Volume 4

Capítulo 3: Espera. Sério?


Este Capítulo foi traduzido pela Mahou Scan entre no nosso Discord para apoiar nosso trabalho!


Os sons de páginas de livros sendo viradas e canetas deslizando pelo papel podiam ser ouvidos na sala com ar-condicionado. Mais uma vez, Masachika estava fazendo a lição de casa de verão com Alisa na sala de estar. Ele estava sozinho em casa com uma garota de beleza inigualável. 

Embora qualquer garoto comum na puberdade estivesse imaginando todos os tipos de cenários, essa era a quarta sessão de estudos deles juntos, então a novidade já havia passado, e ele conseguia se concentrar nos estudos… ou pelo menos, desejava que fosse assim. 

Toda vez que Alisa vinha, ela ficava mais quieta, e a pressão estava gradualmente se tornando insuportável. Pressão para fazer o quê, alguém poderia se perguntar? Simplesmente, parecia que Alisa estava dizendo: "Vamos realmente só estudar todas as vezes que fazemos isso?"

Mesmo agora, ele sentia uma pressão estranha enquanto ela escrevia silenciosamente, parecendo calma. Honestamente, desde o primeiro dia que ela veio, ele sentia que ela estava vestida um pouco elegante demais só para fazer a lição de casa. Seja como for, as mulheres costumam se vestir para se sentir bem e não para os outros, então talvez fosse egocêntrico, para dizer o mínimo, pensar imediatamente que ela estava se vestindo para ele. 

E foi por isso que Masachika não mencionou sua aparência nenhuma vez. Mas hoje — hoje, ela estava usando um pouco de maquiagem, fazendo sua beleza já de outro mundo se destacar ainda mais. Sua boa aparência era intimidante de certa forma, e não havia como Masachika ignorar os sinais.

Ela obviamente está se arrumando por algum motivo... mesmo que estejamos apenas fazendo a lição de casa de verão...

Apesar de já estar acostumado a olhar Alisa nos olhos, quando a viu… armada até os dentes assim, ficou cativado. Talvez a palavra cativado não fizesse justiça aos seus sentimentos. Ele estava genuinamente grato por ver algo tão agradável aos olhos. Apenas olhar para ela lhe trazia alegria. Ele estava essencialmente adorando-a.

"...O quê?"

Alisa percebeu seu olhar e levantou a cabeça curiosa. 

"Nada... Eu só estava notando sua maquiagem, já que não é comum vê-la usando."

"Oh... sim, eu passei um pouco esta manhã, eu acho?"

"Bem, você está — Uh... Você está ainda mais bonita hoje do que de costume." Ele elogiou, embora um pouco desajeitadamente.

"...Obrigada." 

Ela respondeu estoicamente como se estivesse acostumada a ouvir isso. No entanto, o ar tenso de antes parecia ter se dissipado um pouco, e seus lábios ligeiramente curvados mostraram que seu comentário a fez feliz, apesar de como poderia ter parecido. 

Mas no instante em que Masachika baixou timidamente os olhos para seu caderno, os lábios de Alisa se apertaram novamente. Ela olhou para o topo da cabeça dele com claro descontentamento, mexendo no laço novo amarrado no cabelo enquanto sussurrava em russo:

"<Тогда пригласи меня уже куда-нибудь.>"

(Então me convide para sair pra algum lugar.)

"...Você disse algo?"

"Eu só disse que você perdeu um ponto por demorar tanto para me elogiar. Só isso."

"Bem, desculpe. Você estava tão linda que fiquei sem palavras."

"Oh, vamos lá. Eu só me arrumei um pouco. Nada mais."

Você não pode estar falando sério, pensou Masachika enquanto a olhava friamente por ter a audácia de dizer tal coisa. Alisa nunca usava maquiagem. Era sempre como se ela dissesse: "O quê? Maquiagem é contra as regras da escola? Eu não me importo. Eu nem uso maquiagem." Mas não hoje. Embora não fosse muito, ela ainda fez a maquiagem hoje, então chamar isso de "um pouco arrumada" como se não fosse grande coisa era absurdo.

Alisa desviou os olhos do olhar cético de Masachika e acrescentou:

"Eu estava... Eu estava praticando um pouco. As pessoas no mundo real zombariam de mim por não saber como fazer minha maquiagem, então pensei em tentar sempre que tivesse um tempo livre..."

"Huh. É mesmo?"

"...Por que você está me olhando assim?"

"Apenas apreciando minha vista. Você é tão bonita, não importa de que ângulo eu te admire. Eu poderia admirar você o dia todo." 

Ele respondeu em um tom monótono, ainda impassível. Depois que o canto do olho de Alisa se contraiu, seu rosto de repente brilhou como se tivesse sido atingida por uma ideia que a fez sorrir.

 "<Ты уверен, что с тобой все в порядке, просто смотришь?>"

(Você tem certeza de que está bem só olhando?)

Seus olhos eram convidativos e sua voz provocante. Masachika enrijeceu com o súbito sussurro sedutor em russo.

"...O que foi isso?"

"Eu estava simplesmente me perguntando se você sabe o que é uma boa maquiagem." 

Ela bufou de maneira depreciativa, cruzando os braços enquanto se inclinava para trás na cadeira.

"<Давай, ты можешь поиграть, если хочешь, понимаешь?>"

(Vamos lá, você pode tocar se quiser, sabe?)

...Tocar o quê?

Masachika estava genuinamente curioso enquanto os melões maduros balançavam, reafirmando sua presença sobre os braços dela. Seus olhos se fixaram nos de Alisa; ele se sentia um pouco irritado com o sorriso arrogante dela, que se curvava com um senso de superioridade, como se dissesse: "Heh! Você não tem ideia do que estou dizendo!"

Sua pestinha... Eu me pergunto como ela reagiria se eu dissesse, "<Я не возражаю, если сделаю это!>" (Não me importo de pegar neles!) antes de apertar com força os seios dela.

Ele imaginou a expressão no rosto dela se ele realmente seguisse em frente. Era uma ideia profundamente interessante, e definitivamente algo que ele adoraria tentar se pudesse salvar antes e depois carregar seu arquivo. No entanto, era bastante óbvio que a opção levaria a uma tela de game over, e ele valorizava sua vida, então decidiu se limitar a apenas imaginar a reação dela.

