A Maldição da Trindade Brasileira

Autor(a): Felipe Ramos


Volume 1 – Arco 3

Capítulo 25: Colheita

Não é  possível, eu vou enfrentar logo o Ben, é impossível isso não ter sido armado. Mas agora não importa, como que eu vou enfrentar ele? Nunca imaginei essa possibilidade, pensou Natsumi.

Um ano atrás. Natsumi andava pelo Distrito, quando uma mensagem chegou.

Ethan: Ouvi dizer aqui na reunião da família que precisamos de três pessoas por equipe, então vamos precisar de mais um integrante.

Natsumi: Quem você pensa?

Ethan: Queria alguém novo, todos que conhecemos ainda não entendem a razão para estar na equipe, procure por aí que eu procuro por aqui.

Natsumi: Certo, qualquer coisa eu te aviso.

Natsumi continuou a andar pela cidade, até que encontrou um menino quieto, sentado em sua mala.

Foi naquele momento, que o mundo mudou, tanto pra mim, quanto pra você. O que vamos colher agora é apenas uma das frutas que plantamos naquele instante.

De volta ao templo, Ben avançou e acertou em cheio um soco no estômago da garota, que foi arremessada para trás.

— Não tão rápido! Volte aqui! — Ao dar o soco, Ele puxou a energia vital da menina de cabelos castanhos como um fio. Ele usou esse mesmo fio de energia para puxá-la de volta como uma corda.

— Capacete de pedra! — Natsumi cobriu sua cabeça com pedra e usou do impulso do puxão de Ben para acertar uma cabeçada com mais força.

O garoto de preto foi jogado contra a parede.

Eu não posso parar, ela é muito forte, eu tenho que avançar!

— Luvas! — As mãos da garota agora tinham manoplas de pedra.

Ben escapou dos socos da manopla e conseguiu imobilizar Natsumi, que tentava se soltar com cotoveladas na costela, mas não surtiu tanto efeito, pois a força dela estava sendo sugada.

— Isso vai acabar aqui! — Uma aura de poder saiu do corpo da garota de laranja e entrou no corpo de Ben.

— Terremoto! — Natsumi deu um pisão forte no chão que abriu uma cratera que conseguiu separá-los.

— Inteligente como sempre. — sorriu.

— Sabe, eu estava pensando aqui. Existe um lado bom de estarmos nos enfrentando.

— E qual seria?

— Nossa equipe terá dois participantes entre o top8, somos 25% dos mais fortes da cidade! — exclamou Natsumi. — Isso é realmente incrível, nós podemos ser a equipe mais forte, eu confio nisso. 

— Eu acho que você ainda não entendeu, colega.

— Colega?

— Nós somos rivais aqui, temos que nos enfrentar até um ser derrotado, e eu quero vencer isso. — Ben franziu a testa. — Lute de verdade, eu sei que você está se segurando, então pare de fingir!

Merda, ele percebeu.

— Não era pra estarmos nos enfrentando, isso é tão injusto.

— Isso é a vida. Temos que superar as adversidades, você não quer ser uma revolucionária? Então devia saber que não se deve ser fraca para as amizades! — Uma fina linha verde estava sugando o poder da garota sem ela notar.

Enfraquecida, ela caiu de joelhos no templo.

— Eu não queria pisar no seu sonho, mas eu preciso ganhar isso — disse o garoto.

Eu devo estar o ofendendo, por todos esses tempos ele era uma pessoa sem poderes que sempre apanhou de mim nos treinos. Desde que ele despertou seu poder não nos vimos muito, só com esse pouco tempo de luta já notei que ele agora se tornou mais forte, mas continuo o tratando como o mais fraco, isso vai acabar me derrotando se continuar assim. Então está na hora.

A garota de cabelos castanhos se levantou e estourou o fio que sugava sua energia com o dente.

— Vamos ver o quanto você evoluiu então.. — A garota de cabelos castanhos avançou e começou a dar uma sequência de golpes, mas o garoto de preto desviou de todos. — Não vai ser fácil assim! 

Outro pisão forte no chão causou um tremor, mas Ben pulou e não perdeu o equilíbrio. Natsumi se aproveitou que o garoto não conseguia se mexer enquanto estava no ar e acertou um forte soco em seu peito.

— Geralmente você perderia no primeiro golpe, parabéns pela evolução. — explicou a menina de cabelos castanhos, enquanto Ben se soltava das pedras que quebrou com o impacto na parede.

