Volume 1 – Arco 2

Capítulo 6: Equipe de Escolta

Após desligar a chamada com Zane, Helena correu para a garagem da casa para pegar algo.

— Srta. Helena, o que aconteceu? — perguntou Kaya, assustada com o senso de urgência de sua mentora.

— Não tem muito tempo pra explicar — Ela puxa uma lona que escondia uma moto muito diferente, ela parecia ter sido modificada. — Vamos, suba. Vou precisar da sua ajuda nisso.

Kaya subiu na moto sem questionar nada. A mentora ligou a moto, o motor fazia um forte barulho, que tomou a atenção dos vizinhos e disparou em velocidade.

Ela pode estar me levando pra morte agora, mas a Srta. Helena é tão maneira! 

Nos trilhos que ligavam a cidade de Solária ao Cemitério dos Trens, estava o comboio de duas carroças, escoltado por três guardas da grande metrópole.

— A gente já não tá evoluído o bastante pra usar carros ou motos? Qual a razão de usar carroças… — reclamou um dos guardas que estava no controle dos cavalos da carroça.

— Calado. É um pedido direto da assembleia, temos que aceitar sem questionar.

Dentro da segunda carroça, as crianças estavam animadas.

— O Sardinhas era tão legal, ele parecia fraco igual a gente, mas aguentou bastante.

— Eles todos eram incríveis! — respondeu Endo.

— Ei, Endo. Quando a gente voltar pra Solária, como vamos sobreviver? Vamos poder ir pra aquela tal de escola? Parece legal!

— Eu ainda não sei, mas tenho certeza que a Srta. Blair pode nos ajudar a irmos pra escola se pedirmos! — O garoto de cabelos alaranjados olhou pela janela com seus olhos brilhando, quase lacrimejando. — Mas é muito bom, poder pensar em finalmente termos um futuro, isso é novo.

As crianças continuaram a comemorar, Endo continuou olhando pela janela, quando viu a carroça da frente diminuindo a velocidade. Se esticou mais um pouco e conseguiu ver uma velhinha com uma cesta de doces, em frente a primeira carroça.

— Ei, Sra. Aqui é perigoso, quer uma carona até a cidade de Solária? — perguntou um dos guardas.

— Eu não quero ir agora pra onde vocês vão… — Ela abre um sorriso.

— Então você poderia sair do caminho, por favor?

— Eu posso sim, mas primeiro, pegue um docinho aqui. — A velhinha pegou um dos doces da cesta e jogou contra as carroças.

Aquele doce explodiu e lançou as carroças para longe. O grito dos cavalos, guardas e seguranças fizeram a velha abrir um sorriso maléfico. Após a fumaça abaixar, ela viu apenas pedaços da carroça e muito sangue espalhado pelo local.

— Vocês só são livres quando eu mandar, não deveriam ter desobedecido a ordem de ficar no cemitério para sempre. — disse a velha

Ela pegou um celular de dentro de sua cesta e voltou para sua forma mais jovem, com um visual adulto e cabelos cor de vinho.

— Olá, Adder, acabei de explodir o comboio das crianças.

— Maya, sua desgraçada. Eu te falei que quando as crianças voltassem para Solária, você aos poucos ia poder sequestrá-las de novo.

— Você não pode esperar paciência de uma maldição, Sr. Corrupto, sou movida pelo ódio. — sorriu — E outra, eu não preciso mais dessas crianças, para o meu plano atual eu só preciso de três, que estão sendo levadas por outro comboio.

— Essa escolta deve ter algumas crianças com potencial, então tome cuidado para não estragar o plano.

— Zane e aqueles três já devem estar indo encontrar essas outras crianças, eu apareci para a ruiva me dedurar.

— Por quê? 

— Eu farei um joguinho com essas crianças, afinal é assim que eu funciono, vou acabar uma por uma.

— Desde que acabe como a gente planejou, tudo bem, só tome cuidado com Zane Rogers, ele é a nossa maior preocupação para esse plano.

— Eu já tenho uma ideia do que fazer… — A velha olhou para a cesta.

— Muito bem, então espero que nosso plano funcione, isso vai mudar o rumo de Solária, talvez do mundo.

— Certo, Sr. Riquinho da Assembleia. Quando meu joguinho acabar, será o fim de Blair Morgan.

Uns minutos antes, não muito distante dali, os três garotos, junto de seu novo mentor chamado Zane, estavam a caminho da escolta dos prisioneiros.

— Harry já parou, estão nos esperando. — explicou Zane, encarando Toby.

— Por que tá me encarando? Sou muito fraco pra você ser meu mentor?

— Não é isso. Eu estava de olho em vocês desde que saíram do Sexto Distrito, prometi a Helena.

— Então no fim todo esse esforço acabou com a gente conseguindo mentor por contatos de qualquer forma?

