Volume 10

Capítulo 216: O Lorde do Abismo Surtado

Kosuke e companhia correram pelo corredor escuro que era iluminado apenas por lâmpadas de emergência.

Eles não conseguiam ver a figura de Weiss e o homem de jaleco que perseguiam, mas não houve hesitação nos passos do jovem japonês, que estava na frente. Ele estava avançando enquanto seu olhar se concentrava no chão desta passagem complicada que parecia um labirinto subterrâneo. Não havia mapas para este lugar, mesmo nos dados de Kaysis.

Kosuke estava seguindo a trilha e a presença do fugitivo Weiss usando a habilidade da vocação de "assassino", [+ Rastreamento]. Ele não perdeu nem mesmo o menor traço que era ainda mais vago que a névoa, algo que uma pessoa normal não seria capaz de perceber. Pondo de lado Vanessa, que estava em êxtase, até o rosto de Allen se contorceu quem sabe quantas vezes ao ver aquela figura perseguindo a presa com tamanha precisão.

— oOOOOOOO!

— Não liguem para eles. Corram!

Berserkir apareceram do canto da passagem. Os dois monstros estavam atacando eles direto da frente, fazendo o chão vibrar. Allen e Vanessa começaram a parar os pés para interceptá-los, mas Kosuke acelerou mais rápido e levantou a voz. Os dois o obedeceram por reflexo.

Kosuke tensionou as pernas e colocou força nelas. Ele acelerou e se aproximou da parede. Emily e os outros o seguiram pensando que ele passaria pela lateral, mas logo perceberam que não era essa a sua intenção.

Kosuke colocou o pé na parede e correu em sua superfície enquanto seu corpo girava de lado. Quando ele subiu ao teto onde seu corpo ficou de cabeça para baixo, continuou correndo no teto sem parar. Habilidade "Dança das Sombras". Era a habilidade favorita de Kosuke.

— Hah!

Kosuke correu pelo teto. O movimento dos dois berserkir, que estavam prestes a enfrentá-los, parou por um momento depois de ver a posição impossível de seu alvo. Kosuke correu entre os dois.

Ainda de cabeça para baixo, uma espada curta brilhou em uma rotação parecida com um turbilhão de vento. Um raio de luz da cor do céu azul acariciou gentilmente os pescoços dos berserkir, derretendo e os cortando. Ondas de choque voaram da luva sem dedos como se tivessem sido feitas apenas como um extra, jogando os monstros contra a parede.

Kosuke pousou e então voltou a correr na liderança como se nada tivesse acontecido.

O corpo dos berserkir convulsionou em vão na parede, sem qualquer respingo residual ou sem se tornarem um obstáculo.

Mesmo antes de chegarem tão longe, havia Bestas Berserkir e berserkir atacando-os de forma incessante. Era muito provável que eles foram preparados por Weiss para atrapalhá-los, mas os monstros vinham apenas esporadicamente e não tinham esperança de impedir a caça de Kosuke.

Em pouco tempo, Kosuke e os outros correram para uma porta de aço no final da passagem. A largura da passagem era bastante ampla, mas havia tantas caixas grandes e peças de máquinas amontoadas no chão que, se várias pessoas quisessem passar, elas precisariam se alinhar em uma fila única.

— Vanessa!

— Entendido.

Quando Kosuke gritou, Vanessa se moveu no mesmo instante em compreensão. Ela abraçou Emily que estava ao seu lado e se escondeu atrás de uma grande peça de maquinaria. Allen também se escondeu atrás dela.

No instante seguinte.

TA TA TA TA TA TA TA TA TA TA! Um rugido estrondoso ecoou. Uma metralhadora a todo vapor disparou, e um grande número de balas espalhou os pacotes que enchiam o corredor. Kosuke evitou as balas voadoras e jogou uma kunai.

— Kosuke-san. Sua Vanessa deseja ver a cena onde você corta balas com uma katana.

Vanessa-san foi leal ao seu próprio desejo, mesmo sendo exposta a tiros. Emily, que estava sendo abraçada pelos braços de Vanessa, estava dando tapas repetidos na mulher, mesmo quando se encolhia.

