Amigos Totalmente Mágicos Brasileira

Autor(a): Uos

Revisão: kiwnnly


Volume 1 – Arco 1

Capitulo 1: O Ultimo Batalhão

Em 1969, uma frota de naves avançadas cortavam o vazio do espaço a alta velocidade, projetadas com tecnologia muito além do que se conhecia na Terra e na época.

O casco da nave, composto por ligas metálicas avançadas, com um acabamento polido que refletia as luzes das estrelas ao redor, criando brilhos suaves e cintilantes na escuridão infinita. As asas laterais, equipadas com propulsores vetoriais, deixavam rastros luminescentes no espaço. 

As estrelas cintilando ao longe e nebulosas coloridas flutuando ao horizonte estelar. 

Dentro da ponte de comando, uma cúpula de vidro revelava a vastidão do espaço. Oficiais com trajes militares, operam em um ambiente de alta tecnologia, rodeados por painéis holográficos que exibiam dados cruciais. No centro, o capitão em pé observava um mapa holográfico, com centenas de planetas em destaque.

As naves se moviam com uma graça impressionante, ao seu destino: o planeta Thérias. 

Uma joia vermelha e roxa à distância, lembrando a Marte em muitos aspectos, mas com uma atmosfera mística e desconhecida, habitada por formas de vida exóticas e paisagens deslumbrantes.

As naves se aproximavam rapidamente, cada uma equipada com uma tripulação treinada para lidar com o desconhecido, preparados para colonizar o imenso planeta.

Cada membro da tripulação estava ciente da importância da missão que se aproximava. Suas mãos se moviam com precisão sobre os painéis de controle, revisando cada sistema da nave. Telas brilhavam com informações em alta velocidade: níveis de energia, integridade estrutural, status dos escudos e a prontidão dos armamentos. 

O zumbido constante da mesa de controle misturava-se com o som rítmico dos motores da nave, que pulsavam com energia acumulada, enquanto se aproximavam do solo. 

Os nativos chamados: Therianos, tinham pernas e braços longos, bocas grandes e dentes afiados. Sua pele era de cor roxa musgo, com ossos aparentes e olhos completamente pretos. 

Espalhados por diversas aldeias feitas de pedras e folhas. Eles sentiram um tremor no ar e logo se despertaram, meio assustados, olhando para o céu em busca da origem daquele som estranho. Os olhos arregalados refletiam o medo e a incerteza diante do desconhecido.

Os mais velhos, com instinto de proteção, foram os primeiros a agir. Pegaram pedras e lanças, forjadas de um material misterioso que reluzia à luz dos planetas vizinhos, e começaram a distribuir entre os jovens. As armas, embora pequenas e frágeis, eram tudo o que tinham para enfrentar o que quer que estivesse vindo.

Enquanto as naves se aproximavam, mais e mais nativos se aglomeravam ao solo seco escarlate, observando os invasores descerem do céu como pássaros metálicos gigantes. 

O barulho ensurdecedor das naves causava uma mistura de pânico e determinação nos corações daqueles guerreiros.

Os pés descalços cravavam-se nas partículas do chão, prontos para defender suas terras a qualquer custo. 

 — Comandante, temos um problema... — falou um dos pilotos, com a voz tensa. — Os nativos estão se aglomerando na zona de pouso. Com todo respeito, senhor, não acho que será possível pousar de forma segura. 

 — Pouse em cima deles. Não temos tempo para negociações ou qualquer tipo de abordagem diplomática. Esmague qualquer resistência. — respondeu o comandante, a voz firme e sem hesitação. 

 — Comandante... — respondeu o piloto, com a voz cheia de preocupação. — Esses nativos... Eles parecem estar tentando se defender. Senhor, não podemos simplesmente esmagá-los... 

— Não temos tempo para hesitações. Esmague todos, sem exceção. Pouse a nave.

O piloto hesitou, os dedos tremendo levemente sobre os controles, jamais tendo recebido uma ordem tão cruel. Com um suspiro pesado, ele ajustou a nave para uma descida rápida, enquanto as outras naves ao redor começavam a fazer o mesmo.

A missão das naves era clara: colonizar o planeta Thérias, transformá-lo em uma base, e extrair tudo que o planeta pudesse oferecer para beneficiar o planeta Alfhenia (Terra).

À medida que as naves se desciam ao solo, os nativos, agora em pânico, começaram a correr, suas lanças e escudos inúteis contra a força avassaladora das naves. Gritos de desespero ecoaram pelo ar enquanto os nativos tentavam escapar da sombra mortal que se aproximava.

