Volume 4

Capítulo 1: Fetiches por estômago realmente existem?

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"Oni-chan, acorde."

Era um quarto mal iluminado, tão quieto quanto possível. Apenas os sons suaves das cigarras cantando e o ar condicionado enchiam o espaço. Isso, até que os doces sussurros de uma jovem abalassem a serenidade do quarto. O jovem não abriu os olhos ao som da voz dela, mas, em vez disso, franziu um pouco a testa e se mexeu na cama.

"Se você não acordar... eu vou te beijar."

Não havia frustração na voz dela. Na verdade, ela parecia até um pouco feliz enquanto seus murmúrios suaves ecoavam no quarto silencioso mais uma vez. No entanto, o jovem ainda não mostrava sinais de acordar, então os lábios da jovem se curvaram levemente em um sorriso... e então em um enorme sorriso antes de ela gritar animadamente:

"O tempo acabou! Você perdeu! Nom!" 

"Ai?!"

Uma dor aguda de repente desceu pela nuca do jovem — Masachika Kuze — então sua mão voou para tocar a parte de trás de seu pescoço.

"Ah, você acordou."

"Claro que sim! O que diabos há de errado com você?!"

Ele olhou furiosamente para a jovem — Yuki Suou, sua irmã — que estava sentada na beira da cama dele, mas ela nem piscou. Em vez disso, provocou-o.

"Eu te disse que ia te beijar se você não acordasse." 

"Quando? E que tipo de beijo foi esse?"

"Você nunca ouviu falar de um beijo de amor?" 

"Você me mordeu como uma maldita cobra."

Yuki levantou uma sobrancelha surpresa com o comentário mordaz dele.

"O quê? Você quer que eu te dê um beijo normal, então? Tudo bem... Oh, mas você acabou de acordar e está com hálito matinal, então acha que pode pelo menos enxaguar a boca para mim?"

"Que tipo bizarro de beijo você planeja me dar? Não, obrigado." 

"Ah, não finja que não quer um. Nós sempre nos beijávamos quando éramos crianças e brincávamos."

"Não que eu me lembre."

"Ai. Frio. Você realmente esqueceu como era me beijar? Tsc. Tudo bem... Vou te fazer lembrar."

Ela começou a desabotoar a camisa... até perceber que estava usando uma camiseta, então ela esticou a gola com os dedos enquanto subia lentamente na cama. Ela sorriu como uma mulher sedutora, rastejando na direção dele.

"Não, estou bem."

"Mfft?!"

Um cobertor de verão enrolado acertou Yuki bem no rosto, mandando-a para fora da cama com um grito abafado. Imediatamente, ela enrolou o cobertor em volta do corpo de forma patética e colocou a mão sobre a boca fingindo que havia começado a chorar.

"Não acredito! Você é terrível! Você roubou meu primeiro beijo, e é assim que me trata?!"

"...Mesmo que a gente finja que algo assim aconteceu há muito tempo, eu seria quem foi roubado do primeiro beijo, não você."

Ele olhou para a irmã com reprovação por fazer parecer que ela era uma heroína trágica que tinha sido enganada por algum homem terrível, mas Yuki continuou a agir como a vítima.

"Você está tentando me fazer parecer a vilã agora, huh? Homens nunca assumem responsabilidade por suas ações."

"Você não tem absolutamente nenhuma experiência com homens, então pare de fingir que sabe alguma coisa sobre eles!"

"Você está certo... Você é o único homem por quem já me importei. Eu só amo você, e ainda assim...!"

"Ah, cale-se."

"E ainda assim... parece que você não está satisfeito com apenas uma mulher..."

"O que diabos você está falando?"

Masachika parecia exausto, mas ainda assim estremeceu quando Yuki o atingiu com um olhar afiado.

"Você ainda pretende se fazer de bobo?! Eu sei que você tem trazido outras mulheres para casa pelas minhas costas!"

"...!"

Seu coração falhou uma batida, porque ele tinha uma boa ideia de quem ela estava falando.

Como ela sabe disso?! Espere. Ela está tentando me fazer admitir. Não há como ela saber sobre isso. Tenho que agir calmo e tranquilo!

No instante em que ele chegou a essa decisão, ele mascarou seu choque e olhou para ela com desgosto.

"Quanto tempo você planeja continuar com essa pequena charada?"

"Não aja como se não soubesse!"

"O quê? Eu não sei."

"Então como você explica... isso?!" Yuki gritou enquanto estendia a mão. Entre o polegar e o dedo indicador dela... havia um fio de cabelo branco, brilhando à luz do sol que entrava pelas cortinas ligeiramente entreabertas. Um suor frio começou a escorrer pelas costas de Masachika.

"É dela, não é? Eu encontrei ao lado do seu travesseiro! Como você pôde fazer isso comigo?! Trazendo outra mulher para sua cama para fazer sabe-se lá o quê! Doentio!"

"Não... Não...! Isso não é verdade! Eu não a deixei entrar no meu quarto!"

"Oh? Então você admite que a trouxe para casa, huh?"

"Huh...?"

Yuki parou a atuação do nada e agora o encarava com decepção. Enquanto a mandíbula de Masachika caía, Yuki rapidamente empurrou o cabelo na direção dele com um sorriso presunçoso e desdenhoso.

