime pensava que seria melhor se separar logo de Myuu porque ele não queria que ela os acompanhasse em uma jornada tão perigosa. No fim das contas, Myuu só passaria por momentos difíceis se eles inabilmente dessem afeição para uma criança mentalmente acuada.
Entretanto, ele não podia abandona-la quando ela foi sequestrada uma segunda vez. Havia tempo, e havia algo que ele podia fazer. Assim, deixar uma garotinha enquanto ela estava em uma situação difícil seria com certeza uma "forma de vida solitária". Além disso, se ele decidisse abandoná-la com o motivo de ela não ter relação com eles, Shia certamente iria sofrer com isso.
Além do mais, o outro lado também estava tentando colocar suas mãos em Shia. Por cobiçarem a pessoa "importante" de Hajime, eles foram considerados como "inimigos". Não havia necessidade de perdoá-los ou de se conter. Essas pessoas cruzaram a linha que não deveria ser cruzada.
Hajime e Shia prepararam suas armas e os monstros rapidamente correram para o local onde estavam os tolos que despertaram suas fúrias.
(Hajime): “E foi o que aconteceu. Quando chegamos no local especificado, havia uma multidão de criminosos armados, mas Myuu não estava lá. Desde o início, eles provavelmente pensaram em me matar e tomar Shia. Por enquanto, nós massacramos todos, exceto alguns poucos deles, já que queremos perguntar sobre o paradeiro de Myuu... mas eles não sabem de nada. Eu torturei os outros para descobrir onde fica o esconderijo deles... e a mesma coisa aconteceu”
(Shia): “Não apenas eu, eles também estavam planejando sequestrar Yue-san e Tio-san. É por isso que, desta vez, decidimos dar um aviso a eles ao destruir todas as coisas relacionadas a organização deles…”
Yue e Tio escutaram a explicação de Hajime e Shia enquanto se moviam. Com expressões impressionadas para a disposição deles para problemas, elas se perguntaram como o encontro normal poderia se transformar em algo envolvendo a organização criminosa desta grande cidade.
(Yue): “… então, nós só precisamos procurar por uma criança chamada Myuu?”
(Hajime): “Yep. O que eu descobri com os interrogatórios foi que eles são uma organização consideravelmente grande... então há muitas instalações relacionadas a eles. Vocês vão nos ajudar?”
(Yue): “Nn… conte comigo”
(Tio): “Hmm. Esta certamente irá fazer isso se for algo pedido pelo Mestre”
Yue e Tio responderam sem hesitação. Hajime as contou o que ele descobriu a respeito das localizações dos esconderijos da organização criminosa. Eles então prosseguiram para procurar por Myuu e esmagar a organização em duplas formadas por Hajime e Yue e Shia e Tio. Hajime e Shia seguiram caminhos separados porque eles pensaram que seria melhor ter alguém conhecido por Myuu quando eles a encontrassem.
Perto do muro externo da Ala Comercial, havia um lugar separado das Alas de Visitação e dos Artesãos. Era um lugar onde os olhos do governo não poderiam chegar; um completo submundo, o lado negro desta grande cidade. Estava escuro apesar de ser dia, e as pessoas caminhavam com uma atmosfera sombria.
No canto do lugar, havia um prédio de sete andares. Embora fosse uma agência de emprego na superfície, ela era na verdade a sede da maior organização criminosa especializada no tráfico de "pessoas", Flithof. Normalmente, a sede tinha uma atmosfera misteriosa e calma, mas agora, ela estava barulhenta com pessoas correndo por lá. As expressões dos subordinados com cara de bandido que serviam como mensageiros estavam perplexas e irritadas, em seguida elas foram envolvidas pelo medo.
Entre as dezenas de pessoas que estavam indo e vindo, duas pessoas usando robes da cabeça aos pés entraram sorrateiramente durante a confusão e se infiltraram na sede de Flithof sem muita dificuldade. Elas avançaram enquanto evitavam as pessoas que corriam pelo local e, finalmente, chegaram diante de uma sala suspeita no andar mais alto. O grito rouco de um homem reverberou pelo corredor passando através da porta. Escutando ele, as pessoas com robes silenciosamente removeram seus capuzes e se moveram furtivamente.
(Chefe): “Pare de brincar comigo! Ah!? Diga de novo seu maldito!”
(Subordinado): "Hii! Co-como eu relatei antes, o número de esconderijos destruídos excede 50. Os agressores são dois grupos formados por duas pessoas”
(Chefe): “Então, qual o problema com isso? Você está dizendo que Flithof vai ser destruída por quatro desgraçados de merda? Aa?”
(Subordinado): “Não é is-isso qu... hmph!?”
Dentro da sala, quando as duas figuras pensaram que o grito tinha parado, algo causou um som de ] baque! [ e silêncio reinou por um momento. Aparentemente, o homem que estava se reportando foi nocauteado pelo homem gritando.