— Não, deixando de lado a possibilidade de sair da linha de fogo, uma façanha como cortar balas de uma metralhadora totalmente automática com precisão incomparável está além de mim, entendeu?

Os olhos de Vanessa se tornaram pontos enquanto ela falava: — Ee… — ao ouvir o que Kosuke disse. Parecia que o Kosuke dentro de Vanessa havia se transformado em alguém que poderia fazer qualquer coisa.

Vanessa virou um olhar que parecia querer dizer: — Você está brincando!? Você disse isso, mas é mentira, não é? — Kosuke sorriu de forma irônica para isso.

— Algo como cortar todas as balas disparadas de uma arma automática sem nem mesmo perder uma, esse tipo de façanha só é possível para o rei demônio ou a esposa do rei demônio, a espadachim-sama. Quanto a mim, estou bem em me limitar a ataques surpresa.

Kosuke encolheu os ombros e, no instante seguinte, sua figura desapareceu. Em troca, havia uma kunai no local onde o rapaz estava. Essa era a kunai que Kosuke havia lançado um pouco antes.

De modo natural, para a kunai estar lá significava...

— Guah!?

— Merda. Desde quan-...

— Gafuh!?

Kosuke estava no meio dos inimigos.

Era uma das habilidades da kunai. Substituição espacial. Os subordinados de Weiss ficaram em pânico com a aparição repentina de Kosuke na parede onde a kunai estava presa. Eles apontaram os canos das armas sem demora, mas naquele momento, não podiam fazer nada além de verem suas cabeças se separando de seus corpos.

Um único ataque de corte de calor deu a eles uma morte irreal. O torso e a cabeça deles rolaram como brinquedos quebrados, deixando-os sem tempo para se transformarem em berserkir, e eles partiram para sua jornada para o outro mundo.

Mesmo assim, diferente do último momento de um berserker que teria seu corpo completamente seco e quebrado ao ponto de não conseguir manter sua forma original, agora o espaço estava cheio de cadáveres humanos rolando por toda parte. Esse fator foi o suficiente para Emily, que não estava acostumada com a morte, ficar pálida e a bile subir em sua garganta.

— Emily, neste momento, pense apenas sobre o que está na frente de...

— Eu-eu estou bem, Kosuke. Vamos lá!

Seu rosto sorridente estava contraído e pálido, mas Emily parou as palavras de Kosuke com uma voz forte. E então, ela olhou para a porta de aço de aparência sólida na frente de seus olhos, como se a garota entendesse algo.

— Kosuke. À frente disso é...

— Então você percebeu. Sim, é isso mesmo. Eles estão do outro lado desta porta. Parece que eles estão confusos, mas ainda não estão escapando. Parece que chegamos a tempo.

— Entendo…

Emily respirou fundo, muito fundo. E então, ela fechou os olhos um pouco. Ao fazer isso, as cenas giraram atrás de suas pálpebras como uma lanterna giratória. Os dias que ela passou nas aulas de Down. O sorriso de Hendricks e Lizzie que cuidavam dela, a briga entre Rod e Dennis em vez de cumprimentos, o sorriso travesso de Jessica, a troca de piadas divertidas e alegres entre Sam e Milo.

Eles eram os amados irmãos e irmãs mais velhos de Emily. Eles não estavam mais aqui. Ela nunca poderia encontrá-los de novo, sua preciosa família.

Emily abriu os olhos silenciosamente.

— Kosuke, por favor.

— Tá.

Suas palavras foram poucas, mas a resposta que obteve foi forte. A espada curta de Kosuke deixou um rastro azul e perfurou a porta de aço. Era como uma faca quente cravada em manteiga, a espada curta perfurou suavemente sem encontrar qualquer resistência. O lugar perfurado por aquela temperatura superalta fez com que a área ao redor derretesse em um piscar de olhos.

Plop, plop! A porta de aço ficou vermelha e derreteu. A visão atrás da porta estava começando a ficar visível pouco a pouco a partir daí.

