Volume 1
Capítulo 2: Fome
Parte 1
O lugar era frio, escuro, e asqueroso. Aria não conseguia identificar exatamente aonde estava, as paredes eram escuras e vazias, como se sequer existissem. Ela se lembrava de estar dentro do colegial dos eventos a alguns minutos atrás, mas agora estava em um labirinto negro gigante. “Onde estão todos eles…? Por que este lugar? Por quê…?” pensou consigo mesma. Ela tentava falar, mas não saíam palavras de sua boca. Estava muda, como se sua língua tivesse sido cortada. Começou a andar por aquele lugar obscuro, e as paredes foram ficando cada vez mais apertadas. Ela não podia ouvir nada, nem sentir nada, e praticamente não conseguia ver nada. Ela tentava gritar por socorro, mas tudo que recebia em troca era um sentimento de angústia.
“Mamãe…? Mamãe!” pensou, tentando chamar por sua mãe. Mas novamente, sua voz falhou. Seus gritos ecoavam apenas em seus pensamentos. Ela colocou uma mão entre os peitos, e começou a correr. Virou a esquerda entre os corredores, e então a direita. Nada mudava, tudo parecia o mesmo. Caminhos idênticos, escuros, e solitários. Ela continuou seguindo, com cada vez mais pressa, cada vez mais desespero. Até que tropeçou em seus próprios sentimentos, e caiu sobre o chão. Quando caiu, pequenas vibrações em forma de ondinhas foram se expandindo ao chão. As vibrações eram brancas, tendo contraste com o ambiente escuro. Conforme as vibrações tocavam as paredes, um som escaldante ecoou pelo local.
Ela tentou gritar de novo, mas falhou. Se rastejou pelo chão invisível, e já se sentia sem forças para tentar achar um caminho. Em meio a tanto desespero, em meio a tanto mistério, a última coisa que ela conseguiu pensar foi; “E… Ethan…”. Naquele momento, uma luz apareceu ao fim do corredor asqueroso. Uma luz de esperança, com a silhueta daquele que estendia a mão para ajudá-la. Era Ethan Kim, com uma face fria e arrogante. Aria arregalou os olhos ao vê-lo, e gastou suas últimas forças para alcançar a imagem de Ethan, parado em frente a luz, estendendo a mão até ela.
Quando finalmente estava se aproximando de Ethan, ele lhe deu um sorriso meigo, e reconfortante. Aquela foi a primeira, e talvez única vez que Aria veria Ethan sorrir. Quando estava prestes a agarrar sua mão, Ethan lhe disse palavras. Palavras que foram ofuscadas pelo ambiente, tornando impossível de escutá-las. Então, tudo se clareou, e quando Aria abriu os olhos, estava deitada na cama do dormitório, abaixo da cama de Mia Cooper, sua colega de quarto.
— Finalmente acordou, Harper? Haha. Achei que dormiria feito uma pedra até as competições terminarem. — Aria se levantou lentamente, ainda assustada, e deu um olhar arregalado a Mia.
Já Ethan, tinha acabado de acordar. Acordou com uma mão na testa. Ele dormia na cama de cima, e David Cohen na de baixo. David estava sentado na poltrona, que ficava ao lado da janela. Não havia notado que Ethan tinha acordado ainda, então Ethan se manteve quieto, para que David continuasse sem saber que acordou. “Que sonho estranho”, pensou.
Depois de alguns minutos, David tentou subir na cama de Ethan para espiar, e tomou um susto quando viu que ele estava acordado.
— Oh! Senhor Kim, já está acordado? E-eu ia… conferir se ainda estava dormindo, os jogos devem começar daqui uma hora.
Ethan o olhou, com um olhar vazio e penetrante.
— Desça daqui, Cohen. Já estou ciente do horário — murmurou, de um jeito grosso.
— Me desculpe, senhor! Não queria perturbá-lo… eu só… — antes que David terminasse, Ethan completou:
— Desça.
David pulou de cima da cama, sem nem pensar mais. Voltou para a poltrona em que estava antes. Olhando para o teto, Ethan continuou com um olhar monótono, apenas ouvindo o som que o relógio na parede fazia. Tic… tac… tic… tac…
No dormitório de Aria, Mia estava se maquiando antes das competições começarem. Aria estava um pouco nervosa, apertando as pernas com os dedos enquanto olhava para baixo. Ela estava sentada na cama do dormitório ainda, pensando no sonho que teve.
— Vai competir com essa cara de taxo, e esse cabelo parecendo um porco espinho, Harper? Sinceramente… se você se arrumar, não mudaria muita coisa… a cara de taxo seria a mesma, haha.
Aria soltou um suspiro, e se levantou. Caminhou até o pequeno espelho em que Mia estava usando, e tentou se olhar.
— Posso usar o espelho por um momento, Mia? — perguntou.
