Akai Sakura Brasileira

Autor(a): Matheus Mariano


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 7: Fissure

No dia seguinte, Kamui e Tomoe dirigiram-se à Academia Sagesse. Ao chegarem à recepção, Kamui perguntou a Camille:

— Bom dia, Camille. Como posso obter informações sobre criaturas lendárias?

— Bom dia, Kamui. Você pode procurar por algo na biblioteca e também pode tentar conversar com o Adolphe. 

— Adolphe?

— Ele é um especialista em criaturas lendárias.

— Onde que eu posso encontrá-lo?

— Às vezes ele está em seu escritório. Na maioria das vezes, encontra-se na biblioteca. Já que também é o bibliotecário da Academia.

— Hum… Obrigado pelas informações.

— Disponha. Se precisar de mais alguma coisa, estou à disposição.

Depois de conversarem com Camille, Kamui e Tomoe seguiram até a biblioteca para conversar com Adolphe. A biblioteca era enorme, com dois andares e  estantes repletas de livros, além de várias mesas de leitura. Naquele momento, o ambiente estava pouco movimentado; havia poucas pessoas estudando ou pesquisando. A mesa do bibliotecário fica próxima à entrada, lembrando um grande balcão de madeira sobre o qual havia vários livros. 

Adolphe estava sentado ali, lendo um livro. Tinha pele clara, cabelos curtos e vermelhos, e olhos da mesma cor. Vestia um terno e sobretudo, complementados por uma cartola e um monóculo.  Assim que eles entraram na biblioteca, Adolphe disse: 

— Sejam bem-vindos à biblioteca da Academia Sagesse. Em que posso ajudá-los ?

— Prazer, eu sou o Kamui e esta é a Evelyn. Gostaríamos de pesquisar sobre a Fissure. Ficamos sabendo que você é um especialista em criaturas lendárias. 

— Se querem saber mais sobre as criaturas lendárias, encontraram a pessoa certa. Podem me dizer sobre o que querem saber sobre a Fissure? 

—  Nós encontramos a sala de invocação dela.

— Ah! Então vocês são os aventureiros sobre os quais Ann falou.

— Ah, então você conhece a Ann.

— Sim, ela me chamou para investigar a dungeon onde está o selo de invocação.

— Então, acho que você deve lembrar do que aconteceu em Blumendorf recentemente.

— Sim, quando o Ende atacou a cidade. Eu gostaria de ter estado lá para vê-lo de perto. 

— Kamui, você acha que esse cara não é um pouco maluco? — cochichou Tomoe.

— Quem estava por trás da invocação dele era um grupo conhecido como Nachtagenten.

— Eles são muito habilidosos, afinal, o Ende é uma das criaturas mais difíceis de se invocar. No quesito força, ele só perde pela Fissure. 

— A Fissure é tão forte assim?

— Sim. Sua última aparição foi na Grande Guerra. Ela conseguiu destruir uma cidade  inteira. No lugar onde ficava a cidade, formou-se um enorme buraco. Dizem que ele é tão profundo que chega até o centro do planeta. Atualmente, nesse buraco está instalada a mina Gluboky, no Império de Zarya.

— Nossa! 

— Entre as criaturas lendárias, ela é a mais poderosa.

— Nós gostaríamos de descobrir como se faz para invocá-la. Para assim tentar derrubar o plano dos Nachtagenten. Afinal, desconfiamos que eles pretendem fazer algo semelhante aqui em Sagesse. 

— Para invocá-la, será necessário encontrar as cinco relíquias da Fissure. Elas estão espalhadas por todo o território de Sagesse.  

— Hum… e quais são essas relíquias? 

— A primeira é o cálice de gelo; a segunda, a rocha de fogo; a terceira, o cristal de água; a quarta, anel elétrico; e a quinta, a garrafa de vento. 

— Entendo… E como podemos encontrar essas relíquias?

— Não sei ao certo, mas acredito que existe um livro que contém as possíveis localizações. Um momento, vou procurá-lo.

Depois de um tempo, Adolphe voltou com o livro em mãos. A capa era de couro, estampada com o símbolo da Fissure.

— Encontrei.

Adolphe colocou o livro sobre a mesa e começou a folheá-lo, à procura do mapa das relíquias. 

— Aqui está. 

O mapa mostrava o possível local onde poderiam ser encontradas.

— Vou pedir a alguém que copie esse mapa para vocês. Acredito que fique pronto até amanhã.

— Ok, obrigado pelas informações.

Depois de conversarem com Adolphe, dirigiram-se ao café Fleur para se encontrarem com Suyane. Ao chegarem, viram-na sentada numa das mesas externas da cafeteria. 