"Dê uma olhada mais de perto... É o cabelo do Vovô!"

"O quê?!"

"Mwa-ha-ha! Você caiu direitinho! Considere isso um troco pela cerimônia de encerramento!"

Os olhos de Masachika se estreitaram ao ouvir a risada jactanciosa de sua irmã enquanto ele tentava se defender.

"‘Troco’? Bem rico vindo da garota que fez toda uma guerra psicológica com a Alya depois de me drogar. Você nos atacou primeiro."

"Bem, é uma competição, não é? Não posso tratá-lo de maneira especial só porque somos família. Além disso..."

"‘Além disso’...?"

A expressão de Yuki de repente ficou séria enquanto ela se ajoelhava na beira da cama. Masachika viu isso e se endireitou um pouco.

"...há algo que percebi recentemente."

"O que é?"

Ela falou seriamente — algo incomum para ela — enquanto olhava para o horizonte.

"Para dizer a verdade... eu posso ser uma vilã."

"...Certo? Explique," ele incentivou sem entusiasmo.

"Pense objetivamente. Na escola, sou vista como a jovem modelo que vem de uma família prestigiosa. Eu até tenho a Ayano como minha empregada."

"Certo."

"Enquanto isso, Alya é uma estudante transferida de uma família de plebeus. Ela pode ter as melhores notas entre os alunos do primeiro ano, mas as pessoas na escola tendem a manter distância dela."

"...Certo, eu acho."

"E agora somos rivais na campanha. Estamos nos enfrentando no palco das eleições."

"Uhum."

Yuki levantou uma sobrancelha enquanto olhava fixamente para seu irmão. 

"....."

"...Ficar me encarando como 'Sabe o que quero dizer?' não está me ajudando a te entender melhor."

"Olhe as posições em que estamos. Estou obviamente no papel da vilã nesse cenário."

"...É, acho que posso ver isso."

"Se as coisas continuarem assim, você vai me expor na cerimônia de encerramento no próximo ano em março por irregularidades durante a campanha, então vai me dizer que nunca mais quer me ver, e eu vou ser expulsa da escola."

"Bem, eu sou o príncipe tolo nesse cenário, afinal."

"Então a família Suou vai me deserdar e expulsar a mim e a Ayano com apenas a roupa do corpo."

"Oh, você vai levar a Ayano com você, huh?"

"Depois disso, eu seria recrutada por Hachioji, o presidente do conselho estudantil da Academia Teiou, e me tornaria a vice-presidente do conselho estudantil lá."

"Você seria recrutada por quem em qual academia?"

"E então, depois de unir forças com Hachioji, tomaríamos a Academia Seiren e a fundiríamos com a nossa! Mais uma aquisição hostil, eu suponho."

"Uau. Isso é muito poder para o seu novo conselho estudantil. Espere. O que vai acontecer com a Alya e comigo?"

"Huh? Vocês seriam executados como representantes da escola perdedora, é claro."

"Pesado. Haha."

"Mas o mal ainda espreita nas sombras! Sim, foi Ayano quem estava puxando as cordas por trás de tudo o tempo todo!"

"Quêêêê?!"

"Sintam na próxima vez! 'Kimishima da Rebelião: Episódio II'! Uma grande conspiração além de qualquer coisa imaginável está prestes a abalar o Japão até suas raízes!"

"Essa eu não vi chegando."

"E é por isso que eu sou aparentemente a vilã, então vou fazer o que for preciso para ganhar a eleição!"

"Uau. Palmas, palmas, palmas," respondeu Masachika apaticamente enquanto aplaudia. Yuki, por outro lado, estava olhando para o teto com os braços levantados em vitória. Então ela lançou um olhar significativo para seu irmão.

"Brincadeiras à parte, Ayano cuidou muito bem de você... na cama... graças ao meu pequeno esquema, de nada."

"Não pause e diga 'na cama' desse jeito. Nós não fizemos nada estranho."

"Sim, eu ouvi. Suspiro... Uma bela jovem está implorando para lavar suas costas e dormir ao seu lado na cama, e você diz 'não'? Você é realmente um homem?"

"O que você está me criticando? Se alguma coisa, você deveria me elogiar por ser um cavalheiro."

"'Vergonhoso é aquele que rejeita o convite de uma mulher'. Além disso, Ayano estava usando um uniforme de empregada de verão bem revelador. Tinha uma abertura perfeita sob o laço em volta do pescoço para você simplesmente enfiar a mão no decote dela."

"...Você já enfiou a mão no decote dela antes?"

"Claro. Era tão quente e macio. Melhor sensação de todas."

Masachika lançou um olhar frio para sua irmã por sua confissão arrogante de assédio sexual, mas ela apenas balançou a cabeça como se ele fosse o louco.

"Você tinha o álibi perfeito para se safar, e você desperdiçou. Você poderia simplesmente ter dito que a febre causou uma loucura temporária ou algo assim. Você sabe como as pessoas dizem que, por alguma razão, você pode curar um resfriado passando-o para outra pessoa? Bem, você poderia ter usado isso como desculpa para se jogar em cima dela, e ainda assim... você desperdiçou. Você desperdiçou a chance perfeita de conseguir alguma ação. Você poderia pelo menos ter agarrado um peito ou algo assim. Eu estou apenas... decepcionado com você, mano."

