Volume 1
Capítulo 1: Faces Ilusórias
A mãe de Aria realmente havia conseguido animá-la para o evento. Ela voltou de seu quarto com pressa, vestindo um moletom preto com cinza, e uma saia longa preta. Foi até o banheiro para escovar os dentes, e quando se viu no espelho, estava com um delicado sorriso no rosto. Aria gostava de eventos sociais.
Ethan também havia vestido um moletom com essas cores, mas a parte preta estava em cima, e a cinza embaixo. O contrário do moletom de Aria, e estava usando calças jeans.
— Até mais tarde, jovem! — exclamou a empregada ao fundo da sala de estar enquanto Ethan abria a porta da frente.
— Até — respondeu, enquanto fechava e trancava a porta. Ele desceu a escadaria até a garagem, e passou ao lado do carro de seu pai. Era uma Audi R8 preta. Ethan olhou para o próprio reflexo no vidro do carro, e soltou um resmungo. Abriu o portão da garagem, e saiu andando pela praça em frente à sua casa.
Aria havia terminado de escovar os dentes, e seguiu até a cozinha, onde sua mãe estava comendo um pedaço de bolo de cenoura.
— Estou saindo, mãe. Até mais tarde! — despediu-se, acenando para a mãe, ela acenou de volta.
Já Ethan, estava na outra ponta da praça, caminhando com as mãos no bolso. Poucos carros passavam pelas estradas, pois aquele bairro era pacífico e calmo. A rua de Aria era movimentada e com inúmeras pessoas passando nas calçadas. Ela vivia no centro da cidade de Nova York, e estava se arrastando em meio às pessoas andando junto à ela nas ruas.
Ethan andava calmamente, até que avistou um rato na calçada. Ele o observou por alguns segundos, ele estava roendo algum resto de comida que havia achado no lixo. Estava ao lado de um arbusto. Ethan se aproximou lentamente do rato, e quando ia se agachar para observar mais de perto, uma cobra saiu de dentro do arbusto, capturando o rato e levando-o para dentro das folhas. Ethan não teve reação, continuou olhando a cena com o mesmo olhar monótono de sempre. Se levantou, e continuou seguindo em frente.
Enquanto Aria se espremia entre as pessoas na rua, ouviu uma voz abafada pelos barulhos do centro da cidade. Era a voz de uma garota, chamando por ela.
— Aria!! Sério que simplesmente passou reto?! — exclamava a garota, em um canto livre da multidão. Aria ficou nas pontas dos pés para olhar por cima das pessoas, e avistou Emma Brown. Uma garota de dezesseis anos, de olhos castanhos escuros e cabelos da mesma cor que seus olhos. Usava óculos redondos, e uma roupa marrom, com um cachecol vermelho enrolado no pescoço. Esta era melhor amiga de Aria, que a acompanhava para quase todos os lugares.
— Oh, Emma! Não te vi aí — gritou Aria, enquanto tentava alcançá-la. As duas agora estavam em frente a uma sorveteria.
— Tava indo para onde? — perguntou Emma.
— Para a Betrayal Lines, o evento do governo lá. Minha mãe disse que seria legal tentar, talvez eu consiga… a vaga… — Aria baixou a cabeça, e seu entusiasmo havia sumido.
— Por que está desanimando agora? Também estou indo para lá! São três vagas, não são? A gente vai conseguir. Acredite em mim, você é a pessoa mais inteligente que eu já conheci!
— Mas as pessoas lá devem ser inteligentes, Emma. Muito mais do que nós, é uma boa oportunidade, sabe? Tanto os menos inteligentes quanto os mais geniais vão estar lá.
— Mas veja pelo lado bom, aparentemente não vão ter provas escritas. Vão ser jogos… tipo um Reality Show! A gente tem chances, Aria. Não abaixe a cabeça assim — consolou-a, e então Emma pediu um sorvete de morango. Aria levantou a cabeça, e deu um sorriso à sua amiga.
— Obrigada, Emma. Você está certa, sem pensamentos negativos hoje — disse, enquanto pegava um sorvete de chocolate.
As duas estavam rindo juntas enquanto pagavam pelo sorvete, e na outra entrada da sorveteria — que ficava do outro lado — Ethan apareceu. Tinha acabado de entrar na sorveteria para pegar um Milk-Shake, olhou para o lado, e avistou Aria. A garota que tinha visto em seus sonhos continuamente por uma semana. Ele as observou por um tempo, e as duas saíram da sorveteria.
— Humpf… — resmungou, enquanto andava até a recepção. Pediu um Milk-Shake de baunilha, e começou a tomar.
Antes de sair da sorveteria, outro garoto entrou na frente de Ethan. Tinha cabelos loiros e olhos verdes, e uma estatura fisicamente forte. Estava usando uma camiseta branca, e calças azuis.