— Boa tarde, Suyane. 

— Boa tarde.  O que desejam falar comigo?

— Encontramos mais informações sobre a Fissure. 

— Que ótimo! Isso é uma excelente notícia.

— Descobrimos que, para invocá-la, é necessário reunir cinco relíquias. Elas estão espalhadas por todo o território de Sagesse. Amanhã pegaremos o mapa com as possíveis localizações. Temos que agir rápido para encontrá-las antes dos Nachtagenten, e assim impedir a invocação da Fissure.

— Não será uma tarefa simples. Mas acredito em vocês.

Depois de conversarem sobre a Fissure com Suyane, aproveitaram a cafeteria por um tempo. 

Em seguida, voltaram ao interior da Muramasa no Kitsune.  Então, Raiden sugeriu:

— Que tal nós jogarmos mahjong?

— Hum… é uma boa, faz muito tempo que eu não jogo.

— É… que jogo é esse? 

— É um jogo bem famoso em Hokkai e no Reino de Ming. 

— Pode deixar que eu te ensino. — disse Kamui, exibindo um sorriso confiante. 

Kamui organizou as peças para facilitar a explicação:

— Primeiro, vou explicar sobre os grupos de peças. Algumas seguem sequência de um à nove; outras não. O primeiro grupo são os números escritos em Kanji, também chamados de Man. Acho que aqui também deve ser o mesmo nome, né, Raiden?

— Sim, os alfabetos de Hokkai são os mesmo do Japão.

— Obrigado.

Kamui continuou explicando sobre as peças.

— Depois delas vêm os círculos e Bambus. Além desses, há os dragões e os ventos. Os ventos correspondem às direções leste, oeste, norte e sul. Já os dragões são o dragão branco, vermelho e verde. Eles não foram sequências, apenas trios ou pares.

Tomoe prestava atenção total, olhando fixamente para a mesa.

— Hum, estou começando a entender.

— Que bom! Agora vou te explicar sobre como vencer. Para vencer, você precisa montar uma mão válida. Uma mão válida deve ter quatro grupos e um par. Para declarar vitória, você pode dizer tsumo ou ron. O Tsumo você diz ao completar sua mão com uma peça da pilha. E o Ron ao pegar uma peça de outro jogador. Você também pode pegar peças descartadas pelos adversários, para formar sua mão.

— Entendi, acho que já consigo jogar.

— Então vamos começar! — disse Raiden.

Eles jogaram por um tempo, até que Tomoe disse:

— Ron!

— Mas já? — exclamou Kamui, surpreso.

— Ei, Tomoe, você fez um Baiman. 

— O quê? Lá se vão os meus pontos…

— Hehe! Esse jogo é ótimo. 

  Continuaram a partida até que, mais uma vez, Tomoe declarou:

— Tsumo!

— Lá vai ela de novo.  — disse Raiden.

— É…

— O que eu formei?

— Isso é um Double Yakuman.

— Não brinca! A Tomoe é muito sortuda.

— É… você ganhou.

— Ganhei!

— Vai ter revanche. — disse Kamui.

— Certo, vamos ver se você consegue me derrotar.

— Porém, teremos que deixar isso para depois. Afinal já está tarde e amanhã temos que procurar as relíquias da Fissure. 

— Verdade. 

Kamui e Tomoe se despediram de Raiden e foram para o quarto.

No dia seguinte, foram à Academia Sagesse e encontraram Adolphe. Após cumprimentarem-se, Adolphe disse:

— Aqui está o mapa com as localizações das relíquias.

— Obrigado.

Depois de saírem da biblioteca, encontraram Alexia no corredor. 

— Oh, Kamui e Tomoe, vocês estão aqui!

— Bom dia, Alexia. — disse Kamui.

— Isso que está na sua mão é um mapa?

— Sim, é o mapa com as localizações das relíquias da Fissure.

— Ah, é daquela baleia lendária. 

— Sim, essa mesma. Nós estamos tentando pegá-las para impedir que uma organização consiga invocar a Fissure. 

— Hum… parece uma missão interessante. Eu posso participar? Conheço cada pedacinho de Sagesse.

— O que acha, Tomoe?

— Por mim, tudo bem. 

— Então, vamos.

Do lado de fora da Academia, Kamui abriu o mapa e mostrou-o a Alexia. 

— Hum… então são cinco relíquias. Uma delas está bem aqui, na cidade de Sagesse: o cálice de gelo.

— Você tem alguma ideia de onde ela pode estar?

— Bem, fica perto de uma das entradas das catacumbas.

— Catacumbas? 

— Elas são túneis antigos que foram construídos no tempo da Grande Guerra.

— Faz sentido. O cálice  talvez esteja lá. 

