Volume 2

Capítulo 39: O segredo da Grande Árvore

Nas profundezas do interior do nevoeiro, Hajime e seu grupo avançaram até a |Grande Árvore|. Eles deixaram a luta para Kam, enquanto os outros membros da tribo Haulia se espalhavam ao redor deles, procurando por inimigos como parte de seu treinamento. Devido ao fato do despreparo ser um dos maiores inimigos de todos e eles gravarem isso em suas mentes, todos estavam com expressões sérias. Acima disso, as marcas roxas em seus corpos ainda estavam evidentes, então eles não podiam agir de forma diferente...

(Shia): “Uuuuu, ainda está formigandoooo”

Shia estava choramingando enquanto esfregava sua bunda. Já há algum tempo, ela olhava para Hajime com ressentimento.

(Hajime): “Pare de me olhar assim, é irritante”

(Shia): “Dizer que eu sou irritante é demais. Não faz parte do senso comum atirar na bunda de uma garota. Além disso, usando aquela habilidade completamente inútil...”

(Hajime): “Isso também pode ser dito para você. Você realmente pensou em bater na minha cabeça e usar outra pessoa como escudo para fugir... isso não é algo que uma pessoa normal faria”

Perto deles, um homem da tribo Haulia concordava com a cabeça.

(Shia): “Uu, foi o resultado da educação de Yue-san...”

(Yue): “... fui eu quem criou essa Shia”

(Hajime): “... não posso comentar sobre isso”

Enquanto se gabava sobre isso, Yue olhou para Hajime como se dissesse “Me elogie”. Hajime estava evitando o olhar dela, fazendo uso da habilidade “Deixe para lá”.

Depois que eles avançaram por 15 minutos enquanto conversavam tranquilamente, seu grupo finalmente chegou na |Grande Árvore|.

A primeira opinião de Hajime quando olhou para a |Grande Árvore| foi...

(Hajime): “... que merda é esta!?”

... ele estava meio surpreso e meio incrédulo. Yue também estava com uma leve expressão de alguém que teve suas expectativas destruídas. Os dois estavam imaginando ela usando uma escala de uma versão ainda maior do que as árvores de |Faea Belgaen|.

Contudo, a verdadeira |Grande Árvore| estava... esplendidamente definhando.

Seu tamanho não era tão distante do que eles imaginaram. Só o seu diâmetro poderia ser estimado em quase 50 metros. Havia também a bizarra diferença das árvores ao redor. Enquanto as outras árvores estavam expandindo suas folhas verdes, apenas a |Grande Árvore| estava seca.

(Kam): “A |Grande Árvore| já estava murcha antes da fundação de |Faea Belgaen|. Contudo, ela não apodrece. Nunca deixando de ser essa árvore mirrada. Com o nevoeiro natural e a |Grande Árvore| para sempre murcha e nunca apodrecendo, este lugar se tornou um local sagrado. Bom, mesmo dizendo isso, apesar de poder ser chamado de ponto turístico...”

Kam explicou para Hajime e Yue que estavam com rostos questionadores. Enquanto escutava a explicação, Hajime olhou ao redor das raízes da |Grande Árvore|. Assim como Alfrerick tinha dito, havia uma litografia¹.

(Hajime): “Isto é... exatamente como nas portas de Orcus...”

(Yue): “... nn, o mesmo símbolo”

Na litografia havia sete quadrados com sete emblemas gravados no topo de cada um. Era completamente o mesmo que eles viram na porta do quarto de Orcus. Para provar isso, Hajime pegou o anel de Orcus. O padrão no anel era totalmente o mesmo que um dos padrões na litografia afinal.

(Hajime): “Isso é mesmo a entrada para o |Grande Calabouço|... mas... o que devemos fazer sobre isto?”

Hajime se aproximou da |Grande Árvore| e começou a bater nela e, logicamente, não houve nenhuma mudança. Quando ele tentou perguntar a Kam e os outros se eles sabiam algo sobre esta árvore, eles receberam apenas um “não” como resposta. Apesar de ele ter escutado tudo sobre a tradição por Alfrerick, não havia nada a respeito de uma entrada. Havia uma possibilidade de que ele tivesse escondido isso, então Hajime começou a pensar: “Eu deveria ir coletar o débito?”.

Nesse momento, Yue, que estava observando a litografia, ergueu sua voz.

(Yue): “Hajime... olhe isto”

(Hajime): “Nn? Há algo aí?”

O que Yue notou estava do outro lado da litografia. Havia entalhes vazios que correspondiam aos sete emblemas do outro lado.

(Hajime): “Isto é...”

