A Maldição da Trindade Brasileira

Autor(a): Felipe Ramos


Volume 1 – Arco 3

Capítulo 32: Conto Gélido

15 anos atrás, na vila de Yukiyama.

— Vamos comemorar! Meu filho nasceu! — Um homem adulto levantava seu copo de cerveja para brindar com outras pessoas em um velho bar.

— Hyoga, você deveria estar com a sua mulher e seu filho agora, onde eles estão? — perguntou uma funcionária do bar.

— Eles estão bem, a família da minha esposa queria fazer uma visita e como não gostam muito de mim, resolvi vim comemorar pra deixar eles em paz. — Ele novamente brindou e todos gritaram.

Uma enfermeira ensanguentada entrou no bar, ela estava com um corte profundo em sua barriga, já não parecia ter mais tempo de vida.

— Sr. Hyoga, um espadachim demônio invadiu o hospital, você precisa ir defender o seu filho… — A mulher vomitou sangue e morreu em seguida.

Hyoga pegou sua espada e saiu em disparada para o quarto onde sua mulher e seu filho estavam. Ao chegar no hospital, viu diversas pilhas de corpos dilacerados. No andar onde estava seu filho, ele avistou toda a família de sua mulher feita em pedaços no corredor do hospital. No fundo do corredor, ele avistou uma silhueta segurando um bebê, que era seu filho.

— Largue meu filho, seu doente, o que você quer? — gritou.

— Não quer se apresentar primeiro? Se bem que se essa mina de ouro aqui é seu filho, acredito que você seja Hyoga Ito, estou errado? — Ele olhou para o homem, que estava com tanto ódio que não conseguia falar. — Vou encarar como um sim, eu me chamo Aiden, sou aquele que vai libertar Excalibur de seu selo.

— Aiden… Eu já ouvi falar sobre você, que corpo é esse? Nas lendas você era um homem.

— Esse corpo é de uma moradora de rua miserável que também pariu no dia de hoje, no mesmo hospital, assim como Excalibur havia me dito.

— Então qual a razão de você estar atrás do meu filho?

— Simples, hoje é o dia 16 de janeiro de 2007. Faz exatamente 500 anos que Excalibur foi selado. Você como espadachim deve saber muito bem que aquele selo enfraqueceria depois de meio milênio, e eu esperei atentamente por muito tempo. No dia de hoje, os poderes da Excalibur’s vão aumentar sua potência, e assim, espadachins como o senhor, que tem a Teon, se tornam defasados para usar a Excalibur, usar seu filho é o jeito mais fácil de te achar e me deixar mais próximo de reencarnar o meu mestre.

— Então você quer fazer do meu filho o receptáculo do Excalibur?

— Não, pra isso já temos um escolhido, aliás você entrou em questionamento, mas não era nada especial. — Aiden apontou para Hyoga. — Você vai ser punido por ter usado a minha Teon por tanto tempo, e seu filho vai pagar o preço disso, ele crescerá usando sua espada, até que chegará o dia que ele mostrará ser o escolhido ou não.

— Se não quer usar ele como receptáculo, o que você quer fazer com o meu filho?

— Tudo nesse mundo exige um equilíbrio, o bem só existe pois tem o mal e vice-versa. — Aiden fez carinho no bebê. — Seu filho é um dos potenciais escolhidos para ser um dos contrapontos do Excalibur, afinal, você como espadachim sabe que não importa o nível de poder, um espadachim evolui três vezes mais rápido ao enfrentar outro espadachim! — Aiden lança várias lâminas de gelo em direção ao Hyoga, que se defende com sua Excalibur.

— Você não vai escolher o destino do meu filho, maldição nojenta! Teon! — Hyoga avançou, mas quando se encontrou de frente com Aiden, hesitou ao ver seu filho sendo usado como escudo. — Desgraçado!

Aiden largou Yuki no chão e abraçou Hyoga.

— Vamos dar adeus, Hyoga! A minha Teon nível 2 voltará a não ter dono até que seu filho a domine, eu escolho o destino da minha Excalibur! — Os dois estavam sendo congelados, até que no final do congelamento, Aiden deu um impulso para frente, que os chocou contra o chão e os matou, quebrando em vários pedaços.

Horas depois, um guarda chegou no local.

— Aqui quem fala é o Henry, encontrei apenas dois bebês vivos, um estava na incubadora, seu nome é Geller. O outro estava largado no corredor, coberto de sangue… Ele era filho do Hyoga… Meu amigo. — disse o homem ao rádio.

