Volume Único – Segunda Parte
Capítulo 34: Quero Mais
Relatório para Altura
A força do Exército da Libertação enviada a Cyros capturou com sucesso o Forte. O general inimigo, Larce, e o Deus da Morte, Shera, foram mortos.
Além disso, durante a confusão, o Major Vander desapareceu.
Fim do Relatório.
***
Nas Crônicas da Guerra de Libertação, Shera teria morrido nesta batalha.
Ela abandonou seus subordinados e planejou escapar sozinha, depois disso, foi cercada por milicianos e, no final, foi esquartejada.
Dizia-se que Altura lamentava a vida manchada de sangue de Shera e construiu uma lápide em Cyros.
A lápide não ter um nome era a prova do peso de seus pecados.
Até que o medo da “Morte” desapareça das memórias das pessoas, não haveria perdão para ela, e com essa frase, a história pôde chegar ao fim.
***
O Exército da Libertação que havia capturado Cyros e Sayeff marchou em direção ao seu objetivo final.
Capital Real Blanc, com Altura na liderança.
Com total controle sobre a corte, Falzarm, em essência, encenou um golpe de Estado e confinou o Rei Cristoph. A Capital Real Blanc rendeu-se sem resistência.
Naquela ocasião, Balbora se suicidou. Ele ficou chocado por não conseguir cumprir sua promessa com Jarlder e acabou com sua vida. Balbora, que havia conseguido promoções e teve suas ambições concedidas exatamente como desejava, em seus momentos finais, foi privado de seu poder e morreu sem ninguém para cuidar dele.
O Exército da Libertação foi recebido em meio a aplausos sinceros dos cidadãos da capital. Não havia ninguém que os chamasse de exército rebelde. Todos os conduziram, transbordando de sentimento de libertação.
O Reino foi abandonado pelos cidadãos em sua própria porta. As ruas fervilhavam de aplausos a receber heróis.
— Estivemos esperando por você, Princesa Altura. Nós, vassalos, juramos nossa lealdade.
Trazendo seus empregados pessoais, Falzarm cumprimentou a companhia de Altura.
Diener olhou friamente para ele e ordenou que o homem à sua frente fosse contido.
— Prenda o retentor perverso Falzarm e sua gangue. Ele é o culpado por trás do desgoverno. Não há necessidade de ouvir suas desculpas.
— I-Isso é diferente do que nós concordamos! Diener!
— Você acha que só você seria perdoado depois de tudo o que fez? Seus pecados merecem mil mortes.
— Não fode! Você sabe o que vai acontecer se você me matar? Princesa! Você quer arrastar esse país para outra guerra?
Decidindo que falar com Diener era inútil, Falzarm olhou para Altura, sua expressão era desesperada.
Altura olhou para Falzarm e disse:
— O General Bourbon e o General Octavio não eram como você; trocamos mensagens que dizem que trabalhariam conosco. Mesmo com os dignitários da Capital Real. Graças ao seu desagradável desejo de autoproteção, fomos capazes de evitar o derramamento de sangue desnecessário. Por isso, te agraço.
— Você, você planejou me usar desde o começo!?
— É culpa do enganado por ser enganado. Não foi esse o ideal em que você agiu? General Octavio, por favor, reprima este tolo de uma vez.
Apaticamente disse Diener e Octavio colocou a mão em sua espada.
— Deixe comigo. Primeiro-Ministro Falzarm, está preparado?
— O-Octavio, seu bastardo, esqueceu quem te ajudou?
— Eu não tenho certeza do que você quer dizer. Eu só jurei lealdade à Princesa Altura, a legítima sucessora do trono. Que motivo eu poderia ter para ser desprezado por um “rebelde” que exercia a tirania? Nenhum.
Octavio riu. Enquanto Falzarm estava ganhando tempo, Diener, de forma icônica, estava promovendo seus planos no Exército do Reino.
Falzarm não era nada mais do que palhaço manipulado por um homem.
Este homem que se arrastou usando outras pessoas desmoronou. Soldados do Exército da Libertação armados se aglomeraram em torno dele.
— Seus crimes por dirigir dezenas de milhares de civis para a morte nunca serão perdoados. Primeiro-Ministro Falzarm. Até o dia do julgamento, arrependa-se de seus próprios atos.
