Volume 2

Capítulo 100: Morte, a Arma do Inimigo

– O segredo para a minha ascensão é esta arma. A morte deles está chegando.

Finalmente Ivan decide entrar no templo, atento e aguardando qualquer ação inimiga, ele tira algumas partes de sua armadura para ficar mais ágil, carrega um escudo grande nas costas e sua lança de cristal corrompido nas mãos, no primeiro corredor ele vê Mahlock na outra ponta, ela bate sua maça na parede como se chamasse por luta, ele fica pensativo e comenta para si:

– A “pata de animal” será a primeira então.

Mahlock sorri para Ivan e comenta:

– Essa lança é muito grande, vou ter que pegar seu maxilar como troféu.

Ivan avança rapidamente e enfrenta Mahlock fazendo-a recuar, sua longa lança não a deixa contra atacá-lo, ela chega a se aproximar dele e a socá-lo no tronco, ele apanha um pouco e a imobiliza jogando-a contra a parede, uma energia envolve sua lança e ele bate na nuca da Mahlock, ela desmaia na hora, ele salta para trás e é alvejado por várias flechas de Chris que aparece ao longe, enquanto ela atira ela diz entusiasmada:

– Fique vivo, quero transformá-lo em um belo gatinho de estimação.

Ivan fica de costas para ela usando o escudo para se defender, ele energiza sua mão com poder e a bate no seu peito, o escudo solta de suas costas e voa em direção a Chris prendendo-a contra a parede, Ivan ataca para matá-la, mas é interrompido por Kisnar, com seu sabre e o cetro ele consegue igualar a luta por um tempo, Kisnar se gaba por ter treinado contra as técnicas de luta do Império e diz:

– As técnicas de lutas do Império são sempre inferiores.

Kisnar usa seus truques, como encantar seu sabre com energia elemental, e tenta queimar e derreter parte do corpo de Ivan com seu cetro, mas a lança de cristal absorve tudo o que ele conjura, Ivan surpreende Kisnar usando a energia absorvida para criar um impacto poderoso, jogando Kisnar longe e a dando chance de Ivan correr até a sala dos tronos.

No caminho ele vê Primus em forma de uma imensa cobra, Primus dá uns botes e joga Ivan para trás, Ivan faz sua lança brilhar e hipnotiza Primus por uns segundos, ao tentar passar ele sente seu corpo sendo manipulado, ele é jogado no teto, ao chão e depois é arrastado, passando por alguns corredores e salas parando perto de Sokushin que está flutuando.

De olhos fechados Sokushin diz:

– Que azar em estar longe de casa.

Sokushin levanta suas mãos e Ivan levita até ele com seus movimentos debilitados, os pelos e cabelos de seu corpo ficam brancos aos poucos, ele sente um frio intenso e antes que o poder de Sokushin tome todo o seu corpo ele diz:

– Sorte... É eu ter chegado na distância que preciso...

A lança de cristal brilha e teleporta Ivan para a sala dos tronos, o impacto do teleporte deixa Ynis recuado atrás do trono que diz assustado.

– O que foi isso?

Leafar parece um pouco melhor, bem-humorado e responde Ynis:

– Nosso “convidado”, ele trouxe-nos um presente.

Ivan demostra muita raiva e diz:

– Presente, só se for a morte...

– “Morte”... Mas é ela mesmo que você trouxe para eu usar.

Leafar olha para a lança de Ivan com desejo, Ivan se sente enganado e por instantes fica sem reação comentando baixo.

– Maldito... A lança de cristal... Esse era o plano.

– No meio de toda aquela batalha eu não tive certeza que essa é era a arma de cristal que precisava, mas quando a vi de perto tive certeza que era ela.

Ivan volta a demostrar determinação e avança contra Leafar sentado no trono, a lança é atingida fazendo-o errar o golpe, a lança acerta centímetros de distância da cabeça de Leafar e quebra parte do trono.

A lança é então atingida por Seppuku empunhada por Samuk que surgiu como se estivesse invisível, com um movimento rápido Samuk joga Ivan para trás ficando entre ele e Leafar, ele se posiciona e diz confiante:

– Sua arma é boa... Agora eu também tenho uma.

– Acha que isso equilibra as coisas?

– Deixarei que ela mesma diga a você.

Leafar demostra confiança em ver Samuk com o moral elevado e inspirado a ganhar na revanche contra Ivan, Samuk faz uma pose defensiva e aguarda a ação de Ivan que o rodeia esperando uma oportunidade para atacar, antes de iniciar todos escutam o barulho de Primus se aproximando, Leafar diz para Ynis:

– Ynis, por favor, avise aos nossos amigos lá fora que está tudo bem, que descansem e se preparem, pois em breve continuaremos nossa missão.

Ivan se sente insultado e retruca:

– Fala como se eu não estivesse aqui, ninguém vai sair!

– Vai sim, não é Samuk?