— E aí, pivete? — comprimentou. Ethan o olhou por alguns segundos sem dizer nada, apenas tomando o seu Milk-Shake.
— Oi — respondeu, segundos depois. O outro garoto entrou, e se dirigiu até a recepção, apoiando um braço no balcão.
— Indo para a Betrayal Lines, é? Tá todo mundo entrando nessa esses dias. Eu vou ir lá hoje também, devem ter várias gatas lá. Tu não acha?
Ethan não respondeu, apenas concordou com a cabeça.
— Pode crer. Esses bichinhas não vão tirar meu lugar dos primeiros colocados — disse o garoto maior, pegando um açaí.
— Hah, tem várias garotas das boas lá. Vai ser interessante, provavelmente a pomposa da Aria também vai estar. Esta já é minha, vou deixar avisado para os canalhas.
— Aria? — perguntou Ethan, este nome lhe chamou a atenção.
— É uma garota do clube literário no centro da cidade. Acredite em mim, ela é das boas. Mas tira o olho, carinha, não vai querer encrenca logo no início, não é? — Ethan não respondeu, apenas olhou para o chão, com um olhar frio. “Aria… parece familiar de alguma forma” pensou.
— Inclusive, meu nome é Joey Santiego. Qual é o seu, pivete? — Ethan olhou para Joey com um olhar frio e arrogante.
— Saberá quando chegar a hora, “pivete”.
Joey fechou a cara quando Ethan respondeu daquela forma, e então Ethan saiu da sorveteria, voltando a caminhar em direção ao evento. Ele iria acontecer em um colegial com área bem grande, e que não estava mais em uso.
Chegando ao local, tinham dezenas de pessoas no pátio do colegial, fazendo suas assinaturas em uma pequena tela conectada à parede. Ethan se aproximou, e era uma tela virtual, com uma caneta digital. Ethan a segurou, e escreveu seu nome em baixo do último nome escrito. Logo, uma foto de seu rosto apareceu ao lado de seu nome, mostrando que Ethan Kim estava registrado logo abaixo de Aria Harper. “Então esta, é Aria Harper… mas por que é sempre essa garota?” pensou consigo mesmo, antes de se juntar aos outros que estavam aguardando no pátio.
Joey Santiego chegou logo em seguida, acompanhado por um jovem com um estilo relativamente único. Estava usando uma jaqueta de couro, coleiras com espinhos, correntes nas calças e piercing nas orelhas e nariz. Tinha a cabeça raspada, com apenas um moicano preto e pontas alaranjadas.
Ethan observou-os chegar, com o mesmo olhar frio. Eles foram os últimos a se registrar, e o tempo expirou. Os portões se fecharam, e um telão no meio do pátio ligou repentinamente. Todos olharam para o telão, e como todos ficaram quietos, Aria notou Ethan no meio da multidão. O garoto que estava em seus sonhos. Ethan lhe voltou um olhar gelado, e então desviou o olhar para o telão. “Aquele é… o menino dos meus sonhos? Ele existe?! Então… aquilo não era apenas um… sonho…?” pensou, enquanto voltava o olhar para o telão.
“Caros jogadores, sejam todos bem vindos à Betrayal Lines. Aqui onde novas esperanças se acenderão, e os mais fracos cairão no esquecimento. Mas não se sintam nervosos, seus superiores e supervisores serão sempre receptivos e energéticos.”
Uma voz saía do telão, e todos estavam focados nela. Ele exibia a ficha dos jogadores, com seus rostos, nomes e respectivas idades. Alí estavam inúmeras fichas, como a de Joey Santiego, de dezoito anos. Abaixo dele, o garoto do moicano. Seu nome era Kevin Jhonson, dezenove anos. Acima, mais uma dezena de nomes aleatórios. Como Mia Cooper, dezessete anos, Michael Turner, dezessete também. David Cohen, mesma idade, ou Christopher Santiego, dezesseis anos. Aria procurava o garoto que havia encontrado em seus sonhos na tabela, até que encontrou sua face logo abaixo de sua própria fixa. “Ethan Kim… dezessete anos. Então, o nome dele é Ethan…” pensou, ignorando completamente o que a voz no telão dizia. Quando voltou a realidade, a voz da locutora já estava finalizando as instruções.
“É obrigatório que todos passem o primeiro dia e a primeira noite dentro do colégio. Todos já devem estar cientes, pois era um dos termos do contrato. Não se preocupem, garantimos dormitórios para todos vocês. Agora sigam até a recepção do colegial e peguem um bracelete digital para cada.”
O telão se apagou, e a multidão se direcionou até a entrada do lugar. Uma mulher de cabelos pretos amarrados em um rabo de cavalo, e usando óculos estava na recepção. Com vários braceletes pretos dentro de uma vitrine, a mulher estava dando um bracelete para cada um, enquanto registrava seus ID. A vez de Ethan chegou, e a mulher pegou um bracelete de dentro da vitrine.
