Volume 2
Capítulo 141: O Poder do Império de Cristal
Um chão bem azulejado, paredes grossas revestidas com cristais corrompidos com exceção de uma parede, que é totalmente feita de cristal fino que possibilita a visão de que há outra área menor além dela, janelas com gravuras de animais e com belas cortinas deixam a luz das luas encantar a sala com sua luminosidade, uma bela e ampla sacada dá a visão total da cidade e do horizonte e o lugar tem uma grande porta feita de metal com vários nomes cravados nela.
Na sala há grandes castiçais e quatro pequenos candelabros que ajudam na iluminação, mesas e baús cheios de tesouros, um enorme tapete vermelho, bem detalhado, no formato de uma cruz, com gemas preciosas e com escritas feitas com sangue, imperceptíveis a olho nu, cobre boa parte do centro da sala.
Na sala há pequenos móveis com papéis e outros itens bagunçados, alguns itens de vidro estão quebrados no chão, com líquidos de várias cores e espessuras derramados no chão, uma mesa quebrada ao meio, cadeiras jogadas pelos cantos e um enorme trono feito de cristal com buracos aonde haviam diamantes e joias muito valiosas, ao lado do trono tem uma espada pesada feita de ouro e prata com alguns diamantes cravados no cabo e na lâmina, tudo isso forma a gloriosa sala do trono do Castelo de Cristal.
A sala está com um odor estranho, emanando uma aura negativa que vem do homem sentado no trono e que resmunga ao ouvir um silêncio constante:
– Aquele barulho todo já acabou... Espero que isso seja sinal da minha vitória, mas ninguém veio me avisar de nada... “Fique aqui meu rei e estará seguro”, eu deveria ter fugido depois que aqueles traidores saquearam e mataram alguns dos meus homens... E pensar que eu os chamei de “Elite”.
O rei se levanta e anda, ele está usando roupas nobres feitas com um ótimo material e de grande valor, em sua mão está uma espada feita de cristal corrompido negro lembrando uma arma Zordrak. Ele demostra impaciência e diz:
– Cansei de esperar, onde está aquele incompetente do...
Ele é interrompido com a porta de metal abrindo rápido como uma explosão, uma onda de energia entra pela porta e joga o rei de volta ao trono, ferindo-o e deixando-o mais bravo e impaciente:
– Quem ousa?
Após o impacto um homem entra, aparentemente humano, de idade entre 30 anos, estatura média, porte físico normal, pardo, cabelos curtos, arrepiados, da cor branca com mechas em um tom prateado, beleza comum, destacando-se por um belo olhar, seus olhos são da cor laranja-escuro com um tom rosado nas extremidades, rosto liso sem barba. Ele usa uma túnica com ombreiras pequenas. Uma das mangas da calça e da túnica é larga e comprida, a outra curta e justa. Ele usa uma estola presa nas ombreiras com as duas pontas caídas para trás, a túnica está aberta e mostra um pequeno peitoral de ouro e botas, tudo branco com alguns tons e detalhes em dourado e laranja-escuro.
Ele parece estar despreocupado, não demonstra hostilidade e andando até o centro da sala diz:
– Xarles Nilked! Rei do Império de Cristal, faz alguns anos que eu não o via.
Xarles o olha com repulsa.
– Quem é você?
– Você não se lembra? Realmente você nunca foi atento mesmo e nem muito esperto.
O homem se aproxima de Xarles e olha com desgosto.
– Você foi uma criança bonita, mas agora está precário.
– Maldito!
– Muito feio e ainda é jovem, uma pena.
Xarles ameaça atacá-lo, mas uma magia manipula seu corpo e o joga no chão perto da entrada da sacada.
– Calma “rei”, um homem na sua posição não pode se estressar assim, afinal você era o futuro governante do Grande Continente.
Xarles se levanta aos poucos e diz convicto:
– Eu serei!
– Não, você não deve ter notado minha ênfase no “era”.
Xarles surpreende atacando o homem com sua espada, ela é parada por uma energia poderosa deixando Xarles sem ação.
– Esse é o ataque do Rei do Império de Cristal? Triste...
– Vou mostrar meu poder!
Xarles sai do controle mágico e se afasta, ele se posiciona e ataca novamente com a espada que é destruída ao bater na mão do homem que a usa para se defender, Xarles fica surpreso e olha indignado para a espada quebrada.
– Meu cristal indestrutível...
– Você está surpreso? Achei que “indestrutível” era só uma forma figurativa, você realmente achou que era indestrutível?
Xarles associa um boato que ouviu de seus homens, alguém com o poder de destruir seu cristal corrompido.
– Magnus Leafar...
– Lembrou-se do meu nome, me sinto importante agora.