Eles seguiram até uma das entradas das catacumbas de Sagesse. Ela ficava em um beco, entre dois prédios antigos. Em um deles, havia uma porta que, à primeira vista, parecia levar ao porão, mas na verdade era a entrada para as catacumbas. 

— É aqui. 

— Hum… Então vamos entrar.

Alexia abriu a porta e todos adentraram as catacumbas. Os corredores eram construídos com tijolos de pedra. Tudo estava muito escuro e úmido, mas lanternas cravadas nas paredes iluminavam o túnel.

— Agora é a parte mais difícil: encontrar a sala onde o cálice está guardado. — disse Kamui.

— Não será uma tarefa simples. Já explorei essas galerias algumas vezes, mas não as conheço por completo. Dizem que as catucumbas se estendem por mais de quarenta quilômetros. 

— Nossa, é bem grande mesmo. 

Após quase uma hora de caminhada pelos túneis, eles encontraram uma nova câmara. A iluminação ali era diferente. As lanternas exibiam chamas azuladas. No centro da sala, uma mesa sustentava uma caixa de mármore azul.

— Acho que encontramos a sala do Cálice de gelo. — disse Tomoe.

— Parece que sim. 

Assim que entraram, um homem envolto em uma capa preta com detalhes em dourado surgiu do nada.  Era um Nachtagenten.

— Olha só, nós encontramos de novo! — disse o Homem com um tom de deboche. — Lembram-se de mim? Eu sou Adolf, um discípulo Nachtagenten. Vocês vieram buscar o cálice de gelo… que pena, chegaram tarde demais. Bem, Chega de conversa, está na hora de acabar com vocês.

Após terminar de falar, Adolf lançou um jato de fogo contra eles. Porém, Kamui bloqueou o ataque criando um escudo elétrico com sua espada. Adolf lançou  mais jatos de fogo contra eles. Eles desviaram e, em um ataque em conjunto, Kamui lançou uma bola elétrica e Tomoe, lançou uma bola de fogo. Adolf, contudo, desviou dos ataques. Então, Alexia lançou um jato de água e, conseguiu atingi-lo. Aproveitando-se do momento em que Adolf estava atordoado, Kamui usou um totem para se aproximar e lançou uma bomba elétrica. Porém, Adolf se recuperou e bloqueou o ataque.

— Vocês acham que vão me derrotar com esses golpes fracos? Haha, não, não. Estou cansado dessa lutinha medíocre de vocês. Que tal terminarmos com isso? Morram sob a minha chuva de fogo.

Após essas palavras, vários jatos flamejantes começaram a cair na sala. Todos tentavam desviar das chamas. Quando o fogo cessou, Kamui utilizou a magia Tempestade, seguida do Respiro da Kitsune. Tomoe e Alexia reforçaram o ataque com magia de fogo, potencializando as explosões. Adolf foi atingido por uma delas e também por Raiden em sua forma de Kitsune. 

— Parabéns, vocês quase conseguiram me derrotar.

Em seguida, Adolf abriu um portal no chão e desapareceu.

— Droga, ele fugiu. — disse Kamui. 

— E, pior, ele conseguiu levar o Cálice de Gelo. — disse Tomoe.

— É… 

— Esses Nachtagenten são muito estranhos. — Observou Alexia.

— Eles quase destruíram Blumendorf. Se eles conseguirem invocar a Fissure, é capaz de acontecer algo pior.  — disse Tomoe.

— Realmente é uma situação complicada.

— Sim, por isso temos que agir.

Após saírem das catacumbas. Kamui disse:

— Alexia, amanhã nos encontraremos na Academia Sagesse para procurar as outras relíquias.

— Certo, estarei esperando por vocês.

Kamui e Tomoe voltaram para o interior da Muramasa no Kitsune. No jantar, conversaram sobre os acontecimentos nas catacumbas.

— Eu quase derrotei aquele tal de Adolf. Aquele, miserável, conseguiu bloquear meu ataque. 

Raiden estava imensamente irritada e decepcionada por não ter conseguido deter Adolf.

— Pensei que você tinha conseguido acertar ele. 

— As explosões o atingiram, mas ele ainda conseguiu bloquear o meu ataque. E depois disso, ele fugiu.

— Bem, de qualquer forma, amanhã temos que pegar as outras relíquias.

No dia seguinte, Kamui e Tomoe foram para a Academia Sagesse para se encontrarem com Alexia. Ao chegarem, ela já os aguardava, sentada nas escadarias da fachada da Academia.

— Bom dia! — disseram Kamui e Tomoe.

— Bom dia.

