Volume 3 – Parte 3
Capítulo 63: Para o Início

Gabriel continuou a andar, sem olhar para trás. A conturbada madrugada passou num piscar e sequer o permitiu aproveitar algum descanso.
Ainda assim, manteve-se firme no vigor pessoal, a fim de continuar os caminhos desconhecidos da região polar.
O amanhecer também não demorou a transcorrer. O rapaz encontrou uma pequena gruta, onde pôde estabelecer uma espécie de acampamento.
Juntou lenha após cortar algumas árvores nas proximidades e começou a caçar comida; gostaria de adquirir algo que suprisse tanto o almoço quanto o jantar.
Não queria desperdiçar o dobro de energia, já que precisava repô-las.
Ao estabelecer toda a base de onde passaria o próximo dia — ou os próximos —, ele partiu rumo ao pequeno bosque dos arredores.
Com cuidado, traçou os rastros adjacentes e analisou o silêncio predominante. Encontrou um cervo, passeando despreocupado pelo solo nevado.
Na encolha, criou um arco e flecha luminoso e, ao mirar perfeitamente, atirou contra o pescoço do animal. Ele caiu na hora, ainda se debateu um pouco e, de modo pacífico, deixou a vida partir.
O rapaz se aproximou e verificou o abate conquistado.
A seta de luz desapareceu em flocos cintilantes, junto do arco que usou de apoio para a caça. Pegou-o pelos chifres e o arrastou até a cavidade natural.
Logo começou a preparar o almoço; acendeu parte da lenha reunida, retirou a pele do animal e preparou estacas de luz para assá-lo uniformemente.
Quando viu que estava no ponto preferido, não pestanejou em rasgar sua carne com os dentes. Apreciou os minutos de refeição, o suficiente para acobertar a fome até o anoitecer.
Descansou o restante da tarde, uma recuperação do sono perdido da noite passada.
Repetiu o processo ao acordar, alimentando mais a fogueira para se aquecer contra o frio extremo.
Comeu o restante do cervo e relaxou de vez, podendo observar o céu parcialmente nublado da entrada do local fechado.
Enquanto forçava a mente ao relaxamento, adormeceu de novo. Quando voltou a abrir os olhos, o amanhecer já tinha chegado.
Abraçado pelo novo dia, mais ensolarado do que os anteriores, levantou-se do chão e pisou na fogueira para apagar o resto de fogo aos estalos.
Respirou fundo, ar condensado escapou de sua boca. A manhã mal havia começado, pois parte do céu ainda era colorida por um tom alaranjado, então teria tempo de sobra a fim de buscar novos horizontes.
Dito isso, ajeitou a mochila nos ombros, espreguiçou-se até estalar todos os membros e iniciou a nova caminhada.
Ele andou, andou e andou. Fez breves pausas a fim de descansar e comer alguns biscoitos exóticos que carregava na bolsa.
Continuou andando, sem se importar com o clima hostil. Atravessou depressões e planícies de gelo, até pegar-se na ascendente do relevo durante o início do entardecer.
Quando percebeu, viu-se no topo de uma colina. Havia outra montanha, não tão elevada em comparação a que atravessou duas vezes no dia mais cansativo da peregrinação.
Sem ter muito o que fazer, decidiu ir até lá.
O tempo passou, arrastado, durante a escalada com o auxílio dos bastões de luz.
O céu começou a ser tomado por uma nova onda alaranjada, revelando a lua minguante no topo da esfera inalcançável.
No fim da tarde, ele chegou ao topo. O sol iluminou sua face, a brisa fez as curtas pontas do cabelo oscilarem.
Outras cadeias montanhosas, ofuscadas pela bruma, podiam ser vistas no limite do horizonte. O lago parcialmente congelado refletia o dourado da luz solar mais fraca.
O crepúsculo concebia a venusta pintura que fazia seus olhos cintilarem, exuberantes.
No entanto ele não podia tirar o proveito máximo que deveria daquela linda paisagem. Através de uma fraca lamentação, capaz de dispersar mais vapor frio no espaço...
— Até quando vai ficar me seguindo?
O murmúrio alcançou a presença da autoproclamada anã branca, a alguns metros em sua retaguarda.
Sem deixar o leve sorriso de lado, as mãos entrelaçadas atrás do corpo, sentia os fios do cabelo azul-ciano dançarem ao vento.
— Eu já disse. Eu preciso de você!... — A voz dela soou um pouco afônica.
Por meio da insistência, enfim encontrou a vitória.
Gabriel girou o corpo, relutante, e encontrou a expressão enrubescida dela mais uma vez.
— Acredito nos seus... poderes, depois de tudo aquilo. Mas ainda tenho perguntas a fazer. — Estreitou os olhos, e ela gesticulou positivo com a cabeça, animada. Sem saber o que esperar dela, indagou: — Por que essa Seleção Estelar não terminou?
