Volume 2

Capítulo 110: Morte e Sangue

Leafar fica satisfeito por ver os feitos dos Atilados no campo de batalha, mas se preocupa com o tempo.

– Preciso ser rápido, antes que eles ou o Império encontrem os aldeões, eu mesmo preciso cuidar dessa parte.

Leafar voa rapidamente para os esconderijos dos cidadãos de Sodorra, em alçapões, casas, galpões e passagens para alas subterrâneas, Leafar entra rápido e observa as pessoas, sente o sofrimento que todos passaram e ainda passam, em sua concepção o melhor para todos eles é uma vida sem dor em um mundo de paz.

Com a mesma magia que usou no primeiro esconderijo e em Oratio Tenebris, ele some com todos os que julga serem inocentes e vítimas das ações do Império de Cristal. No percurso Leafar passa por guerreiros do Império, que o ignoram para tentar se defenderem da Lança da Justiça, que passa rápido pela cidade, guerreiros de elite e de patente alta se defendem das primeiras investidas da lança, mas perdem pela insistência dela e a resistência aos ataques deles.

Entre os Atilados estão um grupo de ladrões e guerreiros que aproveitam a oportunidade para se vingarem do Império, eles se dividem para atacar e conquistar pontos da cidade, formando pequenas bases para suprimentos, refúgio para feridos e para alguns traidores do Império, que se revoltam ajudando os Atilados em suas ações.

Com o tempo o número de Atilados se mantêm equilibrado, pois mesmo com a morte de muitos, outros se unem a eles contra o Império e a luta se estende até os arredores da cidade, o moral do Império diminui aos poucos nos níveis quatro e três, mantendo-se fiéis e firmes os homens no segundo e no primeiro nível da cidade, depois de um tempo os Atilados se sentem cansados e um pouco exaustos por tantas lutas e correrias, com exceção de Sokushin e Samuk que têm um ótimo controle de energia.

Todos se reúnem nas bases improvisadas pelos Atilados para pegarem comida, descansarem e até se medicarem. No nascer do sol no dia seguinte, Leafar sente uma presença conhecida:

– Finalmente os chefes estão se revelando, demoraram mais turnos do que eu imaginei.

Leafar extingue todos os que ele julga serem vítimas ou inocentes da cidade de Sodorra, ao terminar o seu ato de purificação ele sente uma energia poderosa, vindo do Castelo de Cristal, que o paralisa por alguns minutos, algumas vozes falam com sua mente e nesse tempo sua esfera negra e a Lança da Justiça caem no chão como se fossem itens normais. Sokushin ainda enfrenta todos os usuários de poder.

Alguns mestres de maldição e mestre de magias conseguem sair da batalha mental e se organizam para atacar os Atilados, mas antes que eles ajam diretamente, Sokushin entra novamente na mente dos que escaparam e os fazem retornar para a luta mental, Sokushin sente uma presença na sala onde ele está e ainda de olhos fechados fala:

– Cheiro de sangue... Um fedor de ave suja, eu posso imaginar o que seja.

A frente de Sokushin, na porta da sala, aparece Brent com seu caixote de armas nas costas, ele larga o caixote no chão e diz sério:

– Sokushin Butsu.

– Brent Rutilismo...

– Não vai abrir os olhos para me receber?

– Preciso?

Brent desaparece e aparece nas costas de Sokushin, ele usa sua espada para matá-lo, Brent ri enquanto travessa o corpo de Sokushin com sua espada, e logo acorda do Orbis Absolute que Sokushin o colocou, ele se vê novamente na porta da sala com seu caixote ainda nas costas, Brent ao perceber que foi enganado resmunga:

– Maldito mago.

Brent demostra muita raiva e entra na sala, Sokushin questiona num tom calmo:

– Não vai abrir seus olhos para me receber?

Brent pensa em reagir, mas no primeiro movimento ele acorda do lado de fora da torre de teleporte onde está Sokushin. Brent berra de ódio enquanto Sokushin ri na sala dos cristais, com mais uso de sua energia Sokushin fica recuado com as lutas mentais abrindo uma brecha em sua defesa mental, recebendo ataques diretos de seus inimigos e aos poucos ficando enfraquecido.

Ele para de flutuar na sala, sentindo-se cansado, abre os olhos e se espanta em sentir Brent na sala novamente.

– Chegou rápido.

Brent saca sua espada e a coloca no pescoço de Sokushin.

– Mais do que você imagina... O que houve? Achei que iriamos brincar mais de “esconde, esconde”.

Sokushin sente uma má instabilidade em sua mente devido a mais ataques de magos, ele usa magia para afastar Brent e cambaleia pela sala.

– Você poderia esperar um pouco, assim teríamos uma batalha justa.

– Não, você está me confundindo com os “heróis” que costuma enfrentar.