"Estou decepcionado com o que você acabou de dizer."

"Mas, mais importante, eu não fazia ideia de que você trouxe a Alya para sua casa. Olha só para você, pegador."

Ela sorriu de repente e se aproximou lentamente dele, mas ele imediatamente desviou o olhar, desconfortável.

"…Não aconteceu nada."

"Ah-hã… Dois adolescentes cheios de hormônios sozinhos o dia inteiro debaixo do mesmo teto, e você está me dizendo que não aconteceu nada? Me poupe."

"Sério, não aconteceu nada. Nós só…" 

"Vocês só…?"

"Nós só fizemos nossas lições de casa de verão…" 

Sua empolgação desapareceu. Ela recuou, então inclinou a cabeça para o lado em mudo espanto sem nem piscar.

"…Vocês fizeram lição de casa? Você convidou a Alya até a sua casa só para fazer lição de casa?"

"…É."

"Durante as férias de verão? Suas únicas férias de verão como aluno do primeiro ano do ensino médio? O momento em que a maioria dos adolescentes ao redor do mundo abertamente se entrega às alegrias da juventude?"

"…É."

"…E eu suponho que não foi apenas uma vez, julgando pela sua reação."

"…Ela veio umas três vezes ou algo assim." 

"Você é burro ou o quê?"

Masachika não pôde argumentar quando ela o insultou com seriedade, e ele desviou o olhar. Ele realmente sentia que havia algo de errado consigo mesmo. Apesar de ter perguntado a Alisa se eles poderiam sair juntos durante as férias de verão no caminho para casa da cerimônia de encerramento, ele estava tendo dificuldade para encontrar uma desculpa para realmente convidá-la... mas ele conseguia facilmente imaginar todo o verão passando sem que ele jamais pensasse em algo. Além disso, não podia contar com Alisa para perguntar primeiro, então, depois de horas quebrando a cabeça, o melhor que conseguiu foi: "Ei, você quer fazer nossas lições de verão juntos?"

Nos três dias seguintes, eles fizeram silenciosamente suas lições de casa na residência Kuze sem nem um vestígio da doçura que se veria em uma comédia romântica. E embora já tivessem conseguido terminar muitas tarefas de verão graças a isso, Masachika começou a sentir que Alisa estava se tornando mais rígida e muito menos contente a cada dia. Talvez fosse apenas sua imaginação, porém.

"Inacreditável. Você nem a levou para o seu quarto... o que significa que vocês fizeram suas lições juntos na sala de estar?"

"…É." 

Masachika assentiu desanimado. Os olhos de sua irmã se arregalaram de choque, e ela bateu com a mão na cama.

"Seu idiota! Quando você traz uma garota para casa para estudar, você deve levá-la para o seu quarto e trabalhar junto com ela na sua mesa! É assim que o clichê geralmente funciona!"

"Mas isso é quando os pais do personagem estão em casa…"

"Ninguém estava em casa, o que é ainda mais motivo para você tê-la levado para o seu quarto! Então, no momento em que ela se inclinasse para frente e você desse uma olhada no peito dela, seu coração esquentaria, e quando ela se pusesse de quatro e você visse o formato da bunda dela, seu tesão esquentaria!"

"Não diga 'esquentaria o seu tesão'."

"Então, quando você derramasse chá na camisa branca dela, o que a deixaria transparente, você poderia tentar secá-la com uma toalha, o que naturalmente permitiria que você tocasse o corpo dela! Depois disso, você poderia deixá-la usar o seu banho enquanto você seca as roupas dela, então você poderia emprestar uma das suas camisas folgadas para ela vestir! E acredite em mim! No momento em que você a vir recém-saída do banho com uma das suas camisas, seu coração não será a única coisa pulsando! Estou falando sobre o seu—"

"Chega!"

"Pfft?!"

Masachika jogou uma almofada em sua irmã por fazer observações tão problemáticas tão cedo no dia, antes mesmo de tomarem o café da manhã. A almofada acertou o rosto dela, e ela caiu para trás. Ele se aproximou silenciosamente dela, pegou o cobertor de verão próximo e a enrolou antes de amarrar as duas pontas num nó. 

Então a jogou na cama como um saco de lixo, não lhe dando escolha senão se acalmar enquanto ele bocejava e saía do quarto. Foi quando seus olhos se encontraram subitamente com os de uma empregada que estava limpando a mesa na sala de estar. Ayano e Yuki estavam na residência Kuze desde o dia anterior, pois era período de férias de verão.

"Bom dia, Masachika-sama."

"Yeah… Bom dia."

Masachika ergueu uma sobrancelha para Ayano, que imediatamente endireitou a postura e se curvou.

"Você trocou de uniforme esta manhã só para fazer um pouco de limpeza? Você poderia ter vestido algo mais casual já que vamos sair em breve."

Hoje, eles iriam a um parque de diversões a pedido sincero de Yuki. Estavam planejando sair de casa antes do meio-dia, então Masachika pensou que teria sido mais conveniente para Ayano estar vestida com o que iria usar hoje. Isso significaria que ela não teria que trocar de roupa duas vezes. No entanto...

