Volume 1
Capítulo 20: As habilidades da companheira
— Dr-d-droga!
— ... Hajime, lute...
— Você é muito despreocupada!
Atualmente, eles estavam atravessando gramados selvagens com Yue nos ombros de Hajime. Esses gramados chegavam até um metro e sessenta e chegavam aos ombros dele. Se Yue estivesse caminhando, a figura dela desapareceria. E então, o motivo para eles estarem fugindo pela grama apareceu.
— Shaa!!
Havia quase 200 monstros perseguindo eles.
Depois que Hajime terminou de reabastecer, eles avançaram por dez andares. Os equipamentos e habilidades de Hajime eram úteis na jornada deles e a magia de Yue também teve grande papel nesse progresso.
Yue podia usar qualquer magia e Hajime ajudava ela com suas habilidades. A Magia de Barreira e a Magia de Recuperação dela não eram grande coisa. Como ela tinha a Auto Regeneração, ela deve ter pensado que isso seria desnecessário. No entanto, não havia problemas porque Hajime tinha sua Poção.
Foi assim que eles avançaram até o andar atual. O terreno tinha a aparência de uma floresta; uma extensa floresta. Árvores exuberantes e densas com mais de dez metros se alinhavam na floresta e a atmosfera era úmida. O bom é que não era como a floresta tropical que ele encontrou antes.
Quando Hajime e Yue estavam procurando pelas escadas para o próximo andar, um retumbante som foi ouvido. Uma Fera Mágica que parecia para Hajime um enorme réptil, apareceu diante deles. Era como um Tiranossauro Rex, mas havia uma flor em sua cabeça. Presas afiadas pingando sangue surgiam da poderosa fera e uma flor parecida com um girassol esvoaçava no topo de sua cabeça. Era uma experiência surreal.
O T-Rex soltou um rugido e disparou em direção a eles.
Hajime calmamente pegou Donner... antes disso, Yue ergueu sua mão.
— Lança Escarlate.
Uma labareda apareceu na mão de Yue e espiralou até se transformar em uma lança. A lança atravessou a boca do T-Rex e saiu por suas costas. Sua vida acabou enquanto os arredores derretiam. Um som estrondoso surgiu assim que o T-Rex caiu de lado no chão e a flor de sua cabeça pousou no chão.
— ...
Hajime continuou em silêncio por um tempo. Yue parecia estar incomparavelmente intensa nesses dias. No início, ela iria se dedicar a dar cobertura a Hajime. Durante a jornada deles, ela começou a matar instantaneamente qualquer monstro que se opunha a Hajime. Ele começou a se sentir deprimido por estar sendo inútil. Talvez fosse porque quando ele terminava suas preparações, a luta já tinha se encerrado sem que ele fizesse nada. A mente dele estava tomada pela ansiedade. Se ele não pudesse demonstrar seu valor, ele receberia um forte golpe em sua confiança.
Ele falou com Yue com um sorriso forçado enquanto ele mantinha Donner em suas mãos.
— Ah. Yue? É bom ficar entusiasmada... mas, recentemente, eu sinto como se eu não fizesse muita coisa...”
Yue se virou para olhar para Hajime e ele podia ver um leve orgulho no rosto sem expressões dela.
— ... eu quero ser útil... porque eu sou sua parceira...
Parece que ela não estava contente apenas cobrindo Hajime. Ele pensou que como eles iriam viajar juntos a partir de agora, como parceiros, eles deveriam confiar um no outro. Naquela vez, Yue desmaiou depois de usar todo o seu Poder Mágico. Hajime disse isso para conforta-la depois que a libertou... parece que a mensagem ficou gravada profundamente na mente dela. Ela queria mostrar seu valor como companheira dele.
— Haha. Não. Você já me ajudou muito. A magia de Yue é muito poderosa, então, por favor, cuide da retaguarda. Combate a curta distância não é adequado para você. A linha de frente fica comigo.
— ... Hajime... okay...
Yue ficou em silêncio com o conselho de Hajime. Ele sorriu para Yue, que estava tentando muito se provar útil para Hajime. Para mostrar que ele não estava chateado com ela, ele acariciou os macios cabelos dela. A expressão de Yue voltou para seu estado normal. Hajime não poderia falar mais nada.