— Não, eu não seria mentor de vocês se vocês não merecessem.

— Mas a sua vontade veio do fato de você gostar da Helena, né? — contou Blair, que deixou o mentor completamente vermelho.

— Isso não tem nada a ver! Eu sou um nobre e vocês deveriam me respeitar mais!

— É verdade, eu até vi o nome do contato da Helena com coraçãozinho quando ele ligou pra ela.

— MENTIROSO! — gritou Zane, ao perceber que perdeu completamente a compostura de homem sério.

Os três começaram a gargalhar enquanto o mentor estava irritado. O som da explosão das carroças foi ouvido por eles. Blair, Drake e Zane se encararam assustados, enquanto Toby caiu com as mãos no chão. Ele se ajoelhou, passou as mãos em seus olhos e percebeu que lágrimas de sangue caíram de seu rosto.

De todos ali apenas Blair entendia o que aquilo significava, Toby a olhou e eles ficaram assustados.

— É sangue, essa explosão… Algum comboio foi atacado… E só tinha um com pessoas que o Toby tinha apego.

— O que quer dizer o comboio explodir com o Toby chorar sangue? — perguntou Drake.

— Eu não sei explicar direito, mas quando algo acontece com pessoas que me importo, lágrimas de sangue caem. — respondeu Toby.

— Vamos correr, precisamos chegar no comboio dos prisioneiros antes que eles também sejam atacados.

— Eu devo ter cortado durante a luta, isso não deve ter sido lágrimas! — contou o garoto de sardas. Ele se recusava a acreditar que algo havia acontecido.

— Mesmo assim, vamos logo. — Os quatro começam a correr.

Durante o caminho, Zane continuou encarando o menino de sardas, que ficava ainda mais incomodado.

— Sério, fala logo por que você não para de me encarar!

— A equipe do Harry, tem três crianças da sua idade, e duas delas vocês já conhecem… — explicou o mentor. Desviou o olhar.

— Quem? — perguntou a princesa.

— Uma é a Natsumi Kageyama, do terceiro distrito. 

Os olhos de Toby começaram a brilhar.

O meu amor, ele vai estar lá! Ela vai se apaixonar em como eu sou forte!, pensou Toby.

Aquela menina me odeia, ela vive querendo competir comigo, eu sempre tento fugir dela, mas nunca dá certo, agora vou ter que ajudar ela em uma missão? Não acredito!, pensou a ruiva.

— Isso é uma ótima notícia! Por causa dela você estava me encarando? Todos já sabem do meu amor!

— Não foi por ela.

— Não pode ser! — gritou Drake.

— O que foi, Drake? — Toby se assustou.

— Então você já percebeu, Drake? 

— Percebeu o quê? Me respondam direito! 

— É que o outro integrante da outra equipe que vocês conhecem, é o meu irmão, Ethan Rogers.

— NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOO — gritou Toby.

NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO, pensou o que gritava.

— Eu sei que vocês não se dão muito bem, mas por favor, não atrapalhem a missão. — pediu o mentor.

— Se ele não me encher o saco eu não vou encher o dele.

— Isso foi um não, Zane. — disse Blair.

— Eu não acredito que vou ter que aguentar esses dois brigando de novo. — reclamou o garoto de óculos.

Os quatro continuaram em seu caminho, até que minutos depois, chegaram ao encontro da outra equipe.

— Eles estão naquela direção, devem estar treinando. — explicou um dos guardas que guardavam a carroça dos prisioneiros.

Eles caminham na direção apontada pelo policial e enxergam uma fogueira, perto dela, acontecia uma luta travada entre um menino de cabelos escuros e uma menina de cabelos amarrados e castanhos.

— Tenta esquivar dessa, Ben. Luva de Pedra! — O punho da menina criou uma casca de pedra em volta e assim ela acerta o soco no menino, que foi jogado contra a árvore.

Argh, você está cada dia mais forte, Natsumi. me desculpa por não conseguir desviar.

— Você tem que ser mais rápido Ben, assim seu poder não vai aparecer. — disse um garoto loiro, com uma roupa branca que lembrava a de Zane.

— É isso mesmo que o Ethan falou, você tem que pensar mais na luta, assim a chance de seu poder aparecer será maior, por isso você ainda não deve tê-lo despertado — explicou um homem adulto, com curtos cabelos castanhos escuros. — Ele viu Zane se aproximando — Crianças, vamos cumprimentar a equipe que veio nos apoiar nessa missão.

— O-olá — falou o garoto com cabelos escuros, com muita tímidez. — Me chamo Benjamin, mas pode me chamar de Ben.

— Olá, prazer, sou Drake Shin.

— Oi, Natsumi sua linda, você está bela como sempre! — exclamou o garoto com sardas.