Desconhecendo os pensamentos gentis (?) de Masachika, Alisa jogou o cabelo para trás com a mão direita enquanto sugeria:

"<Сегодня ты можешь делать со мной все, что захочешь.>"

(Você pode fazer o que quiser comigo hoje.)

♫♫Viva. Eu posso apertar a vida deles até o último suspiro.♫♫

Depois de receber permissão em russo, Masachika abriu as mãos antes de mergulhar diretamente em seu decote... em sua imaginação, mas no mundo real, ele simplesmente desviou o olhar, voltando-o para o mundo além da janela.

Aposto que ela está pensando: "Você teve a chance da sua vida e nem percebeu, idiota. Que patético." Bem, adivinha só? Eu percebi, e estou sendo um cavalheiro fingindo não entender! Você é a idiota aqui! Deveria estar me agradecendo!

Ele continuou a ter discussões imaginárias em sua cabeça, fingindo não notar Alisa sorrindo alegremente para ele com um leve rubor. Ele parecia um perdedor ressentido, mas ainda mais patético. Foi então que Alisa suspirou e lançou um ataque de acompanhamento.

"Tempo esgotado. Você perdeu."

"...Perdi o quê?"

Quando ele olhou na direção dela, ela devolveu o sorriso de forma condescendente, como se ele fosse algum tipo de simplório.

"Você acabou de perder a chance da sua vida."

"Com licença?"

"Eu sinto pena de você. Você esgotou toda a sua sorte do mês."

"Do que você está falando?"

"Você saberia se entendesse um pouco melhor as mulheres."

Alisa bufou com uma sobrancelha levantada. Ela estava agindo como uma mulher sofisticada provocando um garoto jovem e inexperiente. Seu olhar arrogante estava repleto de um senso de superioridade. Até Masachika estava começando a ficar irritado.

Com licença?! "Você saberia se entendesse um pouco melhor as mulheres. Derp." Você não precisa entender mulheres para entender o que ela está dizendo! Você precisa entender russo! Usar uma barreira linguística para se proteger enquanto me zoa... Então você gosta de fingir que é uma garota safada, huh?! Vamos ver se consegue manter esse sorriso arrogante no rosto quando eu te empurrar na cama.

"Faça! Faça isso!" 

Incentivava a pequena demônia Yuki em seu ombro, enquanto a pequena anjinha Maria no outro ombro tentava impedi-lo.

"Você não deve fazer uma coisa dessas com Alya!" 

Ela gritou, ajudando (?) Masachika a suprimir seus instintos selvagens.

"O-Oh? Isso é engraçado vindo de alguém que parece não saber absolutamente nada sobre homens." Ele exclamou, com o rosto tenso.

"...Continue."

"Você entrou na casa de um homem que essencialmente vive sozinho. Isso é bem ingênuo, se quer saber."

Ele riu de forma condescendente, mas com a sensação de que estava cavando sua própria cova. As sobrancelhas de Alisa se levantaram, e ela ergueu o queixo com um sorriso provocador.

"Ah, é mesmo? Prove."

Ela claramente estava tentando provocá-lo, como se estivesse rindo para si mesma e dizendo: "Você não tem coragem de nem me tocar," o que fez Masachika sorrir.

Heh... Heh-heh-heh... Ela claramente está me subestimando. Parece que é hora de mudar para o modo cara-cool! Não assisti todo aquele anime inspirado em simuladores de namoro à toa!

Não havia como ele recuar agora depois de ser tão incitado. Ele interiormente uivou como um lobo, lentamente levantou-se e deslizou ao redor da mesa para sentar-se ao lado de Alisa. Quando ela olhou para ele, ainda de braços cruzados, ele se preparou para gesticular com o queixo para que fossem para o seu quarto. Era um movimento badass que todos os caras legais da TV faziam, mas...

Espere... Alya tem um ego enorme. Certamente, ela odeia caras excessivamente confiantes como este. Provavelmente devo manter algo um pouco mais suave...

Ele de repente mudou de ideia momentos antes de realizar o ato. No entanto, sua mão direita já estava estendendo-se, quase tocando a bochecha de Alisa. Não havia como voltar atrás agora, mas se ele não fosse mais gesticular com o queixo, para que usaria essa mão?

"....."

E após hesitar o máximo que pôde, prontamente escorregou a mão sob o cabelo de Alisa, colocando-a sobre sua orelha enquanto sorria e exclamava:

"Estarei no meu quarto esperando."

Ele então soltou uma risada presunçosa, virou-se e entrou no seu quarto antes de fechar a porta, onde sorriu confiante como se dissesse: "Eu mostrei para ela!"

Isso acabou sendo ainda pior do que gesticular para o meu quarto com o queixo!! Ahhh!!

Ele desabou no chão, cobrindo o rosto com ambas as mãos. Rastejou até a cama e enterrou o rosto no cobertor, gritando sons bizarros no abismo.

"Vou estar no meu quarto esperando"?! O que diabos há de errado comigo?! Isso é algo que você diz para alguém quando a pessoa está se levantando para ir a algum lugar! Tipo, tomar um banho ou algo assim! Quem diabos diz isso aleatoriamente para alguém na mesa e depois sai deixando a pessoa lá?!

Ele estava criando uma compilação de vergonha em tempo real que certamente relembraria no banho por anos. Ele se contorceu e apertou seu cobertor de verão até o último suspiro. Suas articulações estalaram enquanto ele flexionava todos os músculos do corpo... e então ele ficou mole.

Ngh... Bem, acho que isso pode ser uma coisa boa dependendo de como você olha para isso. Depois que passar mais um minuto, posso simplesmente sair correndo do quarto e gritar, "Por que você não veio?!" e fazer parecer uma piada. Então poderíamos voltar a fazer nosso dever de casa como se nada tivesse acontecido.

Masachika usou o poder do otimismo para se consolar... quando de repente ouviu uma batida hesitante na porta.

"...?!"

Seu rosto, enterrado no colchão, se levantou em choque, mas depois de correr para se sentar na beira da cama, ele respondeu com indiferença:

"Sim?"

A porta então se abriu lentamente, revelando Alisa, que olhava para baixo e parecia um pouco séria.

