Volume 1 – Arco 1

Capítulo 3: Intersecção

Durante as três semanas que se seguiram, não fiz muito além de caçar Slimes na Floresta Anciã. Graças a isso, agora eu tenho um atributo geral melhor.


Grey Millard Raça: @¿$?#

Título: Monstro Intelectual


Atributos:

HP: G+ (40/100%) — MP: F- (91/100%)

Força: G+ (30/100%) — Resistência: G+ (10/100%) — Agilidade: G+ (80/100%)

Magia: F (44/100%) — Resistência Mágica: G+ (33/100%)

Sorte: G+ (10/100%) — Taxa de Drops: G+ (50/100%)

Sabedoria: ΛΦΨ — Potencial: ΛΦΨ


Mesmo não sendo algo complicado de deduzir, descobri que as regras sobre a elevação dos meus atributos pareciam funcionar assim: 

Ao trabalhar os músculos, o atributo de Força elevaria; já ao sofrer danos, o atributo de Resistência seria elevado — enfim, o mesmo processo se repetia para todos os outros atributos. — Portando, por querer dominar o feitiço Bola de Fogo o mais rápido possível, o usei várias vezes, assim, meu atributo Magia subiu muito mais do que os outros.

E, bem, depois de utilizar diversas vezes o feitiço, houve algumas mudanças.


Bola de Fogo

Rank: Baixo — Mestria: Dominada


Descrição:

Ao Reunir Mana nas suas Palmas, Crie uma Esfera Ardente Dispensável


Correção:

Sua Trajetória será Automaticamente Ajustada.


Cântico: 

Revogado.


O cântico se tornou desnecessário e, do mesmo modo que o alcance, a força do feitiço se elevou muito. Há até mesmo uma mudança na sua tela explicativa; uma parte chama de "correção''. 

Eu não ficaria surpreso se você achasse que isso era uma magia diferente.

Ah, hoje também obtive uma nova magia — Tipo: Vento — Lâmina de Vento.

Os ingredientes foram 20 pedras Mágicas Rank H e uma Pedra de Vento. 

Do mordomo de cabelo branco, Sebastian, consegui a Pedra de Vento. E, do mesmo jeito que falou sobre as Pedras de Fogo, elas pareciam ser itens fáceis de conseguir. No entanto, não posso continuar confiando no mordomo para responder a todas as minhas dúvidas; tenho que pensar numa maneira de agradecê-lo.

Independentemente disso, aqui está a magia:


Lâmina de Vento

Rank: Baixo — Mestria: 0/100%


Descrição:

Ao Reunir Mana nas suas Palmas, use-a para Distorcer o Ar Circundante e crie Rajadas Cortantes.


Cântico:

"Ó espíritos do vento, emprestem-me teus poderes e libere-os por minhas mãos."


Atualmente me encontro na Floresta Anciã. Entretanto, hoje não vim atrás das Slimes; quero encontrar outra coisa para caçar.

Claro, embora esse local seja quase um paraíso de monstros, também contém um alto número de frutas e outros ingredientes. Portanto, uma hora ou outra, além de acabar enjoando das Slimes, eu gostaria de caçar algo que ao menos pudesse comer.

Já bem longe daqui, no vilarejo Mirage, há um vendedor ambulante que vai ficar por mais dois ou três dias; pretendo lhe vender algumas Pedras Mágicas e conseguir alguma bufunfa...

Assim que adentrei mais a fundo a floresta, confiando no Examinar o Ambiente, um monstro logo veio à vista.

Encontrei um grande coelho vermelho com chifre:


Almiraj Mutante


Atributos:

HP: G+ (99/100%) — MP: G (5/100%)

Força: G+ (3/100%) — Resistência: G- (5/100%) — Agilidade: G (23/100%)

Magia: G (4/100%) — Resistência Mágica: G- (38/100%)

Sorte: G+ (1/100%) — Taxa de Drops: G- (2/100%)


Era forte; estava em um nível diferente em comparação com as Slimes — por outro lado, a sua resistência mágica é baixa — eu deveria ser capaz de derrotá-lo facilmente com a Bola de Fogo. E, caso meu ataque falhe, eu apenas precisava dar no pé.