Como ele não queria se tornar dependente, ele tinha que tomar cuidado... enquanto ele pensava nisso, ele acidentalmente se mimou. Hajime estava impressionado com isso.
De certo modo, esses dois estavam flertando, mas Hajime capturou a presença de uma Fera Mágica com a sua Detecção de Presença. Aproximadamente dez deles estavam indo em sua direção. Pelos movimentos do líder, parecia ser um Lobo de Duas Caudas? Ele queria verificar isso e apressou Yue para se moverem. Hajime queria se mover para um lugar mais vantajoso por causa dos números dos inimigos.
Quando as Feras Mágicas estavam tentando cercar eles, Hajime disparou em direção a um deles. Antes que ele pudesse se aproximar mais, um réptil de dois metros caiu das árvores gigantes. A aparência do réptil era parecida com a de um Velociraptor. Havia uma tulipa florescendo em sua cabeça.
— ... fofo...
— ... é alguma moda?
Yue murmurou involuntariamente enquanto ela se sentia relaxada. Hajime virou seus olhos para o monstro e murmurou uma hipótese improvável.
Tanto o Velociraptor e o T-Rex tinham flores desconhecidas! Parecia que ela gerava sede de sangue conforme crescia. Preparações de guerra. A flor balançou e palpitou...
— Shaaa!!
Olhando para Hajime que estava ocupado com sua flor, o Velociraptor disparou. Havia garras com 20 centímetros em suas robustas pernas. Uma hedionda luz brilhou dessas garras. Hajime e Yue recuaram e se separaram, indo para a esquerda e direita. Hajime foi para cima do monstro com sua Aerodinâmica. Ele então atirou na tulipa para fazer um teste.
Todas as partes da flor se espalharam com o som do tiro. O Velociraptor pareceu estremecer por um momento, ele rolou como se não tivesse conseguido aterrissar. Hajime saltou em uma árvore e parou de se mover. Silêncio preencheu o cenário. Yue se aproximou de Hajime enquanto ela olhava para o monstro e a flor despedaçada.
— ... morto?
— Não, ele parece estar vivo...
Quando Hajime falou, o corpo do monstro começou a se contrair. O Velociraptor se levantou e olhou ao redor. Ele olhou para a tulipa caída no chão e pisou nela. Sem se importar com seus inimigos.
— Eh. Essa reação... o que isso significa?
— ... pegadinha.
— ... não, não é como se um colega da escola pregou um pedaço de papel nas costas dele.
Quando ele ficou satisfeito, ele olhou para o céu como se dissesse: “Phew. Bom trabalho!”. Um grito foi ouvido. O Velociraptor encarou Hajime e ficou assustado.
— Você notou isso? Ele estava em transe.
— ... bullying afinal.
Hajime apontou a realidade e Yue olhou para ele com simpatia. O Velociraptor ficou congelado por um instante. Eventualmente, ele assumiu uma postura baixa, expos suas presas e saltou. Hajime atirou com Donner na boca aberta do monstro.
A bala perfurou a boca do Velociraptor e saiu pela parte de trás de sua cabeça, desaparecendo na floresta atrás deles.
Com o impulso para saltar, o corpo do Velociraptor deslizou pelo chão. Hajime e Yue olharam para o corpo dele sem dizer nada.
— Sério, o que diabos aconteceu?
— ... foi bullying. Para ser espancado... que pena.
— Não, isso não foi bullying. Definitivamente não foi.
Hajime parou de tentar pensar em uma explicação porque ele não entendia como as Feras Demoníacas pensavam. Eles começaram a se mover para um local mais vantajoso porque os monstros que estavam os cercando estavam se aproximando.
Inúmeras árvores grossas com cinco metros de diâmetros se espalhavam na nova área onde eles estavam. Os galhos das árvores se entrelaçavam com os galhos das suas vizinhas. Hajime usou sua Aerodinâmica e Yue usou a Magia do Vento para pular até os galhos. Era como um corredor aéreo. Hajime ia exterminar as Feras Mágicas atirando nelas do alto.
Menos de cinco minutos depois, Velociraptors começaram a aparecer abaixo deles. Hajime planejava jogar uma Granada Incendiária, contudo, ele congelou. Yue também segurou sua mão pronta para liberar uma magia. Porque...