Ela realmente veio?! Por quê?!

Masachika ficou tenso com o desdobramento completamente inesperado dos acontecimentos, mas Alisa parecia não notar. Ela cruzou o braço esquerdo sobre o peito e usou a mão direita para brincar com o cabelo. Ela evitava contato visual, e sua expressão dizia: "Bem, suponho que posso dar uma nota de aprovação para sua cantada. De qualquer forma, aqui estou. De nada." Ela ainda estava agindo como se fosse a mulher perfeita e inocente que reacendeu o fogo competitivo no coração de Masachika. 

Se é assim que você quer fazer isso, então vamos fazer, ele pensou. Com cada fibra de seu ser, ele relaxou sua expressão, então sorriu presunçosamente e deu um tapinha no espaço ao lado dele na cama, chamando-a docemente.

"Venha. Sente-se comigo."

Me mateeeee!

E ele foi imediatamente tomado pelo arrependimento. Fazer algo que apenas os caras legais poderiam fazer empurrou sua vergonha além do limite, e ele queria morrer. Sua expressão congelou, e ele estava mentalmente se contorcendo de dor.

"...Hmph." 

Alisa resmungou friamente enquanto...

Ela se sentou! Por quê?! Por quêêê?!

Ela se sentou lentamente, então recruzou os braços casualmente e continuou a brincar com o cabelo enquanto olhava para o outro lado.

Esta é a parte em que você deveria ficar enojada e ir embora! Então eu faço uma piada idiota, e tudo volta ao normal! Você tem certeza de que está bem com isso?! Eu nem vou mencionar o que isso significa, mas você tem certeza de que está bem?!

Eles estavam sozinhos no quarto dele, na cama. Só os dois. Só havia um desfecho para essa situação que Masachika conseguia imaginar.

O-O-O-O que devo fazer?! Devo fazer algum tipo de piada idiota e estragar o clima?! Não, ela vai achar que sou um covarde se fizer isso agora! Ela vai pensar que sou um perdedor sem coragem!

O que ele definitivamente era, independentemente do que qualquer um pensasse. Ele não tinha coragem de empurrá-la para a cama nem a iniciativa com uma mulher que ele havia levado para o seu quarto. Mas admitir isso significava admitir a derrota, e ele não ia aceitar isso.

Mas se eu recuar agora...

Ele imaginou o sorriso presunçoso e condescendente de Alisa. "Ah? Eu pensei que você ia me ensinar como os homens funcionam? Os homens geralmente se acovardam assim?" Apesar de saber que ele criou toda a situação em sua cabeça, isso ainda o irritava. Ele entenderia se fosse realmente uma mulher mais velha e experiente falando, mas...

Você não tem direito de dizer algo assim! Você nunca nem teve um namorado antes! Você mal tem amigos!

Masachika deu mais um passo em direção à força motivadora em seu coração: seu espírito rebelde, que ardia mais do que nunca. Ele reposicionou os quadris para se aproximar de Alisa — suas pernas estavam quase se tocando. Enquanto ela continuava a olhar para o outro lado, ele sussurrou em seu ouvido:

"Você está nervosa? Isso é tão adorável."

Alguém, me mate! Por favor!!

Ele se imaginou inclinando-se para trás o máximo que podia, cobrindo o rosto de vergonha por criar um novo recorde de momentos vergonhosos consecutivos em um único dia. Ele estava destinado ao fracasso, não importava o que fizesse. Era um inferno vivo.

Yuki! Ayano! Eu nem me importaria se o papai viesse me resgatar agora! Eu aceito qualquer um! Só me salve! Membros da família geralmente entram em cenas assim mesmo!

A esperança de que algum clichê de anime o salvasse era profunda, mas nada tão conveniente (inconveniente?) jamais aconteceria na vida real. Seja como for, ninguém jamais veio para salvá-lo no final. Alisa olhou rapidamente para ele com um olhar de soslaio. Seu rosto congelou por um segundo, mas ela imediatamente forçou os lábios a curvarem-se provocativamente para esconder isso.

"Eu? Nervosa? De jeito nenhum. Se algo, você é quem parece nervoso." Ela insistiu, levantando o queixo no ar... antes de se deitar na cama.

"Vamos lá. Você vai me ensinar como os homens funcionam, certo?"

Ela permaneceu de lado com o corpo levemente curvado, suas bochechas levemente ruborizadas. Seus ombros tensos apenas provaram ainda mais que ela estava fora de sua zona de conforto e se esforçando demais.

Sério?! Pare de fingir ser durona! Você não me dá outra opção a não ser me jogar em cima de você! Em. Cima. De. Você!

A situação havia se transformado em um jogo de coragem. Quem recuasse primeiro, perderia.

Ahhh! Eu até aceitaria um círculo de invocação para um mundo paralelo agora! Povo do novo mundo, eu tenho uma heroína feminina para vocês aqui! Hmm? Espere. Eu não seria invocado também e me tornaria um invocador se continuar sentado aqui? Seja o que for! Eu aceito qualquer coisa! Alienígenas, invasores de outras dimensões — qualquer coisa! Só me tire dessa confusão!!

Talvez o universo tenha ouvido seus apelos, porque Alisa de repente se mexeu como se tivesse notado algo. Ela alcançou o cobertor de verão em cima da cama... e sua expressão esfriou.

"...Masachika." 

"Hmm?"

Do nada, sua voz estava distante e mais baixa do que antes, o que na verdade fez Masachika se sentir um pouco aliviado, embora confuso. Ela então se sentou lentamente na cama, despreocupada com a reação dele... e estendeu algo que segurava na mão direita.

"O que é isso?"

Era um único e looongo fio de cabelo preto.

A-Ah, aquilo?

Ele se lembrou do dia anterior, quando havia enrolado Yuki no cobertor de verão e finalmente percebeu o que estava acontecendo. Yuki encontrou um cabelo no meu quarto e teve exatamente a mesma reação! Ha-ha-ha! ele pensou, como um meio de escapar da realidade por um breve momento. 

