Volume 2

Capítulo 93: Koètuz I

Manhã, 28 de fevereiro – Libryans, Castelo Winfrey.

Ray e seu grupo chegam no castelo em Libryans, na entrada descendo da carruagem Onurb reclama:

– Estou com o corpo doendo. Deveríamos ter dormido na taverna no início da cidade, por que a pressa de chegar aqui?

Ray responde animado:

– Precisamos ver Erèm, contar o que houve e saber como foi a reunião.

Ray e Doug vão na frente e entram no castelo deixando o grupo conversando e andando atrás deles, Onurb com um olhar cansado diz:

– Pra que esse ânimo todo? Sabendo ou não, não podemos fazer nada.

Alexia comenta com Onurb:

– Não seja assim, as notícias são boas, Ray conseguiu ajudar o amigo e Erèm foi na grande reunião para propor paz e coagir o Império.

– Você acha mesmo que o Império do jeito que é, com o exército que tem, vai ser coagido em uma reunião?

Maxmilliam concorda:

– Onurb está certo, pelo menos na parte de não subestimar o Império, mesmo se Xarles ficar em desvantagem na reunião, em uma guerra ele tem várias vantagens.

Alexia diz otimista:

– Mesmo assim, ele não tem poder contra todo o Grande Continente unido.

– Espero que você esteja certa e Onurb errado.

Anirak diz:

– Todos querem que Onurb esteja errado, em qualquer assunto.

Onurb faz cara feia e Baltazar diz cansado:

– Concordo com vocês, mas por agora é melhor a gente focar.

– Em quê?

– Comer, estou com fome.

Onurb olha Baltazar de cima abaixo e comenta:

– Touro velho deve conduzir um barco de pesca, não um de guerra, assim terá sempre comida.

Todos olham pensativos e Anirak diz:

– Concordo com Baltazar, precisamos de um dia tranquilo, com boa comida, sem pressa e de um lugar confortável para dormir.

Onurb zomba de Anirak:

– Claro que alguém que vivia em uma mansão do rei do Coniuro está com saudades de mordomia.

– Sim, não sou igual aos ratos de Coniuro, ladrões que dormem em qualquer lugar.

Maxmilliam esbraveja:

– Parem! A viagem já foi cansativa demais, esse tempo de chuva já deixou o trajeto muito desconfortável, fora essas intrigas e discussões o tempo todo.

– Claro que estamos entediados, todos nós temos o costume de treinar e nos movimentarmos, por isso ficamos todos inquietos buscando adrenalina.

– Menos eu, mesmo em movimento estaria desconfortável.

– Você é exceção para tudo Onurb... Mas enfim, vamos treinar à tarde, não podemos ficar acomodados, ainda mais se houver uma guerra a caminho.

Baltazar demostra ânimo e conclui:

– Anirak está certa, vamos comer descansar e treinar, isso pode dar uma animada em todos nós.

Todos concordam com a cabeça e Maxmilliam diz:

– Sim, mas vamos falar com Erèm antes e matar essa ansiedade de Ray.

Mais adentro do castelo, Ray e Doug se encontram com Rosanne.

– Rosanne! Erèm pode nos ver?

– Ray? Que bom vê-lo...

Rosanne fica feliz em ver Doug bem e saudável e comenta:

– Incrível, então esse é o Doug! Bom vê-lo bem também, eu fico feliz que deu tudo certo para vocês.

– Obrigado senhora.

O grupo chega e todos cumprimentam Rosanne, ela se anima em ver todos bem e juntos.

– Ótimo! Todos retornaram bem e a salvos, ótimas notícias.

Ray acha estranho as frases de Rosanne.

– Por quê? Vocês não retornaram com boas notícias da reunião?

– Melhor que Erèm mesma diga, mas não é nada tão grave que não possa ser resolvido.

– Certo, ela pode nos ver agora?

– Sinto muito, ela chegou há alguns dias e saiu em seguida, ela precisou resgatar alguns refugiados do Império.

– Estranho, quando entramos na cidade nos disseram que ela tinha chegado.

Onurb reclama:

– Até aqui a informação é falha.

Anirak empurra Onurb e pergunta a Rosanne:

– Refugiados? O que houve?

– Parece que houve um ataque no Império e algumas pessoas conseguiram fugir.

Ray e Maxmilliam se preocupam:

– Ataque? Será que algum reino os atacou?

– Desculpem, não sei dizer. Tudo indica que depois de amanhã ela volta, assim poderemos tirar todas as dúvidas, eu também estou sem notícias, precisei ficar para arrumar algumas situações burocráticas daqui.

– Entendo, mas ela está bem? Quem foi com ela?

