Volume 2 – Arco 2: Fator B
Relatório 8: Pontos de Interesse
Dia 13 de Abril, 2:00 da tarde
Após uma breve conversa com o açougueiro Lucas Silva, Hector se lembrou de uma ocorrência antiga que passou por seu departamento há não muito tempo atrás. Agradeceu Victor mentalmente pela indicação de Lucas, seja lá onde ele estivesse agora.
Algo que parecia adormecido na cabeça do cartola estava acordando aos poucos, mas ainda não sabia bem o que era. Contanto que ajudasse, seria ótimo.
Passou uma noite inteira em claro fazendo pesquisas no seu escritório. O chefe Morgan parecia incomodado, ainda assim, deixou seu único empregado fazer o que queria.
Tantas notícias, casos e prisões passaram pela tela de seu notebook, até que num golpe de sorte encontrou o que queria.
— Ocorrência de Junho de 2001! Finalmente!! E vamos ver…
Entre os murmúrios cansados, ele passou o olho por cada palavra numa velocidade absurda, procurando por uma única e pequena informação.
— Rua da Maritaca, Casa 839.
Era isso! O endereço que tanto procurava! Depois de tantas tentativas e quase ceder à loucura — como se já não estivesse imbuído dela —, adquiriu um lugar diferente para ir, e o melhor de tudo, conseguiu isso sozinho!
O orgulho preencheu seu coração, mas não tanto quanto outra sensação. Toda a exaustão acumulada bateu com força, levando o rapaz a um nocaute instantâneo.
***
Enquanto Hector sucumbia ao cansaço, do outro lado da cidade, uma outra pessoa fez de tudo para evitar qualquer sinal de sono em seu rosto, tudo para este dia. Em sua folga, Lívia aguardava ansiosa por um certo alguém.
Estava sentada à mesa de uma lanchonete de posto, os olhos esperançosos atentos nos arredores. A mão em constante contato com o cabelo, arrumando o que já estava em seu ápice de beleza, tal como o espelho ajudava a procurar por uma sujeira que existia somente em sua cabeça.
Os olhos azuis foram até um ônibus estacionado no posto e depois para o relógio de pulso que aos poucos se aproximava do horário marcado.
Após três minutos inteiros seguindo o ponteiro fixamente, o evento que tanto aguardava finalmente começou.
— Opa! Tô atrasado? — disse um jovem ao se sentar.
— Nada, o ônibus ainda está abastecendo.
Era um rapaz um pouco mais velho, Isaac, com um curioso jeito de falar, aparentando uma mistura de incontáveis sotaques, sendo ainda predominante o de Utopia.
O sotaque poderia até lembrar Hector, mas sua postura era bem mais retraída do que o escarcéu que era o detetive. O jovem tinha olhos verdes e um cabelo ruivo cacheado, se vestindo de maneira bem… incomum. Misturava um estilo de sertão com moderno, tendo a cintura como uma divisória para os dois modelos. Não dava para adivinhar se ele chegou da roça ou do centro da cidade.
O rapaz dizia trabalhar como modelo, algo bem impressionante se considerar o estilo. Tendo se conhecido de uma maneira meio aleatória, agora os dois estavam prestes a sair numa curta excursão nos arredores da cidade.
Durante a conversa eles acabaram descobrindo uma incrível quantia de sete coisas em comum, e sendo uma garota solteira de 25 anos, Lívia não pôde deixar esta chance passar batida.
— Você disse que essa rota vai pra pontos turísticos aqui perto, não é? — perguntou a garota.
— Sim. Primeiro o Escudo de Bronze, depois vamos pegar a estrada e iremos para o Arco de Pedra, onde tem uma vista bem legal do horizonte.
Ele tinha um tom alegre e cada vez mais animado, não tirando os olhos da garota nem por um instante.
Bip! Bip! Mais rápido do que esperavam, o ônibus de passeio buzinou, atraindo várias pessoas até sua porta.
Lívia levantou-se primeiro, andando em direção ao veículo sem nem se dar conta do rapaz que foi abandonado. Virou-se de volta e teve uma pequena surpresa.
