Volume 2

Capítulo 121: Missão Alternativa

Manhã, 05 de março 1591 – Caelum, Torre de Cristal

O dia está começando, o sol está nascendo, o clima está agradável, o céu está com poucas nuvens podendo se ver o brilho das luas sendo tomadas pelos fortes raios solares, a torre de cristal foi recentemente esvaziada por causa dos ataques contra o Império de Cristal, os poucos homens que sobraram foram coagidos pelos Koètuz que tomaram a torre em nome de Libryans.

O sol nasce junto com a liderança plena de um novo líder em Arbidabliu, Ray está na maior sala da torre com alguns integrantes de seu grupo, todos ali estão bem alimentados, descansados e preparados para batalha.

Ray observa um a um antes de iniciar seu discurso antes da missão, os novos integrantes recrutados em Libryans demostram que estão animados, com os morais elevados e prontos para fazerem o que é certo para o Grande Continente.

Alexia demostra preocupação, mas ciente de que Ray está fazendo o que é certo, Anirak está calma e pensativa, se preparando para tudo que virá, Baltazar está ansioso e torce para que haja pouca morte e muitos resgatados.

Jhon está honrado pela missão que arquitetou junto com Ray seu novo e grande amigo, Kyran está preocupado e está contra o plano, mas ele dissimula tranquilidade e paciência por seguir sua missão pessoal em proteger seu melhor amigo Jhon, Onurb demostra culpa e impaciência por não estar de acordo com a missão extra de Ray e por ter sido proibido de expressar qualquer comentário negativo antes e durante a missão.

Lili e Maxmilliam estão no hotel, pois é clara a rejeição ao plano de invasão de Sodorra, o grupo evitou contato com eles para que não saibam que o plano será executado. Ray está confiante por ter pensado muito no plano e por ter tido grande ajuda de Jhon, ele olha para todos e finalmente inicia falando:

– Amigos, companheiros e guerreiros fiéis ao bem do Grande Continente, eu sei que a missão dada a nós foi a de ajudarmos e regatar os refugiados da guerra que está acontecendo no Império de Cristal, mas chegando aqui vimos que a situação está mais crítica do que havíamos pensado, por exemplo, várias famílias, incluindo a de Pathrik o dono do hotel daqui de Caelum, foram mortas por serem suspeitos em ajudar “inimigos” do Império. Alguns são contra a ação de invadir Sodorra, mas agradeço àqueles que, mesmo contra estão aqui para nos ajudar, sua ajuda é necessária, não só para esse grupo, mas para os inocentes que tentam viver suas vidas em um lugar de crise e tirania, ainda mais nessa guerra. Espero muito usar nossas habilidades e técnicas para auxiliar e salvar vidas, mas em guerra temos que estar preparados para tirar vidas também, e se for necessário lutaremos com tudo para o melhor do Grande Continente. Mesmo não sendo uma missão oficial de Libryans ainda temos os poderes legais de Erèm, podemos até prender Xarles se por acaso chegarmos a esse ponto.

Ray respira fundo ainda observando o ânimo dos seus amigos e companheiros de grupo, todos estão atentos e pensativos com tudo que Ray está dizendo e concordam com suas afirmações, ele fica mais animado e continua:

– A torre de teleporte aqui não está possibilitando a nossa invasão imediata a Sodorra, isso indica que o “caos” tomou a cidade matriz do Império, portanto seremos teleportados para um lugar mais próximo, graças à ajuda de Jhon que tem grande conhecimento sobre o assunto. Peço que não se preocupem, pois faremos o possível para mantermos a nossa segurança e a dos inocentes que encontrarmos, nós temos um plano de fuga também...

Onurb demostra ficar nervoso por não poder comentar nada e tenta interromper Ray, mas é calado ao ver os rostos bravos de quem o rodeia, Ray sorri e continua:

– Pode parecer loucura, mas como eu disse a segurança dos bons é prioridade...

Onurb cochicha, podendos ser ouvido só por alguns novos integrantes que sorriem.

– Bons? Estarei morto em breve então.

– Em uma situação extrema, temos uma rota de fuga, todos nós seremos teleportados para longe do Império.

Alexia faz sinal com a mão pedindo a voz no discurso para tirar dúvidas, Ray responde o sinal e ela inicia.

– Ray, essa parte eu não entendi muito bem, o teleporte não está “impossibilitado”? Podendo só ser usado através de torres de cristais como essa?

– Sim, mas conforme o Império for atacado o poder que ele usa para neutralizar e monopolizar essa magia ficará enfraquecido, Jhon e eu já fizemos pequenos testes e comprovamos que o teleporte para lugares distantes do Império é fácil, mas a aproximação ainda é muito difícil, indicando para nós que o Império está focando em sua defesa.