É impossível lutar de igual pra igual com ela, não tenho chance alguma de vencer assim. Acho que não me resta outra coisa a não ser usar aquilo, pensou Ben.

Ele tirou uma máscara de seu bolso e vestiu. Natsumi ficou desacreditada do que estava vendo.

— Ben, o que foi isso?

— Não sou esse aí, sou o Capitão Incomum. — Ele avançou tão rápido que Natsumi não esperava e deixou a guarda aberta. — 50%!

Além de tomar a energia vital do oponente, Ben também tinha o poder de saber quanta energia vital ele conseguia tirar e com quanto a pessoa ficaria.

A menina de cabelos castanhos caiu novamente, suas manoplas de pedra foram desfeitas e caíram em pedaços, ela não se segura e começa a chorar.

— Você se tornou tão forte, que droga! Por que não podemos chegar longe juntos? — soluçou — Por que eu de novo tenho que causar o mal de alguém que eu gosto? Sempre luto com os meus semelhantes, eu nunca posso enfrentar um nobre e só vencer ele, sempre acaba assim! Eu não aguento mais!

— É por isso que você deve levar a sério essa luta, senhorita.

— Não adianta fingir, você também está se segurando, só 50%? Tenho certeza que conseguia me finalizar. — explicou, enquanto o garoto com máscara apenas desviou o olhar.

— Eu quero enfrentar minha amiga, como se fosse qualquer um. Quero que a derrota de um de nós seja por ter sido o mais fraco.

— Isso continuaria injusto.

— Então faça você mesma.

— O quê?

— Use essa luta como o seu ponto de virada. Faça de tudo para que você não passe mais com isso! Chorar todos conseguem, eu mesmo antes de conhecer você, Ethan, mestre Harry e o Toby era exatamente assim. — Ele tirou a máscara. — Toby mudou completamente meu pensamento naquele pântano, eu ainda devo agradecimentos a ele.

— Toby… Eu ainda preciso falar com ele. — Natsumi levantou novamente e criou novas manoplas.

Não consigo mexer meu corpo direito, ele conseguiu me deixar em um estado que posso perder a qualquer momento, você ficou incrível, Ben.

O menino novamente colocou a máscara e entrou em pose.

— Venha pra cima, Capitão Incomum!

— Pode deixar! — Avançou em uma velocidade extrema.

— Muro! — Um muro é criado entre os dois. — Chuva de pedra! — Socou o muro, que quebrou em vários pedaços e foi em direção ao mascarado.

Ele conseguiu esquivar dos destroços, mas não avistou sua amiga avançando junto e ela acertou um cruzado de esquerda no queixo do garoto, que o fez cair com muita tontura.

Que droga, eu não aguento mais essas coisas, queria apenas que isso acabasse lo-

Ela se sentiu paralisada, como se toda sua energia tivesse sido sugada.

— Você quase me nocauteou, mas eu consegui, eu estou prestes a dar o xeque-mate! — Ele levantou e esticou o braço direito, com a palma da mão aberta em direção a menina de laranja. — Vou te apresentar o meu molde de energia vital!

Uma esfera de energia apareceu na mão do Capitão Incomum, ela tinha como fonte as auras verdes que saíam do próprio corpo de Ben e iam até sua mão. Ele estava reunindo toda sua energia vital para aplicar seu último golpe.

— Você está usando a sua própria energia, isso é incrível.

— Não é hora pra elogios, se eu fosse você estaria buscando esquivar, mas você não consegue se mexer, não é? — Ele segura seu braço direito com o esquerdo, para ter mais precisão. — E não se preocupe, estou usando apenas 99% da minha energia vital nesse ataque, consigo carregar ele todo até a próxima fase, ainda mais sugando o resto que você tem.

— Incrível!

— A energia é como uma macieira, você planta, cuida com água e sol e espera o momento certo, em que você possa colher. — Ben fechou as mãos e segurou a esfera. — E essa é uma das árvores de macieira mais belas que eu já plantei! Colheita!

A esfera foi em direção da garota, que criou um muro para tentar impedir, mas o muro foi desfeito facilmente pela colheita. O pode se chocou com a garota e uma explosão tomou conta de toda visão do templo.

— Eu acertei mesmo…? Eu consegui vencer? — exclamou ao tirar a máscara.