Assim que me teletransporto para as árvores atrás do monstro, atiro uma Bola de Fogo.

A esfera ardente do tamanho de uma bola de futebol correu para frente.

Ao notar aquele projétil brilhante se aproximar, o Almiraj tenta se esquivar para a direita. Entretanto, para a nossa surpresa, a trajetória da bola de fogo também mudou, curvando de forma não natural e atingindo o seu o alvo. Sendo mais preciso, a cabeça dele.

O cadáver, então, cai no chão e, no local onde um crânio deveria ser encontrado, havia apenas cinzas.

Eu já poderia extrair a Pedra Mágica e a carne, mas, por agora, eu apenas decidi jogar o seu corpo dentro do Inventário...

Sem falta, passei mais dois dias indo para a floresta — e, no fim, tinha conseguido caçar 15 Almirajs, 23 Grandes Javalis e 16 Faisões Vermelhos. A propósito, o Almiraj Mutante de antes deveria ser raro, pois depois dele, os que cacei eram todos normais.

Logo, me teletransporto para um lugar onde algumas Slimes saltitavam... Comecei a fazer a coleta dos seus cadáveres.

Ah, falando em cadáver, além do fato da pedra que veio do Almiraj Mutante ser Rank G-, ela também tinha sofrido uma mutação.

Enfim, agora já possuo uma boa quantidade de Pedras Mágicas; eu deveria tentar vender algumas.

◇◆◇◆◇

Em Mirage, estou em frente a um prédio de dois andares: O Ripple.

O seu primeiro andar servia tanto de refeitório quanto um ponto de negócios e era composto por viajantes, cidadãos e comerciantes que vestiam roupas incomumentes bonitas.

Assim que entro no estabelecimento me deparo com um jovem andrógino. As suas características eram belas e o seu cabelo quase azul transparente; por outro lado, os seus olhos eram um pouco inclinados; mas isso só aumentava a sua beleza. 

Ele devia ser alguém popular entre as jovens moças. 

Ao me perceber, fez uma pergunta: — Mocinho, você tem negócios comigo?

"Oh, então ele é um dos vendedores ambulantes…"

— Gostaria de vender algumas coisas — respondi.

— Certo, certo. O que você tem aí?

Ao me aproximar, ergui um saco cheio de ingredientes e uma porção das minhas Pedras Mágicas. O coloquei sobre uma mesa próxima.

Voltou de uma aventurazinha? 

No mesmo momento em que terminou de falar num tom paternal irritante, o seu olhar foi para dentro do saco e, de repente, os seus olhos começaram a brilhar.

O jovem pegou a Pedra Mágica vinda do Almiraj Mutante e a examinou de vários ângulos diferentes. Pouco tempo depois, após soltar um grande suspiro, ele pareceu ter terminado de checá-la e a colocou de volta sobre a mesa.

— Garoto, onde conseguiu isso? — indagou.

— Nos arredores da vila encontrei um coelhinho preso numa armadi—

— Mentira — interrompeu. 

— Isso vem de um de Almiraj Mutante, ele é inteligente e forte o suficiente para não ser pego por uma mísera armadilha. Normalmente somente aventureiros registrados deveriam ser capazes de caçá-lo.

"Merda."

Aquela foi uma resposta inesperada. 

Devo dizer que fui em quem caçou? Não, já menti falando que ele tinha caído em uma armadilha.

Bem, caso ele me acuse de roubo, eu poderia dizer que fui coagido por aquele meu irmão malvado… 

— Você tem razão. Eu vou te mostrar como consegui. Por favor, me siga. — declarei.

Assim que pego a pedra, coloco-a de volta no saco de pano e deixamos o Ripple.

◇◆◇◆◇

Ele estava no limite, mas provavelmente devido ao fato de que eu era uma criança ainda seguia atrás de mim.

Caminhamos até chegar a uma cabana deserta na beira do vilarejo. Lá, antes de estabelecer o meu destino alvo, agarro a manga direita da sua camisa e começo a usar o Teletransporte.

— I-isso... — arfou o jovem de cabelos azuis ao ver o anel de luz que aparecia aos nossos pés. 

E, num instante, o nosso entorno torceu e nós nos teleportamos com sucesso para a Floresta Anciã.

