Aelum Brasileira

Autor(a): Marin


Volume 1

Posfácio

MARIN

 

Posfácio, do latim: pós + fácil. Ou seja, depois é mais fácil.

Brincadeira. Hehehehe.

É com muita satisfação e alegria que lhes entrego o primeiro volume completo de Aelum.

Espero que tenha sido tão prazerosa, para vocês, a leitura, quanto foi para mim — a escrita.

Esta é a primeira vez que escrevo algo deste tipo e estou em constante aprendizado, mas espero que eventuais deslizes não tenham atrapalhado a experiência. Trabalharei tanto para reparar qualquer defeito dos capítulos já postados, quanto para evitar que eles ocorram no futuro.

Claro que qualquer correção diz respeito a língua portuguesa e afins, de modo que nada no enredo será tocado, pois vejo os capítulos postados como um contrato de confiança que faço com vocês.

Aelum é parte do que eu sou e o que desejei compartilhar, mas também é o conjunto de vários aspectos que eu sempre almejei.

Sempre me vi atraído por pessoas e personagens complexos, com suas imperfeições e virtudes, aliado ao fato de que suas visões, sobre si mesmos, diferem da visão que os demais têm deles.

Cito como exemplo a aterrorizante, simpática, carinhosa e santa Cintia, aos olhos de Gris, mas que do próprio ponto de vista se vê insegura, impotente e, por diversas vezes, se questiona se o que faz é o certo ou errado.

Vejam também a infame raposa, que dilacera soldados com suas explosões, a qual vê belos fogos de artifício, que encantam sua alma.

Todavia, o obediente garoto de cabelos acinzentados vê apenas um clarão.

Tenho certeza que se Cintia visse aquilo, ela ficaria horrorizada com a morte dos soldados, na medida em que se o professor testemunhasse a batalha à margem do Rio Reluzente, ele notaria o quão talentosa e sortuda é a nossa querida dríade ruiva e pouco se importaria com os soldados de Galantur — que Dara os tenha.

Agora me ocorre aqui, será que o soldado de vermelho encontrou a Rebeca no fundo do Rio Reluzente?

Hum... Bom...

Enfim, devo admitir também que, se por um lado houve um planejamento prévio das estruturas do mundo de Aelum, como o funcionamento do comércio ou do governo das cidades, regras e limitações das magias, até mesmo do funcionamento do ecossistema da Floresta de Prata, além, claro, dos personagens principais e seus afazeres, personalidades e desejos, por outro, eu fui surpreendido com algumas das escolhas dos próprios personagens, durante a escrita.

Ademais, admito que determinado personagem mudou completamente o rumo das coisas. Mas quem é e o que ele fez para mudar tudo, contarei somente ao barqueiro. Muahahaha.

Outra questão, é que há um conceito muito difundido entre escritores que se algo é descrito na história, deve ser utilizado para um fim bem objetivo na obra.

Mas, na minha humilde opinião de autor amador, isso só prejudica a história e torna tudo previsível. Sim, uma das coisas que estou cansado é de previsibilidade de tudo, e imagino que vocês também, por isso Aelum possui alguns detalhes que não tem qualquer finalidade. Aliás, nem tudo que importa tem finalidade, pois a felicidade não possui qualquer finalidade, por exemplo. A fita vermelha é um alerta a respeito disso.

Obvio que não passarei um capítulo inteiro descrevendo a cor dos pelos dos pés dos anões de Fubuldjin e como que isso afeta a economia da extração de seletita. Apesar que seria muito legal fazer isto. Hahahaha.

Enfim, é por isso que a fita vermelha ficou no bolso do Gris um tempão e depois ele a devolveu para Alienor. Pois, o plano da Srta. Raposa era bem funcional, a ruiva é muito inteligente e consegue bolar belos planos, mas ela não gosta de segui-los, mesmo que sejam os planos dela. Essa raposa só arruma confusão.

É assim que somos na vida real, nem sempre o que planejamos acontece, pois não temos domínio de todas as variáveis. Cintia sabe disso agora, pois ela acreditava ter um plano infalível.

É assim que são as pessoas em Aelum. Somos confusos, às vezes não sabemos exatamente o que queremos. Às vezes mentimos para nós mesmos e para os demais, como faz o Gris ao dizer que não tem medo de Valefar e da Srta. Raposa, mas ele tem medo sim, apenas escolheu não temer, ainda que isso não seja algo que possa ser escolhido.

Parece confuso? Certamente é, mas somos assim, somos confusos, e isto é magia.

Por outro lado, se há uma regra que não pode ser violada é que tudo precisa ser coerente e interessante, porém não é porque coisas desinteressantes não ocorrem em Aelum, pois lá também existe isso, mas sim pelo fato de que histórias desinteressantes não merecem ser contadas.

Enfim, tudo isso também me trouxe muita diversão, pois em diversos momentos tive uma impressão de que não era eu a criar as conversas, mas sim os personagens que conversavam, enquanto eu apenas transcrevia.

Exagero? Talvez alguém pense, pois eu também pensaria isso. Mas não tenho motivos para inventar estas coisas, assim como não tinha a Sra. Isolde ao dizer para Vinicius que sua esposa foi levada à mansão negra.