A fumaça começou a se dissipar e Ben viu apenas a silhueta do corpo da menina de laranja caído no chão.

— Acabou. — Ben caiu sentado sem quase energia nenhuma restando, sem conseguir se mexer, ele apenas esperou a fumaça terminar de se dissipar e o anúncio do vencedor vir. Naquele instante, tudo pareceu nostálgico.

Um ano atrás, Ben e Natsumi se conheceram.

— Ei, garoto. Tá esperando alguém? Tá há um tempo sentado nessa mala aqui na entrada. — disse Natsumi.

— Não sei… Apenas me mudei pra cá e estava esperando o trem que leva até o terceiro distrito, mas me disseram que não funciona mais… — desviou o olhar.

— Eu moro lá, posso te mostrar o ônibus que leva pro terceiro distrito. Trens já deixaram de funcionar há alguns anos. — Ela se virou e começou a andar. Viu que o garoto não estava a acompanhando e se virou para ele. — Venha logo, vou te mostrar o caminho.

— C-certo! — Os dois começaram a andar.

— Se mudou aqui pra que?

— Meus pais me disseram que aqui eu teria mais oportunidades de ver qual é o meu verdadeiro poder, eu tenho potencial de ter algum poder incomum, mas ainda não sei qual é e nem como posso despertá-lo.

— Isso parece ser muito legal, eu tenho uma equipe que está precisando de mais um integrante, se você se juntar nós podemos te ajudar! — exclamou Natsumi, já digitando para Ethan.

Natsumi: Temos o terceiro integrante!!!

Ethan: Ué, quem? Isso foi muito rápido.

Natsumi: Um estrangeiro que se mudou hoje.

Ethan: Você chamou o primeiro que viu, né?

Natsumi: Óbvio que não, me respeite seu nobre de merda.

Ethan: Então qual é o nome dele.

Natsumi: Aconteceu um imprevisto, já volto.

Ethan: QUE DESCULPA É ESSA? VOCÊ REALMENTE NÃO SABE O NOME DELE?

— Qual é o seu nome? — indagou Natsumi, com um pouco de vergonha.

— Benjamin… Não tenho sobrenome, ninguém de Poor tem. — desviou o olhar.

— Prazer, Ben! Me chamo Natsumi Kageyama e sou sua mais nova companheira de equipe.

Eu não sei o que esse garoto tem, mas algo me faz querer ajudar ele, parece que ele faz parte de algo maior…, pensou Natsumi.

— Obrigado! Ben? Gostei desse apelido. — ficou com vergonha do que falou logo em seguida. — Espero conseguir treinar com vocês e despertar o meu poder, isso vai me ajudar a ser um grande guerreiro no futuro!

— O seu poder incomum tem tanto potencial assim?

— Do jeito que me falam desde sempre, imagino que sim, não vejo a hora de conseguir despertá-lo e ser o mais forte! — Ele percebeu que se animou e o rosto se avermelhou na hora.

— Pois primeiro esse poder vai ter que me vencer. Eu vou te ajudar a despertar esse poder, mas não espere que ele vá me vencer, eu sou muito mais forte do que você imagina!

Se lembrou, Ben?

Natsumi surgiu de dentro do chão, puxou o pé de Ben para debaixo da terra. Ela saiu para a superfície e criou uma manopla maior que o comum em sua mão direita.

— Eu chamo isso de Sepultura! — Ela socou o chão e a terra foi se abrindo até que Ben foi avistado e sofreu o impacto de um soco com a mão sem manopla. — Sinta-se lisonjeado, essa é a primeira vez que uso esse golpe!

Natsumi saiu do buraco com o corpo de Ben e o deixou deitado na porta de entrada dos médicos.

— Fim da primeira luta pela disputa do top8. Natsumi Kageyama está classificada para a fase final. Por favor, vá para a sala de espera conjunta e espere os outros. — ecoaram os alto-falantes.

— Conjunta? Então eu verei os outros que ganharem, espero que Toby vença, assim posso finalmente falar com ele, nas finais, como prometi para a Sra. Burn.

Ao entrar na sala, Natsumi avistou Drake já esperando a próxima fase, ele parecia muito irritado.

— Drake? Por que tá com essa cara? 

— Esse torneio está completamente manipulado. — exclamou Drake, e os dois se encararam como se algo estivesse para acontecer.



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