Um pouco surpresa com o questionamento inicial, a ponto de reagir boquiaberta durante alguns segundos, a menina balançou a cabeça para os lados.
— Ela já terminou.
Uma das sobrancelhas do garoto se contorceram.
— Então por que ainda tenho esse poder? — Levantou a mão dominante, de onde uma camada luminosa se originou. — E como você poderia ser uma anã branca? Isso é uma piada de mau gosto, né?
— Kihihihi! Isso é verdade, bobinho! — Ela levou a mão diante dos lábios, uma tentativa de controlar a risada que subiu ao peito. — Mas por que parece tão espantado assim!? Depois de tudo que passou, devia saber que não é a primeira vez que fala com alguém vindo do Cosmo, né!?
Gabriel refugou em introspecção ao enfim interligar alguns pontos interessantes; a imagem de duas marcadas específicas surgiu em sua mente.
Não quis afirmar nada com veemência, mas, de fato pareceu descobrir o motivo de experimentar a tal influência diferenciada.
Ainda queria desacreditar daquela loucura que superava a loucura. Os punhos cerraram involuntariamente, conforme um turbilhão de ansiedade passou a lhe corroer.
Em vista da aparente confusão do rapaz, a menina moveu as pernas em avanços tímidos.
Se aproximou dele, que permanecia alerta, mesmo sem ameaçar fazer qualquer coisa a respeito.
Ao ficar frente a frente com o marcado, prosseguiu até a borda do ponto maior daquela montanha.
— Eu não sei de todos os detalhes desde que tudo isso começou. Mas, quando terminou, eu fui atraída até esse lugar. — Encarou uma das palmas, mas logo voltou a contemplar a paisagem adiante. — Quando o Rei Celestial foi suplantado, a nossa energia despertou de novo aqui, nesse lugar. Pois ele é... especial para quem o suplantou.
Gabriel ouviu com mais atenção, a ponto de sentir um forte interesse no assunto.
Então, lembrou-se de algo...
— Aquele cara também?
— Eu sou uma anã branca, então a maioria do meu conhecimento sobre as criações do Rei Celestial se tornou vago... Ele deve ser um remanescente, mas me pareceu... diferente.
— Ele me chamou de amaldiçoado...
— É uma forma de se ver, eu diria. — Virada pela metade da posição, ela tornou visível a ele seu semblante sério, de sobrancelhas arriadas e pesadas. — Esse poder que chama, é uma maldição.
Gabriel, incrédulo, voltou a se dirigir à posição de onde a garotinha estava.
— O que significa?...
— Todos que perderam algo ou alguém, passando pela chamada Provação, fizeram a maldição das estrelas que recaiu sobre esse lugar alcançar um novo estágio. — Seus lábios delinearam um sorriso fraco. — Isso fez de vocês especiais. Fez vocês suportarem um fardo maior. Tudo por causa de um poderoso desejo que atravessou o próprio universo...
Chegou a um ponto em que o Marcado de Sirius já não entendia mais nada.
Mesmo assim, a autoproclamada anã branca seguiu:
— Só que, agora, mesmo os que não puderam despertar essa maldição estão sendo corrompidos por ela. — Levantou o indicador ao alto. — Seres degenerados.
“Então a culpa não foi daquele homem?”, o marcado relaxou a tensão nos ombros, encarando os próprios pés.
As primeiras estrelas da noite começaram a irromper a luminosidade do dia em sua despedida.
Naquele momento, Gabriel não encontrou palavra alguma para rebater.
Ao mesmo tempo que a perplexidade regia suas mínimas reações às explicações inimaginadas da autoproclamada anã branca, sentia-se atraído por novas descobertas.
Era como se todas as respostas para as dúvidas que carregou todo esse tempo estivessem ali.
Ao alcance das mãos.
— Olhe... — Levou o indicador canhoto a apontar para o céu, trazendo a atenção dele. — Estão desaparecendo.
Embora não tivesse passado por sua cabeça a hipótese, o rapaz não demonstrou espanto.
Era muito difícil considerar o desaparecimento de um dos milhares de pontos brilhantes naquele espaço desprovido de poluição humana. Caso tentasse, sequer notaria.
No entanto, ao acompanhar a direção apontada pela companhia, pôde ver o apagão de uma das luzes pulsantes, para nunca mais retornar.
As sobrancelhas ergueram, à medida que as vistas pararam de piscar por um instante.
— O que significa isso? — perguntou, sem tirar o foco da faixa luminosa no topo.
— O novo estágio. — Relaxou o braço pálido. — Nascido do novo desejo da Princesa. Não, eu diria que esse sempre foi o desejo dela, desde o início.