(Chefe): “Vocês aí, não importa como vocês façam, tragam esses malditos de merda diante de mim, vivos. Eu não me importo com o estado que eles vão estar, contanto que eles estejam vivos. Se isso continuar, a reputação de Flithof vai ser arruinada. É por isso que eu vou fazer esses desgraçados verem o inferno enquanto estiverem vivos. É necessário dar um aviso para os outros. Eu vou recompensar a pessoa que trazê-los aqui com cinco milhões de Ruta! Cinco milhões por cada! Diga isto para todos os membros da organização!”
Graças as instruções do homem, a sala ficou caótica. Exatamente como o homem instruiu, todos os membros dentro da sala saíram para entregar a mensagem para todos os integrantes da organização. As duas espiãs colocaram seus capuzes, olharam uma para a outra e acenaram com a cabeça. Uma delas pegou um Martelo de Guerra de suas costas e assumiu uma pose.
No momento que a pessoa lá dentro colocou sua mão na maçaneta, a superpesada Marreta foi lançada com considerável força centrífuga e gravitacional.
] BaaaANNgG!!! [
Com um som estrondoso, a porta foi esmagada em pedaços. O homem que estava segurando a maçaneta teve a metade direita de seu corpo esmagada. Além disso, as pessoas atrás dele tiveram seus corpos perfurados pelas lascas, ficaram com vários ferimentos e foram atirados para o outro lado da sala.
(Shia): “Não há necessidade de informar seus funcionários. As pessoas em questão vieram”
(Tio): “Hmmm, este deve ser o responsável pelas pessoas do lado de fora. Shia, acabe com isto depressa, okay?”
(Shia): “Muito obrigado Tio-san”
As pessoas que cultivaram a tragédia e casualmente entraram na sala eram Shia e Tio. Percebendo que a porta foi repentinamente feita em pedaços e como seus subordinados foram lançados contra a parede após atravessarem a sala, tudo feito de forma tão fácil, o líder de Flithof, Hansen, congelou e encarou com olhos arregalados. Ele recuperou seus sentidos quando ele ouviu as vozes de Shia e Tio. Ele então rapidamente pegou sua arma e falou como um Yakuza[7].
(Hansen): “… cês malditas são as agressoras, huh... essas figuras... tch, cês não são as da lista? Shia e Tio, é isso? A outra é a baixinha, Yue... de fato, suas aparências são de primeira. Oi, cês vão viver se cês se renderem agora, sacaram? Não me digam, cês acham que podem sobrevivê depois de colocarem as mãos na sede de Flith... !?!?!?”
] Swiiiish [
(Hansen): “UGYAAAA!!!”
Hansen, que começou a falar enquanto olhava para Shia e Tio com luxúria, foi friamente interrompido por Shia, que disparou a espingarda, já que não havia necessidade de uma discussão. As inúmeras bolas de ferro explodiram o braço direito de Hansen, que girou e colidiu com a parede atrás dele, enquanto a pessoa em questão gritava e se abaixava.
Embora os membros da organização que escutaram a comoção apareceram correndo, Tio usou ‖Magia do Fogo‖ para queimar as escadas e eles só podiam ficar parados porque perderam o único caminho para subir. Além disso, ela usou a versão de baixa escala do ‖Sopro‖, casualmente exterminando eles e tudo no sétimo andar ficou completamente carbonizado, exceto a sala de Hansen.
Com isso havia uma visão livre para a sede de Flithof. Tio disparou ‖Lâminas de vento‖ e ‖Balas de Fogo‖, exatamente como uma metralhadora, contra os membros da organização que não podiam fazer nada além de olhar para o andar superior com olhos vazios. Por causa dos ataques impiedosos, os integrantes da organização tentaram se dispersar e se espalhar para escapar... mas poucos sobreviveram.
Enquanto Tio lidava com as pessoas do lado de fora, Shia carregando [Doryukken] em seu ombro se aproximou de Hansen gritando e se contorcendo e colocou [Doryukken] em sua barriga. “Guwaa”, ele soltou sons de agonia enquanto tentava mover a Marreta para longe, mas sua mão esquerda era inútil contra a superpesada [Doryukken]. A única coisa que Hansen poderia fazer era deselegantemente implorar por sua vida.
(Hansen): “Por-por favor. Me poupe! Você pode levar quanto dinheiro você quiser! Eu não quero mais me envolver com vocês! É por isso qu... gekk!?”