– E onde será nosso destino longe do Império? Você falou sobre as ilhas dos Electi?

– Sim, parece ser uma manobra muito distante do objetivo, mas garanto para vocês que não. Existe um poder criado nesse mundo para situação extrema, se formos para lá iremos usar isso para acabar com essa guerra.

Baltazar questiona preocupado:

– Mas Ray, essa decisão de usar ou não, não cabe só aos Electi?

– Sim, em nossos testes conseguimos mandar mensagens indicando a situação e a necessidade de usá-la, não faremos nada contra a vontade dos Electi, seremos divididos e teleportados para as ilhas para pedir pessoalmente a ativação desse poder para destruir o Império, pois ele está fragilizado.

Todos demostram entender e concordar com exceção de Onurb que se segura para não dizer que tudo isso é loucura e que todos vão morrer, Alexia identifica tudo isso nas expressões de Onurb e brinca com ele dizendo:

– Você está certo Onurb, mas tudo terminará bem.

– Sério?

– Penso assim: você sempre diz que morreremos, e no fim saímos vivos, então você estar assim é um bom sinal, fico até mais tranquila.

Onurb demostra desprezo pelo comentário de Alexia e Baltazar se aproxima dizendo em tom alto e alegre:

– Verdade Alexia! Fico até preocupado com o dia que Onurb dizer que tudo vai ficar bem.

Todos ao redor riem, Ray segura um pouco o riso para demostrar mais serenidade e retoma o controle da conversa.

– Koètuz?

Todos olham para Ray e demostram estar preparados, Ray olha para cada um com um sorriso de motivação e grita:

– Koètuz!

Todos gritam junto com ele:

– Koètuz!

Depois que Ray usou a magia em seu grupo em Sodorra, todos foram teleportados para lugares diferentes, alguns novos integrantes que ainda estavam vivos foram teleportados de volta para Caelum e são resgatados e medicados em seguida.

 

 

– Onde estou?

Maxmilliam sente uma pequena dor de cabeça, ele se levanta com dificuldade e olha ao redor.

– Sinto um grande poder aqui...

Ele se vê dentro de uma sala pequena, feita de tijolos grandes, sem janela ou porta, os únicos itens são dois espelhos grandes sem moldura, um a sua frente e outro atrás, a sala é iluminada por uma luz que sai das frestas dos tijolos da parede de um dos espelhos, no outro espelho ele ouve uma voz conhecida.

– Mestre Maxmilliam... Não achei que o veria tão cedo.

Maxmilliam diz surpreso:

– Ellen? Onde eu estou?

No espelho aparece a imagem de Ellen, usando seus trajes comuns de tecido leve, vestido branco, peitoral, braceletes e sandálias de ouro, ela está séria e com um semblante triste.

– Você está sob o efeito de uma magia poderosa, sua localidade é desconhecida, pois seu poder se conectou com essa magia e colocou você entre dois lugares.

– Dois lugares... Como?

Outra voz feminina responde Maxmilliam.

– “Como” não! Mas o “por quê?”!

Maxmilliam se vira e vê no outro espelho uma mulher, Electi, pele escura, cabelos enrolados, pretos e volumosos, estatura média, beleza comum, idade aparente de 55 anos, porte físico médio, ela está usando um vestido leve, longo com abertura dos lados para as duas pernas, o vestido é preto com detalhes brancos. Calça botas, manoplas e usa um grande colar sem pingente feito de bronze revestido com algum material desconhecido que deixa o bronze escuro e brilhoso. Maxmilliam demostra preocupação ao identificar a mulher.

– Wanda de Matri Meae?

– Sim...

Maxmilliam fica um pouco pensativo e diz:

– Ray! Ele comentou sobre a magia dos Electi da terceira geração, mas... Jhon o ajudou.

– Sim.

– Não imaginei que Jhon conseguiria atingir esse nível de poder.

– Não atingiu, pelo menos não sozinho, muita coisa aconteceu e está acontecendo, o lugar onde vocês estavam está com uma grande concentração de energia, tanto positiva quanto negativa, isso afetou profundamente essa magia usada para vocês virem falar conosco.

– Falar? Então não está feito.

– Sim está, nesse exato momento você e outros do seu grupo entraram no poder de um Electi regente, essa magia é desconhecida para você Maxmilliam, afinal, ela nunca foi usada dessa forma antes.

– Vocês conseguem controlá-la ou desfazê-la ?

– Não... E mesmo que pudéssemos tenho certeza de que alguns de nós não ajudariam, pois vocês tomaram a iniciativa e devem arcar com as consequências e responsabilidades desse ato.

