Volume 2

Capítulo 101: Vida, a Arma do Amigo

Manhã, 01 de março de 1591 – Grande Continente, Oratio Tenebris

A manhã está bonita e gelada, mesmo com a mata queimada ao redor da muralha, a luz do sol ilumina bem o templo e alguns cristais caídos, deixando a visão animadora e tranquila, Fainaru está em pé na entrada dos fundos do templo admirando o lugar, nos fundos só há uma entrada, ela é grande e com uma grande escadaria para a área aberta que era ocupada por escravos antes de sua libertação.

 

Fainaru está usando uma armadura corporal leve e sem capacete, uma capa grossa com capuz e em sua mão a espada concertada pela magia de Leafar, ele vê alguns homens do Império pulando a muralha para entrar pelos fundos, ele desce alguns degraus da escadaria e se prepara para a luta segurando sua espada com as duas mãos juntas e olhando para o céu diz:

– Usarei de tudo para proteger e para não matar meus semelhantes... Se eu pecar, por favor, perdoe-me Pai, pois tudo que farei será em nome da “vida”.

 

Fainaru é envolvido por uma pequena aura branca e observa que, os homens que pulam a muralha estão se agrupando para invadir o templo em uma formação tática. Um som alto de batida é ouvido atrás da muralha, como se instrumentos poderosos estivessem sendo usados para derrubar parte dela para outro grupo entrar, Fainaru olha e diz:

– Sinto a presença de inimigos poderosos.

Alguns homens do templo saem e se juntam a Fainaru fazendo uma pequena formação junto com ele, um deles observa Fainaru e questiona:

– Você é Fainaru?

– Eu mesmo, o que precisa?

– Viemos ajudá-lo.

– Ótimo, minha primeira ordem é, protejam uns aos outros, e a segunda é, faça o possível para não matar ninguém.

Alguns homens estranham e outro pergunta com arrogância:

– Não matar? Você está doente?

– Sim, muito doente, se não puderem fazer essas únicas duas coisas é melhor entrarem e se prepararem para o ataque, pois essa batalha será decisiva.

Os homens se olham, pensam por alguns segundos e se dividem, a maioria deles entra, ficando poucos homens com Fainaru, entre os que ficam estão dois com arcos e flechas, cinco com martelos de guerra e três com espadas e escudos, todos formam uma linha junto com Fainaru deixando só os dois arqueiros recuados.

A alguns metros de distância um grupo grande de guerreiros do império estão prontos para avançar sem um líder aparente. Fainaru analisa tudo, ele fica preocupado com o que está destruindo o muro do outro lado e diz:

– Intimidem o máximo que puderem e tentem não usar golpes mortais.

– Certo.

– Que o Criador nos ajude.

Os homens do Império avançam com tudo, em um número maior do que o grupo de Fainaru, a primeira investida faz o grupo de Fainaru recuar, os arqueiros têm boa visão e vantagem conseguindo acertar vários inimigos e impossibilitando-os de continuarem o ataque.

Os homens de martelo acertam os atingidos pelas flechas deixando-os fracos ou atordoados, os que lutam com espada e escudo se esforçam ao máximo para defender os outros empurrando os inimigos com escudo e desarmando os oponentes dando assim mais vantagem para todos.

Fainaru se destaca entre todos, a lâmina de sua espada fica embranquecida passando pela carne sem ferir seus oponentes, a lâmina fica inofensiva sem causar danos aos inimigos, mas destrói com facilidade armaduras e armas deixando-os só com as roupas intactas, Fainaru destrói os armamentos de um a um e com socos e com o cabo de sua espada bate nos oponentes afugentando-os.

– Fujam! Ou morrerão desarmados!

Alguns se afastam voltando para a muralha e outros sacam adagas ou pontas de metal e voltam ao ataque, alguns homens de Fainaru, por estarem em menor número, não conseguem se defender de muitos ataques sequenciais e seguidos e acabam morrendo.

Fainaru carrega mais energia em seu corpo dando-lhe mais força e velocidade, nenhuma arma dos oponentes consegue tocá-lo e todas elas são destruídas como se fossem feitas de madeira fina, sendo cortadas ao receber ataques e ao realizá-los, Fainaru fica na defensiva tentando ajudar o seu grupo, mas sem sucesso, um a um eles vão morrendo.

Ele tem um mau pressentimento e vê sombras em alta velocidade passando ao seu lado, assassinos poderosos do Império passam sem serem tocados por Fainaru, todos passam por ele provocando-o e sussurrando em seu ouvido.

– Tolo!

– A queda do homem de fé.

– Onde está sua fé?

– Hoje todos vocês morrerão!

Fainaru tenta acertá-los, mas falha, as sombras esquivam de seus golpes e passam direto por ele, focando em invadir o templo, Fainaru se sente desafiado, ele estende sua aura demostrando ser mais forte do que aparenta e aponta sua espada para a entrada do templo, os homens ao redor recuam por sentir uma energia forte.

A sombra da espada de Fainaru cresce cobrindo toda a entrada do templo paralisando todas as sombras, revelando-as em assassinos com roupas diversas em tons escuros, eles não demostram estar surpresos e dão risada enquanto encaram Fainaru, que está sério se preparando para atacá-los.