— Nome completo e idade, por favor.
— Ethan Kim, dezessete — resmungou, enquanto estendia o pulso sobre a vitrine. A mulher enrolou o bracelete sobre o pulso de Ethan, e o bracelete se fixou automaticamente, sendo impossível removê-lo sem assistência da administração. Uma pequena tela era projetada em volta do bracelete, que mostrava o ID de Ethan, seu nome, e a quantidade de pontos que tinha. Estava marcando trezentos pontos.
A fila continuou andando, e chegou a vez de Aria, que fez os mesmos passos que Ethan havia feito. Quando o bracelete se fixou em seu pulso, Aria tomou um leve susto.
— Ele… não sai mais? — perguntou. — Até que você seja eliminada, não. Não se preocupe, é a prova d’água. Pode tomar banho com ele.
Aria olhou para o bracelete, meio encantada com a tecnologia avançada. Ao mesmo tempo, aflita, pois agora se sentia uma prisioneira. Quando a fila havia acabado, todos se dirigiram ao salão de teatros do colégio, liderados pela recepcionista. Ela subiu no palco, e começou a explicar a situação.
A multidão falava bem alto, e alguns pareciam apavorados.
— Peço que por favor façam silêncio, e prestem bastante atenção pois só irei explicar uma vez. Primeiramente, meu nome é Isabel Rodriguez. Uma de suas superiores neste lugar. Os braceletes que foram dados a vocês, marcam seus pontos atuais. Vocês já começam com trezentos pontos acumulados, e se chegarem a zero, serão desqualificados e expulsos. Os três primeiros a alcançarem a marca de dez mil pontos, serão os escolhidos para a vaga na universidade de New Kenya. E sim, antes que perguntem, é possível perder pontos. Na verdade, será bem recorrente que percam mais pontos do que ganhem. Aqui vocês precisam usar essas cabeças de vento que tem, e sempre esperem pelo pior.
— Mas neste primeiro dia, apenas se conheçam e explorem a região. O primeiro jogo começa amanhã de manhã, e é impossível sair do colégio até lá. Por enquanto é isso, o número de seus dormitórios logo estará disponível em seus braceletes — explicou Isabel. A supervisora reverenciou a todos, e caminhou para dentro das cortinas dos teatros.
Agora, a multidão estava livre até os jogos de amanhã. Todos foram se dividindo pela escola, e Aria continuou andando ao lado de Emma. No pátio do colégio, a maioria das pessoas se encontravam e formavam grupos nas mesas. Emma e Aria estavam sentadas em uma mesa isolada, até que uma garota se sentou entre as duas. Ela tinha cabelos pretos, com apenas uma mecha pintada de vermelho em sua franja. Seus olhos eram pretos, meio claros. Usava uma camisa preta, com uma caveira estampada.
— Bom, acho que é melhor começar já fazendo alianças. Gostei da cara de vocês. Então, e aí? Qual o nome de vocês? O meu é Emily Turner.
As outras duas se sentiram um pouco constrangidas, mas Aria respondeu primeiro.
— O meu é Aria Harper, e ela é a Emma Brown. É um prazer, Emily — apresentou, com um sorriso amigável.
Joey Santiego repentinamente apareceu junto de seu amigo, Kevin Jhonson.
— Já estão formando grupinhos, meninas? — Joey se abaixou para falar com elas mais de perto. — Será que podemos fazer parte desta aglomeraçãozinha também, hum? — enquanto Joey tentava convencê-las, um garoto de cabelos brancos e olhos amarelos cor-de-mel apareceu. Entrando na frente de Joey, e reverenciando-o.
— Boa noite, rapazes. Mesmo estando de dia. Está um belo dia hoje, não é? Então queria convidá-los, cavalheiros. Convidá-los a irem para bem longe das donzelas. O dia acabou de começar e a primeira coisa que fazem é procurar garotas para se satisfazerem? Quanta indelicadeza das suas partes.
Joey não gostou nada do que o garoto tinha lhe dito. Rangeu os dentes, e o puxou pela camisa.
— Como é que é, pivete?! Repete isso na minha cara! — gritou, e todos viraram os olhares para eles.
— Peço que retire estas mãos sujas de minhas roupas, senhor. São mais caras do que você pode pagar. Além de perturbar as donzelas, ainda estão querendo arrumar briga logo no início? Muito feio, rapazes. Muito feio. Serão expulsos antes mesmo dos jogos começarem.
As orelhas e as bochechas de Joey ficaram vermelhas de raiva, mas ele soltou o garoto. Realmente, não valia a pena ser expulso daquela maneira, era humilhante demais para Joey. Saiu andando, arrastando os pés, enquanto Kevin o acompanhava. O garoto tinha um sorriso arrogante no rosto, e enquanto se distanciavam, ele fazia mais uma reverência. O garoto conseguiu a atenção da maioria das pessoas em volta.