— Não vê que estou usando? Use o reflexo da janela, haha!
Aria resmungou, e caminhou até a janela. Olhando para o reflexo, começou a pentear o cabelo. Seu cabelo era liso, e brilhante. Mia observava com uma expressão de desgosto.
— Fico impressionada, a escova não fica presa nestes seus cabelos esfarrapados, Harper.
— Meus cabelos não são como os seus, Mia — respondeu, enquanto colocava a escova dentro da gaveta.
As duas se arrumaram, e saíram do dormitório. Faltando quinze minutos para os jogos começarem, o bracelete de Ethan começou a vibrar.
— Olhe! É um aviso para todos se reunirem no pátio, senhor Kim! Eu estou indo, te vejo nos jogos. Não demore, ou eles podem puni-lo! Não quero ficar sozinho nesse quarto se você for expulso…
Ethan não respondeu, e David saiu do dormitório, animado. Ethan continuou deitado, enquanto seu bracelete vibrava cada vez mais. Depois de mais trinta segundos, ele se levantou da cama. Vestiu um casaco preto por cima da camisa branca que estava vestindo, e saiu do dormitório.
Indo até o pátio, o telão estava ligado, e todos estavam em frente à ele. Ethan foi o último a chegar, e todos o observaram caminhando de dentro dos corredores até o pátio. Estava atrasado, e isto voltou a atenção de todos até ele, como se ele fosse apenas mais um fracassado. Sua expressão não mudou, e ele também não se importava com os olhares. Aria o observava também, ela e David eram os únicos que mantinham sorrisos no rosto enquanto o observavam. Quando se juntou a todos, o telão exibiu a palavra “Fome” no centro, com um letreiro bem chamativo.
“Sejam bem vindos, ao primeiro jogo de toda a Betrayal Lines. O desafio de hoje é chamado; — Fome. Para este desafio, os competidores precisarão selecionar uma dupla. Então, para que mantenhamos a organização, todos os competidores com braceletes azuis aguardarão ser escolhidos, e os com braceletes amarelos escolherão. Os que forem aguardar por seu par, esperem na sala de aula 503. E os que escolherão, façam uma fila para poderem entrar, e selecionar um par.”
O telão terminou de dar as instruções, e o bracelete de alguns mudou de cor. O de Ethan não mudou, continuou azul. Já o de Aria, mudou de azul para amarelo.
— Humpf… — resmungou Ethan, olhando para seu bracelete. Logo acompanhou os outros para a sala quinhentos e três, sentando-se bem ao fundo. Joey Santiego estava alí também, junto de seu amigo Kevin Jhonson.
— Hah, a porra dos nossos braceletes deu azul. E agora, tu vai ter que ir separado de mim. Tenta não perder todos os seus pontos no começo, otário — avisou Joey, ao Kevin.
Logo as pessoas foram entrando, e foram pegando um par. Uma garota de cabelos verdes escolheu Kevin, Ryan Garcia escolheu Emma Brown, e então, Aria entrou na sala. Joey, ao vê-la entrar, lhe deu um sorriso de canto. Aria olhou para Joey com amargura. Ele estava dando baixas risadas, já sabendo que Aria iria o escolher. Mas para a sua surpresa, Aria ergueu sua mão, e apontou para o garoto de cabelos pretos e olhos azuis no fundo da sala. Este era Ethan Kim, que estava com a cabeça apoiada em sua mão, que estava apoiada na mesa.
Ethan soltou um suspiro, e se levantou. Enquanto caminhava pelas carteiras à frente, Joey o observava com um olhar mais furioso do que nunca. Ethan já sabia o quanto Joey estava interessado em Aria, então o olhou de volta. Naquele momento, era como se o tempo estivesse desacelerando. Ethan lentamente caminhava até Aria, dando um olhar frio e arrogante para Joey, enquanto o mesmo rangia os dentes, com os olhos arregalados.
O tempo havia parado completamente para Joey, e a sala havia desaparecido. Nada mais existia, apenas Ethan e Joey, enquanto Ethan caminhava para a luz, deixando Joey na escuridão. Com um olhar arregalado, ele desferiu palavras ao Ethan, mas estava longe demais para Ethan poder ouvi-las. Apenas conseguiu ler os lábios de Joey, decifrando o que havia falado. “Ethan Kim… eu irei te destruir.”
Ethan ignorou, e continuou caminhando até Aria. Ela lhe estendeu uma mão, e Ethan segurou. De mãos dadas, os dois seguiram até a porta. Ethan olhava de canto para Joey, até finalmente deixarem a sala. Logo em seguida, David Cohen entrou, escolhendo Joey Santiego como seu parceiro. Joey soltou um resmungo, e caminhou até David, com uma feição arrogante. Restavam poucas pessoas restantes para serem escolhidas a este ponto. A próxima que entrou, era Mia Cooper, que escolheu uma garota de cabelos ruivos. E por último, Emily Turner, que foi escolhida por seu irmão, Michael Turner. Ele lhe deu um sorriso maléfico, e Emily seguiu em sua direção. Ela sentia como se seu irmão estivesse a perseguindo aonde quer que fosse.