— Que coisa horrível, desculpa te fazer passar por isso, sei que você também tem um filho recém-nascido, mas você era o único que poderia nos ajudar neste resgate. — explicou outro guarda pelo rádio.

— Não tem problema, eu já estou acostumado a passar por coisas pesadas, meu filho não tem nada a ver com isso aqui, sei que o Erick está bem em casa com a mãe dele.

— Certo, Henry, então volte para cá com os bebês.

Depois de alguns dias do acontecido, um parente distante de Hyoga adotou Yuki. 

Geller, como era filho de uma moradora de rua sem teto e não tinha família alguma, foi adotado pelo policial Henry.

Oito anos se passaram. Yuki foi criado no ponto mais alto da montanha de gelo, e só ia para a vila que ficava na base da montanha para estudar, em uma pequena escola coberta por neve.

— Sejam bem-vindos ao começo de suas vidas na escola, vamos nos apresentar! — disse a professora, em frente a lousa, enquanto seus poucos alunos a encararam.

Erick levantou o braço.

— Me chamo Erick, sou filho de um policial incrível e planejo substituí-lo quando crescer! 

— Eu… Me chamo Geller, sou irmão de Erick… 

— Você tem que ser mais animado irmão, assim ninguém vai querer ser seu amigo. — exclamou Erick.

— Desculpa… — Geller abaixou a cabeça.

Yuki apenas observou, até que um garoto cutucou em seu ombro.

— Eles não são irmãos de verdade, dizem que o Geller é filho de uma maldição… — cochichou um menino de cabelos cinzas.

— Já que está de segredinho, sua vez de se apresentar. — A professora apontou para o fofoqueiro.

— Me chamo Cody! Gosto muito de lutas! — Todos na sala olharam sem interesse algum e Cody se encolheu na cadeira.

— Eu me chamo Yuki Ito, não conheço muito as pessoas dessa cidade pois moro no topo da montanha, mas espero que possamos nos dar bem. Meu sonho é ser um grande espadachim! 

No meio da frase de Yuki, Geller se levantou como se estivesse passando mal e foi direto para fora da sala.

Uma forte nevasca começou, era normal para os garotos, mas a intensidade foi só aumentando, até que a escola foi levada por uma avalanche. Após a tragédia, Yuki percebeu que estava intacto, e agora a escola tinha se tornado um campo coberto de neve.

Yuki se desesperou e começou a procurar alguns alunos soterrados pela neve.

— Relaxa, ninguém morreu. — explicou Geller, também intacto.

— Como eu e você estamos bem? Isso deveria ter nos matado.

— Eu que causei isso, mas foi apenas para poder conversar contigo. — Geller observou Yuki dos pés a cabeça — Você parece bem maduro para alguém com só oito anos, a criação que seu tio te deu parece ter sido bem severa.

— Como você sabe tudo isso de mim, Geller?

— Ah, eu não sou o Geller, peguei o corpo dele por um momento pra te explicar uma coisinha.

— Você é a maldição que o Cody falou…

— Esses boatos sempre me entregam, odeio essa população.

— O que você quer?

— Quero que fique com a minha espada, bom, com o fragmento dela. — A maldição pegou um fragmento de seu bolso e o entregou para Yuki. — Ela se chama Teon, conhecido como a espada da morte. Meu mestre me disse que você teria muito potencial.

— E se eu não quiser?

— Eu sei como você foi criado, sei que sabe das Excalibur’s, não se finja de díficil, não chantageio seu tio esses anos todos atoa.

— Então é por isso que você sabe da minha criação.

— Você foi feito pra ser um espadachim perfeito, que pudesse rivalizar com o próprio Excalibur, que deseja muito um desafio.

— Ele não deveria munir um rival.

— Você ainda não é um rival, só se tornará digno quando vencer o outro escolhido, assim ele decidirá quem será seu rival. — Geller jogou o fragmento em direção ao Yuki.

— Quem é esse escolhido? Onde posso encontrá-lo? — Ele pegou o fragmento no ar.

— No dia que for pra acontecer, vai acontecer. Por agora você só deve masterizar sua Teon ao Nível 3, eu irei ficar do seu lado te ajudando, mas não se esqueça que sou uma maldição. — A maldição olhou para as mãos de Geller. — Em pouco tempo não vou poder mais aparecer como Geller pro mundo, então eu dou meu jeito de te acompanhar, mas saiba que se sair da linha eu te mato no mesmo momento.

De volta a luta, Yuki estava preparado para atacar novamente Drake, que estava atento.

— Eu me preparei por toda minha vida pra estar aqui, eu serei o melhor espadachim do mundo, eu matarei Excalibur! — avançou.

Ybytu, Tornado!