— Não se preocupa, o lugar é alto mas vale a pena.
Ele permanecia na cadeira, e sua voz era direcionada para o nada. A garota procurou, absolutamente ninguém estava por perto.
— Está falando sozinho?
— Hã? Oi! Ah, foi mal! Tava só pensando alto!
Retirou-se às pressas da mesa e voltou para o lado da acompanhante, parecendo ignorar o ocorrido. Com apenas o arquear de uma sobrancelha, Lívia adotou a mesma postura e seguiu em frente.
Assim que embarcaram, a excursão finalmente pôde começar.
Saindo do posto, eles entraram em uma avenida e seguiram em direção à primeira parada. Enquanto Lívia observava as casas passarem rapidamente, o garoto ao seu lado pareceu se lembrar de alguma coisa, não demorando para comentar.
— Você sabia? O Escudo de Bronze é uma homenagem para um guerreiro antigo, só o monumento tem mais de oitocentos anos de idade!
Oh~! O tom de surpresa soava meio falso, mas pareceu o suficiente para satisfazer o rapaz. Não era um fato pouco conhecido, na verdade, até pouco tempo atrás aquilo era ensinado nas escolas.
— Você tem interesse nessas histórias?
— Eu… Bem, mais ou menos. — Coçou a cabeça e desviou o olhar para o chão. — Não sou eu, mas sim alguns colegas que convivem comigo, então a mania meio que passou pra mim, hehe!
Ela sorriu de canto, nada mais. A conversa pouco andava, e quando fazia, aquela desconfortável sensação de estranheza não lhe deixava em paz. Fazia sentido, afinal não conhecia direito o jovem, mas estava lá para isso!
De alguma forma, deixou as preocupações de lado e tentou aproveitar o passeio. Sem hospital, sem pacientes, sem sangue! Apenas ela, Isaac e uma viagem confortável.
Seguindo por Romantusk e adentrando a cidade mais ainda, eles alcançaram uma grande rotatória. Os limites do círculo eram decorados com Ipês amarelos, usando de quatro caminhos opostos uns aos outros para guiar os visitantes até a obra de arte resguardada pelas árvores douradas.
Todos desceram seguindo o líder da excursão, Lívia e Isaac sendo os últimos da fila.
— Aqui temos o famoso Escudo de Bronze, senhoras e senhores. Essa bela escultura foi construída em meados do Século 4, sendo atualmente uma representação da força e da segurança que nossa cidade representa em toda nação de Utopia…
O líder seguiu com as explicações para os novatos, mas Isaac chamou a garota para um canto minimamente afastado do grupo, onde poderiam apreciar a obra de arte sem muitos incômodos.
— Você também gosta disso? A sensação de quando encara algo com séculos de história? — perguntou ele, vidrado no Escudo.
Ela suspirou, contendo um curto riso: — Bem que eu gostaria. Eu passo por aqui quando vou trabalhar, então não me parece mais tão especial quanto da primeira vez.
O rapaz deu uma risada sem graça, mas não perdeu sua animação. Com os olhos esverdeados ainda fixos na escultura, viajou por diversos cenários em sua imaginação.
Tantos séculos de histórias… O que será que aconteceu para aquele escudo estar ali? A quem ele pertencia? Como era essa pessoa? Eram tantas questões que gostaria de saber e ao mesmo tempo nunca descobrir, temendo que a magia do desconhecido se perdesse.
— Eu não sei você, Lívia, mas eu… Eu sinto que, de alguma forma, estou conectado com essa pessoa do passado. Será que é isso que chamam de reencarnação?
— He! Eu não acredito nessas coisas, mas vai saber, né?
A garota o observou, notando algo além de toda a atenção que levava ao monumento.
De forma que parecia um imã atraído por outro, sua mão foi estendida na direção do Escudo numa tremulação estranha, acompanhada de arrepios que percorriam o corpo do rapaz como as ondas do mar.
Um sorriso se formou no rosto do jovem, que ainda naquela posição, agarrou o vento e disse:
— Tantas histórias e pessoas, eu adoraria saber mais sobre elas. Eu realmente… faria qualquer coisa pra ter essas histórias em mãos.