Brent desaparece e aparece perto de Sokushin, ele corta o braço dele e ameaça atacá-lo novamente, Sokushin usa magia e joga Brent contra a parede, que desaparece e aparece novamente à frente de Sokushin para matá-lo, posicionando sua espada no seu peito.

Com magia Sokushin consegue segurar a espada e deter Brent, mas com o passar dos segundos Brent consegue aproximar pouco a pouco a espada de seu alvo. Brent vê que está na vantagem e diz com orgulho:

– Ótimo para minha fama, matar um Mestre de Maldição como você fará até os Electi sentirem medo de mim.

Sokushin olha para seu cajado e tenta manipulá-lo para ajudá-lo, mas não tem sucesso, identificando que está sendo bloqueado.

– Um selo?

– Você viu? Coloquei-o quando realmente entrei na sala.

O cajado está com um pequeno pergaminho preso a ele, neutralizando seus poderes, Sokushin olha para Brent e sorri.

– Realmente, Leafar disse para não subestimar ninguém do Império.

– Leafar? Esse é o seu líder?

– Minha mente está conectada com todos os seus magos, se me matar farei com que todos eles morram comigo.

– Um blefe? Por que não fez isso até agora?

– Em um momento de pressão como esse eu posso usar como um sacrifício do meu poder, corpo, mente e até minha alma para fazê-lo se você não se afastar agora.

– Novamente você me confunde com os “heróis” que já enfrentou...

Brent bate na cara de Sokushin e atravessa sua espada no peito dele, matando-o, uma explosão de energia joga Brent para fora da sala, ele faz bom uso de suas acrobacias e evita de sofrer danos com a queda.

Dentro da sala nos últimos segundos de vida de Sokushin, ele mata todos os que estão dentro das Orbis Absolute criada por ele, Sokushin demostra muita dor e antes de sucumbir a morte ele ataca seu sangue em seu cajado dizendo suas últimas palavras:

Epitaphium...

Leafar sai da paralisação, conjura a esfera e sua lança para perto dele e diz preocupado:

– Sokushin... Perdi um grande suporte...

Leafar olha ao redor e se alegra.

– Mas ele se encarregou dos feiticeiros do Império...

Brent aparece atrás de Leafar e o esfaqueia com uma adaga, Leafar vira fumaça e passa pelo corpo de Brent e volta ao normal a alguns metros de distância dele:

– “Águia de Sangue”, que honra, eu devo dizer.

Brent fica sem entender o que houve e olha atentamente para Leafar, reconhecendo-o.

– Leafar? Lembro-me de você.

– Agora me senti especial.

– Não seja ridículo, ainda fala como um tolo.

Brent desaparece e aparece no mesmo lugar, um selo colocado por ele surge na esfera e na lança de Leafar, que fica admirado com a ação.

– Rápido, incrível, depois de tempos você continua ágil.

– E você me subestimando.

– Será?

A esfera cai junto com a lança no chão, Brent desaparece e aparece à frente de Leafar, dando um golpe com a mão, Leafar se defende com seu braço e Brent prende um selo nele, girando seu corpo e colocando outro selo nas costas dele, Leafar sente uma pequena dor nos locais dos selos e um desconforto no corpo todo.

– Dor... Achei que nunca teria um desses amaldiçoando meu corpo.

– Realmente você é forte..., um desses já derrubou um “Imortal”, mas pelo o que eu posso ver o próximo cumprira com o meu objetivo.

Leafar se afasta um pouco e Brent avança contra ele, Brent usa golpes com suas mãos, tentando acertar outro selo no tronco de Leafar que, se defende bem contra os golpes, aparando-os e tentando fazer com que Brent coloque o selo nele mesmo.

Brent desaparece e faz aparecer quatro imagens dele mesmo cercando Leafar e atacando-o, na luta duas das imagens são destruídas, o verdadeiro é jogado para trás e a última imagem antes de ser pulverizada, consegue colocar outro selo em Leafar que diz, antes de ter seu poder selado e seu corpo paralisado por completo:

A Soma de Todos os Medos!

Leafar e Brent caem no chão, Leafar sente seu corpo gelar e seu poder zerar, Brent sente sua mente apagar e tem uma convulsão, chegando perto de morrer. Por Leafar ter limpado a área de inimigos, os dois ficam no chão sem serem vistos por um bom tempo, sendo até considerados mortos por alguns que os veem de longe.

Mahlock se encontra com Kisnar e juntos seguem para o segundo nível da cidade, focando em chegar no primeiro nível, no caminho Mahlock mantém sua forma irrefreável derrubando e matando todos os homens do Império, Kisnar fica recuado, atacando as sobras de Mahlock, ele a olha em ação e comenta para si:

– Difícil achar mulheres assim... Mulher monstro! Minha sorte é nunca ter achado uma dessa nas minhas aventuras...