O tornado feito por Drake foi na direção de Yuki, que conseguiu cortá-lo, e tentou apunhalar Drake. 

O garoto de óculos conseguiu se esquivar da morte, mas a espada perfurou seu ombro.

Ele tentou me matar, ele realmente tentou me matar!

Ele tentou matar meu filho, o que é isso!? — gritou Karen.

— Acabou. Congele, você foi derrotado. Teon! 

A Teon estava coberta de sangue de Drake. Como a tocou, o efeito de congelamento deveria congelar Drake por completo, mas isso não ocorreu.

— Não funcionou? Quê? — Yuki não entendeu.

— Não aconteceu… Por quê?

— O que é você? Como ousa interferir o meu ataque? — Yuki correu novamente e preparou-se para cortar o garoto de óculos, que estava segurando o sangramento de seu ombro e de guarda-aberta.

Eu senti como se a espada não quisesse me fazer mal, como se eu tivesse pedido pra não funcionar e ela obedeceu na hora…

— Não vai me cortar! — gritou Drake, e a espada parou exatamente no momento antes de tocá-lo, Yuki fez força mas não conseguiu mexê-la. 

— Não é possível, por que a espada nível 2 não me obedece?

Eu avisei, mas você achou que não precisaria do nível 3, não é? No segundo Nível você junta seu núcleo ao da espada, mas apenas no terceiro, a espada te aceita como dono, Aiden se comunicou pela mente do Yuki.

— Mas você nunca me disse como eu poderia conseguir esse terceiro nível. — O estrangeiro gritou sozinho.

Você deve derrotar o dono.

— Mas eu não consigo derrotar o Excalibur, que merda de coisa é essa?

Excalibur foi quem as criou, mas cada fragmento tem um dono.

— E quem é o dono desse?

Eu, esqueceu que falei isso quando te dei?

— Então eu deveria ter te matado? Era isso?

Sim, mas é tarde demais… hahahaha!

— Não converse com ele, é uma maldição, não sei o que ele está falando, mas não acredite nele! — gritou Drake, se recompondo do golpe.

Na verdade, eu também não quero que você perca aqui, quero que minha Teon seja a mais forte entre todas as Excalibur ‘s, então posso te dar uma ajudinha.

— Não ouça ele! Vamos lutar entre nós! Ela não deve interferir na nossa luta! — Drake gritou. — Ybytu! 

Um furacão se formou em volta da Ybytu e Drake a acertou em cheio no estômago do estrangeiro, que se chocou contra a parede.

— Eu tenho que vencer isso aqui, mas se minha espada não for minha, como eu vou vencer ele? Qual é sua ideia, Aiden!?

— Não! 

Podemos fazer um acordo, de maldição para humano.

— De jeito nenhum, eu prefiro morrer aqui ao fazer um acordo com você, sua maldição asquerosa, não vou nunca esquecer do que você causou ao Erick.

Hahahaha! Você é mesmo um dos escolhidos, sendo assim, use a espada nível 3 ao seu dispor, pelo menos dessa vez, vença com meu poder.

A espada de Yuki se transformou novamente, agora ela tinha tomado uma forma final, mesmo que a espada não fosse dele, o dono dela estava a seu dispor, então o sangue de Drake não seria mais o bastante para evitar a derrota.

Ele não fez o acordo, mas mesmo assim Aiden está ajudando ele, isso é problemático, eu já estava com dificuldades em enfrentar o nível 2, o nível 3 é uma coisa inimaginável… Como posso sair vencedor disso?

— Não me orgulho disso, Drake, mas eu preciso te vencer!

Eu odeio apelões, sei que se fosse só eu e o Ethan na porrada eu ganhava, aquele poder incrível dele é só pra esconder que na porrada ele não se garante!, uma frase de Toby veio a mente do garoto de Óculos.

Eu consigo usar qualquer tipo de poder, mas se a pessoa tem mais força que eu naquele tipo de poder, ela vai conseguir me derrotar, afinal o poder que eu to usando naquela hora não é meu, agora a voz de Blair ecoou.

— Drake! — gritou Karen, da arquibancada, ela havia corrido para chegar o mais perto possível do campo de luta.

— Mãe?

— A Excalibur não é tudo! Lembra? Agora mete a porrada nele!

Drake se impressionou, mas abriu um sorriso quando se lembrou daquela frase.

— É mesmo, mãe, me desculpa por esquecer isso… — Drake separou o fragmento da Excalibur de sua espada sem alma, segurando o fragmento com a mão esquerda e a espada sem alma com a mão direita. — A Excalibur não é a única espada!



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