Chegando até a área dos jogos, Isabel Rodriguez estava em frente a várias fileiras de mesas lotadas de comida em cima.
— Muito bem. Agora que todos têm seus pares, irei explicar as regras. Este é o primeiro jogo, então é obviamente o mais simples. Podem considerar isto uma corrida. O único objetivo aqui, é chegar no ponto denominado. Está a cinco quilômetros daqui, e estará marcado em um mini-mapa em seus braceletes. O caminho que irão tomar não importa, mas vocês devem ir a pé. Sem truques. É bem básico, tenho certeza de que ninguém perderá aqui. Mas é claro, ainda não tomaram o café da manhã, então comam o quanto quiserem. Quando terminarem, apenas passem pelo detector de metais no fim do salão. — Isabel terminou as explicações, e se retirou do salão pela porta dos funcionários, que logo se trancou com uma fechadura digital. As regras pareciam básicas, tanto como o desafio era simples.
— Hum! É só isso? Que ridículo. Sabe, achei que essas provas seriam algo desafiador, que realmente desse medo. Hah! Isto é fácil demais. Ainda tem comida de graça! — exclamou um competidor que estava na frente. Tinha cabelos pretos, e estava se aproximando das mesas com comida. Os outros competidores estavam achando estranho o fato das regras serem tão simples, e olharam entre si, enquanto trocavam comentários. Ethan podia ouvir várias pessoas falando ao mesmo tempo: “Será que está envenenado?”, “será que devemos comer isso?”, “e se for uma armadilha?”
Ethan e Aria se aproximaram da comida também. Aria estava nervosa por ter Ethan ao seu lado, e suas mãos estavam tremendo um pouco. Ela olhou para a comida, mas não conseguia prestar muita atenção.
— E-e então… Ethan, né…? Eu sou… meu nome…
— Aria. Aria Harper. Você parece nervosa, acha mesmo que pode continuar? Seu corpo está tremendo — disse Ethan, de um jeito monótono.
— Ah! S-sim… estou bem, não se preocupe comigo. E então… você quer… tentar comer isso?
Ethan olhou para Aria, mas não respondeu. Seu olhar desviou para a comida, e desviou novamente para o próprio bracelete. Havia um contador de tempo, que estava marcando quarenta e cinco minutos restantes. “Cinco quilômetros…” pensou.
O tempo estava passando, e Aria estava começando a ficar mais nervosa, tremendo mais um pouco. Ethan olhou em volta, e algumas pessoas já estavam comendo. Algumas comendo batatas fritas, outras comendo pedaços de pizza, outras comendo frango assado. Havia uma variedade infinita de comidas ali, para qualquer tipo de gosto. O bracelete de alguns que estavam comendo se acendeu em um tom vermelho, e conforme comiam, a cor ia lentamente se alterando para verde.
— Arh, não estou com fome. Vamos, pivete — resmungou Joey, ao David, que logo soltou um resmungo e seguiu Joey, com a cabeça baixa. Quando Joey ia passar pelo detector de metais, ele apitou bem alto e o repeliu para trás. Joey gritou com um susto, e se irritou com a situação.
— Qual foi?! Como querem que eu participe dessa merda, se não consigo passar nessa porcaria de… — antes que completasse, Kevin Jhonson exclamou ao fundo:
— Deve estar carregando metais, confira seus bolsos, panaca..
— Eu não trouxe merda nenhuma, porra! grrr… — rangeu os dentes.
— S-senhor… acho que você deveria se acal… — David tentou acalmá-lo, mas Joey interrompeu.
— E o que você sugere? A merda da máquina não me deixa passar! — exclamou, em um tom elevado e furioso, enquanto dava empurrões no detector, tentando atravessá-lo. Mas, sem sucesso.
— Parece que o Joey não vai conseguir competir. Bem feito para ele, não acha, Ethan? — comentou Aria. Ethan ignorou, estava focado em analisar Mia Cooper de longe.
— Ethan…? — perguntou mais uma vez. Mas ele a ignorou. — O que você está olhando na… Mia?
Mia estava acenando gentilmente para Ethan, forçando uma expressão simpática, enquanto sua dupla comia um grande pedaço de frango. Os olhos de Ethan estavam focados no bracelete de Mia, que conforme sua dupla comia, ia ficando cada vez mais verde.
— Oie! Ethan Kim, não é? — exclamou Mia, forçando um tom amigável. Ethan desviou o olhar, e começou a observar os irmãos Turner. Os dois estavam discutindo, e nem sequer haviam tocado na comida. Seus braceletes estavam sem brilho. “Humpf…” pensou.