— Quê!? — exclamou, inquieto, olhando o nosso entorno. 

E com mais alguns segundos passados, depois de se conformar com o fato de que estávamos na floresta, o seu rosto ficou preocupado.

Assumindo os seus medos, expliquei: — Mesmo que tecnicamente estejamos na Floresta Anciã, não há monstros por perto, por isso fique tranquilo.

— Ce-certo... — respondeu, hesitante.

Momentos depois, começo a fazer uma demonstração; lhe mostro a minha magia, tiro as carnes dos monstros, as frutas e os vegetais silvestres que havia coletado com o meu inventário.

Assim que acabo o showzinho, a figura que havia ficado paralisada por todo esse tempo volta a falar.

— Nossa... e pensar que eu seria capaz de encontrar um gênio em um local tão remoto.

Depois de declarar algo vergonhoso, ele começou a implorar para falar mais comigo…

Logo então voltamos ao primeiro andar da pousada para um drink noturno.

◇◆◇◆◇

— Giresse-san, por favor, fale baixo… — sussurrei.

Ah, certo, certo, perdão, perdão. Buahahaha! — Ele riu de maneira escandalosa, ignorando totalmente meu pedido.

"Haaa… essa cara."

Eu não fazia a menor ideia de que aquela figura era do tipo barulhenta. No entanto, foi para ela que consegui vender meus produtos.

Diferente dos outros itens, a Pedra Mágica Mutante parecia ser bastante preciosa, por isso consegui 400.000 moedas de cobre por ela. Já as Pedras Mágicas restantes me forneceram 20.000 moedas de cobre. E, infelizmente, toda a carne de monstro me proveu apenas 5000 moedas de cobre. 

Ah, sim, a ideia de manter a pedra mutante porque era preciosa me passou pela cabeça. Mas senti que construir uma relação com esse comerciante seria a melhor opção.

— Eu nunca deixei Mirage, então não tenho certeza do quanto valem 420.000 moedas de cobre — falei. 

O meu objetivo agora era conseguir aquela informação; seria crucial para a minha futura independência.

Hm… é muito.

Depois de uma breve pausa, ele vira a caneca de cerveja e começa a explicar.

— 100 moedas de cobre vale 1 moeda de prata, e 100 de prata vale 1 moeda de ouro, então 10.000 moedas de cobre valeriam 1 moeda de ouro. Isso significa que a quantia que lhe ofereci sairia em torno de 42 moedas de ouro. Uma clássica família de 4 pessoas no império usaria cerca de 500 cobre por dia, o que signifi...

— 840 dias — calculei.

Uau. Você também consegue fazer aritmética? Que desperdício... você servir como chefe de família neste fim de mundo não é nada mais que um grande desperdício!

"Hm… Parece que ele está entendendo errado alguma coisa."

Aqueles que usam a magia neste império naturalmente são destinados a serem os futuros chefes das suas famílias — e isso foi algo que até mesmo aconteceu na família Millard — o segundo filho, Cliff, foi escolhido para ser o chefe dela ao invés do primeiro; isso por apenas ter a maior facilidade com feitiços.

— E-Eu não sou o chefe da minha família — falei, hesitante. — Na verdade, serei expulso de casa assim que fizer 13 anos. Por isso estou juntando dinheiro agora — esclareci.

— Você será expulso!? — Ele gritou, franzindo as suas sobrancelhas e me encarando.

— Sim, eu meio que tô em apuros. 

— Você não parece estar mentindo — declarou Giresse. — Nesse caso, a família Millard deve estar louca. Para começar, você além de ser alguém capaz de usar essa habilidade roubada de armazenagem infinita, possui uma habilidade rara de teleporte. E, apesar do fato da Bola de Fogo ser uma magia para iniciantes, alguém ser capaz de revogar o seu cântico é simplesmente absurdo. Os nobres da capital ficariam chocados com isso por um bom tempo.

— A revogação do cântico é uma coisa tão rara? 

Eu tinha pensado que qualquer um poderia tê-la com treinamento... Devo ser mais cuidadoso.

— Sim, é rara — explicou. — Falando somente em termos da sua habilidade, Bola de Fogo, você já deve estar no nível de um Professor de Magia da realeza.