Leafar faz sinal com a cabeça indicando para Ynis sair normalmente, Ivan avança contra Ynis que é protegido por Samuk. Leafar vê a vontade de Ivan em atacar Ynis e comenta:

– Você deveria deixá-lo ir, assim evita outros que querem sua cabeça.

Ivan demostra raiva e grita, forçando sua passagem através de Samuk.

– Eu que vou decepar todos vocês!

Ivan ataca freneticamente Samuk, que fica na defensiva recuando e conduzindo a luta para longe de Leafar que admira o embate Ivan percebe e volta para tentar atacar Leafar, Seppuku dá a Samuk uma grande velocidade e permite que seus cortes cortem o ar, criando lâminas de energia que se estendem a um longo alcance, Samuk consegue interromper a investida de Ivan contra Leafar e o com várias lâminas o empurra para a porta, Ivan as apara com sua lança e contra ataca Samuk, Ivan demostra mais força, mas Samuk demostra mais agilidade e destreza.

Samuk esquiva-se das pontadas de Ivan e reverte as suas investidas em ataques precisos, ferindo Ivan em pontos vitais, porém sem profundidade, Ivan desperta um poder próprio, os cortes são feitos, mas o sangramento é estancado com sua energia.

A energia recebida deixa o seu corpo parecendo ser feito de metal para ganhar mais resistência e força, Ivan se movimenta menos atacando somente com sua lança, Samuk continua investindo contra o oponente com agilidade, dando saltos, fazendo acrobacias, esquivas e ataques perfeitos usando poses do corpo e o próprio peso para igualar a sua força com a de Ivan. Em um momento os dois ficam só batendo armas, atacando e aparando-as, sem se esquivarem, como se quisessem quebrar a arma um do outro.

Em um movimento rápido Samuk surpreende Ivan batendo e jogando a ponta da lança para cima, abrindo uma brecha na defesa de Ivan, Samuk com uma velocidade sobre humana, graças a Seppuku, atravessa o corpo de Ivan com a espada, parando metros atrás dele.

Samuk olha Seppuku com o sangue e a limpa com um pano que ele tira de seu bolso e admira o fio da lâmina dizendo:

– Obrigado Leafar... Ela é ótima!

Ivan sente seu corpo travado e com uma dor forte no seu tronco, ele ajoelha e larga sua lança colocando suas mãos para estancar o sangue de sua barriga, Ivan ainda pensando em alguma forma de sair vivo questiona:

– Como? Como eu pude perder...

Leafar levanta com dificuldade do trono e se aproxima de Ivan:

– É meu caro... A era do Império acabou, infelizmente antes de você crescer.

Ivan dissimula estar fraco e reúne energia para um último golpe, Leafar sente o movimento dele e fala para Samuk:

– Você fez o que eu já sabia que faria Samuk, pode ir, diga para Ynis vir aqui depois, eu preciso falar com ele.

Samuk aponta sua espada para Ivan ameaçando matá-lo, mas Leafar faz sinal para não o fazer.

– Não se preocupe você já venceu esta... Deixe-o, ele ainda precisa refletir sobre algumas coisas.

Samuk sai, deixando só Leafar e Ivan na sala, Ivan sorri e comenta:

– Acha sábio ficarmos a sós?

– Em Pando isso seria um convite... Saudades daquele lugar...

Leafar anda até o trono, enquanto isso uma parte da sala é tomada por trevas, uma escuridão fica atrás dos tronos, Leafar se senta e diz com cara de cansado:

– Não Ivan Brow, eu já fui sozinho por muito tempo, mas hoje em dia eu sempre ando acompanhado e às vezes contra a minha própria vontade.

Uma respiração grande é ouvida atrás dos tronos, os olhos de Ivan ficam negros podendo ver o que há nas trevas atrás de Leafar, ele vê algo que nunca tinha visto antes e diz achando que está sendo insultado:

– Tolo! Acha que eu cairei em uma ilusão?

– Ilusão? Por que todos acham que eu minto, nunca tenho a credibilidade que mereço, e veja que eu só digo verdades...

Ivan é envolvido por uma aura amarela, sua velocidade e força ultrapassam a de um humano comum e ele avança contra Leafar, centímetros de distância antes de acertá-lo, Ivan é jogado contra a parede por algo que está dentro das trevas.

O golpe foi mais rápido e mais forte que Ivan, deixando-o confuso sem saber o que houve ou como foi atingido, a única certeza que ele tem é que foi atingido por algo físico e não mágico, na pancada a armadura e ossos do tronco de Ivan trincam.

A parede que ele bate é destruída deixando-o ainda dentro da sala, Ivan cai no chão sem poder se mover ou sentir seu corpo do pescoço para baixo, ele começa a sangrar e a morrer aos poucos, Leafar assiste tudo e comenta:

– Achei que estivesse enferrujado... Impressionante, e eu me achando poderoso.

Leafar ouve um som como se algo nas trevas respondesse e sorrindo ele responde.