No entanto, foi também quando ele percebeu de repente que aquele era o momento que ele estava esperando. Aquilo era a dinamite que ele usaria para se libertar desse inferno vivo. Tudo o que ele precisava fazer agora era acender o pavio, e ele poderia aniquilar esse jogo de galinha, que estava prestes a lhe causar um ataque cardíaco. Portanto, ele dramaticamente afastou a franja e respondeu: "Hmm? Ah, deve ser da Yuki. Ela veio ontem e nós lutamos na cama."

"…Oh, tá bom."

Quando Masachika acendeu o pavio com aquele comentário repulsivo, digno de um tapa, Alisa rapidamente estendeu a mão para agarrar sua gola com um sorriso quase arrepiante.

Ela está indo para o meu pescoço—!

Mas já era tarde demais. Ela o agarrou pela gola e puxou… mas não para frente. Para o lado. Ela traçou a nuca exposta dele com seus longos dedos brancos como a neve.

"Ah…" 

Ele instintivamente fez um leve grunhido enquanto um arrepio percorria sua espinha. A vergonha lhe deu vontade de desviar o olhar… mas ele não conseguia tirar os olhos dela. Seu sorriso aterrorizante, mas sedutor, era ao mesmo tempo alarmante e extremamente encantador. 

Ele prendeu a respiração. Ela parecia mais madura por causa da maquiagem, e sua beleza não permitia que ele desviasse o olhar. Talvez fosse semelhante ao cheiro de perigo vindo de uma bruxa encantadora. Era um caminho que claramente levava à perdição e, no entanto, era impossível ignorar, pois no fim do caminho estava o fascínio de uma mulher de verdade.

ah! É uma mulher madura…

Masachika foi engolido por esse lado desconhecido de sua colega, que ele achava que estava apenas fingindo até agora. Ele não conseguiu resistir e simplesmente congelou enquanto o dedo dela continuava a descer pela nuca dele.

"Então…"

Seus lábios levemente carmesins se curvaram em um sorriso sombrio. 

"…o que é essa marca de mordida?"

"…Hã?"

Aquelas palavras o trouxeram de volta à realidade. Ele voltou a si e refletiu sobre a pergunta… enquanto um suor frio começava a escorrer por sua espinha.

Ahhhhhh! Eu não tinha ideia de que isso ainda estava aí!!

Ele começou a reviver a dor da mordida de Yuki na manhã anterior, imaginando simultaneamente uma Yuki diabólica rindo sinistramente dele. Ele não apenas se sentia como um traidor, mas também parecia um que havia sido pego na cama com um chupão no pescoço. Não estava muito longe da verdade, também.

Droga, droga, droga, droga! O que eu faço?!

Seus instintos de sobrevivência levantaram freneticamente o alarme: o Armagedom estava próximo, e seria muito pior do que ele poderia imaginar. Ter os dedos de Alisa traçando sua nuca era estranhamente assustador, lembrando-o de como um golpe no pescoço poderia ser fatal. Ele desesperadamente buscava uma desculpa, mas inventar uma para uma marca de mordida não era fácil. 

Talvez ele pudesse ter suavizado o golpe se admitisse que Yuki era sua irmãzinha, mas essa opção não estava na mesa. Ele realmente considerou contar para Alisa desde que Sayaka e Nonoa descobriram que eles eram irmãos no outro dia, já que ela era amiga íntima tanto dele quanto de sua irmã, mas ele foi instruído a não fazer isso… pela própria irmã, Yuki.

"Contar segredos é um fardo para a pessoa a quem você está contando também." 

"…Um ‘fardo’?"

Masachika ficou intrigado com a escolha inesperada de palavras de sua irmã.

"Contar para ela pode tirar um peso dos seus ombros, mas ao fazer isso, você estaria forçando Alya a guardar um segredo seu. Ela teria até que esconder isso de Masha — sua própria irmã. Além disso, como você acha que ela se sentiria enfrentando-me durante a eleição depois de saber que somos irmãos? Você tem certeza de que isso não prejudicaria seu desempenho?" Yuki explicou com uma expressão séria.

"…!"

Ele ficou surpreso com o raciocínio dela, porque ela tinha feito um ponto justo.

"Sim… você está certa. Segredos são um fardo para os outros também… Hã." Ele respondeu, impressionado, enquanto assentia algumas vezes.

"Sim, lembro de ter lido isso em um mangá há um tempo atrás." Ela acrescentou com uma expressão completamente séria.

"Boa maneira de arruinar o momento, Yuki."

E foi essa troca que o levou à conclusão de que ele deveria continuar mantendo seu relacionamento com Yuki em segredo. Pelo menos até o fim da eleição. Com isso dito, ele ainda não conseguiu pensar em uma boa desculpa para sair dessa situação, e estava começando a entrar em pânico devido ao iminente senso de perigo.

"O-Oh, isso? Yuki estava perdendo nossa luta, então ela me mordeu. Que trapaceira, não? Uma má perdedora, é o que ela é, não?"

No final, ele não conseguiu nem pensar em uma boa desculpa e apenas foi com uma história consistente com a outra história que ele inventou.

"Uh-huh…"

Havia um tom ominoso na voz dela, então ele olhou para ver como ela estava reagindo… quando viu um sorriso arrepiante curvando os lábios dela. Seus dedos lentamente deixaram o pescoço de Masachika e se fecharam em um punho.

"Ei… você sabe o que eu estou pensando agora?"

…Parece que ele não conseguiu desarmar a bomba, e no instante em que percebeu isso, decidiu ser dramático.

"Heh! Claro, eu sei o que você está pensando agora. Eu sou um cavalheiro. Eu entendo as mulheres." Ele sorriu de forma arrogante antes de se deitar na cama, sorrindo para Alisa como se fosse um anjo.

"Seja gentil, tá?"

Era o paraíso. Ele não saberia se ela foi gentil… porque ele não lembraria de nada.

"Preparado?"

"Yeeeah, garota. Me ensina uma ou duas coisas sobre como as mulheres pensam, yo."

Quando ele voltou a si, eles tinham pausado a sessão de estudos e estavam fora do apartamento dele. Quando ele verificou o telefone, já eram 3:20… o que significava que vinte minutos de sua vida estavam faltando em sua memória. Além disso, eles estavam no corredor fora do apartamento dele, e ele estava tentando atuar como imaginava que os jovens descolados falavam.

"…Por que você está falando assim?"