— Ethan…? Por que está me ignorando? — Aria estava começando a ficar preocupada. Ethan olhou para os olhos dela por um tempo antes de dizer alguma coisa.
— Está com fome? — perguntou.
— Fome…? Um pouco… não tomei café da manhã… na verdade, eles nem serviram o café.
— Coma o quanto quiser, até se sentir saciada. Mas não coma mais nada além disso, apenas o suficiente — disse Ethan, enquanto olhava para Ryan Garcia e Emma Brown.
— Vamos lá, coma pelo menos uma batata. Vai mesmo ficar com fome? — pressionou Ryan.
— Eu… e se for uma armadilha? Não achou isso suspeito?
— Eles não nos envenenariam, Emma. Vamos, tente comer um pouco. — Emma estava relutante, mas então, comeu cinco batatas. Na quinta, seu bracelete se ativou, numa cor verde. Notando isso, Ryan começou a comer batatas também, e o bracelete dos dois foi mudando de cor, se aproximando do vermelho.
— Tem certeza de que isso está certo…? — perguntou Emma.
Algumas outras duplas tentavam passar pelo detector, mas não conseguiam. Todos estavam intrigados. Os que chegaram mais próximos de passar pelo detector sem serem repelidos, foram uma dupla de garotas de cabelos rosas. O bracelete delas estava com uma cor amarela. Joey já estava perdendo a paciência, e estava descontando toda a raiva em cima de David Cohen.
Ethan olhou para Aria novamente, após analisar a situação em volta. Ela havia feito o que ele disse, e estava comendo um pedaço de pizza.
— Acho… que já é o suficiente, Ethan. Já estou satisfeita — comentou, em um tom baixo e tímido. Ethan olhou para seus braceletes, e os dois haviam se ativado em um tom verde.
— Está verde… acha que podemos passar agora? — perguntou Aria.
— O que você comeu até agora? — questionou Ethan, analisando os braceletes.
— Duas fatias de pizza… e algumas batatas…
— Quantas batatas? — questionou, enquanto pegava algumas batatas na mão.
— Eu não sei… não contei isso — disse Aria, com um olhar de culpa. Ethan resmungou, e colocou as batatas no lugar de volta. Pegou uma fatia de pizza, e comeu. Quando terminou, comeu mais uma. Aria observava o bracelete, e o contador já estava em vinte e oito minutos. Quando Ethan terminou as duas pizzas, começou a comer batatas enquanto olhava para o bracelete. Estava amarelo, indo para o laranja. — Ethan… está ficando vermelho… o que você está fazendo? — ele não respondeu, e quando comeu oito batatas, os braceletes dos dois ficaram completamente vermelhos.
Aria começou a ficar desesperada com a situação, já que até agora, nenhuma dupla sequer havia passado do detector. Mas para sua surpresa, Ethan segurou sua mão repentinamente.
— Vamos, já comemos o bastante — disse, enquanto caminhava junto a ela em direção ao detector.
— M-mas! Ninguém conseguiu… — antes que completasse, os dois chegaram ao detector. Se aproximaram, e passaram direto. Todos no salão ficaram boquiabertos e também imóveis, raciocinando em como Ethan e Aria conseguiram passar.
Aria, sem acreditar, não teve reação. Ethan estava calmo, andando tranquilamente pelo campo da escola.
— O ponto denominado não é tão longe daqui, podemos ir andando — disse, enquanto observava o mini-mapa.
— Mas… como é que a gente…
— Ainda não percebeu, Aria? Não havia nenhuma regra que dizia que o bracelete deveria estar verde para prosseguir. E porquê você acha que a prova é em dupla? Certamente não é apenas para chegarmos de mãos dadas. As duplas devem comer exatamente a mesma quantidade de comida. Aqueles que perceberem isso tarde demais, irão falhar. Irão comer como idiotas, e no fim, terão comido demais. Quando perceberem, ainda terão que comer mais comida ainda para alcançar a quantia que seu respectivo parceiro comeu. E depois, quando estiverem quase explodindo, terão que correr de mãos dadas até o ponto denominado antes que o tempo acabe.
Dentro do salão, as coisas estavam ficando caóticas. As pessoas comiam sem parar e tentavam passar pelo detector, mas sem sucesso. Ryan Garcia e Emma Brown não haviam comido muito, e seus braceletes já estavam vermelhos. Ryan observava as pessoas em volta, com um sorriso arrogante.
— Não coma mais nada por enquanto, Emma — disse a ela.
Ethan e Aria continuaram caminhando. Agora, Aria parecia mais tranquila.
— Então… o que você acha que vai ter no final? — perguntou.
— Veremos quando chegarmos lá.
Notas:
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