Ela fitou o rapaz com curiosidade. Seu cenho estava diferente de antes, de forma que não conseguia mais dizer se era a mesma pessoa. Tudo que mostrava era uma forte vontade; o mesmo tipo que Hector demonstrava ao investigar alguma coisa — só que com um toque menor de insanidade.
— Bem! — continuou — Minhas paranoias não importam agora, haha! Vamos continuar o passeio!
Apontou para o grupo do ônibus, que voltavam para o veículo ao mando do líder.
Vamos lá! O garoto disparou na frente, outra vez mostrando uma nova face que parecia esconder até pouco tempo. Analisando todas as atitudes, Lívia balançou violentamente a cabeça para livrar a mente de tantos pensamentos.
Aproveitar! Veio pra esse encontro apenas para isso! Sem suposições, observações ou qualquer outra coisa! Talvez fosse este o efeito de conviver com um maluco como Hector, estava começando a apresentar os mesmos sintomas.
Esforçando-se para ignorar tudo de ruim, ela seguiu para o ônibus e, consequentemente, para o próximo ponto da viagem.
.
.
A direção mudou para o total oposto de antes. Com alguns minutos na avenida, eles saíram na cidade em direção ao Sul.
Do lado esquerdo, uma vista para a larga Praia do Boto e, por conseguinte, o vasto Mar de Botomêgamo, águas tão misteriosas quanto aquilo além de onde a visão das pessoas alcançava.
À direita, uma grande área planificada era gradualmente substituída pelo relevo natural, formado por elevações de terra semelhantes ao cerrado, recheadas de carvalhos verdes e flores que prendiam totalmente a atenção dos passantes.
Por fim, se olhasse à frente, não veria apenas uma rodovia que parecia infinita, como também um enorme penhasco. Esse tinha seu início a alguns quilômetros da costa, erguendo-se a vários e vários metros de altura e invadindo um pouco o mar, além de agir como parede que dava um fim à praia.
— Olha só pra isso, Lívia! Vai dizer que não é a coisa mais bela que você já viu?
A garota se pôs à janela, mirando o topo da grande formação de terra, capaz de enxergar o ponto ao qual o ônibus se dirigia.
A voz saiu desanimada: — É, é legalzinho.
A face de Isaac tornou-se branca. Legalzinho? O tom arrogante não existia na mulher, e ainda assim desencadeou uma expressão de indiferença por parte do garoto.
— Caramba, pelo jeito você é difícil de impressionar.
Ela conteve um riso, se aconchegando novamente no banco.
— Eu sou médica, se eu te contasse o que já vi você nem acreditaria.
Em resposta, o garoto estufou o peito orgulhosamente, falando agora como se fosse superior à ela, mas sempre com um pequeno tom cômico.
— Acho que não. Pode não parecer, mas eu tenho uma vivência equivalente a várias décadas!
— Eu também, qualquer um consegue isso com uma pesquisa qualquer na net.
Ele despencou ao ponto de uma nuvem negra surgir acima da cabeça. Mas ainda que Lívia fosse capaz de refutar todos os seus argumentos sem qualquer dificuldade, ainda havia uma carta na manga do rapaz.
Preparado para uma última investida, ele cerrou os punhos e limpou o suor da testa. Sem mais aquele tom animado e tão exótico quanto sua roupa, ele aproximou os lábios do ouvido da garota e começou a sussurrar.
— Você sabia? Ouvi dizer que a polícia começou a registrar ocorrências estranhas na cidade ultimamente.
O ataque pareceu funcionar, visto que a cabeça da garota se virou automaticamente na direção do ruivo. Com um sorriso curto no rosto, ele prosseguiu.
— Pouca gente tá sabendo, mas aos poucos as pessoas estão notando as mudanças no país. A quantidade de guardas nas ruas aumentou, o acesso a dados do exterior está um pouco mais restrito e até os eventos nacionais ganharam um foco tão grande que chega a ser incomum.
Restrito? Não estava sabendo disso. Nunca em toda a sua vida algo assim havia acontecido na nação. O bloqueio das fronteiras não foi algo tão ruim, já que protegia Utopia de uma certa raça estrangeira, mas privação de informação?