"Vestir trajes formais adequados ao meu trabalho não é apenas natural, mas esperado." ela respondeu como se isso fosse normal.

"É mesmo?"

Embora ele sentisse que não era necessário, Ayano mesma parecia mudar para o "modo empregada" depois de trocar para seu uniforme e arrumar o cabelo, então ele não discutiu mais com ela. Honestamente, ao contrário de Yuki - que mudava completamente quando colocava o cabelo em um rabo de cavalo e mudava para o "modo irmãzinha" — Ayano parecia praticamente a mesma mesmo depois de prender o cabelo. 

No entanto, diferentes pessoas se animavam de maneiras diferentes, então não adiantava tentar entender. Uma vez que Masachika chegou a essa conclusão, decidiu ir ao banheiro e aliviar-se antes de sair de casa. Depois de enxaguar a boca e lavar as mãos, ele também lavou o rosto para acordar, então voltou para seu quarto para trocar quando...

"Zzz..."

"Nada pode te matar, né?"

Yuki estava (fingindo estar) dormindo na cama, apesar de estar envolta em um cobertor de verão como um presente de Natal, então Masachika desferiu um poderoso chute de machado em seu corpo indefeso — exceto que em vez de usar o calcanhar, ele usou a coxa, e não foi poderoso, mas sim um toque suave em seu lado.

"Hmm?"

Ela abriu um olho e bocejou largamente. 

"Huh? Já é hora do café da manhã?"

"Essa é alguma atitude para uma criminosa contida."

"Ei, guarda. Tem alguma bebida aí?"

"Oh, você vai me dar informações, né?"

"Mmm... Aconteceu há tanto tempo que estou tendo dificuldade para lembrar. Pegou a dica?"

"Tudo bem, estou saindo."

"Vá ao bar onde ele costumava frequentar e procure no segundo andar. Acho que você vai descobrir algo interessante."

"Então você me dá uma dica no momento em que eu ficar irritado e sair. Que clichê."

"Heh..."

Ela sorriu com evidente satisfação, então estendeu os braços, descascando o cobertor de verão dela... Ela então descascou... e descascou... e...

"Nngh! Guh...!" 

"....."

Oops. Parecia que ela estava tendo dificuldade para tirá-lo. Yuki recostou-se, envolta no cobertor de verão, enquanto balançava as pernas como uma maníaca. Masachika assistiu sem entusiasmo por alguns momentos até que eventualmente ficou irritado, agachou-se ao lado dela e desfez o nó do cobertor. Sua irmã instantaneamente sorriu com confiança, girou a cabeça e fingiu estalar o pescoço enquanto se levantava.

"Que coisa... Já era hora de você aparecer. Parece que é minha vez de agir."

"Ah, o clichê onde você é salva pelo seu subordinado, escapa da prisão e é na verdade um personagem super forte e não um vagabundo patético como você fingiu ser... O que estamos fazendo?" ele se perguntou em voz baixa e cansada antes de abaixar Yuki da cama e se jogar de bruços nos lençóis em seu lugar.

"Ei, agora. Não me diga que você já está cansado. Você acabou de acordar. Cadê a emoção?"

"Devo soletrar para você? Estou tentando fazer você se sentir melhor porque aparentemente teve um pesadelo."

"Huh? 'Um pesadelo'?"

Ele rolou de costas e revisitou suas lembranças. Franziu o cenho ao recordar vagamente um sonho sobre uma memória de tempos passados. Yuki colocou a mão no peito.

"Se você quiser ser abraçado e chorar nos meus braços, estou aqui para você, mano," prometeu com um olhar de soslaio. 

Ela pode ter ocultado sua consideração e amor com sua observação brincalhona, mas Masachika ficou grato, embora um tanto constrangido. Ela sempre se convidava, junto com Ayano, para cuidar do irmão, que basicamente vivia sozinho. Embora ela sempre alegasse que vinha porque estava solitária, na verdade, provavelmente estava mais preocupada que o irmão estivesse se sentindo sozinho neste mundo.

Ainda assim, ele estabelece um limite quando ela tenta dormir na mesma cama que ele e traz Ayano junto...

Ele sorriu ao recordar a troca de palavras da noite anterior e provocou sua irmã: "Eu adoraria chorar nos seus braços, mas não há almofada suficiente, se é que me entende."

"Eles são mais do que grandes o suficiente para apertar, droga! Ou o quê...?! Você está dizendo que os únicos peitos que você reconhece como peitos são aqueles tão grandes que nem cabem nas suas mãos?!"

Yuki imediatamente colocou as mãos sob os seios para empurrá-los para cima. Seus olhos estreitaram para seu comportamento extremamente pouco atraente, então ele corrigiu seu mal-entendido.

"Ser grande o suficiente para apertar já significa que são enormes... Ahem. Independentemente de quão grandes sejam, você é realmente magra, então eu teria medo de que uma de suas costelas me espetasse."

"Então, por que você não vem aqui e vê por si mesmo?! Afogue-se no meu amor maternal! Hi-yaaah!"

"Mnff!"

Não se passou nem um segundo, e ela já estava montada sobre ele na cama, segurando sua cabeça em seus braços e esfregando-a entre seus seios. Uma sensação suave acariciava suas bochechas enquanto a ponta do seu nariz pressionava contra seu esterno.