Kamui mostrou o mapa para Alexia. Depois de analisá-lo, ela disse:

— Tirando o Cálice de gelo, a relíquia mais próxima é o Cristal de Água. No mapa, consta que ele está em uma floresta a cerca de seiscentos metros da cidade de Sagesse.

— Certo, então vamos! 

Depois de um tempo caminhando, eles chegaram à floresta onde se encontrava o Cristal de Água. O local era cercado pela mata de coníferas. Perto dali, havia uma caverna com uma entrada gigante.

— Parece que é aqui, mas não vejo nada que indique que o cristal esteja neste lugar. — disse Kamui.

— Talvez ele esteja dentro daquela caverna. — disse Tomoe.

— Faz sentido. — concordou Alexia. 

Eles entraram na caverna. À medida que avançavam para o fundo, perceberam raios de luz, mas não vinham do sol; vinham de um lago que emitia um brilho azul-escuro. No centro do lago, havia uma ilha com uma grande pedra. 

— Acho que encontramos o local do cristal. — disse Alexia.

— Também acho. Agora é torcer para que os Nachtagenten não tenham chegado primeiro que nós. 

De repente, uma silhueta surgiu por trás da pedra.  Era uma garota vestindo uma capa preta com detalhes em dourado. Era uma Nachtagenten.  Ela baixou o capuz, revelando seus cabelos castanhos e curtos, sua pele clara e seus olhos castanhos.

— O que vocês estão fazendo aqui? O Adolf disse que tinha um grupo que estava tentando pegar as relíquias da Fissure. São vocês? Se for, que peninha. Chegaram tarde. Podem até tentar pegar ela de mim, mas acho que não vão conseguir fazer isso. 

Após isso, a garota fez uma reverência e disse: 

— Ah, esqueci de me apresentar. Eu sou Qiang, uma discípula Nachtagenten. 

— Não vamos deixar você fugir!

— O que? Então tente me pegar. — Qiang deu uma leve risada com deboche.

Qiang sacou sua arma que era uma lança gigante, com lâmina vermelha e cabo preto. Kamui, Tomoe e Alexia também sacaram suas armas. Kamui foi o primeiro a atacar, ele utilizou um totem para se aproximar de Qiang e, em seguida, utilizou a magia Bomba Elétrica. Qiang bloqueou o ataque e contra-atacou com sua lança. Kamui conseguiu se esquivar dela e recuou. 

Em seguida, Tomoe investiu contra Qiang com sua foice em chamas, enquanto Alexia lançava bolas de fogo. A inimiga se desviava de todos os ataques. De repente, Qiang disparou como um raio na direção de Kamui, ferindo-lhe o braço com a lâmina da lança. 

— Ah! — gritou Kamui, tomado.

Era um corte profundo, mas, por sorte, não atingiu nenhum tendão. O sangue escorria, e a dor era intensa. Alexia imediatamente iniciou a cura do ferimento com magia, enquanto Tomoe ficou lutando sozinha contra Qiang.

— Olha só, seu amiguinho ficou fora da luta. Eu queria matar ele, mas não deu. Porém, eu vou te matar.

— Quem vai morrer aqui é você. — retrucou Tomoe, tomada pela raiva. 

Tomoe aplicou fogo em sua foice, lançou um jato de fogo contra Qiang e desferiu um golpe com sua foice. Qiang bloqueou, e elas trocaram ataques por um tempo. Em seguida, Tomoe mencionou algumas palavras e lançou uma grande bola de fogo contra Qiang. Dessa vez, Qiang não conseguiu desviar e foi atingida em cheio.

— Nossa! foi quase. Então, tchauzinho. 

Após dizer isso, Qiang desapareceu pelo portal levando o Cristal de Água

— Droga, ela fugiu. 

Alexia terminou de curar o ferimento no braço de Kamui.

— Obrigado, Alexia.

— De nada. Seu ferimento foi muito profundo. Tente não forçar muito o braço, pois o ferimento pode abrir de novo. 

— Ok.

— Kamui, está tudo bem com você? 

— Sim. Tudo graças a Alexia.

— A Qiang fugiu. Agora os Nachtagenten já estão com duas relíquias. 

— É, a situação só complica. 

— Tomara que amanhã nós consigamos pegar uma delas. 

No dia seguinte, Kamui e Tomoe se encontraram com Alexia na Academia Sagesse para mais uma tentativa de coletar uma relíquia. Ao consultar o mapa,  Alexia disse: 

— Acho que nós poderíamos tentar procurar o anel elétrico. 

Eles seguiram até a localização indicada, dentro de uma floresta. Lá encontraram três pedras com cristais: uma verde, outra amarela e outra roxa. As pedras formavam um triângulo e, no centro, havia um portal.

