Volume 1 – Parte 1
Capítulo 15: Sob o Luar
Enquanto observava a lua cheia rodeada de nuvens e estrelas, Norman ponderava sobre tudo que vivenciou até então.
Nada corria como o esperado. A vida já posta em riscos que só tendiam a piorar e, na soma de tudo, só a sensação de frustração tomava conta de seu peito.
Sempre com pensamentos sobre o que poderia ter sido feito de diferente, se empenhava a fim de lidar com o amargor que tomava conta de sua boca.
Ainda tinha a ansiedade, responsável por fazê-lo olhar a cada cinco minutos a tela trincada de seu celular, prestes a desligar por falta de bateria.
Queria muito saber de qualquer desdobramento vindo do problema na universidade. Muito mais acerca de Helen, sobrevivente única de seu grupo de amigos.
Um dia e algumas horas se passaram desde o ocorrido e nada de mensagens ou ligações.
Cogitava ele mesmo fazê-la, fosse para a garota ou aos familiares dela. Porém, com tanta coisa na cabeça, nem queria incomodar.
Eram problemas demais só consigo...
Mediante tantas dúvidas e pouquíssimas soluções, lamentou e devolveu o aparelho celular ao bolso do casaco.
— Como você está?
A voz suave de Layla alcançou seus ouvidos e o fez espiar por cima do ombro.
Com nenhum contentamento no semblante, transmitido pelas sobrancelhas levemente enrugadas, ele proferiu outro questionamento:
— Cadê aquela Isabella?
Apesar da rusticidade no tom de voz do companheiro, ela sustentou uma expressão serena ao se sentar em uma pequena coluna de pedra.
— Pedi para que averiguasse a região. Não acho que o Marcado de Regulus tenha disposição para enviar outros de seus homens aqui, porém é sempre bom prevenir.
— Você realmente confia nela?
— Não diria que confio, pelo menos não como contigo. — A resposta sorridente dela tirou uma olhadela de canto do garoto. — De qualquer forma, ela perdeu a mãe, foi escolhida e acaba de perder seu irmão gêmeo. Senti sua sinceridade em desejar a derrota do Marcado de Regulus. Portanto, considerei a possibilidade real de termos sua ajuda.
Norman não pôde retrucar as palavras da aliada, embora guardasse óbvias ressalvas sobre a união com a Marcada de Betelgeuse.
Mas, no mínimo, nutria um pouco de confiança com ela para aceitar sua decisão.
Ainda mais ao se tratar das nuances daquele evento irreal, ela era a única com quem poderia contar sem pensar demais a respeito.
Dito isso, resolveu ir a outro ponto:
— Por sinal. Aquele cara falou sobre “termos de volta a preciosidade que perdemos”. O que significa isso? — Encarou-a de soslaio.
Layla permaneceu quieta a princípio, mas já esperava que, alguma hora, aquela indagação chegaria.
— É exatamente o que significa. — Ela se virou, levando os olhos melancólicos ao céu. — O sucessor do Rei Celestial pode fazer o impossível se tornar possível. Obviamente, não posso garantir que haja a possibilidade crível de fazer pessoas retornarem à vida, mas...
— Entendi. — A interrompeu, também olhando a abóbada celeste.
O silêncio perdurou por mais alguns segundos, levando a curiosa garota a perguntar:
— Algo mudou com relação a isto?
— Não sei — desabafou ao levar a mão sobre o rosto. — O que não mudou é a minha vontade de salvar a Bianca daquele maldito.
A Marcada de Vega expressou um sorriso tênue, porém satisfeito, em seu rosto.
Pela primeira vez, enxergou aquele rapaz como alguém confiável para ter ao seu lado.
E isso levou-a ao próximo tópico:
— Aliás, queria te mostrar outro detalhe importante sobre. — A garota retirou uma pequena pedra da calça de moletom. — Esse aqui é um Fragmento do Cosmos. É algo que todos os selecionados pelo Rei Celestial recebem quando os Áster despertam. Ingerir isto permite que seu corpo receba uma quantia de impulso energético intensa, fazendo com que seus poderes possam exceder os limites por certo período.
Mostrou o objeto que se parecia com uma gema safira ao garoto. Ele estendeu sua mão, então recebeu-o da garota.
O brilho da peça de padrão tridimensional, como uma pedra preciosa mineral de fato, tinha ainda a marca em relevo de uma estrela no centro.
— Se eu usar isso, posso elevar a capacidade da minha Telecinesia, então?...
— Porém, é uma faca de dois gumes. — Layla trouxe a atenção dele de volta. — Naturalmente ao permitir que o Áster extrapole os limites que o próprio corpo impõe a si, efeitos colaterais ocorrerão após o uso. Pode levar pouco ou muito tempo até isto ocorrer, portanto trate de usá-lo com sabedoria. Deve escolher o momento correto...