"Heh! O que você achou disso? Conseguiu sentir meu amor maternal?"

"Definitivamente senti um pouco de amor paternal ali. Você deveria comer um pouco mais."

"Estou! Eu simplesmente não engordo, não importa quanto eu coma!" Yuki se enfureceu, soltando a cabeça de Masachika e sentando-se.

"Ah... Parece que meus seios são apenas páreo para as irmãs Kujou."

Ainda montada em seu estômago, ela dramaticamente levou a mão à testa e balançou a cabeça.

"Não chame-os de 'seios'."

"E lutar de volta com minha bunda ou pernas também seria difícil... Além disso, se estamos julgando pessoas por suas bundas e pernas, então você não pode ignorar Nonoa, já que ela é definitivamente a surpresa aqui..."

"Não sei do que você está falando."

"Você não notou aqueles quadris sedutores dela? Tsk! É por isso que os amantes de peitos me enojam..."

"Ei, você vai continuar tagarelando assim por um tempo? Porque se você for, acha que poderia me acordar quando terminar?"

Ele fechou os olhos para voltar a dormir como se não houvesse nada de incomum em ter sua irmã sentada em seu estômago. Com a mão ainda na testa, ela soltou um cínico "hmph".

"Não devemos apressar uma conclusão, mano. Não há como vencer essas três quando se trata de bunda, peitos e pernas, já que a genética delas ocidental as favorece. Portanto..."

Ela lentamente levantou a blusa, revelando seu umbigo bonito e as costelas levemente salientes enquanto exibia um sorriso convencido.Ilustração Vol.4 - #01 BW 

"...Decidi lutar de volta com meu estômago." 

"Ah. Seu estômago, hein?"

"Hee-hee! O que acha? Dê uma olhada neste estômago liso e macio. Te dá vontade de esfregar suas bochechas nele, não dá?"

"Não, na verdade..."

"Heh! Você não precisa mentir para mim, mano. Você está começando a sentir coisas que nunca sentiu antes agora, não está? Novas portas estão se abrindo para você."

"Desculpe, mas eu nunca tive uma porta para fetiches de estômago para começar."

"Então eu farei uma para você. Uma passagem para um novo mundo. Uma porta que não vai entediar."

"Isso deveria ser um haicai?" 

"Ei, você está desdenhando da minha linha?" 

"Nada passa despercebido por você."

"Oh-ho, entendi. Negue o quanto quiser, mas você sabe que nossas mentes estão conectadas. Além disso, posso ler seus pensamentos otaku como um livro - ou, bem, mangá."

“Justo o suficiente.”

Na verdade, Masachika sabia como Yuki se sentia, já que também conseguia ler um pouco de sua mente, sendo um nerd como ela e a conhecendo a vida toda. Embora isso não significasse que ele conseguisse prever algumas das coisas extravagantes que ela fazia, e ela era extremamente perspicaz quando se tratava de entender como funcionava o cérebro nerd dele também.

“E então?”

"E então o quê?"

"Desenvolveu um fetiche por estômagos agora?"

"Não. Nem um pouco."

"Tsk. Então é por seios, né? Você simplesmente adooora seios. Bem, dê uma olhada nesse decote."

Com um sorriso sarcástico no rosto, ela levantou um pouco mais a blusa, torcendo o corpo de um lado para o outro. Enquanto a maioria dos caras na escola babariam diante daquela visão, Masachika...

"Zzz..."

"Tsk. Pare de fingir que está dormindo. Nem estou usando sutiã, seu idiota. Seu nariz deveria estar jorrando sangue como uma fonte."

"....."

"Ah, vamos lá. Como você não vê o quão sexy isso é?" ela respondeu com um bico. Yuki então pegou o celular, ergueu-o no ar e ajustou sua posição traseira antes de tirar uma selfie. Ela olhou para a imagem, que mostrava ela montada na metade inferior do estômago de Masachika com a blusa enrolada até o peito, e engoliu em seco.

"Oh sim... Isso é profundo." 

"Cala a boca."

"Deveria mandar isso para a Alya. Hmm... 'Masachika está pronto para a ação hoje, como sempre.'"

"Você é um monstro!"

"Oh, espera! Eu poderia fingir que mandei para a pessoa errada e dizer algo como 'Você foi maravilhoso ontem à noite, Masachika.' Devo fazer isso?!"

"Ok, estou te enrolando de novo."

Depois de se sentar rapidamente, ele pegou o celular dela e a enrolou novamente no cobertor de verão. O movimento foi surpreendentemente habilidoso e rápido—não mais do que quatro segundos. 

"Selecionar e... excluir."

"Ahhh! C-como você se atreve a mexer no meu celular! Você é um diabo!" Ignorando seus apelos, Masachika apagou a selfie que ela tirou.

"Estou sendo abusada! Exijo falar com um advogado!"

Ele pegou sua irmã com facilidade, que debatia os braços e as pernas enquanto involuntariamente fazia cosplay do que parecia ser uma lagartal.

"Sim, sim. Hora de voltar para a sua caverna embaixo da cama."

