Volume 2
Capítulo 84: As Habilidades de Odin (2)
Antes de tudo, as Mães instruíram os demais para levar os 10 Elfos que Odin tinha trazido. As jovens mulheres levaram-nos para as suas casas, para descansar e lhes dar comida.
Odin e eu fomos com as Mães para um lugar mais calmo e tivemos uma conversa: — Antes de tudo, agradecemos mais uma vez a sua gentileza e boa vontade ao ter gastado o seu próprio dinheiro para salvar os nossos.
— Imagina. Como humano, também estou enojado com essa crueldade.
— Você disse que era o Conde Odin de Ulpenburg? Com tamanha posição entre os humanos, não sei o motivo de querer ter uma relação conosco, considerando que não temos ligação alguma. Que benefícios isso traria para você?
— O mundo tem se tornado cada vez mais caótico, e proteger a si mesmo está ficando mais difícil. Acho que o mesmo vale para vocês.
— Sim. — A Mãe Anciã concordou, completamente.
Odin continuou: — Além disso, temos um inimigo em comum.
— Um inimigo em comum?
— O Visconde Bastian. Acabei de terminar os preparativos para entrar em guerra com ele.
— Bastian é o humano ao Norte daqui?
— Sim, ele mesmo.
— Você quer nossa ajuda para atacá-lo?
Odin balançou a cabeça: — Na verdade não. Não tenho dificuldades em lidar com ele.
— Você parece adequado. — Derrick, que estava quieto, finalmente falou. — Você é o humano mais forte que encontrei até agora.
— É uma honra. — sorriu Odin.
Eu e as Mães ficamos surpresos. Derrick era o Elfo mais longevo na Montanha Marrom, e ele disse que esse era o humano mais forte que já tinha visto.
Odin era um Participante incrível que já tinha terminado todos os 20 Exames em que participou até agora. Eu não tinha ideia do quão forte ele era.
— Então por que você quer se aliar conosco?
— Pois quero trabalhar junto para lidar com futuros perigos que ainda não podemos ver. — respondeu ele. — Visconde Bastian não é páreo para mim, mas eu não sei por que ele lutaria, mesmo sabendo disso. Acho que há alguém maior por trás disso tudo.
Ouvindo isso, as Mães se reuniram e começaram a discutir.
Também me perdi em pensamentos.
“Vamos pensar. Considerando tudo por agora, o Clã Prata dos Licantropos e o Visconde Bastian devem ter feito algum tipo de acordo. Devem ver os Elfos como algum tipo de alvo em comum. Enquanto o ambicioso Leon Silver possivelmente pensa em expandir o seu território para a Montanha Marrom, o Visconde Bastian deve estar querendo capturar todos os Elfos, vendê-los como escravos e lucrar com isso.”
Adicionando o Mago Negro que controlava os zumbis a essa mistura, a aliança dos três poderia conseguir o que quisesse ao atacar os Elfos.
“É isso.” Organizei os meus pensamentos antes de falar: — Tenho algo a dizer.
— Pode dizer, Kim.
— Bem, isso que o senhor Odin disse, sobre o perigo invisível, eu acho que é o Mago Negro.
— Mago Negro?
— Sim. Eu consigo imaginar o que o Clã Prata e o Visconde Bastian almejam ao focar nos Elfos. Os Licantropos querem território, e o outro quer escravos Elfos.
— Coisas cruéis.
— Os sem-vergonha juntaram forças. — As Mães estavam com muita raiva.
Continuei a falar: — O problema é o que o Mago Negro quer. E eu acho que é a Árvore da Vida.
— A Árvore da Vida?
— Sim. Ouvi de um feitiço do mal que traz zumbis para estudar a imortalidade. Nesse caso, a Árvore da Vida, que é cheia de força vital, não seria o espécime perfeito para isso?
— Não tinha pensado por esse lado… — Odin assentiu, concordando.