— Giresse-san, mantenha isso em segredo então...

De jeito algum quero ser reconhecido por meu talento e acabar sendo obrigado a ficar neste buraco infernal de vila discriminatória. Preciso tentar ficar nas sombras e deixar outras pessoas sob os holofotes.

— Não há necessidade de dizer mais nada. Seria problemático para mim também se perdesse o acesso a um cliente tão valioso. Minha matraca ficará fechada — afirmou.

— Meus mais sinceros agradecimentos. — me curvei profundamente.

Durante as duas horas seguintes, Giresse falou sobre as várias cidades do mundo e, assim que começamos a encerrar o nosso bate-papo, soube que ele operava de um lugar chamado Straheim: Uma grande cidade labiríntica no noroeste do país, que contava com uma população de mais de 100.000 pessoas. 

Em tal cidade, do mesmo jeito que havia uma Guilda de Aventureiros onde figuras se reuniam e faziam da derrota dos monstros a sua ocupação, existia também a Guilda de Comerciantes onde diversos mercadores se juntavam.

Ah, e mais importante ainda, a minha cobiçada biblioteca se encontrava lá.

Portanto, assim que eu completar 13 anos vou me mudar para Straheim. Até lá, devo ir com calma, ainda me restam quatro ou cinco anos...

Giresse e eu nos separamos; voltei para a mansão.

Desde a semana passada, a minha irmã superprotetora, Aqua, estava aprendendo magia em Bextraheim — uma escola preparatória para a Academia dos Cavaleiros Mágicos do império. — Também fiquei sabendo que lá os seus professores eram todos aventureiros de primeira, os melhores dos melhores. Claro, naturalmente, haveria uma taxa de entrada exorbitante que nós, Millards, não conseguiríamos sequer imaginar pagar. No entanto, por Aqua ter passado no teste com louvor, acabou recebendo uma bolsa gratuita.

Por causa disso, não havia ninguém observando o meu comportamento; eu estava livre.

Assim que entrei na mansão, fui recebido com uma criança irritante. Na verdade, ela era tão irritante quanto uma mosca zumbindo por aí.

— Você tem coragem de brincar até tão tarde — disse meu irmão, Cliff, enquanto fazia um sorriso desagradável.

"Tenho apenas oito anos, o que mais devo fazer?"

Do mesmo modo que eu gostaria de perguntar isso, queria saber se ele fazia alguma coisa importante quando tinha a minha idade.

Aos 12 anos de idade, Cliff é o segundo filho e está na fila para próximo chefe da família. Ele, como um prodígio natural, já havia aprendido vários tipos de magia e até mesmo foi selecionado para se matricular na Academia dos Cavaleiros Mágicos do império como aluno do ensino médio.

Porém, por alguma razão desconhecida, ele sempre implicava comigo.

— … — Não fui infantil o suficiente para cair nas suas provocações. 

E, claro, pela minha experiência, já sabia que quanto mais eu falasse, mais irritada ficaria a pessoa com quem estou conversando. 

A minha boca era como um desastre ambulante; foi inteligente da minha parte ficar em silêncio.

— E a comida? Se você tivesse a mísera de uma boa vontade, teria colhido pelo menos um punhado de nozes e bagas. Mesmo alguém tão incompetente como você poderia conseguir isso, certo? — falou cinicamente.

"Saquei..." 

Se eu trouxesse ingredientes, ou provavelmente comesse fora, seria visto de forma mais favorável; mesmo que apenas um pouco.

Agora que penso nisso, a única comida servida aqui era um pão branco sem gosto, junto de uma sopa composta de legumes e a pequena quantidade de carne que era sempre dividida por todos. 

Bem, às vezes também tínhamos yakiniku, frutas e vegetais silvestres, mas, assim que a Aqua partiu, a minha parte desapareceu. 

Claro, ter pão e sopa era muito mais do que outros podiam ter, eu também não era tão mesquinho ao ponto de brigar por algo assim.

Em todo caso, tenho dinheiro fluindo agora, devo começar a pensar em manter a minha fonte de alimento.

— Entendi — firmei.

Em seguida, levei a minha mão direita ao corrimão e subi para o próximo andar. Em resposta, Cliff estalou a sua língua e saiu da sala de estar.



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