Parecia que havia um estacionamento subterrâneo do outro lado da porta de aço. Havia vários carros de passageiros e vagões de carga; também havia veículos específicos, como empilhadeiras e coisas parecidas.

Ao lado de um desses carros, na lateral de uma picape de tamanho médio, estava a figura de duas pessoas. Eles estavam ao lado do caminhão que parecia estar cheio de bagagens, mas parecia que estavam surpresos com a porta de aço derretendo. Eles estavam parados sem uma contração.

Plop, plop! A porta estava desaparecendo, a porta que separava Emily do homem estava desaparecendo.

Seus joelhos estavam começando a ficar visíveis. Um conjunto era de Weiss que eles viram antes disso, enquanto a calça do outro homem era algo realmente familiar para Emily. Essas calças eram marrom-escuras, e Jessica e Lizzie sempre diziam que era simples demais. Com certeza, se as calças fossem vistas de perto, haveria uma pequena mancha que poderia ser encontrada em torno do joelho direito.

O cinto estava começando a ficar visível. Aquele cinto estava um pouco frouxo nos últimos tempos e os orifícios foram deslocados. Todos estavam preocupados se o usuário daquele cinto comia bem, porque costumava viajar muito.

A gravata estava visível. Era uma gravata azul-marinho brilhante com listras. Para falar a verdade, foi um presente de aniversário de Emily para ele. A despesa sufocou sua mesada enquanto ela escolhia a gravata com a ajuda de Lizzie e Jessica.

— Aa…

Emily, inconscientemente, deixou escapar sua voz. Aquela voz veio da sua esperança fugaz... que "poderia ser um erro", aquela esperança da qual ela própria riria. Agora estava reduzida a pedaços.

Kosuke balançou o braço. A porta de aço foi arrancada sem deixar vestígios.

Não havia mais nada em seu caminho.

Os restos da porta de aço iluminavam os arredores com uma luz vermelha brilhante, embora estivesse esfriando depressa. Emily caminhou devagar para frente enquanto os restos estavam se espalhando. À sua direita estava o protetor do Extremo Oriente que empunhava o místico, à sua esquerda estava a protetora heroica que se levantaria até mesmo contra sua pátria se fosse necessário, e atrás dela estava o protetor que não deveria existir que simbolizava o mal necessário. Ela entrou enquanto os liderava.

O jaleco esvoaçante era o orgulho de Emily. A prova de seu orgulho pelas coisas que conquistou e do lugar de pertencimento que ele lhe dava. Mas agora, aquele orgulho parecia muito pesado, muito vazio.

Ao lado de Weiss que praguejava: — Isso foi muito rápido, esse monstro maldito! — enquanto segurava sua cabeça, estava o homem que ainda estava petrificado de espanto. Emily parecia que ia explodir em choro a qualquer momento; entretanto, sua expressão estava tomada pela decisão de que ela absolutamente não choraria. Foi com essa expressão que ela abriu a boca para aquele homem:

— Por que você fez isso... professor?

Não havia como o homem não entender o significado daquela pergunta.

A voz que Emily usou para falar fez ele, o professor de Emily que era como um pai substituto... o professor Reginald Down, voltar a si.

— Emily…

— Por que você fez isso, professor?

Ouvir seu nome ser chamado por aquela voz que ela pensou que não seria capaz de ouvir pela segunda vez fez o coração de Emily estremecer. As palavras que ela repetiu não tinham entonação, talvez porque a garota estivesse contendo suas emoções com força.

— … Emily, eu...

As palavras do Professor Down ficaram presas em sua garganta mais uma vez. Ele mordeu o lábio com força, como se estivesse com dor, ou como se estivesse segurando algo. Kosuke e Vanessa observaram a cena.

O silêncio dominou o lugar. No meio disso, Weiss de repente olhou para seu relógio de pulso. Naquele momento, Allen, que nunca havia tirado o olhar de Weiss, reagiu.