— E qual seria?
Passou-se um momento duradouro de silêncio, em que o uivo da brisa se fez absoluto entre os dois.
Então...
— O fim das estrelas... e do universo. Já estamos caminhando na metade do percurso... rumo à Era Degenerada.
Dessa vez, a testa do rapaz franziu, arriando os cílios superiores.
“Inacreditável”, foi a única palavra que passou por sua cabeça após escutar até esse ponto. Ainda tinha dificuldades em prol de assimilar todas as informações.
No fim, rendeu-se ao surreal, como já tinha feito ao deixar sua humanidade ser sobreposta pela sede de vingança.
Dito isso, outras dúvidas ainda deviam ser preenchidas para que pudesse adotar alguma posição naquela nova fase do evento.
— Aquela pessoa... era diferente.
— É verdade. — A menina criou luz sobre a mão, responsável por realçar seus olhos violetas. — Ainda não sei qual o objetivo dele. Mas consigo sentir... a malícia. Por isso, quero interrompê-lo de alguma forma.
A leve risada soou como um toque de preocupação, o bastante para trazer um calafrio à espinha do marcado.
Remeter à ameaça encontrada na batalha de duas noites atrás lhe trouxe de volta à introspecção.
De fato, embora fossem seres um tanto quanto idênticos — colocando em destaque os pormenores que os dividiam como seres —, a diferença entre as auras era claríssima.
Além do incômodo ocasionado pela semelhança com sua falecida irmã, sobrava certa sensação calorosa no ar.
Não à toa o formigamento na mão esquerda, agarrada por ela durante a fuga anterior e o retorno à vila, permanecia intenso.
E isso trouxe seu olhar diretamente ao ponto daquele fulgor esquisito, responsável por se espalhar aos poucos pelo restante do corpo.
— E o que... você quer de mim? — murmurou, quase sem força na voz, ao encarar as linhas desenhadas na palma.
— Como uma semelhante da Princesa, não concordo com o caminho que esse desejo a fez tomar. — A linha de visão de ambos voltou a se cruzar. — Quero que me ajude a chegar até ela, para impedirmos esse fim injusto...
A anã branca estendeu a pequena mão, capaz de alcançar a altura do peito daquele que seguiu por dois dias sem parar.
Gabriel se segurou em um último fio de indecisão.
Uma nova carga pareceu recair sobre seus ombros, independente se aceitasse ou negasse o pedido da menina.
Vidrado no par de íris reluzente que fitava seu âmago, adentrou na cabeça o temor de, mais uma vez, perder algo importante.
Quando percebeu, a noite tinha chegado. O azul-escuro predominou a esfera celestial, assim como as estrelas que remanesciam distantes pelo espaço.
E não importava a demora para respondê-la... sua mão seguia esticada, incansável na espera do desfecho positivo.
Sem lhe oferecer o esperado, voltou a encarar a paisagem. A garota não ficou triste e tampouco decepcionada, mas retraiu o braço estendido. De todo modo, recusaria a desistir.
Por isso, buscou outra abordagem:
— Sabe... na verdade, eu também queria mesmo entender melhor esses tais sentimentos que vocês, desse lugar, possuem. — O assunto atraiu uma nova olhadela de canto dele. Ela se virou, a fim de encarar suas semelhantes longínquas. — Sei que perdeu sua irmã e por isso se tornou especial... eu entendo como se sente. Eu também perdi coisas, de certa forma. E ela também...
Agora, ela exibia um sorriso forçado. Para mascarar a solidão que sentia dentro de si...
— Se também puder me ajudar... a entender essas coisas que fizeram a Princesa mudar tanto e desejar esse rumo...
E por mais incrível que parecesse, o rapaz não identificou qualquer dissimulação oriunda daquelas palavras.
Porém, optou por escolher o silêncio como resposta, a ponto de apaziguar toda a identificação curiosa crescente em seu coração.
A garota não reclamou. Somente fechou as vistas serenas e permitiu-se a aproveitar o vento polar, que sacudia seu curto e liso cabelo de brilho próprio.
Os dois continuaram ali, sem trocar mais palavras.
Sem compartilhar os mesmos olhares.

O rapaz voltou a despertar, confuso, pois sequer tinha percebido a chegada de seu sono.
Levantou a cabeça da mochila fofa, improvisada como travesseiro, e reconheceu a região que lhe rodeava; uma outra gruta, tão ínfima que podia ser considerada uma cabana.
A escuridão se mantinha no céu, mas a luz solar já dava indícios de seu retorno vindo detrás da cadeia montanhosa ao longe.
Depois de esfregar os olhos com remela, Gabriel ergueu-se do chão e encontrou o cabelo azul-ciano na frente do panorama nebuloso.