— E ‘tá me dando esse? — Mostrou de novo a ela.
— Este é seu. O retive depois que desmaiou no hospital, contudo não encontrei o melhor momento para te comunicar a respeito. O meu está guardado.
Coube a Norman aceitar aquelas novas explicações sobre tantos mistérios. E ele odiava ter que segurar mistérios na cabeça.
Portanto, após passar mais alguns segundos com olhos contemplativos sobre a pedra safira, a guardou no bolso onde tinha o celular.
Para Layla, era o suficiente. Como estava ciente acerca da inteligência dele, podia confiá-lo àquela utilização quando fosse única e somente o melhor momento para tal.
— Tudo isso valeu a pena mesmo? — indagou o rapaz, de súbito. — A gente ainda ‘tá vivo, mas muitas vidas inocentes foram... Por nossa culpa...
— Então é por isso que deseja tanto salvar aquela marcada? Para sentir exasperação após tudo que passou?
A inesperada e frígida rebatida da alva o fez ranger os dentes, sentindo a ferida ser tocada com exímia facilidade.
Através disso, destilou um olhar pesado a ela, corante como uma navalha.
Tão rápido e simples, ela, embora sem as intenções, foi capaz de acender o pavio das emoções congestionadas que ele guardava desde muito tempo.
— Eu não pedi pra participar dessa merda. Nem quero me tornar Rei ou sei lá o quê! — bradou, balançando o braço com afinco no ar.
— Mas você foi escolhido. Isso é um fato inegável.
Ela escondeu o rosto ao virá-lo para o outro lado. E tal reação junto daquele comentário causou um arrepio na espinha do garoto.
— Meus pais e meu irmão morreram... Os únicos amigos que eu tinha foram mortos... E acha que quero salvar a Bianca só pra “sentir exasperação”? — O rosto se ergueu, contorcido em ódio. Cerrou os punhos com pujança. — Que tipo de pessoa é você, Layla? Fica escondendo as coisas e fala como se ‘tivesse certa o tempo todo. Por que quer tanto assim ganhar isso, afinal?
E voltava a pergunta não respondida de antes que, naquele momento, tocava na ferida bem escondida até então por ela.
Pela primeira vez, foi como se toda a aura de segurança irradiada por Layla fosse inibida.
À medida que subiu as sobrancelhas, os olhos azul-escuros, sempre firmes, estremeceram.
— Você aguentaria... se soubesse o que deseja? — sorriu, ainda assim. Um sorriso que fez Norman boquiabrir. — Eu também perdi muito. Você não faz ideia... pelo menos não agora. Mas, se eu te contasse tudo... pode me garantir que não iria mudar depois de saber a verdade?
Àquela indagação melancólica, tal como os olhos dela de quando a viu encarando o céu naquele dia, o Marcado de Altair engoliu em seco.
Era a melhor chance, ele queria saber de tudo. Porém, o que restou foi o temor de até mesmo assentir em silêncio a cabeça.
Ele não fazia ideia, de fato. E isso tornava sua aflição tão desproporcional que o deixava inseguro de seguir adiante com aquele assunto.
Ao ver aquele bloqueio natural dele, Layla, vendo que tinha se arriscado à exposição mais do que planejava, mudou:
— Não é apenas você que possui dores, traumas e problemas. Precisamos ser fortes para lutar contra tudo isso e superá-las. — Voltou a levantar a cabeça. Os fios laterais do cabelo caíram à frente de suas vistas, não o permitindo a enxergar a expressão dela além daquele sorriso... — Se não pudermos seguir em frente... então tudo pelo que passamos não valerá de nada. Nem mesmo nossas vidas.
Desafiado pelas palavras carregadas da nívea, Norman experimentou um gelo afetar a região de seu peito.
Buscou nas memórias por algum momento em que ela havia demonstrado tamanha reação, sem sucesso em encontrar algo próximo daquilo.
Sem ter o que responder, permitiu que o silêncio se fizesse absoluto.
Não achava justo descarregar todas as frustrações naquela que lhe salvou. Reconheceu seu erro, apesar de sentir-se lesado por tudo que tinha pontuado.
Aquela maneira de tentar lidar com as coisas era a menos produtiva possível, reconheceu.
Layla, por seu lado, voltou a abaixar a cabeça e, cuidadosa, encarou-o de canto. Vendo o semblante cabisbaixo dele, respirou fundo.
Também reconhecia suas falhas e os motivos que o faziam agir daquele modo.
De fato, as escolhas que tomou desde o princípio poderiam ser questionadas.
— Foi mal... Não queria falar desse jeito.
Foi o que Norman disse, quebrando o gelo de toneladas entre os dois.