Ele trocou um olhar com Kosuke por um instante. Era ele sinalizando para deixar Emily continuar falando enquanto capturaria Weiss à frente. Não havia nenhuma razão para deixar um inimigo livre, então Kosuke também mostrou concordância com seu olhar.

Assim, os dois estavam prestes a saltar, mas antes que pudessem agir...

— Oooops, não se movam. Se não, vou fazer esse querido papai daquela mocinha ficar cheio de buracos, vou sim

Weiss previu aquele movimento rápido e circulou o braço em volta do pescoço de Down e o imobilizou por trás. Ele estava se escondendo atrás de Down e o transformou em um escudo enquanto o cano de sua arma se projetava do lado do homem.

Weiss atrapalhou a conversa de Emily com o cano de sua arma sem vacilar. Vanessa olhou para ele com um olhar desconfiado.

— O que você está planejando?

— O quê? Nada. Mesmo que ele esteja ameaçado, como esperado, com a garota que é como sua filha na frente dele, talvez esse cara possa fazer algo estúpido. É o que eu acho, sabia?

— Ameaçado? Você está dizendo que o Professor Down está aqui porque está sendo ameaçado?

— Hmmmmmmm, é uma expressão um pouco falha dizer ameaçado, eu acho. Talvez, algo como cumprir involuntariamente um pedido forçado de cooperação.

Parecia que Weiss queria dizer que Down estava ali de má vontade. O rosto de Down formou uma careta com a sensação de uma arma sendo pressionada com força contra ele. Weiss sorriu com presunção enquanto apontava o queixo para Emily.

— Mocinha genial. Este seu pai substituto é realmente galante, sabia? Ele até lamberá os sapatos de outras pessoas com a declaração de que elas não colocarão a mão em você. Até eu comecei a chorar por causa dessa devoção e pensei que talvez te ignorasse, senhorita, mas é uma história diferente se você veio aqui por conta própria.

— Es-espere, não foi isso que combinamos. Você disse que Emily não...

Down mostrou seu pânico ao ouvir Weiss falando muito. Só de olhar para isso, parecia que Down estava obedecendo sem nenhuma escolha porque Emily estava sendo usada para ameaçá-lo.

Weiss lançou um olhar vulgar para Emily como se fosse ridicularizar a agitação da garota...

— Professor, por favor responda. Por que, você fez algo assim?

— ...

O que havia ali era uma Emily que não foi abalada nem por um momento, seu olhar direto era imutável enquanto sua expressão parecia como se estivesse sufocando suas emoções transbordantes de forma desesperada. Em vez disso, sua expressão estava mostrando que ela estava enojada com a forma como Down ainda estava exibindo esse tipo de farsa neste momento.

Porém, uma forte força de vontade pôde ser vista nela, o que deixou claro que a garota não tinha planos de seguir adiante com aquele tipo de farsa.

Kosuke e Allen espontaneamente deram um pequeno sorriso ao ver como Emily agia. Vanessa também, embora estivesse olhando para Emily com preocupação, sua expressão era orgulhosa pela forma como a pesquisadora estava mostrando sua “força”.

— O que é isso, pensei que você fosse ficar pelo menos um pouco abalada. Bem, eu não esperava muito disso de qualquer maneira. Tudo bem porque a verdade será dita a partir daqui.

Weiss se separou de Down e encolheu os ombros, e então limpou de uma vez a capa que envolvia a grande caixa que foi colocada na parte de trás da caminhonete.

— ... você...

— Óóó, então você está abalado com isso. Estou feliz por ter trazido isso aqui só por precaução.

Emily olhou para Weiss com um olhar furioso. Kosuke e os outros não eram exceção. Aquela caixa especial de superfície transparente estava cheia de crianças que não tinham nem cinco anos de idade. Elas pareciam realmente assustadas. Três crianças se aninhavam no canto do espaço apertado enquanto seus corpos se encolhiam enquanto tremiam muito.

Weiss empurrou o dedo no smartphone da mão enquanto seu sorriso vulgar se aprofundava.

