Volume 1
Prólogo: Almas Entrelaçadas
Flores de uma cerejeira caíam vagarosamente com o vento, o ambiente era iluminado com uma luz serena, entretanto, não era a luz proveniente do sol. Um cheiro doce pairava pelo ar, e uma garota com cabelos pretos em um tom bem claro, encontrava-se sentada ao pé da cerejeira com folhas rosadas. Ela tinha olhos azuis meio esverdeados, e estava encolhida, pressionando os joelhos contra os peitos e envolvendo as pernas com os braços.
Seu nome era Aria Harper. A garota tinha dezessete anos de idade, portando uma expressão confusa em sua face, como se subitamente tivesse acordado naquele lugar estranho, desconhecido. Porém, também tinha um ar pacífico.
Ela levantou-se lentamente, apoiando uma mão no tronco da cerejeira. Esfregou os olhos, e observou o cenário à frente. A visão captada era apenas uma paisagem vaga, com a água reluzente ao horizonte. A cerejeira estava localizada em uma pequena ilhazinha com um gramado vermelho, e à sua volta existia apenas a água com seu brilho, que refletia o céu rosado do local. Havia um pequeno banco — como os bancos encontrados em parques — marrom, adornado com alguns detalhes nas pontas que evocavam a lembrança de asas.
Confusa, Aria deu passos hesitantes em direção à água reluzente. Ao tocar a superfície, a água vibrou serenamente. Mas surpreendentemente, ela não afundou quando pôs seus pés sobre a água. Aria caminhou sobre o líquido como se fosse vidro, enquanto observava seu reflexo perfeito, como se estivesse diante de um espelho líquido.
Observando seu reflexo, Aria passou de confusa para eufórica em segundos. Empolgada, acelerou sobre a água, um sorriso se desenhando em seu rosto. As gotículas suspensas no ar com seus passos pesados estavam paralisadas, como se o tempo tivesse parado. Seus olhos azuis esverdeados brilhavam ao reflexo das gotas, e ela correu de braços abertos, absorvendo a serenidade energética do local.
Aria dançava sobre a água, entregue ao momento, onde a felicidade e a pureza preenchiam seu ser de forma inexplicável. Nada mais parecia importar naquele instante mágico. No entanto, em meio aos seus passos delicados, Aria percebeu um garoto espiando da cerejeira, meio escondido. Ao notar que foi notado, o garoto teve um leve susto, desviando o olhar com um rubor no rosto. Ele tinha cabelos pretos em um tom mais escuro que os de Aria. Seus olhos azuis irradiavam um tom puro e vivo e, seu nome era Ethan Kim, também tendo dezessete anos de idade
Aria, tímida, interrompeu sua dança, desviando o olhar para a água. Parecia não ser a primeira vez que os dois se viam. Relutante, ela deu um passo para trás. Ethan saiu de trás da cerejeira, fixando um olhar naturalmente frio na garota. Aria — ainda com a cabeça baixa — o fitou de volta. Os dois cruzaram os olhares fixamente, olhares embaraçados e confusos.
Aria deu um passo à frente, e os olhos de Ethan se arregalaram ligeiramente surpresos. Ele também deu um passo em direção a ela, e os dois lentamente se aproximavam. À medida que se aproximavam, a luz do local aumentava. Quando finalmente ficaram frente a frente, ambos ergueram as mãos em direção ao outro. A luz intensificou-se tanto que todo o cenário desapareceu, restando apenas parte da água sob eles.
Quando as mãos estavam prestes a se tocar e os dedos quase a se entrelaçar, tudo se iluminou. Aria se viu deitada em sua cama, com os olhos semiabertos. "Foi apenas... um sonho? E com aquele garoto de novo..." pensou Aria, enquanto cobria o rosto com o travesseiro.