— Parece que os Nachtagenten chegaram primeiro novamente. — disse Kamui.

— Realmente, parece que havia um enigma para abrir esse portal e, como ele está ativo, alguém já fez isso antes. 

— Temos que ser rápidos e tentar pará-los. Vamos entrar no portal logo. — disse Tomoe.

Eles atravessaram o portal, que dava acesso a uma dungeon. Para a surpresa de todos, todas as portas estavam abertas. Percorreram corredores e salas até encontrar o recinto onde o Anel Elétrico estava guardado. No centro, havia uma mulher. Ela tinha cabelos longos e pretos, pele parda, usava um capuz preto, uma blusa preta curta, que deixava seu abdômen à mostra, além de calças escuras.

— Quem são vocês? Deixe-me apresentar. Eu sou  Nefertari e sou uma discípula Nachtagenten. Por acaso vocês vieram atrás do anel elétrico?

— Exatamente. Nós vamos derrotar você e pegá-lo. — disse Tomoe em um tom agressivo e provocativo.

— Ei, garota, você não acha que está confiante demais? Hm, acho que quero brincar um pouco com vocês.

Nefertari sacou sua faca curva, cuja lâmina era amarela como a areia do deserto e exibia linhas verdes como detalhes. Os outros também sacaram suas armas. 

Nefertari avançou como um raio na direção de Tomoe, mas teve o golpe repelido pela foice. Kamui apareceu por trás de Nefertari e lançou uma bola elétrica. Nefertari saltou para trás com agilidade. Alexia disparou várias bolas de fogo, mas nenhuma a atingiu. De repente, Nefertari da vista de todos, só era possível escutar a sua voz e sua risada sarcástica ecoando pela sala.

— Haha! Está na hora de vocês morrerem!

Pareciam clones. Ela atacava de todos os lados. Após um tempo desviando e bloqueando seus golpes, Kamui conseguiu lançar o seu trunfo. Primeiro invocou a magia Tempestade, em seguida o Respiro da Kitsune. Tomoe e Alexia ajudaram com magia de fogo para potencializar o ataque. Dessa vez, Nefertari foi atingida. Ela gritou de dor, reapareceu por um instante e fugiu através de um portal. 

— Droga, esses Nachtagenten são bons de fuga. — resmungou Kamui. 

— Sim… — concordou, Tomoe, balançando a cabeça.

— Mais uma relíquia que cai nas mãos  deles. 

— É… — suspirou Alexia — e isso é o pior de tudo.

Quando retornaram à cidade de Sagesse, já estava anoitecendo.

— Que tal irmos ao restaurante Bon Goût? — sugeriu Kamui.

— Pode ser. Alexia, você também quer ir?

— Quero sim. Faz muito que não vou lá. A comida de lá é ótima.

Eles foram para o restaurante Bon Goût. Quando estavam entrando no restaurante. Raiden saiu da espada.

— O que… ela surgiu do nada? 

— Prazer, eu sou a Raiden. 

— Ela é o espírito que está selado na minha espada.

— Ah, então ela é tipo o seu familiar.

— É… praticamente isso. 

Eles entraram no restaurante. Suyane estava sentada a uma mesa próxima à entrada. Assim que chegaram, ela disse:

— Boa noite, Kamui e Evelyn. 

— Boa noite, Suyane! — disse Kamui. 

— Quem é essa Maga?

— Prazer. Eu sou Alexia, chefe de magia da Academia Sagesse.

— Prazer. Eu sou Suyane, princesa de Blumendorf.

— Ah, lembro de você na cerimônia de abertura das eleições da Liga de Sagesse.

— Bem, Suyane, temos uma coisa importante para conversar. 

Amélie se aproximou da mesa e disse:

— Boa noite. O que desejam pedir? 

Cada um fez seu pedido. Depois que Amélie se afastou, Kamui retomou o assunto: 

— Continuando, nós descobrimos mais informações sobre a Fissure. Esses dias, estávamos em uma busca das relíquias  da Fissure. O problema é que três delas já estão nas mãos dos Nachtagenten.

— Isso é preocupante. 

— O pior é que tem a possibilidade deles já terem conseguido coletar todas as relíquias.

— É…

— Temos que nos preparar caso a Fissure seja invocada.

Depois de um tempo, Amélie retornou trazendo os pedidos e após colocá-los sobre a mesa ela disse:

— Aqui estão os pedidos. Bom apetite!

Todos desfrutaram de uma ótima refeição e de uma conversa agradável.

No dia seguinte, Kamui e Tomoe foram à Acadêmia Sagesse para se encontrarem com Alexia para tentar procurar mais relíquias. Na recepção, Camille segurava uma carta.  

— Ei, Kamui, esta carta é para você. 