Hajime colocou o anel de Orcus em sua mão no entalhe que correspondia ao emblema de Orcus.

Então... a litografia começou a brilhar um pouco.

Se perguntando sobre o que aconteceu, a tribo Haulia que estava de vigia começou a se reunir. Por um tempo, eles olharam para a litografia brilhante em que a luz gradualmente se apagava e, de alguma forma, caracteres apareceram. Algo estava escrito lá.

“Quatro provas.

O poder do renascimento.

O vínculo com os guias.

Um novo desafio surgirá para aquele que tiver essas provas”

(Hajime): “... o que isso significa?”

(Yue): “... rhe, quatro provas... talvez esteja se referindo as provas dos outros |Grandes Calabouços|?”

(Hajime): “... então, o que significa ‘O poder do renascimento’ e ‘O vínculo com os guias’?”

Shia respondeu a Hajime que estava confuso com isso.

(Shia): “Uuuun, ‘O vínculo com os guias’, é isso? Se você conseguir Demi-Humanos como guias ou não, apenas Demi-Humanos são capazes de se mover com facilidade no |Mar de Árvores| e conseguir Demi-Humanos como guias seria uma exceção dentro das exceções”

(Hajime): “... entendo. Pode ser algo relacionado a isso”

(Yue): “... em seguida, regeneração²... eu?”

Yue apontou para ela mesma que possuía a magia especial ‖Auto Regeneração‖. Para testar isso, ela fez um pequeno corte em seu dedo para ativar a ‖Auto Regeneração‖ enquanto se movia para tocar a |Grande Árvore|... mas não houve nenhuma mudança.

(Yue): “Muu... parece que eu estava errada”

(Hajime): “... nnnnn, para a árvore definhando... poder do renascimento... junto de quatro provas... é possível que essas quatro provas signifiquem que conquistamos metade dos |Sete Grandes Calabouços|, então nós devemos obter a magia da era dos Deuses relacionada ao renascimento... seria algo nessas linhas?”

Hajime estava se perguntando se eles deveriam usar isso para regenerar a árvore seca. Yue também estava com uma cara pensativa.

(Hajime): “Haaaaa, droga. Então era impossível conquistar ele agora... mesmo tendo sido tão problemático, não há nada mais que possamos fazer além de ir até os outros |Calabouços|...”

(Yue): “Nn...”

Hajime só poderia ranger os dentes depois de chegar tão longe. Yue também se arrependia disso. Contudo, como eles não poderiam entrar no |Grande Calabouço| agora, apesar de isso os preocupar, não havia nada a se fazer. Eles mudaram seu objetivo para obter mais três provas por enquanto.

Hajime então reuniu a tribo Haulia.

(Hajime): “Como vocês escutaram, nós vamos conquistar os outros |Grandes Calabouços| agora. A promessa de que vocês nos guiariam até a |Grande Árvore| chegou ao fim. Se forem os vocês de agora, mesmo sem a proteção de |Faea Belgaen|, vocês serão capazes de sobreviver dentro do |Mar de Árvores|. Isso é uma despedida”

Então, ele deu uma olhada em Shia. Os olhos dele perguntavam se ela queria falar algumas palavras, e Shia entendeu perfeitamente que agora era a hora de ela compartilhar suas intenções. Mesmo que ela fosse voltar, conquistar três |Grandes Calabouços| iria levar muito tempo. Ela não iria ser capaz de ver sua família durante muito tempo.

Shia acenou e então deu um passo para frente para falar com Kam e os outros.

(Shia): “Pa...”

(Kam): “Chefe! Eu tenho algo a dizer!”

(Shia): “... huuh, pai? É a minha vez...”

Kam deu um passo em frente enquanto ignorava Shia. A seu lado, “Pai? Espere, pai?”, as palavras de Shia podiam ser ouvidas e como se ele fosse um guarda britânico ele apenas olhou para frente ereto.

(Hajime): “Aaaa, o que foi?”

Shia continuava a gritar “Pai? Pai?”, mas foi ignorada, enquanto Hajime falava com Kam. Kam, sem olhar para Shia e a ignorando, começou a falar sobre o consenso da tribo Haulia.

(Kam): “Chefe, por favor, nos leve com você!”

(Shia): “Eh! Todos também querem ir com Hajime-san!?”

Shia estava surpresa com as palavras de Kam. Na discussão de dez dias atrás, “O que aconteceu com aquele clima de quando vocês estavam me mandando embora!?”, foram as palavras que ela disse.