"Eu não faço ideia… cara."

Ele não sabia o que estava acontecendo, mas, por algum motivo, sempre que olhava para Alisa, sua postura se endireitava naturalmente. Estava claro que algo havia sido incutido nele durante os vinte minutos perdidos de sua vida. Talvez pudesse ser chamado até de lavagem cerebral.

"Bem, pare. Isso é irritante." 

"Bom — Hum. Sim, senhora."

Depois que ela lançou outro olhar fulminante, ele bateu na própria bochecha para recuperar o bom senso e voltou ao normal. Ele ponderou sobre a situação mais uma vez… e concluiu que Alisa o havia convidado para um encontro para "aprender mais sobre como as mulheres funcionavam."

"….."

Ele queria comentar sobre o absurdo de tudo aquilo quando voltou a si, mas não havia nada que pudesse fazer agora, já que eles já tinham saído de casa. Portanto, ele inclinou a cabeça reverentemente e obedeceu às ordens da princesa.

"Então? O que gostaria que eu fizesse por você hoje, minha querida senhorita?" Ele perguntou como se fosse o mordomo dela. A expressão de Alisa contorceu-se de maneira um tanto irritada com sua péssima atuação, e ela exigiu friamente:

"Primeiro, você vai me levar até nosso destino." 

"…Seu desejo é uma ordem."

Ele ofereceu o braço, e ela o entrelaçou com o dele de maneira desajeitada… então franziu a testa.

"Uau. A expressão no seu rosto diz tudo. ‘Mmm… Isso não é o certo.’ Bem, desculpe-me."

"E-Eu não faço ideia do que você está falando!"

"…Se você diz. De qualquer forma, está bem quente hoje, então provavelmente não deveríamos estar fazendo isso, de qualquer maneira."

Compartilhar o calor corporal só tornava o calor do verão pior, então Masachika rapidamente soltou o braço dela.

Alya não é do tipo de pessoa que goste de um homem andando com ela assim de qualquer jeito, ele pensou antes de olhar para ela pelo canto do olho e notar que ela parecia um pouco descontente.

"Então… para onde você quer ir?" 

"Não é seu trabalho decidir?"

"Hã? Mas… você não tinha uma ideia específica? Não foi por isso que quis sairmos juntos?"

"Não. Eu disse que precisávamos sair em um encont— em uma excursão para você aprender como as mulheres funcionam."

"…Em outras palavras, você está me pedindo para adivinhar o que você gostaria?" 

"Na maioria das vezes, sim."

Depois de afastar seu cabelo lustroso, ela estufou um pouco o peito e continuou com um olhar presunçoso no rosto:

"Escute. Você não precisa acertar todas as respostas exatamente. Tudo o que precisa fazer é o seu melhor para garantir que a pessoa com quem você está fique empolgada e se divirta. Isso é o que faz as mulheres felizes."

"Interessante. Tem certeza de que não aprendeu isso em um mangá?"

"N-Não! Claro que não…"

No instante em que ele apontou que ela talvez estivesse apenas repetindo algo que viu em um mangá, sua voz foi diminuindo, e seus olhos começaram a vagar. Masachika revirou os olhos para ela — ela não podia ser mais óbvia — mas decidiu deixar para lá e começou a ir em direção ao elevador.

"Pronta para irmos aonde o vento nos levar?"

"Ei, o que você quer dizer com ‘aonde o vento nos levar’?"

"É apenas uma figura de linguagem. Não se preocupe. Eu já tenho um lugar em mente."

"S-Sério? Bom…"

Alisa recuou silenciosamente por causa de quão confiante e sério foi a resposta dele, mas o "lugar em mente" era…

Acho que podemos dar uma volta pela estação e apenas ver qualquer loja que Alya pareça interessada. Finalizar tudo com uma visita à loja de doces local no final, e estamos bem.

E ainda assim ele realmente iria aonde o vento os levasse. Ele estava improvisando, mas sem qualquer noção. No entanto, no momento em que começou a andar, começou a ter um mau pressentimento porque…

As pessoas estão olhando… Todos estão nos olhando…

Alisa estava completamente alheia ao seu entorno. Eles estavam conversando a caminho da estação, mas os olhos de Alisa viajavam apenas entre o caminho à sua frente e Masachika. Nem uma vez seus olhos vagaram para outra pessoa.

Uau! Alya realmente olha as pessoas nos olhos quando fala com elas!

Que jovem educada!

Ele pensou isso como uma forma de escapar da realidade enquanto Alisa olhava firmemente nos olhos dele.

"<…Может быть, мне стоит дать тебе еще больший.>"

(…Talvez eu deva te dar uma ainda maior.)

Masachika se perguntou curiosamente o que seus sussurros abruptos em russo significavam, mas ele realmente não conseguia descobrir, então seus olhos naturalmente se voltaram na direção dela.

"O que foi isso?"

"…Parece que isso doeu." 

Ela murmurou enquanto espiava seu pescoço, que estava exposto atrás de sua gola. Finalmente caiu a ficha para ele. Ele finalmente descobriu por que Alisa estava olhando para ele por tanto tempo.

O-Ohhh! Ela não estava olhando nos meus olhos! Ela estava olhando para a marca de mordida no meu pescoço! Sou presunçoso ou o quê?!

Uma vergonha total fez suas bochechas queimarem por ter pensado que ela estava admirando ele.

Ahhhhhh! Então é isso que ela estava olhando… Hmm? Então o que ela quis dizer com "uma ainda maior"?

Ele ponderou sobre o que isso poderia significar... e foi imediatamente tomado por uma mortificação incrível, totalmente diferente do que ele estava sentindo segundos atrás. Ele rapidamente desviou o olhar de Alisa, incapaz de manter o contato visual por mais tempo, e olhou distraidamente para a vitrine da loja atrás dela.

Arrrgh! Sério?! Eu realmente quero saber quais são as emoções que ela sente quando diz coisas assim! É meio que como quando as crianças escreviam o nome da pessoa de quem gostavam na borracha na escola? Pelo que me lembro, a pessoa de quem você gostava magicamente se apaixonaria por você também, se ninguém nunca encontrasse o nome dessa pessoa na sua borracha. De qualquer forma, tenho certeza de que ela gosta mais da emoção de talvez ser descoberta do que qualquer outra coisa. Eu até me lembro de crianças que propositalmente deixavam a borracha cair depois de escrever o nome de alguém de quem nem gostavam... Espera.