Enquanto as naves desciam, o comandante observava pelo visor com uma expressão de satisfação. O som dos ossos dos nativos se quebrando sob a nave ecoava pela ponte de comando, misturando-se ao zumbido constante dos motores. Cada estalo ressoava como uma confirmação do sucesso da missão de colonização, sem espaço para dúvidas ou hesitações.

Após assegurar que o ambiente estava sob controle, o comandante ordenou: todos deveriam desembarcar para iniciar a limpeza da área e preparar o terreno para a colonização; o sucesso da missão não admitia interrupções.

Do lado de fora, os soldados desembarcaram em massa, com armas de fogo em mãos, prontos para a batalha. A guerra em Thérias havia começado, e não havia retorno.

Kralen xor'ra Kralen, i'zor vitran! Drayk'zar fal'thos zrygan e'nara torv! — gritou o líder dos therianos em pânico, preparado para a guerra.

(Os Therianos falam em Kaldorak, uma língua universal amplamente utilizada em quase todos os planetas do cosmo. Esta língua, rica em complexidade e nuance, servia como uma ponte de comunicação entre civilizações distantes ao longo do cosmos. Kaldorak não era apenas uma forma de se comunicar, mas também carregava milhões de anos de conhecimento e tradição, refletindo a interconexão cultural dos planetas que a utilizavam.)

Os exércitos desembarcaram em massa das naves; os soldados, em formação perfeita, carregados por  armas de fogo nas mãos. O som dos disparos ecoou pela planície — um ruído ensurdecedor que trouxe morte e destruição a cada canto das aldeias. Os nativos, com suas lanças, não tiveram nenhuma chance: as balas cortavam o ar, atingindo seus alvos com precisão letal.

Muitos Therianos, aterrorizados, correram em busca de abrigo — seus pés descalços levantavam nuvens de poeira enquanto tentavam desesperadamente escapar da carnificina.

Outros, resignados ao destino cruel, buscaram refúgio nas florestas densas ou nas cavernas escuras, esperando que o pior passasse.

Mas a invasão foi impiedosa; meticulosa.

Mães choravam pelos filhos mortos, seus gritos abafados pelas explosões que sacudiam o solo.

Maridos, desesperados, seguravam os corpos sem vida de suas esposas — as lágrimas misturavam-se ao sangue que encharcava a terra.

Em questão de horas, a resistência foi esmagada. Poucos Therianos restaram; suas aldeias, agora, eram ruínas fumegantes.

Os invasores humanos, triunfantes, iniciaram a extração implacável de tudo que o solo de Thérias tinha a oferecer. Minerais preciosos, recursos naturais — qualquer coisa que pudesse ser usada ou vendida foi retirada do planeta com eficiência brutal.

Thérias, outrora um planeta vibrante e cheio de vida, foi transformado em uma colônia. Seus vastos campos, antes fortes e abundantes, agora convertidos em bases e minas.

Com o passar dos anos, os humanos se espalharam por toda Thérias, construindo minas de extração e instalando bases militares. O planeta, agora uma colônia, estava sob o controle total dos invasores, suas riquezas naturais exploradas até a exaustão.

Os poucos Therianos sobreviventes, reduzidos a uma fração de sua antiga população, refugiaram-se nas profundezas das florestas e nas cavernas mais remotas. Ali, nas sombras, eles lutavam para sobreviver — conduzindo ataques furtivos contra os invasores quando podiam, sempre com a esperança de um dia retomar o que haviam perdido.

Em silêncio, nas sombras, os Therianos esperavam a oportunidade certa para vingar suas perdas e restaurar a honra de seu povo.

Em quase 14 anos, Thérias foi abandonada pelos humanos. Nada restou. As terras já não eram férteis; os minerais, as árvores, e até as poucas folhas desapareceram.

Os Therianos, outrora uma civilização vibrante, agora vagavam pelas regiões desoladas do planeta, sobrevivendo com cada tronco ou pedra que encontrassem. Sua população foi drasticamente reduzida, a ponto de seus números poderem ser contados nos dedos.

O que antes era uma sociedade numerosa, agora estava à beira da extinção. As poucas dezenas que restavam viviam escondidos, suas vozes silenciadas, mas com os corações ainda ardendo com um desejo de viverem em paz.

Trinta e seis anos depois, 2019 (ano do planeta Alfheim) 

Os Therianos finalmente se ergueram das profundezas de sua desesperança. Magros e fracos, suas peles marcadas pela fome e pelo desespero, eles eram sombras do povo que um dia foram.