Xarles analisa Leafar e estranha por ele não ter sinal de cansaço ou marcas de luta, Leafar parece revigorado usando uma roupa aparentemente nova.
– Isso deve ser uma ilusão.
– Não, não gosto de usar esse tipo de magia.
– Mentiroso!
Leafar ri e comenta, olhando para os estilhaços de cristais no chão:
– Eu mentiroso? E essa espada camuflada de Zordrak, você já enganou alguém com isso ou você que foi enganado?
– Não vou responder seu atrevimento.
– E nem precisa, só de olhar para os “tesouros” de ouro falso em sua sala, já prova o que eu digo.
Xarles olha preocupado para a sala e Leafar diz sorrindo:
– Não sabia!... Não achou estranho roubarem o trono e não os tesouros ao redor dele?
– Fui enganado!
– Um rei tolo rodeado por ouro de tolo, bem coerente.
– Cala a boca abominação.
– Você também nunca foi bom com diálogos.
Xarles rasga sua camisa mostrando seu nome desenhado em seu peito, as letras brilham fortes e soltam uma energia poderosa em Leafar, ele ricocheteia jogando de volta em Xarles.
– Fraco...
A energia arremessa Xarles longe, ele cai batendo as costas dele na beira da sacada, Leafar surge na frente dele, o pega pelo ombro e o joga para o outro lado da sacada, Xarles bate sua cintura na beira da sacada e olha para o horizonte com raiva.
– Nenhum reforço... Malditos reinos, ninguém veio me ajudar... Eu deveria ter matado todos quando tive a chance.
– Falando em reinos, me lembro de um boato de que “Um Rei” deve ter conhecimentos em administração, política, jurisprudência, entre outros atributos e ele também deve saber lutar e bem, valendo sozinho por muitos guerreiros... Até imagino um exército só de reis, seria poderoso, não?
Xarles se vira e se aproxima de Leafar e fala:
– Eu sozinho valho por todos os reis do Grande Continente.
– Sério? Isso inclui as rainhas também?
– Meu pênis vale mais do que qualquer uma delas.
Leafar responde a ofensa com um tapa na cara de Xarles, ele perde o equilíbrio e cai rolando para dentro de sua sala, o golpe foi forte fazendo Xarles sentir como se o seu pescoço estivesse deslocado, ele se levanta com dificuldade e questiona bravo:
– Veio me matar? Faça logo! Sei que está atrás do meu poder e da minha coroa.
Leafar se aproxima e analisa a sala do trono procurando por algo.
– A coroa? Ainda existe a lei de que quem o matar herda seu império?
– Não finja que não tem interesses nessa guerra.
– Meu único interesse é acabar com o mal que você criou Xarles.
– Onde está aquele incompetente quando preciso dele.
– Deve estar falando de Ian Nai, certo? Ele está em um lugar melhor agora, longe do seu bafo de fezes.
Antes de Xarles responder a ofensa, Leafar joga uma magia nele que o paralisa no chão.
– Hoje mais cedo eu vim com o intuito de fazê-lo sofrer muito, mais do que qualquer um que eu já matei, deve imaginar como isso seria, mas algo mudou, eu mudei... Então vou ao meu objetivo, onde eles estão Xarles?
Xarles ri e diz:
– Então é por isso que você veio?
– Você herdou parte do poder Electi de Rafael e deu a eles? Como você pôde ser tão incompetente e ignorante?
– Eles me deram tudo em troca.
Leafar demostra desânimo pelas palavras de Xarles:
– Tudo? Eles te deram com uma mão e tiraram com a outra, não percebe?
Xarles cospe tentando acertar Leafar que começa a ficar impaciente:
– Claro que não tem diálogo com você.
– Eles me deixaram há muito tempo, se você os encontrar mande lembranças minhas.
Leafar olha preocupado para o trono e diz:
– Não... Eu posso sentí-los, eles ainda estão aqui.
Leafar abre os braços e levita, uma energia poderosa emana de seu corpo e ele diz sério, encarando Xarles no chão:
– Em honra de Leafar que invadiu Sodorra preciso lhe dizer Xarles.
– Você me dá nojo!
Leafar aponta sua mão para Xarles e lança uma magia que destrói todo o chão e os móveis do salão, Xarles fica com vários ferimentos e cai junto com o chão, que sede levando todos os objetos da sala junto com exceção do trono, que faz parte da parede fina de cristal que trincou com a magia dele.
– Covardes... Não conseguiram fugir, então se mantiveram aqui usando um idiota como fachada.
Leafar usa magia e passa pela parede fina de cristal entrando em uma sala secreta.
– Claro que um humano comum não vê o que eu vejo.