— Aquele desgraçado de gibi americano ali, e também os agentes, e até Emily, não se mexam, tá? Se meu dedo escorregar por causa do calor do momento, então esses pirralhos vão acabar fazendo uma estreia como monstros, entendido?

Como Weiss sabia sobre a habilidade de Kosuke, ele não tirou o olhar do jovem nem por um momento, apesar de sua atitude frívola. Muito provavelmente, no momento em que a presença de Kosuke desaparecesse mesmo que por um instante nesta situação, o mercenário moveria o dedo sem hesitar e acionaria o detonador do "Berserk" que foi consumido pelas crianças.

... e então, Kosuke estava desaparecendo como de costume.

— Seu lixo. Só o fato de você estar vivendo é um crime.

Vanessa, que adivinhou o que Kosuke estava fazendo, amaldiçoou para ganhar tempo. A expressão de Weiss se tornou divertida com o abuso de uma oponente em uma situação onde ele era esmagadoramente superior e deu de ombros. Claro, ele não tirou o olhar de Kosuke... ele não tirou o olhar...

— É melhor para todos vocês, cães do governo, aumentarem um pouco mais a variação do xingamento. Já me acostumei com o que vocês vão falar e, recentemente, ficou chato para mim. Bem, não importa. Vamos lá, em primeiro lugar, joguem os itens perigosos no chão.

Seu olhar em direção a Kosuke não foi tirado... não foi tira-... ele foi retirado.

O olhar de Weiss fluiu em direção a Vanessa, que estava falando com ele. Ele fez isso com muita naturalidade, como se fosse apenas o certo a se fazer. Ele baixou a arma e deu um sorriso satisfeito para Allen e Vanessa.

— Não usar essa habilidade também é vantajoso às vezes... não é como se eu estivesse chorando aqui.

— Quê, guwah!?

Kosuke-san, que estava ao seu lado, chorando como de costume, agiu. Ele ignorou Weiss, que pulou em estado de choque, segurou seu pulso e o fez largar o smartphone, e então o manteve de joelhos.

— Guh, maldição! Esse desgraçado de gibi americano! Por que diabos algo como você apareceu, hein!?

— Não é como se não entendesse seus sentimentos, mas fique quieto um pouco. Agora é a vez de Emily.

Quando Kosuke aumentou a pressão nas juntas de Weiss, o mercenário soltou uma pequena voz angustiada antes de calar a boca.

Down se afastou de Kosuke, que apareceu de repente ao seu lado, onde o olhar de Emily o penetrou.

Mas, logo depois que pensaram que a farsa de Weiss havia acabado e eles poderiam começar a conversar,

Goun-goun-goun!

Um som suspeito que parecia estar ressoando do fundo da terra ressoou no tímpano de Kosuke e companhia. Era o som de algum tipo de máquina sendo ativada. E também parecia muito alto. Kosuke e os outros olharam desconfiados para o chão.

E então, seu olhar encontrou uma rachadura no chão. Não, não era uma fenda, mas uma linha circular com seu centro dividido por uma linha vertical.

— Isso é, um elevador?

Vanessa murmurou. Foi como ela disse; havia um espaço subterrâneo mais abaixo deste estacionamento subterrâneo/depósito de carga. O diâmetro do elevador circular era de cerca de sete a oito metros. Era um grande elevador para transportar grandes máquinas e materiais.

Ele estava subindo. Kosuke e os outros tiveram uma premonição ruim crescendo dentro deles. Desta vez, uma risada abafada ressoou em seus ouvidos.

— Ku, kuku, fuhah. Enfim chegou. Demorou muito para atraí-lo para o elevador, mas é quase certo. Eu estava me perguntando o que aconteceria quando as distrações fossem quebradas e fôssemos pegos, mas valeu a pena inventar esse tipo de farsa.

Weiss disse esse tipo de coisa enquanto era empurrado no chão por Kosuke. Eles estavam prestes a questionar o que ele quis dizer com isso, mas antes que pudessem, a porta do elevador se abriu. O chão se dividiu para a esquerda e para a direita, e um buraco foi aberto no chão...