Pois bem, aproveito a oportunidade para salientar que Aelum não tem qualquer pretensão de criticar nada em nosso mundo, em que pesem algumas similaridades com este reino.

Nesta senda, cito como exemplo a inquisição da Igreja de Dara, que tem certa inspiração sim na igreja católica medieval, assim como vários outros detalhes da República e Império Romanos, que serão vistos melhor adiante. Entretanto, o nome “inquisição” não é utilizado levianamente, pois o “modelo inquisitório”, de forma rasa, significa a unificação dos poderes de investigação, julgamento e execução de penas.

Se vocês analisarem por um momento, concentrar tais funções em uma única pessoa, sem sombra de dúvidas acarretará em corrupção, e é por isso que modelos inquisitoriais não são praticados atualmente em países sérios. Por outro lado, dentro de uma história literária, principalmente medieval, é um prato cheio.

Em resumo, a história pode até convidar você, leitor, caso queira, a refletir sobre certas escolhas e comportamentos de indivíduos, sociedades ou instituições, mas é importante lembrarmos que se trata de outro mundo, que não o nosso. Ali a moral e os costumes são diferentes.

Assim, deixo claro que não sou pretencioso ao ponto de querer ensinar valores a ninguém.

Ademais, estou seguro que muitos dirão que regras foram quebradas durante a escrita, mas o Caçador acredita que toda regra feita, sem sua participação, tem obrigatoriedade relativa.

Além disso, Roan afirmou que a Floresta de Prata tem suas próprias regras: é um mundo mágico.

Certas escolhas facilitaram que eventos simultâneos fossem contados sob perspectivas diferentes, como visto no capítulo “O Vilarejo de Lumínia” que é simultâneo ao “Botelha Púrpura”.

Além disso, as escolhas narrativas nos proporcionaram momentos como: O que será que Lin disse em suas últimas palavras? O que Loise de Vermilion disse quando Alienor caiu pelo penhasco? Quem é o Caçador do Prólogo? O que é a maldição que cerca Valefar?

Será que essas coisas são como um grão de areia que ninguém mais viu cair?

Estas questões ocorreram não por capricho, mas sim pela forma que a história é contada.

Uma das premissas de Aelum é a ausência de mistérios e suspenses desnecessários. Se o personagem precisa dizer algo importante, ele dirá.

Por outro lado, se o personagem não tiver motivos para dizer uma informação, ele não dirá, como é o caso do nosso querido homem de aparência cadavérica, pois poucos sabem seus propósitos e os que sabem, provavelmente não dirão.

Aproveito, aqui, para pontuar a respeito do nome de Valefar. Se em algum momento houve um desconforto a respeito dele possuir vários nomes, foi proposital. Há dois motivos para isso, o primeiro deles é que o leitor se coloque no lugar de alguém que perdeu tudo, inclusive seu direito de ter um nome, e isto é simbolizado pelo fato dele ser chamado de forma diferente pelas pessoas.

O segundo motivo é narrativo, pois o nome de Valefar também é usado para nos situarmos a respeito de quem é o personagem que fala. Por exemplo, se alguém diz: “Eu não vou cair nos truques do Lorde Demônio”, logo sabemos que é a Srta. Raposa que disse isso.

Entretanto, não se preocupem em decorar as formas que ele é chamado, salvo que ele é Valefar, caçador e também um professor, as formas restantes são apenas detalhes.

Em todo caso, por mera curiosidade, vou pontuar algumas das maneiras que ele foi chamado até aqui.

Valefar não é exatamente um nome, mas será melhor explicado no futuro, pois não queremos estragar a surpresa.

Para o Gris, ele é o professor, pois o garoto acha legal chamá-lo assim, conforme “A Competição”.

Torv é seu codinome dentro da Encruzilhada, organização que o Homem Magro faz parte. Inclusive o nome do Sr. Alan, dentro da Encruzilhada, é Boris, como vimos em “A Botelha Púrpura”. Aqui pontuo que provavelmente a única pessoa que terá um bigode chamativo será o Sr. Alan, justamente para ficar mais intuitivo de saber que é ele em uma cena.

Vinicius é o nome real de Valefar, mas é um nome que ele desistiu e que poucos conhecem, conforme visto em “O Monstro da Floresta de Prata”.

Quanto a ele ser chamado de V. ou de Vitor, isso é obra da Cintia, pois ela é incrível e duvido alguém provar o contrário.

Quanto ao Sr. Demônio, Lorde Demônio, Demônio da Lua Nova, Capiroto e... Bem, a Srta. Raposa só arruma confusão, esta que é a verdade.

Outros aspectos poderiam ser contados, mas não quero ofuscar o brilho e a magia da verdadeira protagonista — que é Aelum.

Dito isso, fico grato a todos aqueles que compartilharam seus conhecimentos e me ajudaram a melhorar até aqui. Vocês são santos.

Assim, encerramos esta parte da caminhada e peço que deixem suas impressões a respeito da obra, por gentileza. Pois seus comentários são muito importantes para me darem forças para continuar este conto.

Críticas, sugestões e elogios são bem-vindos. Até as críticas destrutivas são — sério, elas são — mas quanto a estas é só deixá-las ali com o senhor de bigode na portaria. Ele vai pedir o nome completo e endereço tá!

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Muito obrigado até aqui e nos vemos em Ticandar!

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