(Kam): “Nós somos Haulia, mas ao mesmo tempo não somos! Nós somos os subordinados do Chefe! Custe o que custar, nos leve com você! Este é o consenso da tribo!”

(Shia): “Espere um segundo pai! Eu nunca escutei sobre isso! Ou melhor, por qual motivo eu tive que passar por todo aquele trabalho...”

(Kam): “Eu admito. Nós estamos com inveja de Shia!”

(Shia): “Ele admitiu! Ele realmente disse isso! Sério, o que aconteceu nesses dez dias!?”

Enquanto Kam dizia o consenso da tribo, ele ignorou a afirmação de Shia. “Qual é a desta situação?”, foi o que Hajime pensou antes de responder francamente.

(Hajime): “Eu recuso”

(Kam): “Por quê!?”

Kam tentou perguntar o motivo para a resposta rápida de Hajime. Os outros membros da tribo Haulia também se aproximaram de Hajime com impaciência.

(Hajime): “É claro que é porque vocês serão apenas empecilhos, seus idiotas”

(Kam): “Mas...”

(Hajime): “Não se deixem levar pelo momento. Para a nossa jornada, atém mesmo 180 dias serão rápidos demais!”

(Kam): “Isso é verdade!?”

Além de Kam e dos outros estarem se segurando nele, eles começaram a pensar, “Mesmo que não tenhamos permissão, nós iremos te seguir!”. Parece que graças ao treinamento no estilo General Hartman, um estranho senso de confiança e reverência nasceu. Se isto continuasse, eles realmente seguiriam Hajime até a cidade. Como ele não queria nenhum tipo de revolta, ele relutantemente deu a eles uma condição.

(Hajime): “Então, é isso. Eu quero que vocês continuem aqui e mantenham o treinamento. Na próxima vez que eu vir até o |Mar de Árvores|, se eu puder usar vocês, então eu vou torna-los meus subordinados”

(Kam): “... há alguma falsidade nessas palavras?”

(Hajime): “Nenhuma”

(Kam): “Se você mentir, nós vamos continuar a dizer o nome do Chefe nas cidades humanas como se estivéssemos criando uma nova religião, entendeu?”

(Hajime): “Vo-você tem um péssimo senso...”

(Kam): “Bem, isso é porque nós temos orgulho em ser subordinados do Chefe”

Que subordinado atrevido que foi capaz de fazer as bochechas de Hajime se contorcerem. Yue estava dando tapinhas no braço de Hajime para conforta-lo. Hajime suspirou, em seguida ele olhou para o céu pensando que sua próxima visita ao |Mar de Árvores| seria bem complicada.

(Shia): “] Soluça [, ninguém está me dando atenção... mesmo que seja o dia da minha partida...”

Shia, que foi jogada de lado, desenhou o símbolo “?” no chão, enquanto ninguém se incomodava com ela.


Hajime, Yue e Shia foram escoltados por Kam e os outros até a fronteira do |Mar de Árvores| e mais uma vez eles subiram no [Veículo Mágico de Duas Rodas] e dispararam pelas planícies. A ordem era: Yue, Hajime e então Shia. Desde que ele notou que Shia estava se agarrando ainda mais nele desde aquela vez no |Grande Cânion Raisen|, Hajime tentou ignorar isso. No entanto, sua reação foi imediatamente descoberta por Yue que estava sentada na frente dele.

Em seu ombro, Shia fez uma pergunta.

(Shia): “Hajime-san. Agora que eu me lembrei, eu nunca escutei sobre isso, mas qual é o nosso próximo destino?”

(Hajime): “Ah? Eu não falei disso?”

(Shia): “Eu não escutei nada”

(Yue): “... eu já sei”

Para a eufórica Yue, Shia soltou um lamento em protesto.

(Shia): “Eu-eu sou sua companheira agora, então por favor, me diga”

(Hajime): “Minha culpa. Nosso próximo destino é o |Grande Cânion Raisen|

(Shia):|Grande Cânion Raisen|?”

Ouvindo as palavras de Hajime, Shia ficou com uma expressão questionadora. Atualmente, os |Sete Grandes Calabouços| que já tinham sido confirmados, excluindo o |Mar de Árvores Haltina|, eram a |Montanha Vulcânica do Grande Deserto Guruyuen| e a |Caverna de Gelo do Campo de Neve Shunee|. “Como eles certamente estão lá, isso não os faria melhores destinos?”, era isso o que Shia estava pensando. Talvez por ele ter adivinhado a dúvida dela, Hajime começou a contar sobre sua intenção.