– Não se preocupem, precisa de muito para derrubar Erèm, dos que vocês conhecem foram com ela o Peter, Kyran e Lili, os outros capitães vocês não conhecem.

– Ela foi com um grupo grande?

– Sim, a maioria são curandeiros, médicos e sacerdotes, esse grupo foi formado com o intuito de auxiliar os fugitivos da melhor forma, espero que estejam todos bem.

– Entendi, vamos aguardar ela retornar então, assim saberemos como ajudar também.

Onurb questiona:

– Ótimo, agora podemos comer? Descansar?

– Podemos. Rosanne, obrigado e se precisar de nós é só nos chamar.

Onurb diz:

– Sim, se precisar dele! Porque pelo menos eu estarei desligado por alguns dias.

Rosanne ri e antes que alguém repreenda Onurb ela diz:

– Não se preocupem, já estamos acostumados com o humor de Onurb, é até engraçado, mas fiquem tranquilos, vocês tiveram uma longa viagem, merecem descansar, fiquem à vontade.

– Obrigado Rosanne!

– Até mais.

Rosanne se afasta do grupo, Anirak demostra estar brava com Onurb, Doug acha o clima estranho e Alexia questiona:

– Onurb? Você não pode ser um pouco cavalheiro?

– Para quê? Só porque ela é mulher, aqui é todos somos iguais, por que tratá-la com diferença?

– Não por ela ser uma mulher, mas pelo cargo dela.

Onurb zomba cantando:

– Igualdade, igualdade, igualdade, oh terra de plena igualdade.

– Se é para tratar todos iguais, então trate todos bem.

– Eu a tratei bem.

– Desisto, vamos comer.

Maxmilliam ri e comenta:

– É por isso que eu nem tentei, já sei como isso termina.

Todos vão até o refeitório, muitos já terminaram de comer deixando lugares vagos para os recém-chegados, o grupo se serve e se senta para comer, na mesa Alexia fala com Doug:

– Muito legal Doug, suas histórias são incríveis, ficamos um bom tempo com Ray, mas não tivemos tempo para falar de coisas mais tranquilas como a amizade de vocês e como era em Pronuntio.

Alexia se aproxima e diz baixo para que poucos escutem:

– Eu também adoraria saber mais sobre o seu romance com o outro amigo de Ray, Júlio, acho lindo o amor de vocês.

Doug fica envergonhado e Onurb diz desconfiado:

– Alexia? Não está se lembrando do seu vício de Pando, ou está?

– Me deixa! Não é nada de mais admirar o amor.

– É um problema se você fica em cima, perguntando igual uma louca pervertida! O rosto que você faz dá até medo.

Todos riem deixando Alexia brava, Anirak puxa a cadeira de Alexia afastando-a de Doug e diz:

– Calma amiga, eu sei que você admira muito, mas tem hora certa para isso, agora estamos cansados e nos abastecendo de boa comida, outra hora você volta neste assunto.

– Certo...

Onurb demostra muito bom humor e comenta com um olhar sádico para Ray e Doug:

– O que Alexia disse é verdade, é bom saber desse passado, mas precisamos atualizar Doug também, você já sabe que Ray também está namorando?

Ray fica bravo e ataca comida em Onurb.

– Para de falar essas coisas.

Doug ri, mas fica sem entender e pergunta:

– Como assim?

– Nada contra amigo, mas eu não estou e Onurb diz com um ar de zombaria.

– Jamais! Eu não estou zombando, eu até acho bonito, no caminho Ray falou dele, você deve lembrar.

Doug pensa um pouco e diz:

– Jhon?

Onurb ri e continua a zombar:

– Viu? Ele fala muito dessa amizade “mágica”.

Ray finge não ligar para as provocações tentando mudar de assunto.

– Todos já terminaram de comer?

– Não mude de assunto senhor Yaoi!

Doug comenta de uma forma humorada:

– Pare Onurb, assim Ray não vai me apresentar o namorado dele.

Onurb ri alto junto com Alexia e Doug. Ray desanima olhando para Doug:

– Até você?

– Desculpe amigo, o humor dele é contagiante.

– Gostei de você Doug, é mais animado do que todos aqui.

Anirak termina de comer e diz levantando-se da mesa:

– Você diz isso porque ele entrou na sua piada.

– Isso é um ótimo motivo para achá-lo legal.

– Eu vou descansar um pouco, à tarde eu encontro com vocês no treinamento, e estejam preparados, pois terei muita energia para gastar.

Baltazar também se levanta e diz se espreguiçando:

– A comida estava ótima... Também vou dormir, até mais tarde.