— Por que todos esses caras têm flores?
— Jardim de flores...
Havia mais do que dez Velociraptors e todos eles tinham flores em suas cabeças. Uma variedade de flores também.
A involuntária frase de Hajime atraiu a atenção de todos os Velociraptors. Os monstros assumiram uma posição para saltar e atacar. A estratégia de Hajime era ficar fora do alcance deles e então atirar com Donner e jogar uma Granada Incendiária. Tiros foram disparados em sequência, um clarão branco precedia cada morte. Um por um, os Velociraptors morreram com suas cabeças explodidas. Yue estava usando sua Lança Escarlate para matar os monstros ao seu redor.
Três segundos depois, a Granada Incendiária explodiu no meio de um grupo de Velociraptors. Piche queimando a 3.000º C se espalhou nos monstros. Hajime suspirou profundamente pelo alívio de ver que suas armas funcionavam nos monstros deste andar. Parece que apenas aquele Escorpião era especial.
Menos de dez segundos depois, todos os inimigos foram eliminados. Contudo, Hajime tinha um olhar vazio. Yue notou isto e balançou sua cabeça enquanto andava até ele.
— ... Hajime?
— ... Yue, isto não é esquisito?
— ???
— Eles são muito fracos.
Yue notou depois de ouvir as palavras dele. Era verdade. O T-Rex e os Velociraptors foram facilmente exterminados porque eles se moviam de forma muito previsível e usavam ataques normais. Os movimentos artificiais eram quase mecânicos. Até mesmo a sede sangue deles era estranha. Depois de observar a cena onde o Velociraptor pisou na flor em fúria, Hajime sentiu que as flores não deviam fazer parte deles.
No momento em que Hajime ia dizer para Yue avançar com cuidado, sua Detecção capturou a presença de monstros se aproximando. Uma vasta quantidade de Feras Mágicas se reunindo em todas as direções. O alcance da Detecção dele era de 20 metros de raio e todos os monstros que ele detectou estavam indo em linha reta até eles.
— Yue, isto é ruim. Estou captando 30, não, 40 monstros a mais se aproximando. Alguém parece estar ordenando que eles nos cerquem de todas as direções.
— ... nós fugimos?
— ... não, não podemos com tantos assim. É melhor extermina-los do topo da árvore mais alta.
— Hn... vamos lá.
— Oh. Eu vou arriscar.
Se movendo em alta velocidade, eles rapidamente encontraram a árvore mais alta da área. Eles destruíram os galhos que poderiam ajudar as Feras Mágicas a escalar a árvore.
Hajime esperou calmamente enquanto segurava Donner. Yue entendeu e gentilmente segurou a barra das roupas dele. A mão dele estava ocupada, então ele usou seu corpo como substituto para se segurar. O aperto dela ficou um pouco mais forte.
Então, o primeiro grupo chegou. Não apenas Velociraptors, mas também T-Rexes. Os T-Rexes estavam atacando a árvore e os Velociraptors estavam usando suas garras para escala-la.
Hajime puxou o gatilho de Donner. Ele atirou contra o chão para atingir os Velociraptors que escalavam. Quando o tambor de Donner se esvaziou, Hajime se livrou das capsulas. Com a rotação do tambor, ele usou o ejetor para limpar as culatras e carregou a arma a colocando embaixo de sua axila esquerda. Durante estes cinco segundos, a Granada Incendiária que ele jogou antes de começar a atirar explodiu nos monstros. Chamas se espalharam pela área. Donner disparou de novo depois de ser recarregada. 15 dos monstros já estavam caídos, mas isso não foi suficiente.
Logo, mais 30 Velociraptors e quatro T-Rexes se reuniram debaixo de seus olhos. Eles estavam tentando derrubar a árvore em que Hajime estava, ou tentavam escala-la para ataca-lo.
— Hajime?
— Ainda não... um pouco mais.
Hajime respondeu a Yue, enquanto ele estava atirando nos Velociraptors. Ela continuou a concentrar sua magia porque ela acreditava nele.
Finalmente, mais do que 50 monstros se juntaram abaixo deles. Isto era apenas um palpite porque era difícil ter certeza no momento. Ele enviou um sinal para Yue dizendo que os monstros que ele sentiu com a Detecção estavam todos reunidos.