Kisnar demostra malícia e comenta olhando para os lados:

– Falando nisso, faz tempo que eu não me divirto, sei que Leafar me proibiu, mas uma escapada rápida não irá afetar em nada a missão.

Kisnar some da visão dos outros entrando nas casas e barracas no caminho procurando se divertir à custa do Império. Chris chega ao segundo nível e encontra Samuk na entrada para o primeiro nível da cidade, ela chega ajudando-o e atacando os arqueiros à distância.

– Precisa de ajuda?

– É sempre bom.

– Um homem humilde, que raridade.

Samuk se posiciona para proteger Chris dos ataques físicos dos guerreiros de elite, assumindo a linha de frente enquanto ela ataca os inimigos à longa distância. Em uma das bases improvisadas dos Atilados, Jajesado e Fainaru conversam entre si e se preparam para voltar ao campo de batalha.

– Será que estamos fazendo o certo?

– Sinto fé nas ações de Leafar, mesmo através de medidas extremas o império precisa ser eliminado, a situação chegou ao limite.

– Sim, só de lembrar o que eles fizeram e fazem, eu já fico furioso.

– Isso porque ficamos pouco tempo na mão deles, tenho pena dos que vivem há décadas nas mãos do Império.

– Antes de eu ser preso por eles eu ouvi falar que o Império matava todos que iam contra eles, então por que ficamos presos e vivos por tanto tempo?

– Eu vi e senti tantas barbaridades e monstruosidades que prefiro ficar sem saber.

– Então vamos? Pela contagem de turnos que Leafar nos ensinou, o Império terá reforço em breve e precisamos chegar ao primeiro nível da cidade.

– Sim, eu gostei do sistema dele, já ouvi falar desse sistema antes...

– Vamos aproveitar a tolice do Império, por terem poucos guerreiros em sua cidade central e vamos acabar com o seu núcleo.

– Cuidado, vamos atentos, Leafar disse que o Império tem muitos poderes ocultos.

Jajesado e Fainaru saem da base junto com alguns homens, o grupo encontra um bando de inimigos no caminho que são facilmente derrotados, fazendo alguns guerreiros de longe recuarem de medo e outros mais habilidosos irem de encontro a eles, criando um desafio interessante, depois de uma luta mediana o grupo de Jajesado e Fainaru vencem com poucas baixas.

Depois de um tempo alguns generais dos Atilados se encontram, Amanda, Jajesado, Fainaru, Chris e Samuk, todos ficam na entrada para o primeiro nível da cidade, conseguindo ver por completo o Castelo de Cristal, Fainaru olha e comenta:

– Sabem aquela “noção do perigo”? Sinto que ela está me alertando...

Chris sorri e comenta enquanto se espreguiça:

– A minha está em alerta desde que chegamos.

Samuk se mantém sereno e responde:

– Só pelo local onde nós estamos, já está muito perigoso.

Todos se preparam para avançar e Chris olhando para os lados pergunta;

– Onde está aquele rato do Kisnar?

Amanda responde, andando em direção ao Castelo:

– Eu me encontrei com ele agora há pouco, ele deve ter ido fazer algo errado.

– Errado seguindo o plano, ou errado nos atrapalhando?

– Acho que a segunda opção.

– Típico de homens como ele... E o Mestre de Maldição?

Samuk responde:

– Ainda deve estar neutralizando os magos do Império, pois nenhum nos atrapalhou, pelo menos não diretamente.

– Verdade, eu vi poucos magos se movendo e nenhum atacando... Ele está fazendo um ótimo trabalho.

 

Enquanto isso, Kisnar entra furtivamente em um lugar e vê uma bela mulher agitada, ela está se arrumando para a guerra e conversando alto com alguém que está em outro cômodo.

– Chegamos agora e a cidade está um caos... Vamos logo o Império precisa de nós.

Kisnar estranha e comenta para si:

– Uma mulher do lado do Império? Parece ser uma guerreira, mas é franzina... Vai servir para mim, e a pessoa com quem ela está falando eu mato ou forço a assistir a cena.

Kisnar entra, surpreendendo a moça, ele usa seu sabre para desarmá-la e com seu cetro ele a eletrocuta, ela resiste um pouco, mas cai, ele a segura e vê que ela está com um pouco consciência, ele olha nos olhos dela, admira seu belo corpo achando um símbolo nela e diz mexendo em sua roupa:

– Conheço esse sinal, você é uma descendente de Adéa... Que exótico, vocês gemem como uma mulher comum?

A mulher tanta reagir e Kisnar continua a segurá-la, tentando tirar suas roupas e diz quase babando em cima dela:

– Vamos lá, grita para mim!



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