— Para mim?

Kamui pegou o envelope. No selo, havia o símbolo da guilda dos aventureiros. Ele abriu a carta e começou a ler. 

— É da Ann. Ela disse que os Nachtagenten invadiram e tomaram a dungeon da Fissure. Ou seja, eles já avançaram ao último estágio para invocá-la. 

— Então, o que faremos agora? — perguntou Tomoe. 

— Precisamos conversar com a Suyanne e depois passar na guilda para obter mais informações sobre o ocorrido.

Em seguida, Kamui e tomoe foram para a pousada Alpes. Na recepção, Kamui perguntou:

— Bom dia. Você sabe onde a princesa Suyane está?

— Ela deve estar em seu quarto.

— Tenho algo urgente para falar com ela. 

— Certo, vou avisá-la.

Após alguns minutos, Suyane desceu pelo elevador da pousada. 

—  O que desejam falar comigo?

— Vamos para um lugar mais reservado. — Disse Kamui.

— Tudo bem, vamos para o meu quarto. Lá podemos conversar com mais tranquilidade. 

Eles seguiram até o aposento. Sentaram-se em uma mesa redonda de madeira, com cadeiras de estofado amarelo. Então Suyane perguntou novamente:

— Então, o que desejam falar comigo?

— Os Nachtagenten invadiram a dungeon da Fissure. Ao que tudo indica, eles já conseguiram todas as relíquias. Agora podem invocar a Fissure.

— Nossa! Que notícia péssima.

— Precisamos ficar atentos. A qualquer momento pode haver um ataque dos Nachtagenten, aqui em Sagesse.

— Hoje tem uma peça no Teatro Le Mirage. Todos os candidatos vão estar presentes. Ou seja, eles podem estar planejando atacar hoje à noite.

— Hum… faz sentido. Nós vamos à peça e estaremos preparados caso haja algum ataque deles.

Após conversarem com Suyane, Kamui e Tomoe foram à Guilda dos Aventureiros para conversarem com Ann. Chegando lá, Ann disse:

— Kamui e Evelyn, vocês chegaram. 

— Obrigado pela carta, Ann. Você pode nos contar com mais detalhes sobre o que aconteceu na dungeon da Fissure? 

— Claro! Um aventureiro que conseguiu sair de lá disse que os Nachtagenten tomaram a dungeon com cerca de vinte pessoas. Além disso, dois deles, uma mulher e um homem, afirmaram ser discípulos Nachtagenten.  Seus nomes são Eva e Adolf. Em seguida, deram a ordem para matar todos que estavam lá. Por sorte, ele foi um dos poucos que conseguiram fugir.

— Ouvir isso só aumenta mais o meu ódio contra essa organização. Obrigado pelas informações.

— De nada. Qualquer coisa que precisar, é só falar comigo.

— Ok!

Do lado de fora da Guilda dos Aventureiros. Tomoe disse:

— Então, o que faremos agora?

— Acho melhor nós perguntamos mais coisas da Fissure ao Adolphe. 

  Eles foram à biblioteca da Academia Sagesse para falar com Adolphe. Logo que entraram, encontraram-no sentado à sua mesa, lendo um livro. 

— Boa tarde! — disse Adolphe.

— Boa tarde! — responderam Kamui e Tomoe.

— Então, tenho uma coisa para te contar.

— O que foi?

— Os Nachtagenten conseguiram coletar todas as relíquias da Fissure. Além disso, invadiram a dungeon onde  está o selo de invocação.

— Hum… Isso é uma péssima notícia. 

— Então, poderia nos dar mais informações sobre a Fissure, para ficarmos preparados para o ataque?

— Claro. Após a invocação, ela não aparecerá de início, surgirá uma pedra azul no formato de um gota d’água. É nela que a Fissure está selada. Quem a controla precisa recitar um feitiço para libertá-la da gota. Além disso, cada ataque pode ser controlado por magias. 

— Hum… Obrigado pelas informações.

— De nada. Pode ter certeza que se ela aparecer, eu vou estar lá. Vai ser um prazer vê-la de perto e lutar contra ela. 

No pátio da Academia, Kamui e Tomoe refletiam sobre o que haviam aprendido a respeito da Fissure.

— Bem, possivelmente quem vai controlar a Fissure será a Eva. O Adolf deve cuidar do exército dos Nachtagenten.

— Isso faz sentido. 

— O jeito é ir à peça e esperar o momento do ataque. 