Bem, se era a próprio bem da população, poderia até ser aceitável, não? Para alguns, sim, mas não para uma médica como Lívia. Antes mesmo que ela questionasse, o rapaz prosseguiu:
— Ninguém tá levando isso a sério por enquanto, mas eu tenho certeza que, muito em breve, uma coisa muito maluca vai acontecer! Sinceramente, eu tenho até medo!
Ela engoliu seco, finalmente arranjando espaço para falar.
— Mas… como exatamente você tem certeza disso tudo?
Novamente, ele estufou o peito, e numa exaltação repentina, só faltou gritar.
— Ah, é que na verdade eu tenho…
Um punho afundou na cara do rapaz! Lívia saltou no banco, segurando o grito por um triz. Rapidamente ela procurou pelo agressor, mas ao seguir a linha do braço, notou que ele… so-socou a si mesmo!?
Todos do ônibus encararam confusos, mas sem qualquer questionamento.
Ao se recuperar do choque momentâneo, ela ofereceu ajuda ao jovem, recusada na mesma hora. Abaixando os braços devagar, ele lamentou:
— Desculpa. Eu sou muito burro…
— O que foi isso? Você tem algum tipo de tique nervoso?
O rapaz fez que não com a cabeça. — Não se preocupe com isso, doutora, hehe! É mais uma forma instintiva do meu corpo de punir a minha burrice.
Dentre todas as que já ouviu em sua carreira, aquela justificativa era a que menos fazia sentido, mas ao mesmo tempo, não tinha como afirmar nada no momento. Sua mente se encheu de questionamentos, mas que foram desfeitos por um repentino inclinar do ônibus.
— Senhoras e senhores, estamos agora subindo o penhasco em direção ao nosso último ponto turístico. Aproveitem a vista.
O aviso do líder fez todos olharem pela janela. O chão se distanciava aos poucos, tornando ainda maior o horizonte azul. O mundo depois dos montes do lado oposto também era um pouco mais visível, mas nada de interessante surgia para ser observado.
Alcançando o topo, todos logo desceram do ônibus e, instruídos pelo líder da excursão, foram apresentados ao último e mais intrigante ponto turístico de Paradise.
— É um prazer trazê-los até aqui, um lugar curioso e alvo de pesquisas tão malucas que sequer somos capazes de imaginar. Este, meus caros turistas, é o Arco de Pedra.
A poucos metros da ponta do penhasco, aquele monumento agia como o olho da montanha, quem sabe a janela para um novo mundo, a depender de como era apreciado.
Fruto de formação — até onde se sabe — natural, o arco rochoso era como a entrada de uma cidade, apenas faltando a mensagem de boas-vindas. No geral não tinha muito o que descrever ou algo de especial para destacar, era literalmente como o próprio nome sugeria, um arco de pedra.
— Só isso? Sinceramente, eu esperava mais.
Lívia foi imediatamente repreendida por Isaac. Por sorte, sua voz não soou alta, ainda assim, era possível sentir o olhar ameaçador do líder vagar entre todos ao ouvir parte de tal blasfêmia.
— O Arco de Pedra é importante pra muita gente, não se pode sair falando dele assim — alertou o rapaz, assumindo então o papel do guia. — É algo que está aqui desde o 1° Colapso, assim como o Escudo de Bronze e a montanha Trono de Deus. Além disso, algumas pessoas acreditam que esse lugar tem propriedades mágicas, o que piora ainda mais qualquer tipo de insulto. Acredite, você não vai querer ter jovens místicos na sua cola.
Mágica? Falar isso na frente de uma médica já não era insulto o bastante? Até mesmo aquela ocorrência do Sr. Rose foi respondida de forma lógica, ou pelo menos era nisso que a garota queria acreditar.
A explicação do Lírio Púrpuro ainda lhe incomodava, mas não havia como descobrir se a história era verídica. Hector poderia até ajudar, mas aquele projeto de ligeirinho já não aparecia há alguns dias no hospital, nem para dar sinal de vida pelo celular.
