Volume 1
Capítulo 3: Despertar de Classe
Me recordei de tudo após receber o Olho da Verdade; do tempo em que fui usado e abusado, até quando usei a Pedra Filosofal no mundo para voltar ao passado.
E, bem, atualmente, se nada for feito, tal tragédia se repetirá, mas por motivos óbvios não posso permitir que aconteça.
Dessa forma, daqui em diante, farei o possível para evitar toda aquela desgraça.
"Em dois dias será meu aniversário…"
Quando eu for considerado um adulto, naturalmente despertarei minha classe — Curandeiro — Mas não só isso; junto a ela, ganharei a Marca Heroica.
— Tch… Por que eu tinha que ter essa maldita Marca?
A "Marca Heroica" era algo que apenas dez pessoas no mundo receberiam, e, com ela, quatro habilidades derivadas de sua classe apareceriam.
Elas eram:
- Fortalecimento de Classe: Que permite que o Herói eleve sua Classe Base para uma versão superior.
- Quebra de Limite: Concede aos Heróis a capacidade de não ter um limite de nível, que era uma coisa comum para todos os outros seres vivos.
- Aura da Experiência: Quando um Herói está em grupo, a quantidade de experiência ganha é duas vezes maior do que os grupos normais.
- Presente ao Aliado: Heróis conseguem aumentar o limite de nível de seus seguidores, desde que façam uma determinada coisa, assim quebrando o limite de nível padrão.
Claramente não ter um limite de nível era algo bom, do mesmo jeito que ganhar duas vezes mais experiência era, mas, sem dúvida alguma, tais habilidades "derivadas" foram as culpadas por me fazerem durar naqueles anos infernais.
Normalmente, seu nível era limitado em torno dos 20 a 30. Entretanto, caso tenha a Marca Heroica tal limite não existe; seus atributos poderão continuar crescendo cada vez mais.
E por isso pessoas com classes normais, mesmo relacionadas a combate, não se comparavam aos Heróis.
Mas bem, se minhas memórias antigas estiverem corretas, o valor de experiência ganha é duplicado caso um Herói participe duma equipe.
Portanto, quando eu, o Herói Curandeiro, fazia parte daquela equipe merda de Heróis, foi o dobro elevado por quatro, resultando em 16 vezes mais o valor base que era distribuído. No final, resultando no meu eu antigo "resistente".
Ao caminhar diligentemente pela floresta, decidi sobre meu plano inicial.
"A desgraçada deve chegar dentro de uma semana ou mais…"
Também de acordo com minhas lembranças, depois de eu ter conseguido a Marca Heroica, o reino enviaria uma escolta para me buscar em cinco dias.
Aparentemente, a já despertada, Heroína Maga, Flare, possuía em sua marca uma habilidade capaz de localizar o nascimento de um novo Herói. Assim, vindo me encontrar.
"Então, escapar do reino está fora de questão."
Havia duas razões para isso.
A primeira: Nenhum Marcado poderia fugir de Flare por causa da habilidade de localização.
E se seu nível fosse baixo e não tivesse habilidade alguma… Certamente a força de elite da família real o prenderia. Portanto, caso quisesse seriamente escapar, teria que arrumar um jeito de enganar a tal habilidade. Sem contar que só pode haver 10 Heróis Marcados no mundo, então a realeza certamente mataria aquele que fosse mais inútil, a fim de dar a luz a outro.
A segunda razão: Eu preciso "copiar" técnicas úteis, sejam de mestres ou sábios — com isso, a "Cura Mimética" será criada.
Em minha vida passada, sendo incapaz de suportar a dor de usar a Cura Regenerativa, fugi, apenas para ser pego de volta e drogado. Depois disso, o reino me fez curar todo o tipo de soldado no qual o Elixir não podia.
Embora tenha sido um pesadelo, foi a chance de "aprender" as técnicas de guerreiros fortes.
Mas agora havia uma opção menos dolorosa que eu poderia tomar, que era usar a Cura Regenerativa no máximo de pessoas, não tão fodidas, e depois escapar do castelo real usando as técnicas que recebi.
Mas claramente haveria contratempos para superar.
"Primeiro preciso obter a habilidade de Resistência a Drogas…"
Com ela, mesmo que eu acabe sendo drogado, não vou virar um retardado sem consciência de novo. E também vou precisar de força caso eu queira escapar, por isso aumentar meu nível é preciso também. Porém, não me preocupo muito com esse último detalhe, até porque quanto mais eu usar a "Cura Regenerativa", mais o meu nível aumentará também.
No caminho ao vilarejo, recolhi cogumelos venenosos, plantas e as coloquei em minha bolsa.