Quando a noite chegou, Kamui e  Tomoe foram ao Teatro Le Mirage. Era uma construção majestosa: a fachada lembrava o templo grego Partenon; as colunas de pedra eram adornadas por frisos de ouro. O interior era igualmente impressionante. O palco era enorme, havia várias poltronas dispostas em semicírculo e, nas laterais, os camarotes. Kamui e Tomoe dirigiam-se ao camarote onde Suyane e Akila estavam. Ao chegarem, cumprimentaram-nas.

Em seguida, a peça começou. No segundo ato, de repente as luzes do teatro apagaram-se e todos ouviram gritos vindo do palco.

— O que está acontecendo? — perguntou Akila, preocupada.

— Deve ser eles. — murmurou Kamui.

A luz voltou e ao centro do palco. Em meio a um mar de sangue, estava uma figura vestindo uma capa preta com detalhes em dourado. Ela baixou o capuz e disse, em um tom sarcástico:

— Senhoras e senhores, o espetáculo está prestes a começar. Eu sou Adolf, um discípulo Nachtagenten. Sabemos que muitos dos candidatos estão aqui. Uma certa “baleia” está a caminho da cidade e tem o poder de varrer esta nação do mapa. Vocês podem impedir isso. É simples, muito simples: basta entregar o poder da nação a nós. Nossa grande lorde Nachthexe quer expandir seu império. Portanto, peço às candidatas que entreguem essa nação a nós…. ou morrerão junto com ela. 

No camarote, diante de toda aquela situação, Kamui disse:

— Evelyn e Akila cuidam da Fissure. Eu vou ficar aqui para lutar contra o Adolf.

— Certo. — respondeu Tomoe.

Kamui criou um totem para se teleportar-se o mais rápido possível para o palco. 

— Olha! você de novo!

— O show está para terminar. Adolf, você só tem uma opção: render-se.

— Haha! Você se acha no direito de me dar opções? Será um prazer lutar com você novamente. Dessa vez, eu te mato!

De lado de fora do teatro, Akila e Tomoe encontraram Alexia, Maya, Liya e Adolphe.

— Que bom que vocês estão aqui. 

— O que foi aquela gritaria no teatro? — perguntou Alexia.

— Um discípulo Nachtagenten assassinou os atores da peça.

— Que horror.

— A Fissure está chegando, essas linhas azuis no céu indicam isso. — disse Adolphe. 

Todos ouviram o canto da Fissure. Era semelhante ao canto de uma baleia azul, porém imensamente poderoso, tão forte que o chão chegou a tremer. Além disso, avistaram uma forte luz azul surgindo no horizonte. Era o primeiro ataque da Fissure. O ataque dela lançou uma grande onda de água sobre a cidade, destruindo um bairro inteiro. No meio da rua deserta, surgiu uma mulher com vestimentas dos Nachtagenten. Ela sacou a espada e abaixou o capuz, revelando cabelos curtos e roxos. Na mão direita, segurava uma pedra azul em formato de gota.

— Prazer! Me chamo Eva, eu sou uma discípula Nachtagenten. E como vocês não nos entregaram esta nação, meu bichinho vai punir vocês. 

No céu, atrás de Eva, surgiu uma silhueta de uma baleia. Era a Fissure. Ela tinha semelhança de uma baleia azul tanto na aparência quanto no tamanho. Na sua cabeça tinha um chifre como de um narval e seus olhos eram vermelhos.

— Akila! Eu e a Maya vamos lutar com a Fissure. Adolphe, Alexia e Liya darão suporte com mágico. E você luta com a Eva.  — disse Tomoe.

— Está bem! 

Tomoe deu um grande salto para tentar atacar a Fissure. Alexia, Adolphe e Liya conjuravam magia de proteção e lançavam feitiços contra a criatura. Akila trocava golpes com Eva. 

Enquanto isso, no teatro, a luta de Kamui contra Adolf continuava. Adolf lançava vários jatos de fogo, e Kamui esquivava habilmente. Em seguida, Adolf disparou uma grande bola de fogo, mas Kamui conseguiu desviar. 

Kamui aproveitou uma brecha e usou seu trunfo: A magia Tempestade combinada com o Respiro da Kitsune. O ataque teve grande efeito em Adolf, mas não foi o suficiente para derrotá-lo.

Percebendo a fraqueza do adversário, Kamui invocou um totem para se aproximar e, em seguida, utilizou a magia Prisão Elétrica, prendendo o  cajado e o braço de Adolf. Ao desferir um golpe com a espada, o braço e o cajado se estilhaçaram. Adolf gritou com muita dor.  Então Kamui disse:

— Acabou. 

Kamui deu o último golpe, virando a parte sem fio de sua katana para baixo e acertando a cabeça de Adolf, nocauteando-o. 

— Pronto! Finalmente o derrotei. 

— Tudo certo, Kamui? — perguntou Suyane.