Os olhos de Leafar ficam rosa e ele vê uma porta nessa sala com manchas e escritas de sangue parecidas com a do tapete.
– Está na hora de se revelarem.
Leafar se envolve em magia e entra voado pela porta, do outro lado ele se vê a metros acima do Castelo de Cristal, perto das nuvens em uma plataforma flutuante e invisível para quem olha de longe.
– Pena das aves que já devem ter batido aqui.
A plataforma é grande, ampla e feita de metal e cristal corrompido, na parte de baixo tem uma parte de terra indicando ter sido retirada do solo, a parte de cima é plana, com várias colunas, caixões e algumas estacas, tudo feito de metal ou cristais corrompidos, alguns ossos humanos estão espalhados, algumas armaduras e armas enferrujadas estão nos cantos e nas extremidades da plataforma. Leafar identifica alguns símbolos nas colunas e diz:
– Aquele culto maldito... Estenderam-se até os dias de hoje.
Uma voz afeminada de um homem o responde com ironia:
– O Electi está surpreso?
– Não, chateado seria a palavra mais conveniente.
Outra voz mais grossa diz com um tom surpreso:
– Não imaginei que alguém chegaria até aqui.
– Eu também não, imaginei que vocês estariam em buracos no chão, não em um esconderijo flutuante, magias poderosas que vocês estão usando aqui, não achava que teria tantos de vocês ainda vivos.
– Vivos? Quem disse que estamos vivos.
– Vocês sabem quem eu sou, vão mesmo tentar usar esses truques e informações falsas contra mim, acham que podem me amedrontar?
Outra voz séria diz:
– Arrogante.
– Acho que eu sou um pouco, mas sejam sinceros, eu sinto o medo na voz de vocês.
A voz afeminada diz revoltada:
– Electi nojento!
Leafar sente algo invisível se aproximando, um inimigo o atinge e a voz do homem sério resmunga:
– Idiota! Você me acertou.
Leafar usou a magia de ilusão e fez os seus inimigos se acertarem, ele ri e surge novamente próximo dos dois, que recuam para atacá-lo novamente.
– Confesso que magia de ilusão não é do meu gosto, mas elas são engraçadas às vezes.
– Nós vamos matar você!
– Ótimo, então por favor, mostrem-se, porque hoje não poderá sobrar nenhum de vocês Hostium.
Leafar é alvejado por magias e encantamentos vindo de diversos lugares, ele se afasta e com magia e movimentos de mãos ele anula, bloqueia e até redireciona as magias, uma a uma, conseguindo atingir alguns dos seus agressores, ele sente que seus inimigos estão se movendo rápido e diz alto como um trovão no céu:
– Eu disse “Mostrem-se!”.
Batendo as palmas de sua mão Leafar cria uma luz intensa e rápida, que revela todos os seus inimigos na plataforma.
– Agora sim, realmente achei que teriam menos de vocês.
Todos usam magia para parecerem homens belos e de vestes nobres, e para aumentar o seu número eles replicam imagens falsas, mas Leafar consegue ver através dessas ilusões a verdadeira face deles e o número exato de inimigos, conseguindo ver e sentir cinco Hostium na plataforma.
– Eu já os vi antes...
Os cinco têm as mesmas características, humanoides bípedes parecidos com humanos, no lugar da pele há uma escama de cor vermelho-escuro e com rachaduras, eles são um pouco curvados com braços um pouco mais longos, alguns não tem lábios deixando seus dentes finos e afiados expostos, três deles são altos e fortes, os outros dois são de estatura média e magros demostrando serem ágeis, os olhos dos cinco são vermelhos-claros, uma aura estranha emana deles e transmite o quão cruel eles são, todos usam uma armadura negra, leve, desgastada, cheia de espinhos pequenos com alguns quebrados, partes de suas vestimentas têm um pouco de tecido rasgado e sujo de sangue.
Todos demostram hostilidade, formando e planejando o ataque contra Leafar, que os questiona com ironia:
– Não teremos tempo para apresentação?
– Nossas intenções são nossos nomes.
– E minha fé, é o meu!
Todos cercam Leafar e se energizam criando uma aura estranha por toda a plataforma, o céu nublado fica com as nuvens mais escuras e mais carregadas de energia, criando raios e trovões, enquanto todos se preparam para iniciar o combate.
Leafar no centro olha atentamente para cada um marcando-os com sua visão suprema, que deixa seus olhos emanando uma aura colorida como um arco-íris envolvendo-o com todos os tipos de cores claras e escuras, o poder de Leafar empurra rapidamente as nuvens que estão ao redor, abrindo um buraco no céu que chama a atenção de todos que estão em terra firme.
– Através do fogo e das chamas...!