Continuei: — Tem algo que quero perguntar. Antes de eu chegar aqui, a Árvore da Vida começou a adoecer. Quando isso começou?
— Por que pergunta isso? — A Mãe Anciã perguntou.
— Quero saber se ela adoeceu por causas naturais ou se o Mago Negro colocou alguma maldição ou coisa do tipo.
As Mães entraram em choque.
— Não foram causas naturais, foram?
— Também pensei assim. Deve ser por isso que nunca acreditaram que ela estava morrendo.
— Se não eram causas naturais, isso explica como não encontramos a causa.
— As deduções de Kim estão certas.
As Mães começaram a falar todas ao mesmo tempo, e o lugar começou a parecer um mercado de peixe, assustando Odin.
— É sempre assim por aqui?
— Sim. Você se acostuma logo.
— É um sistema de governo divertido.
— Depois de se acostumar, você só vai conseguir suspirar.
A agonia de um homem em ter que ouvir as mulheres conversarem…
Depois de muito papo, uma decisão foi tomada.
— Decidimos que, se nós três vamos juntar forças, precisaremos de uma aliança, Conde Odin, de Ulpenburg.
— Sábia escolha. — Odin apertou a mão da Mãe Anciã, concordando com os termos. — Tenho um pedido: posso ver os zumbis? Queria medir o quão perigosos são.
— Gostaria de se juntar à luta por um dia? — convidou Derrick.
Odin sorriu e concordou com a cabeça: — Parece uma boa. Não tenho tido tempo de praticar as minhas habilidades ultimamente.
Decidi ir com eles. Não era todo dia que tinha a chance de ver Odin em ação.
Juntos, fomos até o desfiladeiro do Sudoeste.
***
— Tem um tanto bom deles. — Foram os pensamentos de Odin ao ver a horda escalando. — Vocês sempre lutaram contra todos esses?
— Esses tempos o número aumentou bastante. — respondeu Derrick.
Os Elfos que guardavam o penhasco estavam curiosos com o recém-chegado, Odin. Todos se interessavam por ver as suas habilidades.
Talvez tendo lido a atmosfera, o homem sorriu e tirou a espada da bainha: — Suponho que seja minha hora de lutar.
— Quando estiver pronto.
— Tudo bem se quebrar um pouco do penhasco?
Me surpreendi com essas palavras, enquanto Derrick sinalizou com o queixo para os outros Elfos, que saíram de perto da beirada.
— Vá em frente.
— Com licença. — Odin fechou os olhos e pareceu focar na espada.
Então, um halo azul começou a ser emanado da sua espada, como um brilho de calor.
— O-o que foi isso?
— Ele está focando Aura na arma. — respondeu Derrick.
— Isso é possível?
— Esse humano pode fazer mais do que isso. Só assistam.
O brilho azul emanado da espada eventualmente se tornou uma massa sólida.
— Espada de Aura. Faz tempo que não vejo algo assim. — comentou o Elfo.
— Uma Espada de Aura é algo incrível assim?
— É dito que, se o seu Controle de Aura chega a um determinado nível, isso é sim possível. Eu só vi algo do tipo há muito, muito tempo. Entre os humanos que nos atacaram, tinha um capaz de usar essa habilidade. — Assim que Derrick terminou de falar, Odin pulou no penhasco, indo diretamente rumo aos zumbis, e balançando a sua espada para todo lado.
O efeito disso foi chocante. A tempestade de Aura varreu os zumbis. A força do impacto quebrou uma fileira de rochas e criou um deslizamento.
Com um único golpe, Odin acabou tranquilamente com algumas centenas de zumbis.
“Ele é mesmo humano?” Fiquei embasbacado.
Nesse nível, ele era quase uma arma ambulante. Não faria diferença se estivesse carregando um míssil no cinto ao invés de uma espada!
— Ah, isso foi tão bom. — Odin voltou para o topo do penhasco com uma cara satisfeita.
— Aquilo foi incrível!