"Whoa?!"

Enquanto ele estava olhando para a vitrine da loja em uma tentativa patética de evitar o contato visual com Alisa... ele de repente viu um rosto familiar e se inclinou para trás em choque.

"O que ela está—...?! Nonoa?!" 

Alisa gritou surpresa também, depois de olhar e seguir o olhar dele. Na parede, além dos manequins da vitrine, havia um pôster de Nonoa misturada com outros modelos ocidentais. Naturalmente, o casal parou em suas trilhas e ficou olhando para sua colega de escola, que estava exibida de maneira ousada na rua principal.

"Qu-quê... Ela parece ser de uma dimensão completamente diferente comparada com uma modelo comum..."

"Agora que você mencionou, lembro de ter ouvido que ela fazia modelagem para a empresa dos pais dela."

"Também, mas não parecia real até eu ver este pôster. Eu sinto que conheço alguém famoso agora."

Ela estava vestida de maneira estilosa e dando à câmera um olhar misterioso de lado. Ela parecia fenomenal mesmo ao lado de modelos profissionais. Se alguém não soubesse a verdade, pensaria que ela era uma modelo profissional. Masachika olhou com admiração até que alguém de repente beliscou sua bochecha.

"…Sim?"

"Masachika? Você sabe por que está sendo beliscado agora?"

Ele olhou para sua companheira, apenas para ser recebido com um olhar repreendedor. Foi essa pergunta que o lembrou de que ele estava em um encontro para aprender mais sobre as mulheres. Ops, ele pensou enquanto colocava a mão na bochecha beliscada e respondia:

"…Porque estou olhando para outra mulher enquanto estou em um encontro com você."

"Exatamente. Você teria perdido muitos pontos se este fosse um encontro de verdade. Mas não é, e eu não me importo tanto assim."

Alisa rapidamente se virou e começou a andar à frente, então Masachika imediatamente a alcançou, esfregando a bochecha latejante.

É impressão minha... ou ela me beliscou bem forte para alguém que não se importa...?

Mesmo agora, ele sentia como se estivesse sendo observado — observado como nunca antes. Mas talvez isso não passasse de sua imaginação também.

"<Почему ты не смотришь на меня?>"

(Por que você não olha para mim?)

Huh, acho que não é só minha imaginação.

"<Что случилось с возможностью восхищаться собой весь день?>"

(O que aconteceu com ser capaz de me admirar o dia todo?)

Sim, ela está brava... Ela está furiosa...

Em sua mente, Masachika começou a suar ansiosamente, enquanto Alisa apenas continuava a murmurar reclamações em russo e a mexer no cabelo. Por que ele não olhava para ela? Porque ele não tinha coragem de olhar nos olhos dela. Afinal, o que poderia ser mais assustador do que uma mulher bonita claramente zangada?

"Ei, uh... Eu sei que isso vai soar como uma desculpa, mas eu não estava olhando porque estava encantado por ela ou algo assim. Eu só fiquei um pouco impressionado em vê-la em um pôster..."

"Por que você está me dizendo isso? Eu não me importo. É natural ser atraído por mulheres bonitas. Você é um ‘homem,’ afinal de contas."

"Sim, acho que sim. Isso explicaria por que às vezes não consigo tirar os olhos de você também."

"O-O que há de errado com você?"

Ter sua observação sarcástica rebatida com uma resposta totalmente séria fez com que ela imediatamente desviasse o olhar, embaraçada. Masachika sorriu, aliviado ao saber que ela era tão fácil de lidar quanto sempre.

"<Я знаю, что ты чувствуешь...>"

(Eu sei como você se sente…)

Hnnng?!

Ele imaginou-se vomitando sangue, como de costume. Ele pensou como não era justo que ela sempre o atingisse no momento em que baixava a guarda.

Oh... Alya também não consegue tirar os olhos dos caras bonitos na escola, huh? Deve estar falando do Hikaru...

O sangue imaginário continuava a jorrar de sua boca enquanto sua mente vagava sem rumo (como um método de autodefesa). Ele não se importava que ela estivesse lhe enviando olhares significativos. Ele não se importava nem um pouco. Não mesmo.

"De qualquer forma, não há como eu estar interessado na Nonoa... a menos que eu tivesse um motivo para ficar em alerta."

"Em alerta?" 

"Oh, uh..."

Seus pensamentos internos escaparam de sua língua, e ele gaguejou. Explicar por que estava desconfiado de Nonoa não era uma tarefa fácil, e Alisa poderia não entender ou até simpatizar com o que ele sentia, mesmo que ele explicasse. 

Para a maioria, Nonoa era muito bem comportada, apesar de sua aparência... Provavelmente porque, devido ao seu aspecto letárgico, ela parecia inofensiva. Masachika concordava com essa avaliação. Afinal, Nonoa era preguiçosa, então ela tentava evitar problemas na maioria das vezes. Masachika acreditava que ela não faria nada para causar problemas desnecessariamente... 

No entanto, ele também sabia que a única coisa que a impediria de agir seria se fosse um incômodo para ela. Embora houvesse algumas exceções, não havia nada mais que a impedisse na maioria das vezes. Se algo era ilegal ou imoral não importava. A única coisa que a detinha era sua própria preguiça. Se a "necessidade" superasse o "incômodo" em sua mente, então ela agiria, mesmo que isso significasse ir contra o que era legal ou moralmente correto.

E Masachika entendia isso tanto pela experiência quanto por seus instintos, razão pela qual não podia deixar de se sentir cauteloso e temeroso em relação a ela. Mas ele não planejava explicar isso para Alisa. Isso soaria como se ele estivesse falando mal de Nonoa pelas costas, e ele não queria influenciar Alisa a pensar que Nonoa era uma pessoa ruim. Por isso ele começou a inventar desculpas prontamente.

"Tipo... sempre que ela fala comigo, os capangas dela ficam me olhando. Não é culpa da Nonoa, mas eles honestamente não param de me encarar mesmo se tudo o que Nonoa faz é me dizer oi, então eu fico um pouco cauteloso sempre que a vejo."