No primeiro movimento de Fainaru ele ouve parte da muralha ser destruída, ele sente um tremor debaixo de seus pés, desestabilizando sua energia:

– O que é isso?

Uma pequena rachadura no chão surge abaixo de Fainaru, sua aura cessa e a sombra da espada volta ao normal libertando os assassinos que entram rápido no templo, Fainaru olha para trás e vê vários homens do Império fugindo e um grupo pequeno e peculiar entrando, sacerdotes, magos, um pilar sendo empurrado por escravos e alguns homens atrás deles.

Fainaru olha atentamente e se surpreende com o grupo atrás do pilar e comenta para si:

– Por dinheiro as pessoas se rebaixam em ajudar qualquer um, vendendo seu bom senso por algumas moedas... Triste.

Ele corre e é alvejado por várias magias e encantamentos lançados pelos sacerdotes e magos, com sua espada e seu dom maior, a fé, ele consegue se esquivar e se defender de tudo que é lançado contra ele, usando muita de sua energia, no caminho ele diz determinado:

– Não há poder do mal que possa me deter!

Magias elementais são absorvidas, encantamentos são cancelados, poderes ocultos e obscuros são destruídos ao se aproximarem da espada de Fainaru, todos demostram medo e ativam o pilar, carregando uma grande quantidade de energia mirando nele, Fainaru aumenta sua velocidade para tentar deter a ativação do pilar.

– Cristal corrompido... Não posso deixar essa arma livre para atacar o templo.

Fainaru faz posição de ataque, ele segura sua espada mirando a ponta dela e segurando-a com suas duas mãos e vai em direção ao pilar que está sendo carregado, por centímetros de distância ele não consegue deter a ativação do poder, a anergia do pilar sai, bate na ponta de sua espada e explode, a energia se expande por metros matando magos, sacerdotes e os escravos, a energia causa dano a Fainaru, mas não o mata.

Ele fica confuso por alguns segundos e mesmo confuso ele dá um grito de guerra dando um golpe no ar como se acertasse algo, uma energia surge no ar em forma de uma espada gigante e cai destruindo o pilar, Fainaru cambaleia para trás e volta para o templo demostrando muito cansaço, no caminho ele ouve os homens que estavam atrás do pilar se aproximando e conversando:

– Impressionante, ele fez tudo isso sozinho?

– Parece que sim.

– Ele deve estar recebendo suporte.

– Não, já ouvi falar deles, Guerreiros de fé são realmente poderosos.

– Vai ser uma pena lutar contra ele assim...

– Verdade, ele está esgotado, dá até dó.

– Sim, ele já está derrotado.

– Dá para vocês ficarem quietos e agir?

– Independente dele nós precisamos passar, se ele reagir nós teremos que enfrentá-lo.

– Bom, vamos dar chance para ele fugir então, ninguém precisa saber.

– Eu concordo.

Fainaru se aproxima da entrada do templo e vê no alto da escada...

 

Um homem, muito bonito, humano, idade entre trinta anos, estatura alta, pele clara, olhos puxados cor castanho– claros, cabelos lisos, curtos e pretos, de porte físico médio, ele está com um semblante sério e triste, ele está usando armadura de um guerreiro comum do Império, em sua mão está um bastão especial, feito de madeira escura com algumas protuberâncias pontudas pelo corpo, em uma das pontas do bastão esta entalhado uma mão com a palma aberta e com os dedos juntos e na outra ponta do bastão uma mão aberta em forma de garra com os dedos separados, esse homem gira o bastão e se envolve em uma aura dourada, uma mesma aura envolve Fainaru e em instantes sua energia e feridas são curadas.

 

Com o seu poder, Fainaru consegue se conectar à aura e a falar com o homem que o ajuda.

– Eu o vi no templo, quem é você?

– Pode me chamar de Surrex.

– Obrigado, mas cuidado, você poderá ser atacado.

– Eu estou aqui para lutar e usarei tudo para nos proteger... Não se preocupe, farei o possível para não machucar ninguém.

Os homens perto de Fainaru estranham sua recuperação questionando alto:

– O que é isso?

Um deles aponta para Surrex ao longe.

– Aquele homem fez isso!

– Deve ser um sacerdote, um problema, vamos lá.

– Está longe, mas ele parece familiar.

Os homens ameaçam avançar para atacar Surrex, mas param ao ver Fainaru se virar frente a eles e dizer:

– Não! Eu sou o adversário de vocês... Onze “Monkers”!

Dentro do templo os homens do Império que conseguiram entrar revistam tudo no caminho, procurando ex-prisionerios para matar, alguns encontram felinae e alguns homens armados e eles iniciam uma luta, o número de homens do Império aumenta com o tempo deixando os homens do templo em desvantagem.

 

Jajesado chega, o Dionamuh-S está usando uma roupa simples feita com o mesmo tecido e o mesmo padrão de cor parecendo um uniforme, ele veste uma camisa sem mangas, calça, sandálias, usa uma meia grossa e um colete, tudo preto com detalhes laranja-escuro, nas costas do colete tem um desenho simples com pouco detalhes, um círculo com vários animais dentro dele.