Ethan também despertou, observando entediado o teto de sua casa, como se já esperasse que fosse apenas mais um sonho. Nas últimas semanas, Aria encontrava frequentemente um garoto totalmente desconhecido em seus sonhos, sem entender o motivo. A garota se levantou da cama, com os cabelos bagunçados e vestindo um pijama azul bebê, com estrelinhas em um tom mais escuro estampadas.
De repente, algumas batidas soaram na porta do quarto de Ethan.
— Estou acordado, Katherine — disse ele. Uma mulher, vestindo roupas pretas de empregada abriu a porta, e colocou apenas metade do corpo para dentro do quarto.
— Já são oito horas, jovem. O café da manhã já está na mesa, fiz uma salada de frutas bem saborosa para você! Então não demore, viu? — após anunciar o café, a empregada fechou a porta do quarto com cuidado. Ethan permaneceu deitado, olhando monotonamente para o teto. Após alguns segundos, decidiu finalmente se levantar, vestindo uma camisa branca e uma bermuda preta. Abriu a porta do quarto, desceu as escadas requintadas de sua casa e dirigiu-se à cozinha. Sentou-se à mesa, que possuía oito cadeiras ao redor.
— Bom apetite! — exclamou Katherine, ligando a Tv LED na parede da cozinha. Estavam transmitindo notícias diárias, mas Ethan as ignorava completamente.
Enquanto isso, Aria saía de seu quarto em direção ao banheiro. Sua casa era mais humilde que a de Ethan, e a porta do banheiro rangia alto ao ser aberta. Aria lavou o rosto, arrumou o cabelo enquanto se olhava no espelho e, ao sair do banheiro, dirigiu-se à cozinha, onde sua mãe varria o chão.
— Bom dia, mamãe! — disse, alegre. Sua mãe lhe deu um sorriso, e continuou faxinando. Aria começou a preparar um pão com salame para comer, e ligou a pequena televisão no balcão da cozinha. Também estavam passando as notícias diárias.
“A uma semana atrás, foram anunciadas as inscrições para a Betrayal Lines, evento dirigido pelo Governo de Nova York. Um evento competitivo de inteligência e raciocínio lógico, com apenas três ganhadores. Os três sortudos que passarem nos exames, ganharam uma bolsa gratuita para a universidade de New Kenya, na Califórnia. As vagas expiram hoje, as uma hora da tarde.”
— Olha só! É uma ótima oportunidade, Arí. Por que não tenta? Sei que você não é a mais esperta de todas, mas se conseguir, pode mudar o rumo da sua vida! E até da minha — disse a mãe de Aria, enquanto guardava a vassoura dentro de um pequeno armário.
— Não sei não, mãe… eu com certeza vou perder. Mas, realmente, nada é impossível! Eu vou tentar!
Aria comeu seu pão com salame com mais energia, enquanto Ethan continuava monótono.
— Parece interessante, Ethan. Seu pai ficaria orgulhoso se você entrasse para a New Kenya — disse Katherine, limpando alguns pratos. Ethan comeu uma garfada de sua salada de frutas, e olhou para a Tv.
— É perda de tempo, Katherine. E não é como se eu precisasse de uma bolsa gratuita — retrucou, arrogante.
— Oh, vamos lá, Ethan. Se anima um pouco, isso pode ser interessante para lhe tirar o tédio, competir com outras pessoas é divertido, jovem.
— Faça o seu trabalho Katherine, não estou nem um pouco ansioso para ver outras pessoas.
A empregada lhe deu um olhar chateado, e continuou esfregando o prato. Ethan olhava para a salada de frutas, enquanto os pedacinhos de maçã misturados com manga e banana boiavam no leite condensado. Ele pensou profundamente, e se levantou, sem terminar a salada.
— Vou me inscrever hoje, Katherine. Mas é por que você está pedindo, e não pelo meu pai — resmungou, enquanto subia para o seu quarto. Ethan e Aria estavam prestes a sair de suas casas para se inscreverem no evento.
Notas:
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