"Oh, certo..."

"Sim. Além disso, o cabelo loiro dela realmente se destaca, então meus olhos são naturalmente atraídos por ele."

"Oh? E não pelo meu?"

"Acho seu cabelo prateado lindo também..."

"Estou brincando." Ela riu suavemente, enrolando o cabelo no ar enquanto continuava:

"Eu também costumava ter cabelo loiro, sabia?"

"V-Você costumava ter cabelo loiro...? ...! Oh! Você quer dizer como algumas crianças cujos olhos e cabelos mudam de cor quando crescem? Eu ouvi dizer que isso acontece no Ocidente! Isso é tão legal!"

Os olhos de Masachika brilhavam de entusiasmo, fazendo Alisa piscar de maneira um tanto aturdida.

"S-Sim, mas é raro o cabelo perder pigmento como o meu." 

"Sério? Heh. Uma Alya loira, hm?"

"…O que? Isso te interessa?"

"Estou curioso para ver como você ficava, para ser honesto."

"O-Oh... Bem, acho que poderia te mostrar uma foto antiga minha algum dia, então."

"Sério? Mal posso esperar."

Mesmo agora, a beleza de Alisa era como algo saído de um conto de fadas, então ela deve ter sido uma adorável anjinha quando era criança. Só o pensamento fez Masachika sorrir.

Yuki também costumava ser um anjinho quando era mais jovem... diferente de agora. 

Ele imaginou o riso sinistro da pequena demônia Yuki "Geh-heh-heh," lembrando-o de como o tempo podia ser cruel. Seus olhos ficaram desfocados, e ele olhou para o nada. Onde está aquela irmãzinha? Por outro lado, vê-la agora só traria de volta velhas feridas, então...

"Oi…" 

"Hmm?"

"E você, Masachika?" 

"…?"

"Como você era quando criança?"

Masachika sentiu sua expressão endurecer com a pergunta inesperada que ela hesitou em fazer.

"…De onde veio essa pergunta?" 

Ele perguntou de volta com uma voz tão rígida quanto sua expressão. Ele não conseguia pensar em um comentário espirituoso de imediato e também não sabia como responder com tato.

"Ah…" 

Alisa grunhiu suavemente, parecendo ter notado a mudança repentina em seu comportamento antes de responder timidamente:

"Bem, depois de perceber que nem sequer sabia quando era seu aniversário, percebi que ainda não sabia muita coisa sobre você, o que poderia ser um problema, então…"

"Oh… Tudo bem."

Ele imediatamente se sentiu culpado depois de notar o desânimo dela, pois tinha arruinado o clima por causa de seu comportamento. Não querendo estragar ainda mais o encontro deles, ele mudou para um tom mais alegre e continuou:

"Bem… Eu levava as coisas muito mais a sério naquela época. Eu não dormia durante a aula e nunca esquecia meus livros também."

"Mesmo?"

"Sim. Eu nem era um otaku naquela época. Heh. Provavelmente foi virar um nerd de anime no ensino médio que me fez parar de levar as coisas tão a sério…"

"Oh…"

O olhar dela parecia esfriar com a piada dele, mas as engrenagens em sua cabeça também pareciam estar se movendo rapidamente.

"…Qual é sua comida favorita?"

Em sua mente, ele riu da pergunta inocente dela… então sentiu gratidão imediata quando percebeu que ela estava sendo simplesmente atenciosa.

"Hmm… Bem, eu gosto de comida apimentada, como você sabe. Também adoro ramen e curry como a maioria das pessoas."

"Comida apimentada…"

"Você não gosta de comida apimentada?"

"Eu não… sei por que você perguntaria isso. Nós comemos ramen apimentado juntos. Lembra?"

"Ah, é verdade."

Ele perguntou isso porque tinha sido evidente que ela não gostava. Alisa aparentemente ainda não tinha percebido o quão óbvia ela tinha sido ao parecer à beira da morte enquanto se forçava a comer aquele ramen extremamente apimentado.

Mas eu não vou mais mencionar se ela está tão decidida a não odiar comida apimentada.

Enquanto ele estava perplexo com a teimosia dela, Alisa de repente perguntou: "Então há algo que você não goste?"

"Não realmente. Fui criado para não ser exigente…" 

"Huh…"

"Ah. Mas eu realmente não era fã do borsch que meu avô costumava fazer. Tinha um gosto muito terroso — como terra pura para mim."

"Era 'terroso'…?"

"Sim, acho que ele simplesmente não sabia cozinhar beterrabas direito, mas graças a isso, o borsch que você fez para mim quando eu estava doente foi revolucionário. Eu não tinha ideia de que sopa podia ser tão boa." 

Ele disse, elogiando-a genuinamente.

"É-É mesmo? Fico feliz."

Alisa de repente olhou para longe, então levantou o queixo e começou a enrolar o cabelo em volta do dedo.

"Então… suponho que eu possa cozinhar para você de novo algum dia. Talvez da próxima vez que estudarmos juntos?"

"Espera. O quê? Não, não posso deixar você cozinhar para mim. O borsch levou quatro horas para ser feito, certo?"

"Claro, você vai ajudar. Você sabe cozinhar, né?" 

"Tudo bem… Isso poderia funcionar."

"Então está decidido. Vamos cozinhar juntos da próxima vez que estudarmos na sua casa… Provavelmente devemos ir às compras juntos também."

"Yeah… com certeza." Masachika concordou com um sorriso um tanto desconfortável.

"Heh." 

Alisa riu alegremente. Mas seus olhos de repente se arregalaram com a realização, e ela olhou para baixo.

"<Точно как супружеская пара, да?>"

(Igualzinho a um casal casado, né?)

…Derp.

Ela se contorceu e olhou para ele enquanto continuava a brincar com o cabelo, mas Masachika simplesmente olhou para o horizonte e a ignorou, pois estava acostumado com esse comportamento. 

Não fazer nada. Não dizer nada.

Um casal, né?

Mas ele entendeu o que ela quis dizer depois de refletir mais um pouco. Fazer compras juntos, cozinhar juntos e comer juntos à mesa era apenas o começo do que os casais que moravam juntos faziam. Ele imaginou a cena… e ficou surpreso consigo mesmo por realmente pensar que não parecia tão ruim.