— Yue!
— Okay! Inferno Glacial!
Quando Yue ativou sua magia, debaixo deles, uma área foi congelada e estava se espalhando. A área estava sendo coberta por gelo azul. Quando o gelo tocou as Feras Mágicas, eles foram cobertos como se estivessem em um caixão. Não houve nem mesmo um que resistisse. Os monstros perderam o brilho em seus olhos depois que foram envolvidos pelo gelo. Uma área de 50 metros quadrados foi congelada com o feitiço. Ela fazia jus ao título de Magia de Extermínio.
— Haa... haa...
— Bom trabalho. De fato, uma Princesa Vampira.
— ... kufufu...
Hajime elogiou Yue pelo espetáculo diante dele. Exatamente como o nome da magia, realmente parecia como se um inferno de gelo se espalhasse pela área. Yue ficou sem Poder Mágico depois de usar essa magia avançada. Ela respirou com dificuldade. Provavelmente, ela estava sofrendo de fadiga.
Hajime sentou ao lado dela e colocou a mão em seu quadril para ajudá-la e ofereceu seu pescoço. Para permitir que ela se recuperasse ao beber seu sangue. Mesmo que ela se recuperasse com a Poção, levava mais tempo para um Vampiro se recuperar com a Água Sagrada. Sangue parecia ser o melhor.
Yue estava constrangida, apesar de sua expressão vazia, pelo elogio de Hajime e apenas riu. Ela corou ao colocar sua boca contra o pescoço dele.
Mas Hajime se levantou com uma expressão sombria. Ele estava sentindo mais do que cem Feras Mágicas.
— Yue, há muitos outros se aproximando;
— !?!?!?”
— Se são tantos, algo está acontecendo. Nós acabamos de eliminar todos. Ainda assim, outro ataque suicida... como se eles fossem compelidos a... aquela flor... talvez...
— ... parasita;
— Yue também pensou nisso?
Ela acenou com a cabeça para confirmar o palpite dele.
— ... deve ter um corpo principal.
— Parece que enquanto as flores estiverem neles, eles são marionetes. Nós estaremos enfrentando todos os monstros deste andar.
Antes que Hajime fosse esmagado pelos números, ele deveria procurar pelo corpo principal. Procurar pelo próximo andar seria difícil se eles não cuidassem disso primeiro. E eles poderiam encontrar as escadas ao longo do caminho.
Não havia tempo para deixar Yue sugar o sangue dele, então ele tentou passar a Água Sagrada para ela. Contudo, Yue a recusou. Ela esticou seus braços na direção de um Hajime confuso e disse...
— Hajime... me carregue...
— Quantos anos você tem? Você vai tentar sugar meu sangue enquanto nos movemos?
Hajime estava correto. Yue concordou com a cabeça para responde-lo. A recuperação do Poder Mágico era lenta para Yue com a Água Sagrada e eles deveriam mantê-la como um plano de emergência. Como ele estava desesperadamente se preparando, Yue enfrentou pouca resistência. A necessidade não respeita normas.
Ele consentiu em carrega-la. Yue se agarrou nas costas de Hajime enquanto ele começava sua busca pelo corpo principal.
E foi assim que eles acabaram na situação atual.
Eles estavam sendo perseguidos por quase 200 Feras Mágicas. A vegetação também era um problema. Yue já tinha terminado sua refeição, mas ela não saiu das costas de Hajime.
E dos monstros atrás deles...
Dodododododododododo.
As Feras Mágicas se aproximavam fazendo esse barulho. Velociraptors corriam lado a lado se escondendo no mato alto e pulavam de todas as direções. Hajime correu para o local que ele considerou mais suspeito enquanto contra-atacava. Yue não permitiu que o cerco os superasse ao usar suas magias.
Kapu, Chu.
Os dois encararam a saída da floresta em frente. Do outro lado havia a parede do Calabouço. Parecia uma caverna com rachaduras se espalhando do centro. Por que este local era o objetivo? As Feras Mágicas que atacavam tinham um hábito constante em seus movimentos. Hajime ponderou enquanto eles avançavam. Os movimentos deles se tornavam violentos quando eles tentavam escapar em uma certa direção. Como se os monstros estivessem tentando leva-los para longe dali. Eles decidiram correr nessa direção porque as Feras Mágicas continuavam aumentando e eles não poderiam lidar com esta situação.