O tempo foi implacável; muitos haviam perecido, vítimas da escassez e das condições brutais em que se encontravam. Alguns, na luta desesperada pela sobrevivência, foram forçados a tomar decisões horríveis — comer seus próprios membros do corpo para evitar a morte certa.

Agora, restando apenas uma dúzia de sobreviventes, conhecidos por sua natureza vingativa, os Therianos estavam determinados a recuperar o que havia sido tirado deles. Apesar de a paz ter reinado em Thérias por milênios, agora uma nova era de conflito e retaliação se aproximava.

Esses últimos remanescentes, machos e femeas que carregavam o peso da história de seu povo.

Em uma clareira oculta nas profundezas das florestas de pedras, onde as rochas altas e densas formavam um manto quase impenetrável, os últimos remanescentes dos Therianos se reuniam. O lugar era um labirinto de sombras e murmúrios, onde a vegetação havia tomado conta do que restava das antigas estruturas. O chão, coberto de folhas secas e raízes entrelaçadas, escondia o que havia sido deixado para trás pela invasão.

Ao redor de uma descoberta surpreendente, um grupo de Therianos se congregava. No centro, parcialmente enterradas na terra e cobertas por uma espessa camada de musgo, estavam as naves soterradas — relíquias esquecidas da invasão inicial. A tecnologia antiga, apesar das décadas de abandono, permanecia intacta, suas superfícies metálicas refletindo a luz dos planetas e estrelas.

Khelos, o líder sobrevivente, avançava com cuidado, seus olhos brilhando com a intensidade de um guerreiro que carregava a memória de seu povo. Ele examinava as formas metálicas com um misto de reverência e determinação. Sua expressão, marcada pelas cicatrizes da luta e pelo peso da liderança, refletia a importância do momento.

Vrezk o'n tyla kzorun — ele murmurou para os presentes, sua voz ecoando na quietude do ambiente.

Khelos continuou a falar, sua voz grave ecoando entre as rochas antigas que testemunhavam a queda de seu povo. Ele olhou para cada um dos sobreviventes ao seu redor, vendo em seus rostos a mesma determinação feroz que sentia em seu coração.

Em Kaldorak, a língua de seus ancestrais, Khelos declarou que o momento havia chegado. Eles deveriam ativar as naves soterradas, esses vestígios de um tempo sombrio, e partir para o planeta dos invasores do mal, aqueles que haviam trazido a destruição para Thérias.

Seu discurso pairava pelo ar com a promessa de vingança. Eles iriam levar a luta diretamente ao coração de seus inimigos, levando com eles o peso de milênios de paz destruída e o sangue de seu povo derramado.

A missão não era apenas de sobrevivência, mas de retaliação. O brilho de esperança e sede de vingança nos olhos de Khelos iluminava o caminho a seguir, enquanto os Therianos, magros e enfraquecidos, se preparavam para dar início à sua jornada final rumo à justiça.

Uma das mulheres, marcada pela idade e pela fome, ergueu-se entre os sobreviventes. Tha'ran, uma das mais antigas e sábias do grupo, avançou lentamente, cada passo demonstrando a fraqueza de seu corpo, mas também a força de sua determinação—sua pele, enrugada e pálida, enquanto seus olhos, profundos e cheios de sabedoria, refletiam as duras realidades que enfrentavam.

Tha'ran tomou a dianteira, olhando para as máquinas enterradas e para seus companheiros com uma expressão de preocupação. A fragilidade de seus movimentos contrastava com a intensidade de seus pensamentos. Ela ponderava sobre como ativar aquelas naves, um desafio que parecia insuperável, dada a falta de conhecimento sobre a tecnologia avançada dos invasores. Além disso, a disparidade de poder era evidente: como poderiam, com suas armas primitivas, enfrentar um inimigo que possuía armas de fogo?

Khelos, com uma expressão sombria e resoluta, respondeu que a quantidade ou as chances de sucesso não importavam. O que realmente importava era a determinação de tentar, mesmo que isso significasse morrer no processo. Para ele, lutar até o fim, independentemente das probabilidades, era a única opção digna que restava aos Therianos.

Quando Khelos falou, os olhos dos outros cintilavam com uma determinação feroz. Suas palavras, carregadas de propósito, foram recebidas com assentimento firme pelos Therianos. O silêncio que se seguiu foi preenchido apenas pelo som do trabalho contínuo nas naves.

O sobreviventes Therianos, com os rostos agora esqueléticos e os olhos ardendo intensamente, trabalhavam. O esforço das mãos calejadas e a tensão nos músculos eram palpáveis enquanto ajustavam cada parte das naves. 

 



Comentários