 

Jajesado entra na luta, derrotando todos que o enfrenta, contra cada adversário ele faz uma pose diferente de luta, lembrando animais diversos: répteis, mamíferos, aves e até insetos. Sua agilidade, força e flexibilidade dão pleno destaque e poder sobre seus oponentes, com chutes, socos, voadoras, mortais, sequência de golpes entre outras junções de técnicas.

Ele derrota e mata vários rivais, dando autoestima e moral para os que lutam ao seu lado, os oponentes demostram estar intimidados tendo seu moral reduzido, o grupo do templo inicia uma grande e humilhante revanche contra o império, Jajesado se sente firme e revigorado.

– Estou em minha melhor forma... Infelizmente tenho que agradecer aquele homem que me salvou e me deu essa roupa simples, pois sinto que há algo nela.

Os homens feridos do templo são auxiliados por outros desarmados que chegam para ajudar e por Surrex que usa seus poderes curando danos superficiais, Jajesado fica impressionado com as habilidades de Surrex e pergunta:

– Não o vi antes aqui no templo, quem é você?

– Eu sou... Surrex... Eu também era um prisioneiro.

Jajesado o analisa e percebe marcas e hematomas antigos, frutos de torturas feitas pelo Império com os prisioneiros.

– Posso ver... Ótimo, continue o que está fazendo.

Surrex estende a sua mão e cura uma ferida no braço de Jajesado, que não havia reparado que foi atingido, ele vê o feito e comenta:

– Não precisava, foi de raspão.

– Estava com veneno, não subestime o Império, não é à toa que estávamos todos presos.

Jajesado olha com receio e com orgulho fala:

– Mesmo assim não precisava, eu dou conta.

Surrex fecha os olhos, ele tem um mau pressentimento e alerta:

– Assassinos... Cuidado!

Jajesado se posiciona para a luta e aguarda os inimigos, Surrex se afasta indo para um canto e energiza uma grande quantidade de energia que toma todo o seu corpo e seu bastão, em questão de segundos vários homens entram, assassinos com roupas diversas de tons escuros, eles variam entre estatura média e baixa, e porte físico médio, aparentemente homens comuns, mas com armas perigosas, adagas estranhas com mais de uma ponta ou serra em suas mãos, foice, lâminas, agulhas entre outras armas pequenas e mortais.

Todos entram atacando os homens do templo, o número de baixa é o mesmo de ambos os lados, o moral dado por Jajesado deixa os homens do templo com temeridade, lutando até a morte como se lutassem por suas famílias e por suas vidas, Jajesado entra na luta salvando alguns dos seus, mas é acuado e separado pelos assassinos poderosos, identificando serem Dionamuh-S como ele, um deles fala com um tom maldoso:

– Delícia, outro como nós, isso será interessante.

Jajesado encara seus inimigos e inicia seus ataques dizendo bravo:

– Estão longe de ser como eu.

Os assassinos deixam claro suas resistências físicas elevadas quando resistem aos golpes mortais de Jajesado e conseguem contra-atacá-los, mesmo sendo uma luta entre Dionamuh-S, Jajesado iguala a luta com suas técnicas, lutando sozinho contra dez.

Surrex é atacado e se defende usando seu bastão, o corpo dele se divide criando outro dele mesmo, os dois derrotam seu atacante usando golpes na cabeça nocauteando-o, uma de suas imagens vai até o lado de fora para ajudar Fainaru e o outro corre para ajudar Jajesado.

No caminho os dois Surrex são alvejados, eles se esquivam e com seus bastões encantados e batem em seus atacantes imobilizando partes de seus corpos, e impedindo-os de sentirem e moverem braço ou perna, alguns eles acertam na cabeça fazendo seus oponentes desmaiarem.

Surrex é atingido, mas usa seus poderes para se curar de golpes leves e de algumas toxinas, ele também consegue estancar o sangramento de golpes profundos se mantendo ativo na luta.

Os assassinos ao redor de Jajesado riem e formam um círculo, cercando-o e se preparando para atacá-lo, todos atacam com suas armas mirando em partes vitais, Jajesado apara os golpes focando na parte inofensiva das armas, conseguindo jogar alguns em outros assassinos.

Todos se surpreendem e se alongam demostrando que usarão tudo o que têm para matá-lo, um deles olha para o outro e comenta:

– Esse será difícil.

– Um pouco, mas será divertido...

– Não, vamos matá-lo logo para seguir com o plano.

Jajesado fica concentrado, reunindo energia e analisando todos seus oponentes, analisa a pose de luta, vestes, golpes já usados, formas de falar, quem lidera, quem fica quieto, cada detalhe. Ele observa atentamente sem que eles percebam, antes de ser atacado ele questiona:

– Virão todos de uma vez, ou um por vez?

– Não se preocupe...

Jajesado interrompe a fala do assassino usando seu pé para levantar uma arma e em seguida a joga na direção da cabeça do alvo e diz alto:

– Então venham logo!

A poucos metros de distância de Fainaru estão...



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