Aparentemente, se esconder na grama não funcionaria. Hajime pulava em frente com a Aerodinâmica e o Teletransporte.
Kapu, chu.
— Yue-san!? Você poderia parar de chupar o meu sangue?
— ... inevitável.
— Mentira! Você já não está mais exausta!
— ... as flores deles... eu também... ku.
— O que você está resmungando? Não tente mudar de assunto, idiota! Eu não posso permitir isso, hey!
Apesar da situação, Yue estava obcecada com o sangue de Hajime. Não era de se estranhar que uma antiga integrante da realeza não pudesse controlar seus impulsos. Apesar de ele estar brincando, ele conseguiu contra-atacar. Hajime pulou nas rachaduras enquanto ele lidava com 200 monstros.
As rachaduras da caverna eram estreitas para dois adultos ficarem de pé lado a lado. É claro que o T-Rex não conseguiria entrar e os Velociraptors só poderiam entrar um por um. Um dos Velociraptors que entrou na rachadura tentou rasgar Hajime com suas garras. Antes que ele pudesse atacar, Hajime atirou com Donner. Ele usou sua Transmutação para bloquear o caminho.
— Phew. Nós vamos ficar bem por um tempo com isto.
— ... bom trabalho.
— Se você acha isso, então desça.
— ... mu... não tenho escolha.
Yue relutantemente desceu com as palavras de Hajime. As costas dele pareciam ser muito confortáveis.
— Esses caras estavam muito desesperados. É este o lugar, não é? Não baixe sua guarda.
— Okay.
Como a entrada estava fechada com a Transmutação, os dois continuaram a adentrar a caverna.
Eles chegaram em um enorme salão depois de caminharem por um tempo. Rachaduras que continuavam ainda mais nas profundezas da caverna se espalhavam pelo salão. Talvez uma delas fosse a escada para o próximo andar. Hajime examinou a área. Ele não sentiu nada, mas ele manteve sua guarda porque estava com uma sensação desagradável. Havia muitas Feras Mágicas no Calabouço que podiam esconder suas presenças dele.
Quando eles chegaram no centro da sala, algo aconteceu. De todas as direções, um incontável número de bolas verdes voou. Yue e Hajime ficaram costas a costas no mesmo instante e interceptaram as bolas. Hajime decidiu criar uma parede de pedra porque o número delas excedia cem. A parede era forte o bastante para prevenir que as bolas a perfurassem. Parecia que as bolas não tinham muito poder. Yue foi capaz de intercepta-las com sua Magia do Vento e sua excelente velocidade sem problemas.
— Yue. É provavelmente um ataque do corpo principal. Você sabe onde ele está?
— ...
— Yue?
Hajime perguntou se ela sabia a localização do alvo. Yue não tinha uma habilidade de busca como a Detecção de Presença, mas como uma Vampira, ela tinha sensos mais apurados do que os de Hajime. Contudo, ela não respondeu a pergunta. Desconfiado, Hajime a chamou, mas a resposta que ele recebeu...
— ... corra... Hajime!
Antes que qualquer um percebesse, a mão dela apontou para Hajime. Vento convergiu de sua mão. Seus instintos o avisaram e Hajime pulou para o lado com toda a sua força. Uma lâmina de fortes ventos passou no lugar onde Hajime estava e dividiu ao meio o rochedo que estava atrás.
— Yue!?
Hajime queria erguer sua voz pelo ataque surpresa, mas ele entendeu quando ele olhou para o que estava na cabeça dela. Havia uma flor florescendo na cabeça de Yue. Ela combinava com Yue? Era uma rosa vermelha que combinava muito com ela.
— Merda. Foram aquelas bolas verdes!?
Ele queria se bater pela falta de cuidado. Hajime continuou desviando dos ataques de vento de Yue.
— Hajime... uhh...
Yue trocou sua expressão vazia por uma de pura tristeza. Quando ele atirou na flor do Velociraptor, o monstro pisou na flor. Isso significava que a consciência da vítima continuava mesmo ela sendo manipulada. Apenas o corpo era privado de sua liberdade.