— Olá, Toby, como vai?

— Muito melhor agora!

— O patético do Fracotoby continua igual, tinha que ser o cachorrinho da princesa. — O loiro o julgou com um olhar de canto de olho.

— Olha aqui sua sombra de merda, eu vou te quebrar na porrada! — Toby foi pra cima de Ethan e os dois começaram a se encarar.

— Sombra? Por que chamou o Ethan de sombra? — perguntou o menino tímido.

— Ele é o irmão mais novo do Zane, e ele do lado do irmão dele é muito patético, nunca vai conseguir ser forte igual o meu mentor! — explicou Toby, que ia tomar um soco, mas Blair segurou.

— Vamos se acalmar, temos uma missão pra completar. — explicou a ruiva.

— Sim galera, vamos ouvir a realeza, os pobrinhos como a gente tem que ouvir ela! Conta outra sua mimada.

— Oi pra você também, Natsumi.

— Olá, princesa de mentirinha.

As duas apertam as mãos com uma tensão de morte que todos ali ficaram olhando, até os que estavam para brigar.

— Eu notei que você deu uma engordada, deve ter comido demais hoje. — disse Natsumi.

Alguém me mata por favor, eu não aguento mais um minuto com essa maluca!, pensou a princesa.

Eles continuaram conversando, e brigando, por um bom tempo naquele lugar, Zane e Harry já começaram a se arrepender de juntar aquelas equipes. Em algum momento, Toby e Drake foram conversar sozinhos com o novato tímido.

— Olá, garoto novo, desculpa não falar com você antes. 

— Olá, Toby, prazer em te conhecer, o Ethan vive falando de você.

— Ele me ama, mas não liga pro que ele fala viu.

— Ele me contou que você ainda não sabe usar o seu poder direito, e eu me interessei, porque também ainda não consigo usar o meu, achei que se trabalhássemos juntos a gente poderia conseguir! — exclamou o garoto tímido, que ao perceber que falou muito por estar empolgado, ficou acuado e abaixou a cabeça.

Drake colocou as mãos nos ombros de Ben para o animar.

— Certo então! Eu aceito, Drake também vai nos ajudar! — O garoto com sardas sorri para Ben, que sorri de volta.

Em outro canto. Blair e Natsumi discutiam.

— Eu fui nomeada como a princesa dos plebeus, então eu tenho que ser tão forte quanto você, vamos lutar.

— Estamos numa missão, não podemos nos cansar com uma luta besta.

— Então eu vou resolver os problemas dessa missão antes que você.

Alguém me tira daqui. Eu imploro!

Na carroça com os prisioneiros, os dois guardas que cuidavam do lugar caíram mortos, a velha estava ali na sua forma rejuvenescida. Ela abre a porta de trás da carroça e encontra Kenny, Lenny e Aron. 

— Desculpe, Vovó, nós perdemos.

— Olá, meus filhotes, não precisam se desculpar, eu trouxe docinhos novos para vocês, vamos jogar um joguinho com aquelas crianças, e completar uma missão que nos foi dada. Dessa vez tudo vai dar certo.

— Que missão é essa? — perguntou Aron.

— Você sabe muito bem, nós faremos “aquilo” com Blair Morgan.

De volta para as conversas paralelas em torno da fogueira, Harry e Zane continuavam se lamentando pelas brigas de seus alunos, quando Ethan chegou.

— Eu vou dar uma olhada na fogueira, já volto. — disse Harry, para deixar os dois irmãos conversando sozinhos.

— Pare de brigar com o Toby — ordenou Zane.

— Você não manda em mim, e outra, ele me irrita.

— Por que ele te irrita?

— Você sabe o que ele me fez, não se faça.

— Ele não te fez nada, você sabe.

Durante aquela conversa fria entre os irmãos e as outras que aconteciam, ninguém notou que na fogueira a velha tinha aparecido. Quando notaram a presença da maldição já era tarde demais. Ela perfurou o peito de Harry, e quando todos foram atacá-la, algo aconteceu naquele local.

— Hora de jogarmos uns joguinhos, crianças, cuidado para não morrer. — Ela sorri — Campo Amaldiçoado, O Pântano!

Um grande domo de um lodo preto se formou por um grande raio da floresta, todos que estavam ali foram levados para longe, sendo jogados contra muitas coisas, até que aquela floresta tinha sumido, e agora o local que todos estavam, se tornou um pântano obscuro.

— Todos estão em lugares diferentes do pântano, eu estarei aqui no centro dele, a missão de vocês é me derrotarem, bem fácil, isso causará o fim desse campo amaldiçoado, e vocês poderão voltar para a floresta que estavam. Caso contrário, este pântano é sua nova eternidade, pelo menos até uma das minhas crianças os acharem, hahahahaha!



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