Maxmilliam tanta dialogar, mas Wanda faz sinal com a mão pedindo para que ele não a interrompa, ela então continua.

– É uma grande magia, mas ela tem dois lados, se vocês conseguirem essa magia ela será usada a vontade de vocês, mas se não, todos que perderem o “teste” vão morrer e a magia não será lançada... Todos encontrarão versões dos Electi da “caixa preta”.

Maxmilliam fecha os olhos e demostra medo ao ouvir sobre a caixa preta.

– Como você bem sabe, a caixa preta é um artefato onde tem uma cópia de nossa mente, ela é racional e pouco emocional, prejudicando muito o que cada um irá enfrentar...

Ellen continua:

– Nessa magia o tempo é diferente, dentro dela vocês podem passar horas, enquanto fora dela se passarão minutos.

Elas param um pouco de falar para que Maxmilliam absorva todas as informações, ele olha para uma das paredes vazia e questiona:

– Entendo... Então não estou nela ainda, vocês estão me informando antes de eu ver a versão mágica de vocês?

– Sim.

Maxmilliam ajoelha no chão e pede:

– Sei que a atitude dele foi ingênua, mas vocês conseguem ajudar Ray?

As duas se olham, Ellen abaixa a cabeça chateada e Wanda diz:

– Não, infelizmente só você sabe desses detalhes, não conseguimos entrar em contato com os outros, para eles será como um sonho, um sonho ruim... Entenda Maxmilliam, essa magia que vocês usaram já os colocaram dentro dos teste que vão sofrer sem aviso prévio, vocês são “invasores” querendo roubar o poder e o desejo Electi. Você é poderoso e por isso viemos aqui, na esperança de que lá dentro você consiga ajudar os outros.

– Isso é possível?

– Não posso te dar certeza, vocês estão dentro de uma magia totalmente desconhecida até para nós Electi, já houve casos de pessoas buscando esse poder, mas apenas individualmente e não coletivamente. Algo que ajudará o seu grupo é que uma parte de vocês tem o coração “bom”, essa magia será menos hostil com esses.

– Uma parte?... Menos hostil?

Ellen respira fundo e comenta:

– Max... Tem algo muito importante que você precisa saber...

Maxmilliam fica atento, mas para de ouvir a voz das duas, os espelhos trincam e chegam perto de estourarem e a sala estremece, ele tenta usar magia, mas ele percebe que não tem poder na sala, a imagem de Ellen e Wanda falham sumindo aos poucos, Maxmilliam ainda tenta ler os lábios delas, mas a transparência das imagens atrapalha a identificação das palavras, ele então se tranquiliza e aguarda os próximos acontecimentos.

– Que o destino nos ajude.

Em um piscar de olhos Maxmilliam se vê desarmado, dentro de um templo em ruinas no alto de uma colina, o templo está sem o teto e com muitas paredes destruídas, tudo está degastado e depreciado pelo tempo e pelo abandono, ele olha ao redor e não consegue ver muito além pois estar muito escuro.

A escuridão toma conta da área, ele tenta ver as luas que deveriam estar iluminando o lugar, mas só vê escuridão, ele percebe que suas roupas foram alteradas também, para roupas comuns e leves de um cidadão comum, ele sente frio e anda pelo templo, ao tentar usar magia ele ouve a voz de Wanda dizendo:

– Um Mestre de Magia... Vejo que chegou ao seu auge..., mas vejo um lado dentro de você abandonado.

– Revele-se!

– Não Mestre de Magia, aqui você é um simples humano, como deve ser.

Maxmilliam ouve um barulho e fica recuado, um Guerreiro Caos surge atacando-o, o Guerreiro é de estatura média, de apenas um chifre, seus movimentos são bem lentos, mas fortes, os olhos de Maxmilliam se adaptam um pouco ao escuro e consegue ver o vulto do guerreiro que vem em sua direção atacando-o com ataques simples, ele se esquiva e se afasta, procurando algo ao redor que o ajude, em seguida ele escuta a voz de Ellen dizendo: ;

– Homem... Humano... Velho... Sem família... Sem esposa... Muito triste, como o próprio ambiente mostra, um lugar abandonado e em ruínas.

Maxmilliam responde, ainda fugindo do guerreiro:

– Sim, mas não há tristeza nisso, esse lugar está abandonado, mas longe de estar associado com a minha vida.

Uma lua surge no céu, iluminado melhor o lugar, o Guerreiro Caos para por um minuto enquanto Ellen fala:

– Certeza disso? Para alguém que sempre estudou e buscou poder e conhecimento parece que você não sabe de “nada”.



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