Incontáveis coisas voaram instantaneamente de lá.

— ... pro chão!

Kosuke gritou enquanto se posicionava na frente de Emily. E então, ele derrubou aquelas coisas atacando-as com um clarão de sua espada curta. Vanessa e Allen também se abaixaram depressa e conseguiram escapar do primeiro ataque de alguma forma.

Essas coisas interceptadas e cortadas por Kosuke fizeram sons brutais e caíram no chão. As coisas caídas convulsionaram com sons aquosos enquanto as fontes que perderam suas pontas recuavam para dentro do elevador.

— Ten-tentáculos?

— Parece que sim. Esses caras, o que diabos eles estão trazendo para cá?

As coisas que Emily mencionou enquanto seu rosto empalidecia eram mesmo tentáculos. Eles eram tentáculos carnudos da cor da pele que até pareciam com tripas humanas. Essas coisas voaram do elevador.

— Velhote. Plano B! Dê um jeito de correr para o ponto de encontro!

— ... en-entendido!

No momento em que Kosuke o deixou, Weiss pôs-se de pé e saltou para o lado. Ele mal evitou aquelas coisas que também surgiam para atacá-lo. E então ele tirou uma maleta do banco do motorista da picape que estava com a porta aberta o tempo todo. Ao mesmo tempo, ele ligou o motor.

Mas, ele não entrou no caminhão, o homem começou a correr a toda velocidade enquanto ainda segurava a maleta.

Por outro lado, Down também parecia saber o que vinha do subsolo enquanto rolava para baixo do caminhão no momento em que a porta do elevador se abriu. Assim, ele saiu do outro lado e se escondeu lá, então o professor ficou seguro. E da mesma forma que Weiss, ele pegou uma bolsa e uma caixa retangular. O Professor então começou a correr em direção a uma porta do lado oposto de onde Weiss estava indo.

De forma natural, Kosuke e os outros apontaram suas kunais e armas para parar Weiss, mas muitos tentáculos voaram antes que eles pudessem agir e os atrapalharam.

Além disso...

— Ah, Kosuke! Aquelas crianças!

— Aquele maldito! Então este era o seu objetivo desde o início.

Os tentáculos atacaram a caminhonete como se estivessem reagindo ao som do motor. Mesmo que cada um dos tentáculos tivesse o tamanho do braço de uma criança, eles instantaneamente derrubaram o caminhão para o lado sem qualquer dificuldade. De modo óbvio, a caixa com as crianças foi jogada para fora do caminhão. As crianças que foram empurradas dentro da caixa gritaram.

Os tentáculos reagiram a esses gritos e envolveram a caixa. Parecia que era um material resistente, então a caixa não foi esmagada ou amassada, mas foi arrastado em direção ao elevador.

— Vanessa, Allen. Cuidem de Emily!

— Entendido!

— Aah, céus. Isso está completamente fora da minha área de atuação, sabia?

Eles seguiram as instruções de Kosuke e foram para o lado de Emily para protegê-la; então os dois a levaram para longe do elevador. A maior parte dos tentáculos que saíam foi cortada por Kosuke, mas mesmo assim, como esperado da dupla de agentes, sua habilidade permitiu que eles explodissem com precisão os tentáculos restantes usando balas.

Kosuke julgou que seria bom deixá-los se defenderem sozinhos no momento, e ele iria resgatar as crianças.

No entanto...

— De jeito nenhum vou deixar você fazer isso com tanta facilidade, ouviu!?

— Você, esse desgraçado de merda!

Weiss disparou sua metralhadora do outro lado da porta. Ele estava mirando em Emily. Como esperado, uma façanha de acertas balas usando balas só poderia ser feita por um certo rei demônio. Era impossível para Vanessa e Allen se defenderem.

Portanto, Kosuke não pôde evitar defendê-los usando sua kunai para implantar uma barreira. Embora fosse apenas um pouco, o jovem ainda estava preso no lugar.

— Eii, maldito de gibi americano! Se você é um herói, então não abandone essas crianças miseráveis, ouviu?