Demorou muito tempo para adquirir a "Resistência a Drogas" da última vez, já que eu tinha me viciado e me jogado ao prazer delas. Para conseguir tal habilidade, preciso tentar resistir aos efeitos venenosos dos cogumelos e plantas, portanto, se eu continuar a ingeri-las por uma semana, devo conseguir algo... Na verdade, não tenho muita fé que vá obter a habilidade em uma semana, mas sim num futuro próximo. Obviamente, desde que eu continue tentando e resistindo.
Agora que já decidi meu plano, precisava começar a me preparar para executá-lo.
"Mas... apenas fugir não é divertido…"
Em minha vida passada, a Heroína Maga não me matou, porém me drogou ao ponto de virar um cachorro obediente, então eu estava ansioso de fazer algo parecido a ela.
Só que eu não sou tão arrombado assim. A Flare deste mundo não me fez nada de mal, por isso não faria sentido tentar algo. Desde que ela não tente me "quebrar", eu a deixarei ir. Caso contrário, definitivamente me vingarei.
Eu a farei entender como é ser tratada como lixo.
Usando meus conhecimentos, continuei a ingerir plantas venenosas e cogumelos, que não estavam no nível de poder matar alguém, e caminhei pela floresta.
✚
Já se passaram dois dias desde que recebi o Olho da Verdade e estou muito mais acostumado a me envenenar com ervas e cogumelos.
Atualmente, fui ao rio para beber água, e, ao ver meu reflexo no rio, percebi que meu rosto estava só o pó.
Talvez eu tenha ido um pouco longe demais... Bem, seja o que for, era algo necessário para o futuro.
Olhando para o céu, a lua cheia brilhava — meu braço começou a doer como se estivesse queimando.
— Finalmente.
Eu agora era um adulto, e nas costas da minha mão uma marca geométrica havia sido gravada — a prova de que eu era um Herói. A minha classe deve ter despertado também.
Olhando para a superfície do rio, usei a habilidade que recebi do espírito.
Normalmente, não se podia ver seus atributos sem usar uma ferramenta mágica chamada de "Avaliador". Entretanto, com meu Olho da Verdade, posso ver as informações de qualquer um sem usar tal ferramenta.
— Informações —
Nome: Keyal
Raça: Humano
Classe: Curandeiro | Herói
Nível: 1
— Atributos —
[ATQ Físico: 5 | ATQ Mágico: 7]
[DEF Física: 6 | DEF Mágica: 8]
[Mana: 12/12] [Velocidade: 7]
— Habilidades —
Cura Regenerativa「Lv1」
— Talentos —
Recuperação de Mana Eficaz: a recupere 10% mais rápido.
Aumento da Eficiência nas Habilidades de Curandeiro.
Quebra de Limite de Nível... [+]
Aura da Experiência... [+]
Presente ao Aliado... [+]
É muito útil poder ver seu atributo sem uma ferramenta mágica, principalmente para mim, que preciso checar as informações das pessoas que desejo copiar as técnicas.
E o poder do Olho da Verdade não parava por aí — melhor do que só ver as informações básicas que uma ferramenta mágica faria, agora eu conseguia até mesmo ver a aptidão das pessoas…
— Aptidão —
[Nível Limite: ∞] [Mana: 110]
[ATQ Físico: 50 | ATQ Mágico: 105]
[DEF Física: 50 | DEF Mágica: 125]
[Velocidade: 120] [Valor Total de Aptidão: 560]
Os seres vivos tinham um nível limite — que agora era possível ser visto por mim — mas não importava o quão alto eram seus atributos, se o limite de nível fosse no máximo 10, em outras palavras, essa pessoa seria inútil.
E a parte importante era o valor de aptidão: já que o aumento em certos atributos, após subir de nível, depende disso.
Se o seu valor de aptidão for baixo, não importava o quanto aumentasse seu nível, você não ficaria mais forte.
No meu caso, como um Curandeiro, os meus atributos físicos eram uma merda, enquanto os outros eram melhores.
Se eu usar o Olho da Verdade, provavelmente seria capaz de encontrar pessoas com alto nível de aptidão.
"Certo, certo… está tudo indo bem."
Sendo assim, tudo o que restava era seguir a história como antes.
Entretanto, mesmo odiando aquela puta chamada Flare, estou impaciente pelo nosso reencontro.
E rezava em minha cabeça para que ela fosse aquele mesmo lixo que conheci na minha vida anterior. Se assim fosse, posso realizar a minha vingança com todo o prazer do mundo, e tratá-la como um animalzinho de estimação.
Com um leve sorriso, levantei e comecei a andar.
Certificando-me que certamente iria cumprir meu desejo, dei um passo de cada vez, tudo pela vingança.