Mas ele já sabia como libertar ela. Hajime tentou puxar o gatilho enquanto mirava na flor. Contudo, o controlador já sabia que Hajime tinha atirado em uma flor antes. O corpo de Yue se moveu para cobrir a flor. Ela estava se movendo muito pelo local, então havia uma chance de o tiro atingir o rosto dela. Hajime se aproximou para cortar a flor, mas Yue bateu em sua própria cabeça.
— ... você tem alguma coragem...
Era um aviso para Hajime se afastar. Yue seria o alvo da magia se ele não fizesse. Certamente, Yue era quase imortal. Contudo, ele não poderia negar que ela deveria ter um feitiço que a desintegraria e preveniria sua regeneração. Yue também seria capaz de usa-la em um instante. Ele queria impedir a chance de um ataque suicida.
O monstro apareceu das rachaduras escuras como se entendesse a hesitação de Hajime.
Uma Fera Mágica que era a mistura de uma mulher e uma planta surgiu. Ela era similar com uma Dríade[1] ou uma Alraune[2] dos RPGs. O monstro apareceu diante de Hajime. Há algumas lendas que dizem que Dríades trazem boa sorte, quando não são hostis, e elas têm a aparência de lindas mulheres. Mas a que estava na frente dele não passava essa impressão. De fato, ela parecia uma mulher humana, mas ela tinha um rosto horrível como se sua feiura interna estivesse transbordando. Ela também tinha incontáveis vinhas balançando ao redor e era bizarra. A boca “dela” estava sorrindo e parecia rir de algo.
Hajime apontou sua arma mais uma vez. No entanto, Yue entrou na linha de fogo.
— Hajime... desculpe...
Yue rangeu seus dentes com uma expressão abatida. Ser incapaz de se controlar era provavelmente intolerável. Ela deveria estar resistindo a isso desesperadamente. Sangue escorreu de seus lábios enquanto ela movia sua boca para se desculpar. Seus dentes afiados deviam ser os culpados. Ela estava frustrada consigo mesma, com a maldição, ou os dois?
A Alraune lançou bolas verdes em Hajime enquanto usava Yue como um escudo. Hajime se livrou delas com Donner. Elas foram destruídas e, apesar de não visíveis, espalharam esporos ao redor. Não havia sinal de uma flor crescendo em Hajime. A risada do monstro parou e ela olhou para ele confusa. Os esporos não pareciam funcionar em Hajime.
“Deve ser por causa de todas as minhas resistências.”
Era exatamente como Hajime presumiu. Os esporos eram um tipo de neurotoxina[3]. Sua Resistência a Veneno o permitiu resistir a isso. Era uma enorme sorte para Hajime e Yue não poderia ser culpada de nada. Ela deveria estar com o coração partido.
Percebendo que os esporos eram inúteis contra Hajime, o monstro se irritou e deu uma ordem para Yue usar um feitiço. Mais uma vez, uma lâmina de vento se formou. Hajime pensou que o monstro era incapaz de demonstrar todo o potencial de suas vítimas. Os movimentos dos Velociraptor eram prova disso.
“Há males que vem para o bem.”
Se ele tentasse desviar da lâmina de vento, a Alraune só ameaçaria machucar Yue. Ele usou Vajra[4], obtida dos Ciclopes, para resistir as lâminas. Esta habilidade solidificava e expandia magia para cobrir todo o corpo. Uma habilidade muito confiável que demonstrava poder defensivo equivalente a seu nome. Como ele ainda era inexperiente com ela, Hajime só conseguiu usar 1/10 de seu poder original. As lâminas não tinham podem nem eram afiadas, então ele foi capaz de resistir.
“Há um método para resolver isto de uma vez... mas o que vai acontecer depois será assustador... ou eu deveria jogar uma Granada Incendiária?”
Enquanto Hajime ponderava sobre a situação, Yue deu um grito triste.
— Hajime! Eu vou ficar bem... apenas atire!
Yue tinha se preparado para isto. Se ela não pudesse se controlar, então ela preferia que Hajime atirasse nela. Ela colocou esse tipo de vontade em seus olhos que observavam Hajime.