Sua voz era doce, como se estivesse libertando um animal resgatado de volta à natureza, enquanto lentamente a enfiava embaixo de sua cama. 

"Ai! É muito estreito! Eu—"

"Sim, sim. Você foi travessa, então está voltando para onde pertence."

"Ei! Estou falando sério! Não tem como eu me encaixar aqui, especialmente com esse cobertor enrolado em mim! Está... tão apertado..."

"Não seja tímida. Você gosta de lugares apertados, não gosta?"

Ele continuou a enfiar sua irmã embaixo da cama, ignorando seus apelos... até que ela começou a gritar angustiadamente de repente.

"Masachika, espera! Você está me machucando! Dói! Pare de tentar enfiar assim! N-não tem como caber completamente!"

"....."

"Huh?! V-Você está realmente me ignorando?! I-Isso realmente dói— Ayano, ajuda!"

"Você me chamou, Yuki-sama?!" 

"Baixe suas armas, Ayano."

Equipada na mão direita de Ayano estavam três canetas metálicas ridículamente afiadas enquanto ela corria para o quarto. Ela observou a área, piscando lentamente quando viu Yuki enrolada em um cobertor de verão com metade direita do corpo enfiado embaixo da cama e Masachika agachado ao seu lado. Ela observou a situação quase incompreensível com uma expressão vazia, e sua cabeça se inclinou para o lado por alguns segundos... antes de rapidamente endireitar o pescoço mais uma vez.

"...Ah, você ficou presa? Permita-me ajudar, Senhor Masachika." Ela agachou ao lado dele e começou a puxar Yuki para fora.

"...Bem, pelo menos agora sei que tipo de pessoa Ayano pensa que eu sou." 

"Quem planta verde, colhe maduro."

Sua empregada, a pessoa em quem mais confiava, entendia mal e pensava que Yuki tinha tentado se esconder embaixo da cama por conta própria.

Enquanto a puxavam lentamente para fora, Yuki olhava para o horizonte, perguntando-se onde havia errado para que a pessoa em quem mais confiava assumisse que ela estivera fazendo sei lá o quê embaixo da cama de alguém.

Seção

"…O que você está vestindo?"

"É um disfarce," respondeu Yuki casualmente, enquanto levantava a aba de seu chapéu, sem se importar com o olhar de repulsa de seu irmão. 

Depois de terminarem o café da manhã, preparado por Ayano, todos se arrumaram em quartos diferentes antes de se reunirem na sala, mas o traje de Yuki era... algo diferente. Ela estava usando shorts com suspensórios e uma camiseta de uma estudante de anime tocando baixo. 

Seus cabelos estavam amarrados em duas marias-chiquinhas sob um boina e, para completar, estava usando óculos de sol oversized... Além disso, sua pequena estatura não estava ajudando em nada hoje, porque ela não parecia nem um pouco uma estudante do ensino médio — talvez uma estudante do ensino fundamental no máximo. 

Algumas pessoas até poderiam confundi-la com uma criança do primário. No entanto, Yuki mesma não parecia preocupada enquanto colocava uma mão na aba de sua boina com um sorriso que gritava "narcisista".

"Heh! Nem mesmo um disfarce pode esconder o quão adoravelmente fofa eu sou..."

"Você é 'adorável', né?" 

"Sim."

Ela fez dois sinais de paz sobre o queixo enquanto olhava de forma arrogante para cima para ele. Ela está até agindo como uma pirralha mimada, pensou Masachika, coçando a cabeça.

"Mas... por que você precisa de um disfarce?"

"Porque podemos encontrar alguém que conhecemos, como encontramos a Alya daquela vez. Não esqueça que somos rivais de campanha na escola agora. Não queremos que especulem coisas estranhas sobre nós."

"Tenho certeza de que já está bem estabelecido que somos melhores amigos e crescemos juntos."

"Só estou sendo cuidadosa. Melhor não mexer onde não é necessário."

"Ah, sei..."

Usar um disfarce terrível só vai piorar as coisas se alguém nos pegar, pensou ele, mas dizer isso a ela daria mais trabalho do que valeria a pena, então ele apenas assentiu de forma desanimada. Masachika então olhou para a jovem mal-educada e inacessível ao lado de sua irmã. Era Ayano, naturalmente. Ela estava usando uma blusa sem graça e uma saia sem graça. Seus cabelos pretos e grossos - amarrados alguns momentos atrás quando estava fazendo serviços domésticos - agora estavam caindo sobre seus olhos, que já eram quase invisíveis devido aos enormes óculos cobrindo seu rosto. Ela parecia o tipo de garota que você veria em um anime, onde na verdade era realmente bonita depois de tirar os óculos.

"... Ayano."

"Sim, Masachika-sama."

"Estou dizendo isso para o seu próprio bem. Vá trocar de roupa."

"Mas..."

"Apenas faça. Uma jovem bonita no ensino médio como você não deveria sair vestida assim."

"....."

Os olhos de Ayano vacilaram como se estivesse perturbada com suas palavras, então ela olhou para Yuki em busca de orientação, mas Masachika imediatamente interveio como se soubesse que isso ia acontecer e instou Yuki a reconsiderar.

"Você é livre para usar um disfarce e fazer o que quiser, mas isso é muito cruel. Você não deveria fazer uma garota fofa na flor da idade se vestir assim."

