A Última Ordem Brasileira

Autor(a): Hanamikaze


Volume 1 – Arco 1

Prólogo: Meu Querido Irmão

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Uma manhã ensolarada, pássaros cantando e sobrevoando o céu em conjunto, cantando sincronizadamente com a sinfonia deixada pelo vento. Observando a calmaria daquele jardim, um garoto se encontrava deitado na grama de uma pequena colina, em frente ao reino de Eldoria. Aquele garoto com cabelos tão negros quanto a escuridão do Abismo, e olhos tão azuis quanto um lago congelado, em um dia nevado. Aquele pequeno garoto de 9 anos de idade, era Lity Numinor. Em sua testa, havia uma grande marca em formato de X, que brilhava com uma aura vermelha.

Uma pequena borboleta de asas azuis voava acima do garoto, ele ergueu um dedo para o alto, e a borboletinha pousou em seu dedo, balançando lentamente as asas. Assistindo aquela cena, ao longe, seu irmão Aquiles Numinor. O garoto loiro, com cabelos amarelos que lembravam as pétalas de um girassol, e olhos verdes como esmeralda, deitou-se ao lado de seu irmão, Lity. Em sua testa, havia uma marca parecida com um losango, que brilhava em um tom branco.

— Observando o céu novamente, Lity? — perguntou o garotinho, sorrindo para o irmão.

— As estrelas ainda me encantam… eu queria poder segurá-las algum dia — respondeu Lity. Naquele planeta, mesmo de dia, a luz das estrelas ainda era visível ao céu.

— Um dia chegaremos as estrelas juntos, Lity… — disse, esboçando um sorriso de canto.

— Promete…? — perguntou o irmão de cabelos negros. A borboleta em seu dedo logo voou para longe, assim que terminou a pergunta.

— Prometo… veremos o espaço, juntos.

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Anos após este evento, os dois irmãos já tinham seus 13 anos de idade. Lity estava agora no centro do reino, sendo julgado pelos atos que nunca havia cometido. Os cavalheiros reais e feiticeiros sagrados da época tornavam suas visões ao garoto no centro de todos. Sendo desprezado pelas pessoas do reino, e no topo da escadaria que levava até o castelo, estava ali, seu irmão Aquiles, fitando-o.

Os sete grandes magos voltaram suas visões para o irmão de cabelos loiros, que olhava Lity com desprezo também. Esperaram as ordens do garoto, para que as medidas fossem tomadas.

— Você conhece este garoto, vossa majestade? — perguntou um dos magos, ao Aquiles.

Naquele momento, os irmãos se entreolharam. Lity com uma expressão de desespero, e Aquiles de desgosto. O mundo em volta deles desapareceu, restando apenas os dois irmãos, conectados pela alma.

No interior de suas mentes, Lity aproximou-se de Aquiles, com passos lentos, chegando perto do garoto gradualmente, estendendo as mãos, como se pedisse a piedade de seu irmão.

— Você acredita em mim… não é…? Eu juro que eu não o matei… Aquiles, eu juro… eu não… — lágrimas apareciam no rosto de Lity, mas Aquiles não ouviu. Quando se aproximou o suficiente, fez com que Lity parasse de se aproximar, barrando-o com um dedo em sua testa. Dedo este posicionado bem no centro do X, marcado eternamente em sua alma.

Naquele momento, os dois voltaram para a realidade. Lity estava no centro do reino, e Aquiles da escada, apontava com o mesmo dedo para o garoto. Julgando-o.

— Eu não conheço essa pessoa… joguem-no ao Abismo. Ele será condenado à escuridão.

O tempo se passou novamente, e a história dos irmãos não acabou por aí. Após sua expulsão do reino de Eldoria, os dois irmãos se reencontraram mais uma vez. Agora, os dois tendo 17 anos. Aquiles, com uma espada estendida na direção de Lity. Aquela era a verdadeira e pura excalibur, espada sagrada concedida ao príncipe de Eldoria.

— Aquiles… esse embate não faz sentido! Me escute pelo menos uma vez! O rei está tentando te usar… isso não vai acabar bem para nenhum de nós! — exclamou Lity, preocupado com o estado mental de seu irmão. O garoto carregava um arco de madeira em sua mão, com apenas uma flecha restante.

— Você não é mais digno do sobrenome real, Lity… você sujou o nome dos Numinor, e agora deve ser exterminado.

O garoto segurou a excalibur com mais pressão, e as correntes divinas que seguravam o corpo do dragão ao fundo do cenário apertaram-se mais, enquanto o dragão gemia de dor, tentando escapar daquele sofrimento proposto por Aquiles.

— Você vai matar o Asch com isso! — berrou Lity, desesperado, referindo-se ao dragão.

— “Asch”... é assim que nomeou essa aberração? Que pena…

As correntes apertaram ainda mais o corpo gigante do dragão contra aquele solo rochoso. Os dois estavam no interior de um vulcão, enquanto uma guerra era travada ao lado de fora. Ao ver seu dragão ser tratado daquela forma, os olhos de Lity por um breve momento tomaram um tom avermelhado, como o sangue humano.