A risada nojenta de Weiss ecoou, e no instante seguinte... ela fugiu.

Como uma lança lançada por um especialista, incontáveis tentáculos se estenderam e perfuraram o teto e as paredes. E então, usando expansão e contração e recuo, algo que poderia ser descrito como um pedaço de carne apareceu do fundo da terra.

Era estranho e repulsivo, como carnes picadas que eram amassadas umas nas outras, com tentáculos crescendo de forma desordenada. Aquela figura despertou repulsa instintiva em qualquer um que a visse.

Ela se contorcia com um movimento flácido e rastejava como um riacho lamacento. Se espalhava pela carne e pelo líquido enquanto se movia para a presa mais próxima.

... sim, para a caixa em que as crianças estavam presas.

— O material é sólido, então será capaz de resistir um pouco, mesmo que tenha sido engolido por aquele experimento arruinado. Faça o seu melhor e faça de tudo para resgatar essas crianças. Não vamos nos importar, tá legal?

Um experimento arruinado... exatamente como essas palavras afirmavam, o pedaço de carne era um produto criado a partir do processo de um experimento. A razão pela qual essa coisa acabou como esse pedaço de carne feio era apenas uma: esse foi um ato demoníaco feito para saber o limite da habilidade de "Berserk".

"Berserk" causava repetidas regenerações ao revigorar as células com força até que ultrapassasse o limite da carne. Então, o que aconteceria se "Berserk" fosse administrado de forma contínua enquanto ao mesmo tempo carne saudável e jovem era dada ao experimento? A cobaia fundiria sua antiga carne com outra carne na forma de ser engolida pela regeneração. Tal coisa foi repetida.

Desse modo, o resultado foi o pior monstro que nem mesmo pôde reter sua forma de ser vivo... uma Quimera Berserker. Já era incompreensível o que eram os primeiros organismos que entraram na fusão.

Levou tempo para atrair essa coisa da sala de experimentos mais profunda do subsolo até aqui usando qualquer tipo de isca. Mas Weiss acreditava que seria impossível conter essa existência que empunhava o sobrenatural sem usar a Quimera Berserker. Este era seu verdadeiro trunfo. Aquela farsa e toda a sua tagarelice serviram para ganhar tempo para guiar esta Quimera Berserker.

Weiss desapareceu atrás da porta ao mesmo tempo em que fez seu comentário de despedida. Depois que a quimera pegou a caixa com as crianças, ela continuou a atacar Kosuke e os outros sem parar, usando seus tentáculos como uma tempestade.

Kosuke se defendeu de todos enquanto cerrava os dentes com força. Atrás dele, Emily o chamou com uma voz trêmula:

— Kosuke, aquelas crianças... o que faremos!? Elas precisam ser salvas!

— ...

Não houve resposta. Normalmente, Kosuke respondia de imediato com palavras que transbordavam de confiança, mas agora ele ficou em silêncio. Uma má premonição cresceu dentro dela. Por acaso, talvez até com Kosuke aqui, aquelas crianças já estavam além da salvação. Esse era o fim, assim como Weiss disse...

— Kosu-...

Emily olhou para o lado de Kosuke com uma expressão que poderia se transformar em choro a qualquer momento. Ela imediatamente engoliu suas palavras de modo inconsciente.

Kosuke sempre agia como o vento assobiando ou com um sorriso perturbado no rosto. Às vezes, ele mostrava um rosto sério, um determinado ou um nostálgico. Emily tinha visto todos aqueles rostos até agora, mas ela nunca tinha visto o rosto atual de Kosuke.

Não havia nada nele, uma expressão de "vazio".

A garota estremeceu. Os olhos sem nenhuma emoção, olhando diretamente para a Quimera Berserker, e a expressão em que toda emoção havia escapado de forma clara dele, era como se a pessoa ali não fosse Kosuke.

— De alguma forma, eu entendi. Mesmo que não saiba como era sua aparência anterior, eu entendo de alguma forma. É assustador, não é? É doloroso, não é? Você foi trazido para este tipo de lugar e acabou assim...