— Sim. Só precisamos algemá-lo e levá-lo para uma cela. 

—  Certo, vou cuidar disso para você.

— Tchau. Vou ajudar a Evelyn. Pelo jeito, a Eva já deve estar aqui na cidade. 

— Certo!

Quando Kamui saiu do Teatro, deparou-se com a imensa Fissure no céu. Tomoe e Maya lutavam contra ela naquele instante, enquanto a Fissure lançava vários jatos de água. Kamui aproximou-se de Akila para ajudá-la a enfrentar Eva.

— Ah, então você chegou. Não tem problema, vocês irão morrer juntos. 

— Haha, é o que vamos ver.

Enquanto isso, Tomoe e Maya lutavam com a Fissure. Porém, seus ataques não surtiam muito efeito.  

— Ei, Evelyn e Maya, eu e Liya vamos tentar lançar uma magia de imobilização. Tentem manter a Fissure no mesmo lugar.  — disse Alexia.

Tomoe e Maya obedeceram à orientação de Alexia. Após alguns segundos, conseguiram lançar a magia na Fissure, deixando-a paralisada. Tomoe saltou sobre a criatura e alcançou a cabeça, onde havia um grande cristal azul. Ela aplicou fogo em sua foice e destruiu o cristal. A Fissure soltou um grito estrondoso e explodiu, liberando uma intensa luz azul. Então, todas as relíquias caíram ao chão.  Adolphe correu e coletou todas elas.

— Vou levar as relíquias para um local seguro.

— Pronto, derrotamos a Fissure. Agora precisamos enfrentar a Eva. — comentou Tomoe.

Kamui e Akila lutavam contra Eva há algum tempo, mas Eva não demonstrava fraqueza alguma.

— Vocês até conseguiram derrotar a Fissure, mas não vão me capturar. 

— Akila, fique atenta, ela pode fugir a qualquer momento.  — disse Kamui.

— Certo.

Nesse instante, Tomoe e Maya chegaram ao local.

— Olha só, chegaram mais dois para eu eliminar. Hoje vou me divertir muito! 

— Acabou para você, Eva. — disse Tomoe.

Agora havia chegado um grande reforço. A vitória estaria  próxima? A luta se estendeu por alguns minutos. Eva desviava de quase todos os ataques. De repente, ela avançou como um raio na direção de Tomoe, lançou um feitiço que a fez desmaiar e, carregando-a nos ombros, abriu um portal.

— Tchauzinho. — disse Eva antes de desaparecer.

— Evelyn! 

Ao ver Eva levando Tomoe junto no portal. Kamui sentiu um grande aperto no peito, era como se uma faca tivesse atravessado. Ele experimentava várias emoções ao mesmo tempo: raiva, medo e impotência. Após Eva desaparecer, Kamui fechou o punho e desabafou:

— Droga, ela fugiu e ainda sequestrou a Evelyn. 

— Mantenha a calma, Kamui. Vamos encontrar uma forma de resgatá-la e acabar com essa Nachtagenten. 

Em seguida, Kamui dirigiu-se à Pousada Alpes e ao quarto de Suyane. 

— Então a Evelyn foi sequestrada pela Eva?

— Sim… Eu fui idota e não agi a tempo de impedir ela.

— Fique calmo. Perder a cabeça é o primeiro passo para a derrota. Ela provavelmente vai exigir algo em troca da libertação, especialmente agora com o Adolf preso.

— O que resta é esperar e tentar descobrir onde a Eva pode estar escondida. Parte de mim quer sair feito um animal selvagem e acabar com essa peste.

— Eu entendo sua raiva e frustração, mas é crucial esfriar a cabeça e planejar a melhor forma de trazer a Evelyn de volta.

— Obrigado. Acho que realmente preciso esfriar a cabeça.

Kamui retornou para o interior da Muramasa no Kitsune. Na cozinha, Raiden também desabafou:

— Ainda estou fervendo de raiva. Não acredito que aquela maldita da Eva sequestrou a Tomoe! 

— Eu também. Amanhã vou tentar descobrir onde ela está escondida. 

Enquanto isso, nas catacumbas de Sagesse, Tomoe acordou dentro de uma cela escura. Na sala da cela havia uma garota vestindo uma capa com detalhes dourados e com cabelos castanhos e curtos. Era Qiang.

— Ah… onde eu estou? 

— Ah, você acordou! Você teve muita sorte da Eva não ter te matado.

— Quem é você?

— Não se lembra de mim? Eu sou Qiang. Vamos ver se os seus amigos vão vir tentar te salvar. Será um prazer matá-los  na sua frente.

— Eu e o Kamui vamos acabar com todos vocês!

— Você está muito confiante para alguém está presa.

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