– Fico lisonjeado... Quem sabe um dia nós poderemos lutar, para ver se eu sou realmente tão poderoso como você diz.

 Ele ouve outra frase e comenta enquanto as trevas somem:

– Tudo bem, se é o que você quer... Queria ter seu otimismo.

Ynis entra na sala e vê Ivan morto debaixo da parede destruída, ele analisa o corpo e diz um pouco chateado.

– Por que você fez isso?

– Se eu lhe disser que eu não toquei em ninguém, você acredita?

– Você deve descansar... A propósito, por que ele não fugiu?

Ivan tenta resmungar algo, mas morre sem dizer suas últimas palavras, Leafar olha Ivan morrer, balança a cabeça, e faz uma pequena reverência.

– Achei que ele já estivesse morto... E aqui acaba o legado dos irmãos Brow, a linha de frente do Império já não existe mais... Respondendo a sua pergunta meu nobre Ynis, ele sabia que se voltasse derrotado para Sodorra ele morreria, e é claro, tentou uma última possibilidade, me matando ele conseguiria saber onde está Bispo e assim usá-la para destruir e matar todos aqui em Aquariolus.

Ynis volta a medicar Leafar e continua a conversa:

– Interessante... E agora? Qual o próximo passo?

Todos os Atilados sobreviventes entram no salão dos tronos e eles escutam Leafar dizer:

– Vamos descansar, todos precisam disso... Se depois quiserem ir, fiquem à vontade, como disse antes, ninguém está aqui por obrigação, mas se ficarem aqui, eu quero que saibam que o próximo passo é atacar Sodorra.

Ynis questiona preocupado:

– Quantos Theobroma Cacao você ainda tem?

– Só mais um.

– O suficiente para atacar Sodorra?

– Tem que ser... O problema também será o que virá depois que o Império de Cristal cair.

– E o que seria?

– Uma coisa de cada vez, vamos focar no Império, depois conversamos referente ao que virá a ocorrer em longo prazo, afinal, não sabemos se sairemos de lá vivos.

Mahlock se aproxima do trono e diz:

– Enfrentamos uma grande armada do Império hoje, conseguiremos enfrentar uma ainda maior depois?

– Não se preocupe, meus planos referente a isso já estão executados! A chuva de meteoro e a mensagem de que Oratio Tenebris estava em ataque foi o sinal para fazer o Império recuar, Xarles estava mandando seus exércitos para retomar suas cidades perdidas.

– Perdidas?

– Sim, não lhes contei? O Império perdeu suas cidades, acho que “império” não seria mais a palavra adequada para se referir a ele, antes que ele retornasse eu mandei o mensageiro informar que os irmãos de Ivan estavam mortos, assim atrairia a força principal do Império para cá, muitos fugiram, mas acredito que não voltaram para Sodorra. O grande forte de Xarles é a intimidação que ele tem com seus próprios homens, mantendo-os obedientes e presos as suas vontades, mas hoje isso se tornou uma grande desvantagem, nenhum deles voltará para lá pois sabem que vão morrer, provável que pediram refúgio em outro lugar, deixando assim, o Império com um número de homens bem menor do que de costume.

– Então a chuva de meteoro afastou mais homens?

– Sim, mais do que eu imaginei, agora o império está fadado à derrota, esperando só o golpe final, que será o nosso.

– Mas, com o tempo que levaremos para chegarmos lá, não dará tempo para ele se reconstituir?

– Não, pois nós vamos surpreendê-lo.

Leafar se levanta e com magia faz a lança de cristal de Ivan vir até a sua mão.

– Essa lança é a última peça que faltava para eu criar uma forma de nos teletransportar para dentro de Sodorra.

Todos olham surpresos e animados, Leafar admira a lança de ponta a ponta e diz animado:

– Acredito que ele levava isso como uma referência ao Império, podendo também se teletransportar dentro dos territórios dele, por isso ele conseguiu invadir a sala, ele só precisava da distância certa para fazer... Então descansem, que em poucos dias vamos seguir com o plano... Obrigado a todos que ficaram e aos que ficarão!

Todos reverenciam Leafar e saem da sala, deixando-o a sós com Ynis, Leafar volta para o trono, coloca a lança do lado do trono e questiona:

– Eu não vi Fainaru e nem Jajesado, sabe se eles foram embora?

– Não os vi, sei que teve uma luta na quarta entrada do templo.

– Sim, na entrada dos fundos, espero que eles estejam bem.

– Certo... Depois de ver os feridos eu irei embora.

– Sei disso, mas é uma pena, você seria uma grande ajuda em Sodorra.

– Não use sua lábia contra mim.

– Foi só um comentário.

– Vindo de você até um “Oi” tem intenções.

Leafar ri e continua:

– Já ouvi isso antes... Você conseguira fazer o favor que eu lhe pedi?

Ynis fica um pouco pensativo e responde.

– Sim... Eles ainda estão aqui?



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