— Obrigado. Agora, tudo bem se eu ver as suas habilidades?
— Há de vê-las nesse instante. — Derrick puxou ambas as espadas.
Me preocupei um pouco. Embora a técnica de Derrick fosse impressionante, se comparada ao enorme poder que Odin demonstrou agora, parecia meio sem graça.
Mas essa preocupação foi meio infundada.
— Kasa. — Derrick Invocou um espírito.
A Kasa dele era um grande gigante de fogo. Um espírito enorme, com 5 metros de altura. A figura estava em chamas, como uma besta demoníaca das revelações.
— Um Espírito de nível superior! — Odin tremia de animação.
“Esse é um Espírito Superior?”
Por um momento, pensei na minha própria Kasa. Ela, cujo corpo tinha crescido e balançava a sua cauda impressionante.
“Kuk, não importa o quanto pense nisso, ela não é tão legal quanto a do Derrick!”
Quando achei que não tinha como melhorar, o Elfo nos mostrou algo ainda mais legal. O gigante de fogo se uniu ao seu mestre e os seus corpos se tornaram um. As chamas de Kasa entraram no corpo de Derrick e foram absorvidas até desaparecerem. No lugar, labaredas quentes surgiram. Fogo saiu da respiração dele.
Derrick pulou até a beirada do penhasco. E, com um grande berro, empunhou as espadas duplas. Fogos de artifício surgiram. Havia chamas em todas as direções, como uma cachoeira de fogo.
Abaixo do penhasco, labaredas fluíam como um rio, derretendo os zumbis. Em um instante, centenas deles se tornaram cinzas e morreram. Ao final da celebração com fogos de artifício, não restou um zumbi escalando a montanha.
— Minha nossa…
Esse era o poder da Invocação de Espíritos?
Antes, achava que os Espíritos invocados e as armas eram diferentes e separados. E até agora achava que as habilidades de Derrick estavam nas espadas duplas, não na Invocação de Espíritos. Mas depois de ver o impacto da combinação das espadas duplas e do Espírito, senti como se tivesse conhecido um mundo totalmente novo.
“Eu posso combinar armas e Espíritos!”
Eu devia.
Pensava no Mosin-Nagant e nas pistolas duplas como ferramentas de suporte, e a Invocação como uma habilidade útil para muitas situações. Pensava neles como diferentes ferramentas para diferentes coisas.
Mas logo concluí que, se continuasse a pensar assim, nunca me tornaria como o Derrick.
Focar em uma delas ou usar ambas como uma.
Escolhi o segundo como meu caminho futuro.
“Fui muito descuidado quando pensei na Invocação de Espíritos até agora. Então eu devo testar mais possibilidades no futuro.”
Ponderei qual seria a minha tarefa neste 6º Exame.
— Faz um tempo que vi as suas habilidades. — Quando Derrick voltou, foi inundado de elogios.
— Foi incrível!
— Certamente Derrick.
O Elfo só sorriu.
Esses caras, eles estavam apenas se exercitando até agora. Pensando bem, não tinham nem usado a Invocação de Espíritos. Não deviam ter usado a sua força total.
— Que tal? — Derrick perguntou a Odin.
— É a primeira vez que vejo algo tão incrível. O mundo não sabe muito sobre os Elfos e sobre a Invocação de Espíritos, então foi difícil de entender.
Era verdade.
Derrick sozinho poderia, dentro de uma hora, tornar tudo dentro do Clã Prata um mar de fogo. Mas eles não sabiam o porquê de estarem mirando os Elfos.
— Só estranhei uma coisa. Todos os ataques têm esse número de zumbis?
— Curiosamente, eles aumentaram esses tempos.
— Mas para desperdiçar esse número de zumbis todos os dias, alguém precisaria de muitos cadáveres. E isso seria inviável.
Quando Odin disse isso, também parei pra pensar. Ninguém seria capaz de conseguir tantos corpos todos os dias, na surdina.