Maxmilliam termina seu suco e despede-se antes de seguir para a biblioteca:

– Já que todos vão descansar eu vou relaxar lendo algo, vejo vocês à noite.

Alexia se levanta animada:

– Eu vou para a biblioteca também, fiquei sabendo de algumas aulas que estão sendo dadas lá, quem sabe eu aprendo algo novo.

Alexia olha sorridente para Ray e comenta:

– Acho que Jhon está lá, mando algum recado Ray?

– Hoje vocês tiraram o dia para zombar de mim?

Alexia responde com sarcasmo:

– Não fale assim, ele é seu “amigo”, não? E você não falou com ele desde que chegou.

– Falo com ele mais tarde.

Doug ri e comenta:

– Ray, é melhor ir vê-lo logo, ele deve estar com saudades!

Onurb, Doug e Alexia riem alto, Ray se levanta da mesa sem terminar de comer sua comida e diz:

– Vocês estão impossíveis hoje, isso porque estão tomando suco, imagina se fosse álcool.

Onurb levanta seu copo e diz ainda rindo:

– Se Ray perde para o suco imagine para o álcool.

Todos riem e Ray olha bravo para Doug:

– Vamos treinar hoje, lá eu me vingo de você.

Doug tenta esconder o riso, mas não consegue:

– Desculpe Ray, mas uma coisa é verdade, eu quero conhecer o Jhon.

Ray sai e Onurb comenta:

– Vocês são amigos Ray, dá até para fazer um encontro de casais.

Onurb ri, mas Doug e Alexia ficam sentidos por lembrarem que Júlio ainda está sumido, Doug disfarça o pensamento ruim e diz:

– Foi uma refeição muito boa mesmo... Melhor eu ir descansar também, foi uma grande viagem, vejo vocês mais tarde.

Alexia coloca sua mão no ombro de Doug e sensibilizada diz:

– Bom descanso Doug, vai dar tudo certo, estamos aqui com você.

– Obrigado.

Doug sai e Onurb comenta:

– Não entendi, o humor de todos sumiu?

– Vamos descansar Onurb, estamos todos cansados.

– Certo, não vejo a hora de me deitar nas camas confortáveis e acolhedoras daqui.

A manhã se passa com todos descansando, o cansaço da viagem foi mais forte do que imaginavam e ficaram a tarde toda dormindo, até Maxmilliam caiu no sono na biblioteca. No início da noite Ray já está no campo de treinamento do castelo, animado, iniciando alguns alongamentos e exercícios comuns, se aquecendo para o treino de batalha, em pouco tempo Doug aparece com vestes de treino e diz com receio mas bem humorado:

– Faz tanto tempo que tenho até medo de quebrar.

– Não se preocupe, para você que ficou muito tempo fora de combate o treinamento será muito bom.

– Verdade e como começaremos?

Anirak se aproxima na de forma furtiva e empurra Doug:

– Com um ataque surpresa! E você estaria morto!

Anirak saca Ikarus, manuseia a espada em suas mãos se preparando para o treinamento, em segundos ele fica em posição defensiva e apara uma flecha lançada por Alexia que chega na outra ponta do campo de treinamento bem distante dos três, só tem os quatro no local.

O campo é grande e preparado para vários tipos de treinos, alguns guerreiros ao redor olham os acontecimentos recentes e chamam outros para assistirem o grupo treinar. Alexia se prepara para o ataque e diz alto:

– Preparados?

Ray e Anirak se olham e dizem ao mesmo tempo:

– Eu nasci preparado!

– Sempre!

Doug esquece de pegar uma arma e se distancia na defensiva, Alexia inicia atacando várias flechas nos três, Anirak usa Ikarus e usa a sua boa agilidade para escapar das flechas, Ray demostra determinação e consegue aparar todas as flechas entrando na frente de Doug ajudando-o com a escapar de algumas.

Doug consegue esquivar-se bem no início, mas depois precisa da ajuda de Ray que o ajuda, duas flechas passam e acertam Doug em cheio, ele se assusta e cai sem sentir dor ou desconforto:

– O que houve?

Ray ri e o ajuda a se levantar.

– É uma flecha mágica, inofensiva... O que houve? Esqueceu? Já treinamos com elas em Pronuntio.

Doug ri e comenta:

– Verdade, eu estou lembrado, mas eu me assustei.

Anirak se aproxima e diz séria:

– Ray que trouxe essa ideia para os nossos treinamentos, por mim nós usaríamos as normais.

Ray diz para Anirak fazendo sinal para Alexia dar um tempo do ataque:

– Se fossem reais ele estaria bem machucado.

– Bom, é assim que ficamos mais espertos, minhas cicatrizes me lembram que não posso abaixar a guarda facilmente.



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