— Arh… Joey de novo, enchendo o saco. Desculpe por isso, Emily. Mas quem era esse garoto que nos defendeu? — questionou Aria, a sua nova aliada.
— É o idiota do meu irmão. O nome dele é Michael Turner. Está sempre tentando me proteger, ele pensa que sou fraca e não sei me cuidar sozinha. Esse exibido, provavelmente só fez todo esse drama para chamar atenção.
A multidão no pátio continuava bem movimentada, e Ethan estava no andar de cima do colegial, olhando para todos de baixo com o mesmo olhar frio de sempre. As luzes do corredor estavam apagadas, fazendo uma sombra em seu rosto, com apenas seus olhos azulados destacados. O maior foco de seu olhar era Aria, que ainda era de seu interesse. Ele queria aprender mais sobre a garota. Enquanto olhava para ela de cima, ela o percebeu de longe, e o olhou de volta por um tempo. Mas depois, ela voltou a conversar com suas amigas.
Da sombra dos corredores no andar de cima, um outro garoto veio andando. Ele tinha cabelos azuis escuros, provavelmente pintados com tinta. Seus olhos eram pretos, e estava andando com uma mão no bolso. Usando um moletom preto, e uma calça vermelha.
— Não gosta muito de multidões também? Hah, é melhor irmos nos acostumando. Até a metade desses jogos, boa parte dessas pessoas ainda vão estar aqui — disse o garoto, enquanto caminhava lentamente até Ethan. Ele não respondeu, e apenas o observou de braços cruzados.
— Ethan Kim, não é? Vi seu nome no telão. Suponho que tenha visto o meu também, se for bom em decorar.
— Ryan Garcia, dezoito anos. Sua face é memorável — respondeu Ethan, em um tom monótono.
— Joey já chegou causando problemas. Ele deveria ser o primeiro eliminado, provavelmente vai ser um saco trabalhar com ele aqui. — Ethan apenas resmungou em resposta. — Já sabe qual é o seu dormitório? Se quer um lugar calmo, provavelmente ninguém vai ir até os dormitórios agora.
Ethan levou alguns segundos antes de responder.
— Não — respondeu, frio. Ele olhou para o seu bracelete, e seu dormitório era o de número vinte e um.
— E então? Qual é o seu? — perguntou Ryan.
— Certamente, não é o mesmo que o seu. Tenha um bom dia, Garcia — acrescentou Ethan, enquanto caminhava pelos corredores em busca do número vinte e um. Quando encontrou seu dormitório, ele estava trancado por uma senha de aproximação. Ethan aproximou seu bracelete à maçaneta, e a porta se abriu.
Dentro do dormitório estava um garoto pequeno, meio gordinho e com cabelos castanhos claros e cacheados. Seus olhos também eram castanhos claros, e ele usava óculos quadrados. Ele estava mexendo em um notebook sentado no tapete do chão.
— Oh! Olá, senhor Kim! Estava te esperando aqui. Vi que era meu parceiro de quarto, e vim diretamente esperar para lhe conhecer! — exclamou o garoto, acenando para Ethan.
Ethan o olhou com amargura, pois foi até ali justamente para ficar sozinho.
— Humpf… desde quando permitem trazer eletrônicos? — perguntou, enquanto trancava a porta do quarto com o bracelete.
— Não tinha nenhuma regra que dizia que era proibido, então não podem me punir. Mas é um prazer te conhecer, senhor Kim! Eu sou David Cohen!
Ethan o olhou, ainda com o olhar amargurado.
— Por que não está lá com os outros?
— Não gosto muito de participar de encontros públicos, senhor Kim. Mas você me parece diferente dos outros, estou ansioso para me tornar seu novo amigo, senhor Kim!
O dia se passou, e Aria também foi procurar seu dormitório no fim da tarde. Seu dormitório era o de número trinta e um, e ela destrancou a porta com o bracelete. Lá estava uma garota loira, de olhos castanhos claros. Ela estava sentada em sua cama de pernas cruzadas, observando a vista da janela.
— Oh, você chegou. Qual é o seu nome mesmo? Porque eu esqueci, haha! — caçoou a garota, com uma mão tampando seu sorriso no rosto.
— Meu nome… é Aria Harper. É um prazer, você deve ser a Mia Cooper, né?
— Para você, é senhorita Cooper. Entendeu, pequena? Agora vá descansar, amanhã começam os jogos. Não vai querer ficar com essa cara de taxo para os garotos amanhã, não é? — Aria a olhou aborrecida, e apenas ignorou e foi se deitar em sua cama. Amanhã começaria o primeiro jogo das competições, e ela teria que ter uma mente preparada.
Notas:
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