(Shia): “Por favor, não fale sem autorização. Você só tem que responder minha pergunta, entendido? Se você não fizer isso, o peso irá aumentar a cada segundo... então eu recomendo que você responda tudo antes que seus órgãos explodam”
(Tio): “… Shia. Tu es companheira do Mestre afinal... vossos discursos e comportamentos são os mesmos”
Tio, que retorquiu atrás dela, foi ignorada, e Shia perguntou a Hansen sobre Myuu. Quando ela mencionou Myuu, Hansen mostrou uma expressão boquiaberta por um momento. Mas quando ela perguntou sobre uma criança da tribo dos ⌊Habitantes do Mar⌋, ele desesperadamente respondeu com uma expressão angustiada porque [Doryukken] ficava mais pesada a cada segundo. Aparentemente, ela foi transportada para o porão de um salão onde o leilão clandestino iria acontecer esta noite.
Os subordinados de Hansen, que provavelmente escutaram a conversa entre o grupo de Shia e Myuu, foram os que planejaram sequestrar Shia também. Eles provavelmente pensaram que ao sequestrá-la, eles poderiam aumentar suas posições dentro da organização já que ela já estava na lista de futuros sequestros.
Shia tocou o [Minério da Telepatia] em sua gargantilha, a ativou e entrou em contato com Hajime.
[Shia]: (“Hajime-san, Hajime-san. Você pode me ouvir? Sou eu, Shia”)
[Hajime]: (“… Shia. Sim, eu posso te ouvir. Qual o problema?”)
[Shia]: (“Eu acabei de conseguir a informação sobre o paradeiro de Myuu-chan. Hajime-san está neste momento na Ala de Visitação, não está? Por favor, vá na frente porque ela está por aí”)
[Hajime]: (“Entendido”)
Shia disse a Hajime a exata localização usando a ‖Telepatia‖. Graças ao peso de [Doryukken], o rosto de Hansen ficou azul escuro devido a incapacidade de respirar. Shia desativou a ‖Magia da Gravidade‖ em [Doryukken], puxou a Marreta com seu peso normal de Hansen e a carregou em seu ombro. Apesar de ele estar livre do peso de [Doryukken], a consciência de Hansen começou a se apagar devido a hemorragia e desesperadamente pediu pela ajuda de Shia.
(Hansen): “Me-me ajude... me leve ao médico…”
(Shia): “É conveniente demais para você usar as vidas das crianças como fonte de renda... além disso, Hajime-san e Yue-san vão ficar zangados comigo se eu deixar um humano como você escapar. Portanto, adeus”
(Hansen): “Pa-pare!”
] Borrifo! [
Shia sacudiu [Doryukken], que foi usada com força, para limpar o sangue preso nela, a colocou em suas costas e encarou Tio.
(Shia): “Tio-san. Vamos logo esmagar este lugar e nos encontrar com Hajime-san e Yue-san!”
(Tio): “Whoa… Shia também é impiedosa, huh… isso faz o coração desta palpitar um pouco…”
(Shia): “??? Você acabou de dizer algo?”
(Tio): “Nã-não foi nada”
As palavras que Tio disse em um sussurro fizeram Shia sentir um calafrio. Embora ela tenha perguntado a Tio, não havia nada além de sua estranha expressão febril, então Shia inclinou sua cabeça enquanto elas continuavam a diligentemente destruir a sede de Flithof.
Quando Shia e Tio partiram, o que restou foram inúmeros corpos e uma montanha de entulho. Em |Fhuren|, Flithof era uma das três grandes organizações criminosas, e, nesse dia, ela foi facilmente aniquilada.
Notas
[1] Drenagem é o ato de escoar as águas de terrenos encharcados por meio de tubos, túneis, canais, valas e fossos, sendo possível recorrer a motores como apoio ao escoamento. Os canais podem ser naturais (córregos) ou artificiais (de concreto simples, concreto armado ou gabião). Os sistemas de drenagem podem ser urbanos ou rurais e visam escoar as águas de chuvas e evitar enchentes.
[2] Acer é um gênero botânico pertencente à família Aceraceae, podendo ser denominada com o nome comum de bordo.
[3] Um halo é um anel de luz que rodeia um objeto.
[4] Gladiador, era uma pessoa que, na Roma Antiga, lutava com outra pessoa ou animal, às vezes, até a morte, para o entretenimento do público romano.
[5] Onii significa irmão mais velho em japonês e pode ser usado para se referir a um homem mais velho.
[6] Onee significa irmã mais velha em japonês e pode ser usado para se referir a uma mulher mais velha.
[7] A Yakuza, também conhecida como gokudō, são os membros de grupos de organização criminosa transnacional originários do Japão. A polícia japonesa e a imprensa, a pedido da polícia, chamam os de bōryokudan ("grupo de violência"), enquanto os membros da Yakuza chamam a si mesmos de ninkyō dantai ("Organização Cavalheiresca"). Os membros são notórios por seus códigos de conduta estritos e natureza muito organizada. Eles têm uma grande presença na mídia japonesa e agem internacionalmente com um número estimado de mais de 100.000 membros.