Quer dizer… eu não odeio passar tempo com Alya.

Ela sempre foi muito severa, muito orgulhosa, pegava no pé dele por coisas mínimas e sempre tentava superá-lo… mas nunca o incomodou. Na verdade, ele achava fofo como ela levava tudo tão a sério e se comportava de maneira pomposa… Na verdade, ele até amava essas características dela.

Me sinto flutuando…

Antes que percebesse, ele estava sorrindo e de muito bom humor. Enquanto o calor crescia em seu peito, ele quase inconscientemente envolveu a mão gentilmente ao redor da de Alisa.

"…! …O quê?"

Ela deu um pulo de espanto e parou no lugar com os olhos arregalados. 

"Eu só queria segurar sua mão. Tem algum problema?" Perguntou

Masachika, olhando para ela com um sorriso afetuoso. 

"Huh? Uh…"

Sua resposta direta a deixou desconcertada, e seus olhos se moveram rapidamente. Alguns segundos se passaram até que ela conseguisse se recompor, erguer o queixo e responder:

"B-Bem, suponho que algumas garotas gostem quando o cara é um pouco assertivo assim. Falando de modo geral, é claro. Mas… hmm… suponho que você possa segurar minha mão. Apenas desta vez, está bem? Fui eu quem sugeriu sairmos hoje, afinal."

Masachika não pôde deixar de sorrir com o raciocínio dela — que facilmente poderia ser interpretado como uma desculpa.

"Agradeço. De qualquer forma, pronta para ir?" 

"S-Sim…"

Enquanto ele a guiava gentilmente pela mão, a expressão de Alisa suavizou

docemente, e o olhar orgulhoso em seu rosto alguns segundos atrás havia desaparecido. Ela alternadamente olhava para as mãos deles e para o rosto dele enquanto seguia silenciosamente seu exemplo.

"<Перестань… Ты меня раздражаешь…>"

(Pare com isso… Você está me fazendo ficar agitada…)

Ela sussurrou em russo, desviando o olhar dele e apertando suavemente sua mão de volta. Internamente, contorcer-se de dor… era o que Masachika normalmente faria, mas não desta vez. Ele sorriu um sorriso agridoce, pois por algum motivo, estava em paz e conseguia aceitar o comentário tímido dela sem nem pestanejar. 

Enquanto isso, Alisa continuava a olhar para o perfil dele e para o seu sorriso gentil e amável. Eles continuaram a segurar as mãos e caminharam lentamente entre as inúmeras barracas que se alinhavam na rua no centro da cidade, perto da estação. 

Eles não falaram, apenas transmitiram como se sentiam através do calor compartilhado. Eles simplesmente se sentiam um ao outro… mas depois de cerca de cinco minutos, Alisa, que aparentemente estava se acostumando a segurar as mãos, começou a olhar ao redor lentamente com a testa franzida.

"…Ei."

"Hmm?"

"Estou começando a sentir que estamos apenas caminhando sem rumo, sem um destino definido."

O coração de Masachika deu um salto com a acusação repentina, uma gota de suor frio escorrendo por sua espinha. Ela estava certa. Acertou em cheio. Na verdade, Masachika honestamente nem sabia onde estava no momento. 

Ele imaginava que se dessem um passeio pelo centro da cidade, Alisa eventualmente encontraria algo que chamasse sua atenção… o que era outra forma de dizer que estavam apenas caminhando sem rumo, sem um destino definido. 

Seu otimismo cego também não estava ajudando, porque ele estava começando a sentir que apenas dar um passeio juntos seria o suficiente… e isso foi um dos fatores que o levaram a esta parte da cidade, que ele nunca tinha visitado antes.

Mas sério, onde estou? Droga! Deveria ter prestado mais atenção!

Quando ele voltou a si, já era tarde demais. Ele estava completamente perdido. Mas dizer isso a ela certamente a deixaria de mau humor, especialmente porque seu humor já estava começando a azedar. Dizer a ela para "não se preocupar porque ele já tinha um lugar em mente" no início do encontro também não estava o ajudando. Não havia como admitir que ele estava improvisando agora. Foi por isso que, em um ato de desespero, ele decidiu arriscar. Embora estivesse suando frio, ele fingiu não entender por que ela questionaria sua integridade.

"Nós não estamos apenas caminhando sem rumo pelo centro da cidade, e já estamos quase lá."

"...Mesmo?"

"Sim. Precisamos virar à direita naquela esquina ali, e…"

Ele prontamente apontou para a esquina adiante, mesmo que obviamente não soubesse o que havia lá. Isso não era um problema, no entanto, porque ele nunca disse que o lugar para onde a estava levando estava logo ali na esquina. Havia inúmeras coisas com as quais ele poderia completar sua frase: "subir as escadas", "ver o quadro de informações", ou até mesmo "Huh? Talvez tenha sido aquela esquina ali?". De qualquer forma, ele poderia fazer qualquer ajuste necessário depois que virassem a esquina.

No entanto, esse truque barato falhou no instante em que viraram a esquina… porque era um beco sem saída. Havia apenas uma loja no final da rua… e era uma loja de lingerie, de todas as coisas.

Adeus, mundo cruel.

Masachika parou em muda admiração, seu rosto contorcendo-se em relação às altas apostas de sua aposta. Uma tempestade violenta parecia rugir ao lado dele, e a mão de Alisa apertou a dele como se dissesse: "É tarde demais para fugir agora."

"Ei."

"Sim."

"É aqui que você queria me trazer?"

Era como se sua voz gelada ecoasse dos mais profundos estratos do permafrost antártico. Masachika percebeu que esta era a pergunta final, e sua vida dependia de sua resposta, então ele encarou Alisa com a expressão mais sincera, olhou-a nos olhos e respondeu:

"Imaginei que você estava começando a superar as antigas, então—"

Essas foram as últimas palavras que ele disse antes de alcançar o céu pela segunda vez naquele dia. Ele não conseguia se lembrar de nada, mas o que ele conseguiu recordar… não foi agradável.

"<…Откуда ты узнал?>"

(…Como você sabia?)


Este Capítulo foi traduzido pela Mahou Scan entre no nosso Discord para apoiar nosso trabalho!


 



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