Essas palavras não tinham entonação. Então, não apenas Emily, Vanessa e Allen também notaram.

Kosuke tinha "surtado". Não estava no nível da raiva que ele demonstrou quando Emily foi encurralada pela agência de segurança. Naquele evento, ainda havia alguma salvação. A família Grant estava bem e já havia sido resgatada, a Chefe Magdanese e seu grupo também eram pessoas convictas, e o incidente no prédio de pesquisas teve um aspecto forte de ter sido um acidente.

Foi por isso que, embora Kosuke estivesse com raiva naquele momento, ele não estava tão irado assim. Mas, agora era diferente. O que estava diante do jovem era um ato desumano, um avatar da malícia e ganância. Ele entendia. Mesmo que não soubesse os detalhes, o rapaz entendeu qual foi o material usado para fazer o pedaço de carne diante de seus olhos. Ele entendeu quem estava chorando e gritando naquele momento.

Por isso, a sensação que Kosuke tinha... era raiva.

— Allen.

— Sim-sim.

Allen, a quem de repente ele se dirigiu, estremeceu em reação. O agente estava suando frio do terror silencioso, mas que corroía o jovem. Kosuke comandou Allen ainda com uma voz que carecia de entonação.

— Persiga "aquilo". Detenha-o até que eu o alcance depois de resgatar aquelas crianças.

— Si-SIM SENHOR!!

Kosuke cravou sua espada curta no chão e fez um caminho de chamas correr pelo chão. Um caminho que era protegido por uma parede de chamas corria direto para a porta por onde Weiss entrou. Allen correu por ele.

— Emily.

— Sh-Shim!

— Persiga o professor. Vanessa.

— Sim, Kosuke-san.

— Proteja Emily.

— Entendido.

Chamas corriam em direção à porta por onde Down passou. Emily estava hesitando, mas Vanessa segurou sua mão e a puxou. Mesmo assim, Emily estava preocupada com as crianças e também com Kosuke. Quando ela olhou para trás, ali, o jovem estava colocando seus óculos escuros enquanto abria a boca.

— Não se preocupe Emily. Vou salvar essas crianças. Vou destruir esse monstro lamentável. Vou fazer "aquilo" se arrepender de ter nascido. Vou deixar Down para Emily, mas também não vou deixar ninguém além daqueles caras fugirem. Por isso, vá.

— Sim-sim, entendido. Kosuke, por favor, salve essas crianças!

— Sim, deixe comigo.

Emily começou a correr, liderada por Vanessa. A Quimera Berserker instintivamente se esquivou da parede de chamas, mas mesmo assim, ainda tentou capturar a presa esticando seus tentáculos em uma forma circular através do teto, mas todos os seus esforços foram evitados pela barreira da kunai, e o monstro não conseguiu se aproximar da presa.

Emily e os outros perseguiram seus respectivos alvos, e suas figuras desapareceram da sala. Detectando isso, Kosuke, não, o senhor do abismo declarou com calma, sem nem mesmo fazer uma pose chamativa.

— Esta raiva sem dúvidas pertence a todos vocês que são tratados pelos outros como se fossem itens dispensáveis. Em troca, dissiparei seu pesar por você. Portanto, por favor, durma em paz.

O lorde do abismo que foi conduzido pela raiva começou sua batalha em prol da salvação.


Nota do Autor (Ryo Shirakome)

Muito obrigado por ler essa história.

Muito obrigado pelos pensamentos, opiniões e relatos sobre erros de ortografia e palavras omitidas.

Muito bem, no último capítulo, eu disse que o próximo seria o clímax, mas... este capítulo está um passo atrás do clímax.

Até onde sabemos, Shirakome está olhando calorosamente para conseguir lançar um desenvolvimento legal seguindo o modelo "o cérebro é quem manda", mas...

Na verdade, queria terminar tudo de uma vez com apenas um capítulo.

Tudo é culpa da realidade e do local de trabalho. Eu sinto muito.



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