Então, a nívea pôde se expressar de forma devida também:
— Também não fui muito aprazível na escolha das palavras. Peço perdão por isto. — Ela se virou até ele. Os dois se entreolharam mais uma vez. — De fato, quanto aos caminhos a serem tomados, eu devo tomar mais cuidado e considerar a proposta de encontrar melhores soluções possíveis também a favor daqueles que não estão envolvidos.
Com a rápida reconciliação comandada por ela, o Marcado de Altair conseguiu exalar um respiro de alívio.
Claro, tudo que ela tinha lhe dito ficaria eternizado em suas memórias por um bom tempo.
Até que, como ela própria havia afirmado, o “dia” chegasse...
Os dois estavam até mais próximos do que sequer imaginavam. Quando continuaram a se olhar, como se atraídos a se aproximarem mais de forma inconsciente...
Perceberam a presença de Isabella, entre os dois, mas a alguns metros afastada.
Quando isso ocorreu, antes de darem os passos um em direção ao outro, viraram os rostos para a jovem de óculos.
Um pouco encabulada, ela pigarreou com a mão diante da boca e desviou o rosto levemente corado.
— Não quero atrapalhar os dois, então...
Queria falar para ambos continuarem, mas a dupla somente voltou a trocar olhares com dubiedade.
Ao voltarem a fitá-la, disseram em uníssono:
— Não está atrapalhando.
As palavras entrelaçadas serviram para elevar o interesse da jovem no momento.
Porém, nada além daquilo ocorreu.
— O que estavam prestes a fazer, então? — Estreitou as sobrancelhas, devolvendo o olhar aos dois.
— Tivemos uma discussão rápida, mas já está tudo resolvido. Estávamos a aguardando para terminarmos os planejamentos.
A Marcada de Vega deixou o parceiro de lado, se voltando à de Betelgeuse, que perdeu todas as expectativas instigantes que tinha.
No fim, ela virou parte do corpo e apontou em direção a uma pequena trilha de terra entre gramas altas.
— Eu encontrei um lugar que parecia ser uma casa daqui a alguns metros. Mas ela estava destruída...
— Podemos nos abrigar por lá? — indagou o garoto.
— Então. Sobre isso...
Isabella preferiu mostrar a eles o estado da tal residência que tinha afirmado ter visto.
Portanto, os guiou pela trilha até chegarem, depois de alguns minutos, nos destroços restantes daquela estrutura no meio do campo isolado.
— Pegou fogo? — murmurou ele, encarando os aspectos que indicavam a devastação por um incêndio no que havia sobrado da construção.
— E tem mais...
Com certo temor, Isabella indicou mais à frente, já pelo interior daquele espaço destruído.
Ao chegarem mais perto, Norman e Layla se depararam com algo assustador: ossos carbonizados, a maioria soterrada sob os escombros.
— Isso foi recente... — Layla franziu a testa.
O cheiro forte de carne queimada também pairava no ar, confirmando a colocação da alva.
Por sinal, a voz soturna expressada por ela fez o Marcado de Altair a encarar de novo.
Dessa vez, queria não desconfiar dela. Mesmo que a curiosidade voltasse a se manifestar.
Depois, voltou a fitar o local, até encontrar uma cruz de metal acima de alguns entulhos.
Lembrou-se, então, de nunca ter seguido qualquer tipo de crença.
Mesmo assim, não encontrou formas de evitar a sensação pesada que ali pairava. O peso equivalente àquilo que vivenciou, a tragédia que tirou dele sua família.
Ele não era o único.
Existiam outros, talvez incontáveis.
Ninguém estava pronto para perdas.
Ninguém estava imune a perdas...
Exalou um fraco suspiro em respeito àqueles que não abandonaram a própria devoção até o fim.
Se de alguma forma pudesse findar esses acontecimentos fatídicos... Pensar nisso fez ter uma rápida ideia, porém ela se esvaiu com o chamado de Layla:
— Achou algo a mais?
— Isso aqui... — Isabella puxou um revólver. — Tinha isso em uma bolsa que parece ter resistido ao incêndio. Também achei algumas balas dentro dela.
A de olhos azuis estendeu a mão no automático e recebeu o objeto da jovem. Analisou todo o equipamento, então o moveu com rapidez para abrir o tambor.
Nas câmaras de munição, havia uma bala em cada além das demais encontradas à parte.
— Você sabe usar isso? — Norman se aproximou, curioso.
— Conheço os mecanismos, então acho que não terei dificuldades em me adaptar... — Fechou um dos olhos, examinando cada detalhe. — Ei, Norman. Que tal treinarmos seu Áster um pouco?
— Tem certeza? Eu acho que já ‘tô dominando o suficiente...