Com um berro, sentindo pela primeira vez fúria verdadeira contra seu irmão, ergueu a última flecha no arco, que tomou uma aura roxa. Uma aura quente e destruidora. A aura devorou toda a estrutura do arco. Lity soltou a flecha, direcionada bem no peito de seu irmão Aquiles, que em resposta brandiu a lâmina da excalibur, entrando em um embate de magia, Lâmina Sagrada contra Flecha Amaldiçoada.

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Anos depois do confronto, os dois agora tinham 21 anos de idade. Lity junto de sua mulher retornou ao reino de Eldoria, com o objetivo de rever sua família novamente. Aquiles não gostando nada da visita repentina de Lity, revoltou-se contra a decisão da realeza ao deixar aquele que em sua visão era um tirano, adentrar-se em suas terras.

Em uma certa noite, Lity retornou ao reino após uma caçada. Ele já morava no reino novamente faz três semanas. Mas nesta noite, quando retornou, o reino estava completamente engolido por correntes divinas, em uma coloração esbranquiçada. O castelo destruído e sendo esmagado por aquelas correntes, aquela era uma das piores cenas que já tinha visto na vida.

Entrou com pressa pelos portões do castelo, e no salão principal, contemplou seu maior pesadelo. Sua esposa, Allyn, estava morta nas mãos de Aquiles. Seu filho, aquele futuramente nomeado “Eterno”, foi forçado por Aquiles a sair de dentro de sua mãe, antes que a época do parto ocorresse, com apenas oito meses de gestação.

— A… Aquiles…? — gaguejou, com olhos arregalados, lágrimas escorrendo, e uma expressão boquiaberta, tomada pelo mais puro sentimento de terror.

Um confronto ocorreu naquela noite. O embate mais marcante de toda Eldoria, a luta que decidiu o destino de todos os habitantes do reino. Aqueles que antes eram humanos, que agora se tornaram demônios. Lity os transmutou involuntariamente, para que pudesse apunhalar Aquiles, com toda sua fúria. Mas mesmo com tantos esforços, seu irmão, Aquiles Numinor, escapou da morte iminente.

— Por que tanta desgraça… envolve toda minha vida…? — murmurou Lity, chorando, sentindo-se derrotado nos destroços do que sobrou do castelo. Ele lentamente se levantou, com os destroços caindo entre lágrimas, mas seus olhos agora estavam completamente vermelhos. Não tinham mais o tom e o brilho de antes, agora ansiavam por sangue e pela cabeça de seu único irmão. — Eu juro… quando eu voltar… eu vou matar você, Aquiles…

Se passaram mais três anos, e agora os dois irmãos tinham seus 24 anos de idade. Dentre um lugar escuro e vazio, em que o silêncio se propagava e a calamidade corria com o vento, sons de pequenas gotas de água pingando ao chão ecoavam pelo lugar. Vinham de goteiras, que pingavam das estacas de pedra ao céu da caverna. Este lugar, era onde o destino de todo o universo seria marcado para sempre. O começo de uma nova era.

Duas silhuetas caminhavam pelo horizonte escurecido da caverna. Um homem com uma capa negra, grande o suficiente para se arrastar pelo chão, e um capuz tapando sua face. Já a outra figura, era como um demônio, com uma pele dura e em um tom carmesim. Tinha grandes chifres negros e um enorme cabelo prateado que se estendia até sua cintura. Uma face sorridente consumia o seu rosto, era como se o demônio não tivesse outra expressão além daquele sorriso maligno, e penetrante.

— Para onde iremos… meu senhor? Por que vagamos nesta escuridão? — questionou o demônio vermelho.

— Encontraremos a nossa própria verdade… não pararemos… até que Aquiles pereça sobre nossos pés. E então, concluiremos a profecia — respondeu o homem encapuzado. Enquanto andava, apoiava-se em seu cajado, que criava pequenas vibrações na água ao chão da caverna ao bater no solo.

— Mestre Lity… você não me deu detalhes sobre algum tipo de profecia, pelo o que estamos buscando?

Lity levantou o cajado que usava  para caminhar pela caverna, e o vazio se iluminou com diferentes luzes radiantes pairando à frente deles. Cada luz tinha uma cor própria. No centro de cada uma, relíquias brilhavam radiantemente: Cálices, jóias, amuletos, armas… artefatos divinos dados a seres superiores do espaço. As relíquias flutuavam no vazio adiante, e propagavam essas luzes fluorescentes. O homem abriu os braços, ainda com o cajado na mão, e citou as seguintes palavras:

— Não se preocupe, Aka… vai ser o nosso recomeço… — disse Lity, erguendo lentamente os braços para o alto, enquanto a energia daqueles artefatos divinos uniam-se no centro da caverna, abrindo uma fenda dimensional que levava até o centro do Abismo.

— Eu chamo isto… de revolução. Vamos, Aka… pois esta será… A Última Ordem.

Estas eram memórias antigas de coisas que aconteceram no passado. Um passado distante, em que o universo estava em grande catástrofe, e o caos beirava o fim dos tempos. Mas agora, 5000 anos depois, as pessoas convivem em uma “pré-harmonia”, quase sem guerras, quase sem conflitos. Apenas vagando pela calma e pacífica tranquilidade do espaço em suas naves, contemplando o vácuo entre os mundos, e os eventos magníficos que a imensidão pode lhes proporcionar. 

Esta foi a primeira vez no universo, em que “A Profecia” definitiva, foi concluída.

Notas:

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