(Hajime): “Por enquanto, eu nem sei se há um |Grande Calabouço| no |Grande Cânion Raisen|. O |Campo de Neve Shunee| está no país dos Demônios, então seria problemático. Apesar de ser melhor ir para a |Montanha Vulcânica|, se nós formos para lá enquanto passamos por |Raisen|, que se espalha de Leste a Oeste, nós chegaremos lá de qualquer jeito. Quem sabe não encontramos o |Calabouço| ao longo do caminho, certo?”

(Shia): “Atravessar o |Grande Cânion Raisen|...”

Instintivamente, o rosto de Shia se contorceu. O |Grande Cânion Raisen| era conhecido como um local de execuções. Recentemente, também foi o lugar onde a família dela quase foi aniquilada. Pensar nesse local apenas como uma estrada chocou sua mente.

Hajime, que sabia que Shia estava abalada porque ela se agarrou com força nele, mostrou uma expressão espantada.

(Hajime): “Sabe, acredite em seu próprio poder um pouco mais. Para o seu eu atual, as Feras Mágicas dentro do cânion não são tão diferentes das da fronteira. Você não sabe que não podemos usar magia dentro de |Raisen|? Para você que é especializada em fortalecimento corporal, é possível se mover sem nenhum problema. Ou melhor, será o local adequado para você”

(Yue): “... estou com vergonha como sua mestra”

(Shia): “Uuuuu, estou envergonhadaaaa”

Yue olhou para Shia com olhos surpresos. Shia tentou mudar o assunto.

(Shia): “En-então, como nós vamos ir para o |Grande Cânion Raisen|, nós vamos acampar hoje? Ou nós vamos para a vila ou cidade mais próxima?”

(Hajime): “Se possível, eu queria obter alguns temperos para a comida. Pelo bem do nosso futuro, seria ótimo conseguir alguns materiais na cidade. De acordo com o mapa que eu vi, deve ter uma cidade em algum lugar por aqui”

Como medida extra, Hajime queria comer comida de verdade. Aliás, no futuro, ele precisaria de dinheiro para comprar coisas na cidade. Ele queria trocar os materiais que ele tinha por dinheiro antes que eles estragassem. Além disso, ele queria tentar se estabelecer em um lugar antes de seguir para o |Grande Cânion Raisen|.

(Shia): “Haaaaa, então é isso... graças a Deus”

Ouvindo as palavras de Hajime, Shia ficou com uma expressão de alívio. Hajime, que estava confuso com isso, a questionou.

(Shia): “Boooom, pela história de Hajime-san, eu pensei que você ficaria satisfeito comendo a carne das Feras Mágicas do |Grande Cânion Raisen|... Yue-san só precisa do sangue de Hajime-san, então ela não teria nenhum problema... eu estava pensando em como persuadir você para conseguir comida para miiiim, estou feliz que isso foi só minha imaginação. Então, Hajime-san também come comida normal!”

(Hajime): “É claro! Quem gosta de comer Feras Mágicas!? Você... o que você acha que eu sou?”

(Shia): “Um novo tipo de Fera Mágica chamado Predador?”

(Hajime): “Oh, você... eu vou te amarrar até chegarmos na cidade”

(Shia): “Quuuu... pare, de onde foi que você tirou esse colar!? Sério, pareeee, não coloque isso em miiiim! Yue-san, não fique só olhando, me ajude!”

(Yue): “... você colhe o que planta”

De certo modo, os três que avançavam pela planície fazendo uma comoção, mostraram suas boas relações.

Depois de dirigir por várias horas, finalmente o dia ficou escuro e a cidade finalmente apareceu na frente deles. Hajime estava feliz. Desde a vez em que ele viu o céu depois de sair do abismo, ele finalmente estava com a sensação de estar de volta. Yue também parecia animada. Yue virou sua cabeça um pouco e seus olhos se encontraram e sorrisos apareceram em seus rostos.

(Shia): “Ummmmm, apesar dessa atmosfera tão boa, este colar, você pode tirar ele? Por alguma razão eu não consegui tira-lo... umm, você me escutou? Hajime-san? Yue-san? Esperem, por favor, não me ignoreeeem, eu vou chorar agora! Eu vou chorar tanto que vocês vão ficar deprimidos com isso!”

Hajime e Yue apenas responderam com seus sorrisos.


Notas

[1] Litografia, ou litogravura, é um tipo de gravura que envolve a criação de marcas (ou desenhos) sobre uma matriz (pedra calcária ou placa de metal) com um lápis gorduroso. A base dessa técnica é o princípio da repulsão entre água e óleo.

[2] “Renascimento” e “Regeneração” são escritas da mesma forma em japonês.



Comentários