— Quero testar algo novo. — Liberou a trava da arma e apontou em direção a ele. — Pode ser uma arma defensiva e tanto...
“Sério?”, ele forçou um sorriso torto ao entender onde ela queria chegar com aquilo.
— Podemos usar um terço desta noite. Também teremos tempo para que os ferimentos dela cicatrizem mais... — Encarou a de óculos, que tentava ao máximo não se meter outra vez nos assuntos deles. — Inclusive, fecharam bem rápido. Seria algo relacionado a teu Áster?
— Acho que sim...
A Marcada de Vega, ao receber a resposta tímida da jovem, levantou um pouco mais das curvas sorridentes dos lábios unidos e deu meia-volta.
Sem dizer mais nada, guardou o revólver com cuidado no coldre que tinha sido entregue por quem o achou e resolveu retornar para a trilha de terra.
Norman observou os passos comedidas dela, abrindo distância do local destruído pelas chamas.
Então, mediante a quietude nada confortável, Isabella apertou os lábios e se aproximou das costas dele.
— Ei... — O chamou com insegurança. O garoto virou o rosto. — O que pensa daquela garota?
— Sei lá — respondeu por meio de uma bufada. — Ela nem me contou o poder dela.
Pega de surpresa com aquele fato novo, Isabella abriu a boca.
— Pensei que fossem aliados. Que estranho...
E ele concordava com aquela reação.
Preferiu omitir o fato de que unir-se a ela não passava da única opção favorável ao objetivo de permanecer vivo.
Não lembrava um instante sequer onde ela teria utilizado tal poder oculto.
“Quando isso acabar, eu vou perguntar”, decidiu ir em frente, como a própria Marcada de Vega tinha lhe dito.
Ainda atordoado pelo confronto passado, Levi socou a parede do corredor na mansão que passava dentro da mansão.
Encontrava certa dificuldade para caminhar, mas recusava qualquer oferecimento de ajuda por parte dos soldados remanescentes.
Precisava superar aquele momento sozinho.
Era um pequeno preço a pagar por ter rompido o limite dos próprios poderes, decisão crucial que o permitiu continuar ativo na Seleção Estelar.
De quebra, ainda retirou um oponente complicado do jogo. E ainda assim isso o incomodava tanto quanto aquela agonia.
Afinal, foi descuidado a ponto de ter experimentado a sensação de medo...
Medo de ter tido a ínfima chance de ser derrotado.
— Sim... Isso não é nada... — murmurou consigo, ainda que avançando a passadas pausadas. — Afinal eu ainda nem usei... aquele Fragmento...!!
Se arrastou pelas paredes até seus aposentos, trancou a porta e acendeu as duas luminárias vermelhas posicionadas sobre o estrado da cama de casal.
Cambaleante, dirigiu-se até a penteadeira que descansava ao lado, quase jogando o corpo pesado acima dos porta-retratos posicionados à frente do espelho.
— Isso tudo... é culpa sua... Elisa...! — cuspiu como se fosse uma maldição.
Abriu uma das gavetas e encontrou o cristal safira com a marca de estrela no centro. Havia mais uma ao lado, de tom puramente branco.
A mão trêmula avançou com relutância às peças, o olho esquerdo encontrava-se arregalado. Quando os dedos a tocaram, tudo escureceu de repente.
A imagem de uma mulher surgiu das profundezas da mente deturpada. Seu sorriso parecia brilhar no meio do vazio obscuro.
Na sequência, essa mesma pessoa foi vista sentada sobre uma cama trajando vestes brancas, conforme o cabelo encaracolado dançava pelo ar.
O sorriso permanecia vivo na face pálida...
— Maria! — Retornou à realidade com as linhas contorcidas da face atordoada. — Maria... Maria... Maria!!
Repetiu o nome da mulher incontáveis vezes até cair de joelhos no chão.
Debruçou-se sobre a cama após devolver o Fragmento do Cosmos à gaveta ainda aberta. Os dentes rangiam com ímpeto à medida que forçava um sorriso de escárnio.
— Eu vou vencer... e irei te encontrar... onde estiver!...
Pegou um dos porta-retratos acima da penteadeira.
O único olho mirou a foto onde ainda possuía o outro órgão acinzentado... ao lado, aquela mulher sorridente abraçava seu braço com afeição.
Lembrar desse momento lhe fez soltar uma gargalhada que foi elevando o tom até alcançar o quarto escuro de Bianca.
Amedrontada pela reação anormal do Marcado de Regulus, a garotinha espremeu-se contra a parede fria, flexionou os joelhos e afundou a testa sobre eles.
Desejava se proteger das risadas perigosas que ecoavam do cômodo isolado.
Nada mais que isso...
Opa, tudo bem? Muito obrigado por dar uma chance À Voz das Estrelas, espero que curta a leitura e a história!
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