Exalou um forte suspiro e apanhou de baixo da jaqueta escura, na altura do pescoço, o amuleto que não deixava de carregar consigo.
Abriu o medalhão prateado e viu, como sempre, a foto de Sophia.
“O que eu devo fazer?”, perguntou não a si, mas àquela que não se encontrava mais ao seu lado. “O que você gostaria que eu fizesse?” olhou para o alto, como se desejasse alcançá-la com sua voz interior, onde estivesse.
No fim, voltou a observar a inerte anã branca, sentada na beirada do relevo acidentado.
Eles ainda estavam na montanha que escalaram mais cedo. Onde, de certa forma, compartilharam suas dores e fraquezas.
Exposto de uma forma jamais vivenciada, o Marcado de Sirius encontrou alguma determinação em prol de apostar nas fichas que o destino lhe entregara.
Agradeceu em silêncio, mesmo sem obter alguma resposta; a única necessária, carregava dentro do peito.
Um raro sorriso, quase imperceptível, nasceu em seu rosto.
Guardou o medalhão da falecida irmã e avançou, a passos lentos, até a menina responsável por acompanhá-lo até o presente momento.
Quando chegou ao lado dela, percebeu seus olhos fechados. As pernas balançavam para frente e para trás, uma de cada vez.
Pensou em como ela permanecia a mesma, independente das condições ao seu redor. Como se fosse parte essencial de sua natureza.
Após engolir palavras em seco, pensou um pouco no tipo de abordagem que adotaria. Em suma, não obtinha tantas opções diferenciadas para construir outros caminhos.
Desde o primeiro encontro, esteve fadado a somente ser conduzido pelos caprichos do surrealismo, proveniente das profundezas do desconhecido.
— Como podemos parar isso?
O questionamento foi recebido em alto e bom som pela anã branca, que despertou das divagações criadas pela própria vontade.
As vistas violetas correram até encontrar a face altiva do rapaz. Embora ignorada por bastante tempo, não parecia ter algum remorso para com ele.
— Precisamos ir a um lugar especial. Não é tão perto daqui, mas...
A garota interrompeu-se, assim que enxergou a palma do garoto, estendida em sua direção.
Antes de ter a oportunidade de reagir, escutou-o entoar num tom de voz levemente embargado:
— Eu queria me vingar da crueldade das pessoas desse planeta. Pra mim, todos só pensavam em si mesmos e arrancavam dos outros sem se importar. Mas eu sou igual... — Arriou as sobrancelhas. — Cometi tantas atrocidades com o pretexto de limpar as dos outros e aqui cheguei. Não mereço uma segunda chance e mesmo assim ganhei uma.
O sorriso costumeiro dela esvaneceu. Todo o foco fora voltado às palavras de lamentação do marcado.
— No fim, aquele garoto estava certo. Mas eu ainda não tinha entendido totalmente as palavras dele. Por isso comecei a procurar algo que me fizesse entender... e eu entendi. — Remeteu ao momento fatídico, quando a menina da vila isolada o puxou e o ancião o ofereceu um presente. — Existem... pessoas boas nesse mundo.
Emoções incompreensíveis lhe tomaram o peito.
Um nó estranho envolveu sua garganta, mas ele venceu o desconforto a fim de complementar:
— Nem tudo pode estar perdido. Mesmo que eu não tenha o direito de sequer ser perdoado... ainda assim, quero construir um caminho diferente. Por isso, irei te ajudar..., Sothis.
A anã branca arregalou os olhos, impressionada com o tom de voz elevado pelo jovem no fim. Por um átimo, nem percebeu estar boquiaberta.
— O que foi? — Ele desviou o olhar, encabulado. — ‘Cê disse pra eu te dar um nome, não foi? Acabei de inventar esse.
— Sothis... — A voz dela soou derretida de felicidade, a ponto de puxar de volta o olhar dele.
Foi a percussão até o sorriso que voltou a brotar em seu rosto, à medida que aceitava o convite e o presente entregues por ele.
Enfim pôde conectar-se da maneira devida, através do aperto de mãos. Isso a obrigou a levantar, a fim de equiparar um pouco da diferença de altura que possuíam.
— Obrigada, mano Sirius! — exclamou entre os dentes, esbanjando regozijo em ter sido aceita. — Vamos juntos! Para onde tudo começou!!
Os primeiros raios solares escaparam da barreira criadas pelas montanhas ao leste.
Ambos foram iluminados pelo esplendor alaranjado, incumbido de criar um lindo crepúsculo que não ofuscava as estrelas da noite, cortadas pela faixa da Via Láctea no centro da abóbada.
E então o frio tornou-se calor.

Opa, tudo bem? Muito obrigado por ler mais um capítulo de A Voz das Estrelas, espero que ainda esteja curtindo a leitura e a história!
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