"Funciona porque ela é fofa. Obviamente, ela pareceria um desastre se não fosse."

"Peça desculpas a todas as garotas não fofas do Japão. Imediatamente," ele respondeu com um olhar de repulsa antes de se voltar novamente para Ayano.

"'Fofa'..."

“…?”

Embora sua expressão estivesse neutra, as mãos de Ayano estavam em suas bochechas, e meio que parecia que ela estava corando se você piscasse? Talvez? Independentemente, ela imediatamente percebeu o olhar cético de Masachika e prontamente baixou as mãos e ajustou sua postura. Yuki cedeu.

"Tudo bem. Você pode ir trocar de roupa, Ayano." 

"Como desejar."

Ela se curvou para o seu mestre e dirigiu-se ao quarto de Yuki, onde estavam suas coisas. Depois de alguns segundos observando-a se afastar, Masachika de repente percebeu.

"Oh. Ela estava... corando, não estava?" 

"Sim, obviamente."

"‘Obviamente’? Só porque eu a elogiei, no entanto? Estranho." 

"Hmm... Sim, entendo o que quer dizer." Yuki assentiu como se pudesse se identificar.

Masachika ficou incomodado com a reação de Ayano — algo que seria considerado normal se ela fosse apenas uma garota comum. Não ajudava que ele pensava completamente que ela o estava ignorando no início. Ele então timidamente perguntou:

"Ei... Ayano não está interessada em mim... romanticamente, certo?" 

"Até onde sei, pelo que ela me disse, não está." 

"Pensei que sim..."

O que Ayano sentia por Masachika e Yuki era claramente amor e respeito, mas era o tipo de sentimento que uma serva teria para com seus mestres. Ela mesma havia dito isso, e Masachika aceitou porque se era desejo de Ayano se dedicar a ele como sua criada, por que negar isso a ela?

No entanto... se mesmo que um fragmento de sua devoção viesse de algum tipo de sentimento romântico, então Masachika teria que considerar como lidar com isso. Ayano tratava os dois irmãos igualmente e se comportava da mesma maneira ao redor deles na maior parte do tempo. Nunca ele sentiu que ela os tratava de maneira diferente com base em seu gênero. 

Foi por isso que reconheceu que ela estava dizendo a verdade... mas era difícil não ser cético depois de vê-la corar daquela maneira.

"Você está preocupado, meu querido irmão?"

"É só... Acho difícil acreditar que alguém coraria assim quando alguém que é basicamente da família meramente elogia sua aparência."

"Hmm... Sim, entendo o que quer dizer."

Yuki acariciou o queixo como se estivesse ponderando profundamente suas palavras até ser atingida por uma epifania.

"E se verificarmos como ela se sente?" 

"...? Como faríamos isso?"

Masachika teve um mau pressentimento quando viu os lábios de sua irmã se curvarem para cima, mas antes que pudesse impedi-la, ela já estava fazendo um megafone com as mãos e gritando em direção ao quarto:

"Ayano! Venha aqui por um segundo! Vamos, rápido! Não se preocupe se ainda não terminou de trocar de roupa. Apenas venha aqui!"

A porta de seu quarto pôde ser ouvida abrindo e fechando imediatamente antes que passos apressados enchessem o corredor.

"Você me chamou, Yuki-sama?" Perguntou Ayano, abrindo a porta da sala.

"Pfft!"

Os olhos de Masachika se arregalaram, e ele explodiu em risos no instante em que a viu... porque ela estava usando nada além de roupas íntimas roxas claras. Chamar o que ela estava vestindo de lingerie provavelmente seria mais apropriado, e elas eram mais sexy do que fashion, o que só piorava as coisas. Suas roupas íntimas claramente destacavam seu decote enquanto revelavam sua cintura fina e traseiro pequeno, que era complementado por suas pernas longas. 

Seu corpo não era tão delicado quanto o de Yuki, mas ela ainda tinha uma figura bastante impressionante. Para completar, seus cabelos pretos e espessos pendiam sobre sua pele branca como a neve. Ela parecia literalmente sedutora para Masachika.

"Bom trabalho, Ayano. Isso está perfeito."

"O que há de 'perfeito' nisso?! Ayano! Se cubra!" 

"Não tenho nada a esconder diante de vocês dois."

"Posso ver muitas coisas que você deveria esconder!" gritou Masachika quase em um grito enquanto desviava o olhar. Apesar de ser bastante delicada, ela tinha curvas femininas muito definidas, e não importava o quanto Masachika a considerasse da família, não havia como esconder o pânico diante de seu corpo meio nu.

Você nem podia comparar isso com o corpo completamente nu de Yuki! Estava em um nível totalmente diferente!

Yuki, por outro lado, foi rapidamente até Ayano e disse a Masachika atrás dela:

"Olhe todas as suas marcas de beleza, mano. Ela é tão sexy, não é?"

"Não faço ideia de onde você está apontando. De qualquer forma, Ayano, vá terminar de se trocar, está bem?"

"Yuki-sama..."

"Mmm... Tudo bem. Desculpe por te chamar de repente assim. Você pode voltar agora."

"Foi um prazer. Voltarei em breve."