— Desculpa, Isaac, mas essa coisa de magia e “poderzinho” é algo que eu não consigo nem fingir acreditar.
Ce-certo… Outra vez, cabisbaixo, e logo em seguida, um curto salto lhe fez erguer a cabeça. Afinal, quantas vezes aquela montanha russa ocorreria? Fazer isso na frente de uma médica era ainda pior.
— Mesmo que não acredite, não é fascinante pensar nisso? A quantidade de coisas que o mundo esconde de nós, as histórias que nunca foram contadas…
— Isso me empolga!
Ela virou o rosto instantaneamente. O líder do grupo havia completado a frase, e adicionou logo em seguida: — Não concordam, pessoal? Essa paisagem não é empolgante?
Sua atenção então voltou para o garoto, que estava com o rosto em direção ao chão e com uma mão tapando a boca.
— A-Algum problema? — Ela vagou seu foco entre o jovem e o guia.
Tom de voz. Aquela situação soou muito estranha. A tonalidade entre ambos era surpreendente, como se os dois estivessem em sincronia perfeita. Tão inacreditável quanto uma peça de teatro.
— Tô sim, só fiquei um pouco enjoado por causa da altura.
Ele se colocou de joelhos, levantando pouco depois com a ajuda da companheira. Se tinha medo de altura, então qual a razão para vir a um lugar deste?
Perguntar em voz alta não foi preciso, pois logo notou aquela mesma semelhança de antes. Atração. Apesar do garoto estar de cabeça baixa, o olhar se forçava na direção do Arco de Pedra, enquanto a mão se movia praticamente sozinha, buscando alcançar o monumento.
— Melhor voltar pro ônibus! Não é bom alguém com esse tipo de fobia ficar nessas alturas, pode te dar um problema ainda maior!
Mesmo que sua força fosse menor que a do rapaz, ainda conseguiu empurrá-lo em direção ao veículo.
A cada passo, Isaac via sua mão afastar-se do objetivo, e mais uma vez agarrou apenas o vento… Não! Muito pelo contrário!
Repentinamente revidou contra Lívia, a empurrando forte o bastante apenas para se livrar dela. Correndo em linha reta como um doido, ele foi em direção à borda lateral do penhasco.
— EI, MOLEQUE! O QUE ESTÁ FAZENDO!?
O grito do líder foi como um aviso. Isaac afundou os pés no chão ao ponto de arrancar um pedaço de terra. Uma parada brusca o bastante para deixá-lo no limite antes da queda.
Todos o encaravam fixamente. O que diabos ele planejava com aquilo? Um maluco! Só poderia ser isso! Estava tentando se jogar do penhasco!
Com alguns segundos de silêncio absoluto, onde apenas a brisa soprava nos ouvidos dos turistas, Isaac levou o olhar até a praia abaixo, para que pouco depois erguesse a cabeça e exibisse um alegre sorriso.
— Viu só? Não é medo, acho que foi só um efeito da falta de ar, kakaka!
Lívia não se convenceu nem um pouco, tomando a iniciativa de ir até o rapaz na mesma hora. Entretanto, ele agiu tão veloz quanto, saindo da beirada e apontando para o ônibus.
— Vamos voltar pra dentro, o ar-condicionado vai me fazer melhorar!
As palavras não saíam de sua boca, restando apenas aceitar o pedido do jovem. Deixando servir-se de apoio, ela o levou para o conforto do interior do veículo, não demorando para que o resto dos turistas se aproximasse para saber o que havia acontecido.
Porém, toda essa atenção era direcionada para o lugar errado. Pela janela, Isaac observava cautelosamente aquela beira na qual estava.
Sob a grama verde, uma silhueta semelhante à um tentáculo negro rastejou de volta para baixo, longe da vista de qualquer pessoa especial que pudesse estar por ali.
Quando a coisa desapareceu, ele suspirou aliviado, permitindo também o sorriso surgir novamente em seu rosto. Ufa, foi quase! Limpou o suor da testa e mirou o Arco de Pedra uma última vez.
“Esse lugar… isso sim é do nosso interesse.”
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