De forma alguma ele faria isso. Com certeza ele iria salvar ela. Uma frase dessas normalmente é usada na cena em que a heroína é salva. O Hajime de antes iria fazer isso. Mas o atual Hajime iria destruir tais expectativas.
— Eh. Está tudo bem mesmo? Isso vai me salvar.
Bang!
O disparo de um tiro ecoou no salão. Quando ele escutou as palavras de Yue, ele puxou o gatilho sem hesitação. O salão foi preenchido com uma ar gelado e silêncio. Pétalas de rosa estavam dançando no ar e caindo no chão.
Yue estava piscando sem parar pela surpresa. A Alraune estava com olhos cheios de surpresa. Para confirmar que aquilo tinha desaparecido, Yue colocou as duas mãos em sua cabeça. Havia partes de seu cabelo louro que foram queimadas ou rasgadas. A Alraune também entendeu a situação. Ela encarou Hajime com olhos acusadores.
— Não, não me olhe assim.
Bang!
Ele descarregou sua arma. A cabeça do monstro explodiu em um líquido verde. Ela caiu no chão enquanto seu corpo se contorcia.
— Então, Yue, você está bem? Nenhum desconforto?
Hajime confirmou a segurança de Yue com um sentimento de alívio. Entretanto, Yue estava encarando Hajime enquanto esfregava sua cabeça.
— ... você atirou.
— Ah? Bom, você disse para atirar.
— ... você não hesitou...
— É porque eu finalmente decidi atirar. Eu tenho confiança na minha pontaria. Como imaginei, Yue tem mesmo coragem. A partir de agora vou levar isso em consideração.
— ... meu escalpo foi um pouco raspado... talvez...
— Bem, se for só isso você vai se regenerar logo, não vai? Sem problemas.
— Uhhhhh...
Yue começou a bater no estômago de Hajime repetidamente com o rosto que dizia “Isso é verdade, mas...”. De fato, ela disse para ele atirar e ela estava preparada. Mas Yue era uma mulher. Ela tinha alguns sonhos. Ele deveria ao menos hesitar um pouco. Com uma resposta tão vazia, ela queria reclamar.
Hajime não se preocupou com Yue depois que ele descobriu que ela não poderia usar magias de alto nível quando estava sendo manipulada. Havia poucos feitiços que poderiam superar a imortalidade dela. Foi desagradável atirar sem hesitação. Mesmo que fosse o maior tabu hesitar em um combate. Ele inclinou sua cabeça se perguntando sobre o motivo para ela estar brava. Ela estava perdendo para este Hajime e apenas se virou e se afastou dele fazendo beicinho.
Hajime suspirou. Como ele iria melhorar o clima? Isto seria mais difícil do que derrotar a Alraune.
Notas
[1] Na mitologia grega, dríades ou dríadas eram ninfas associadas aos carvalhos. De acordo com uma antiga lenda, cada dríade nascia junto com uma determinada árvore, da qual ela exalava. A dríade vivia na árvore ou próxima a ela. Quando a sua árvore era cortada ou morta, a divindade também morria. Os deuses frequentemente puniam quem destruía uma árvore.
[2] Alraune (mandrágora em alemão) é uma personagem feminina lendária, retratada em contos alemães. A base para a história de Alraune data da Idade Média alemã. A raiz da mandrágora, que possui um formato vagamente humanoide, era creditada pelos alquimistas como sendo produzida pela ação sobre a terra do esperma de enforcados, que ejaculavam ao terem seus pescoços quebrados. A própria raiz era utilizada em filtros e poções de amor, enquanto que seus frutos supostamente facilitavam a gravidez. De bruxas que faziam sexo com a raiz de mandrágora, dizia-se serem capaz de gerar prole, todavia, sem sentimentos, capacidade de amar ou alma.
[3] Neurotoxina é o termo usado para designar as toxinas que são capazes de lesar o sistema nervoso, podendo ainda agir sobre outras partes do organismo. A neurotoxina é uma ação paralisadora que atinge os neurônios danificando-os.
[4] Vajra é uma palavra sânscrita (língua antiga usada no Nepal e na Índia) que significa tanto "diamante" quanto "relâmpago". Como diamante, remete à indestrutibilidade da essência espiritual. Enquanto relâmpago, como aquilo que ilumina velozmente.