Somente quando ele ouviu o som da porta abrindo e fechando ecoando pelo corredor é que o rosto de Masachika finalmente voltou ao normal. Ele lançou um olhar furioso para a irmã.

"Então? Qual foi o objetivo disso?"

"Hmm? Eu estava verificando se a Ayano te via como homem ou como família. Afinal, a maioria das mulheres ficaria constrangida de ser pega de roupa íntima por um homem que não fosse da família."

"Yeah…"

Masachika ficou surpreso pelo fato de ela ter uma boa razão para o que fez, e naturalmente, ele concordou. A maioria das pessoas ficaria menos constrangida se fosse vista por um membro da família.

"De qualquer forma, o que você acha, pelo modo como ela reagiu?" Ele perguntou à irmã.

"Hmm? Não faço ideia."

"Huh?"

"Ela parecia um pouco envergonhada, talvez? Mas a expressão dela nunca muda, sabe? Então, se você me perguntar se ela estava envergonhada porque te viu como alguém que pode ser namorado, então… é um palpite."

"Obrigado por desperdiçar meu tempo."

Mas Yuki encarou de volta seus olhos repugnados com um olhar significativo.

"Pelo menos agora sabemos que você vê a Ayano como mais do que 'apenas família'."

"....."

Ele ficou sem palavras. Masachika próprio estava ciente da atração sexual que sentia quando via Ayano de roupa íntima, então não havia nada para argumentar. Se divertindo ao ver seu irmão silenciado, Yuki de repente sorriu com um olhar um tanto consolador.

"A propósito, eu te amo mais do que qualquer outra pessoa no mundo inteiro, mas como membro da minha família e como meu irmão, você me ver nua não me constrange nem um pouco. Sinto muito te decepcionar. Desculpe por não ser o tipo de irmãzinha que grita e joga algo no irmão quando ele entra no quarto enquanto estou trocando de roupa."

"Não faço ideia do porquê estou sendo pedido desculpas, mas eu apreciaria se você ao menos estivesse um pouco constrangida. O fato de você não estar me preocupa como mulher no meio da puberdade."

"Ah, vamos lá. Alguém com um senso normal de vergonha para a idade dela realmente usaria algo tão maluco assim na rua?"

"Então você percebe o quão maluca você parece?! E tire essa expressão convencida do seu rosto!"

"Meu querido irmão... posso ser honesta com você? Ter quinze anos e usar meu cabelo em rabo de cavalo... é difícil."

"Quem diria?" Masachika respondeu com seriedade enquanto Yuki encarava o horizonte com um sorriso um tanto melancólico.

"Mas sabe de uma coisa? Quando me vi no espelho, comecei a tremer. Eu pensei, 'Sério? Como eu estou tão bonita?'"

"Dói admitir, mas você realmente está bonita."

"Você diz isso, e no entanto sua expressão mal mudou quando me viu. Suponho que preferiria se eu estivesse com o cabelo em um rabo de cavalo?"

"O que te faz pensar isso?"

"Huh? Porque você gosta de rabo de cavalo, certo?"

"Hmm... Bem, não posso negar que gosto de rabo de cavalo, mas você está meio que perdendo o ponto."

"O que quer dizer com isso?"

Seu comportamento estranho e teatral despertou o interesse dela, então ela franziu a testa e o olhou seriamente. Masachika sorriu de canto e continuou:

"Claro, todo mundo gosta de um bom rabo de cavalo, mas... a melhor parte dos rabos de cavalo é quando pessoas que normalmente têm o cabelo preso o soltam e deixam o cabelo solto."

"Entendi. Ah, parece que podemos pegar o próximo trem se sairmos agora. A propósito, você não acha que esses aplicativos de roteiro subestimam bastante a rapidez com que a pessoa comum anda?"

"Pelo menos finja que está interessada no que tenho a dizer! E eu acho que esses aplicativos usam a velocidade média de caminhada dos idosos ao calcular os horários!"

"Que idoso precisa de oito minutos inteiros para trocar de plataforma?" 

"Você está acostumada a ver nossos avós, que ainda se movimentam muito. O idoso médio da cidade não será capaz de perseguir um cachorro fugitivo duzentos metros, muito menos pegá-lo."

"Sim, eles geralmente teriam que usar uma bicicleta, né?" 

"Não, não é assim — Deixa pra lá."

Havia tantas coisas erradas no que ela disse que Masachika se sentiu um pouco exausto... até que seus olhos eventualmente avistaram Ayano, que havia trocado de roupa e estava tranquilamente prendendo o cabelo em um rabo de cavalo.

"....."

"Um... Ayano? Por que está prendendo seu cabelo em um rabo de cavalo?"

"…? Porque o parque de diversões provavelmente tem regras sobre cabelos compridos que não estão presos."

"Huh? O-Oh... Tá."

"Uau, alguém confere o ego desse cara. Meu irmão acha que tudo é sobre ele. Que vergonha ♪," Yuki zombou, apontando ambos os dedos indicadores para o rosto dele.

"Cala a boca!" Masachika gritou, tentando esconder sua vergonha.

Ayano apenas inclinou a cabeça para o lado com sua expressão habitual em branco. A troca deles continuou assim... até que fosse tarde demais, e eles perdessem o trem.


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