— I-Isso não será perdoado! Octavio! Diener! Um dia você se tornará igual a mim! Lembre-se disso! E você, Altura, não ache que pode viver em suas lindas fantasias para sempre!
— ….. Do que você está falando?
Altura tinha uma expressão duvidosa no rosto e Falzarm caluniou mais, perdendo a paciência.
— Você provavelmente não sabe todas as coisas que seus soldados fizeram em nome da Justiça! Sua garotinha insensata…
— Guardas! Levem este homem embora! Não deixem que conte mais mentiras!
Diener ordenou que os guardas se intrometessem e Falzarm foi arrastado para longe.
— Sim senhor! Venha comigo-!
— Me-Merda! Eu sou o Primeiro-Ministro! O Primeiro-Ministro, você vai ver!
Nenhum homem se levantou por Falzarm e apenas a morte esperava por aquele homem que foi abandonado até por seus próprios seguidores diretos.
Antes de executar sua execução, Diener, ao lado de seu ouvido, revelou tudo sobre sua identidade para Falzarm, que lutava contra ele.
Quem ele era, por que ele o enganou e por que ele tinha que morrer.
Os olhos de Falzarm arregalaram-se em choque, e ele olhou com atenção para o homem que outrora fora seu subordinado e agora tomara o nome de Diener.
Em seu choque, Falzarm foi colocado na guilhotina e executado.
Para o homem que se ascendera a Primeiro-Ministro a partir de um simples escudeiro, era um fim rápido demais considerando seu uso egoísta de autoridade.
Quanto ao Rei Cristoph, ele permaneceu em silêncio, sem dizer nada, e aguardou seu dia de julgamento sem qualquer resistência.
Apesar de estar em uma posição que deveria ter governado o país, não se preocupou política, oprimiu o povo e foi condenado como um criminoso que matou várias dezenas de milhares de pessoas.
Era impossível que seu veredito fosse outra coisa senão a morte.
Duas semanas após a libertação da Capital Real, Cristoph foi colocado publicamente na guilhotina e faleceu junto de sua infâmia.
Foi também o momento em que a vingança de Diener foi concluída.
Quem tratou ele, um homem que trabalhou duro como partede sua rede de espiões, como uma peça descartável e jogando-o para longe, foram Falzarm e Cristoph.
Em nome da justiça, Diener havia matado admiravelmente esses dois pecadores malignos.
Após a execução do Rei, a Capital Real irrompeu em um festival de comemoração em grande escala. Era o advento de uma nova era, um futuro transbordando de esperança. Todos os olhos estavam brilhando, e todos eles tinham grandes sorrisos. Ele proclamou o fim de seus dias de sofrimento e que a guerra acabou. Tudo o que faltava era reconstruir.
O Primeiro Príncipe Imperial Alex Keyland, que se tornou refém, foi libertado. Depois, devido aos esforços de Julius, um tratado de paz foi assinado.
O Reino mudaria. Sob a sua bela esperança, Altura, o Reino seria renascido.
Era o nascimento da Rainha Altura e do Novo Reino Yuz.
O Reino inteiro ficou muito animado e celebraram o nascimento do Novo Reino e sua nova Rainha.
***
Novo Reino Yuz, Sala de Compilação de História.
Por ordem de Diener, este departamento estabelecido ganhou o dever de transmitir com precisão a ascensão do Novo Reino para as gerações futuras.
Visando um Reino que duraria até mil anos, Diener tinha que deixar apropriadamente um registro da Guerra de Libertação. Ele deu instruções sobre todos os eventos, desde sua revolta até a libertação da Capital Real, para serem colocados juntos como “As Crônicas da Guerra de Libertação”.
Na sala de compilação, o Secretário-Chefe gritava com um homem velho e obstinado. Ele queria sua própria opinião pessoal, então estava fazendo o homem fazer algum retoque.
— Quantas vezes você vai me fazer dizer isso. Eu lhe disse para não escrever suas próprias opiniões. Corrija todas as passagens que marquei.
— Secretário-Chefe. Eu tenho escrito a história correta. Não há erros.
— Se é ou não correto, cabe a mim decidir. Tudo o que você precisa fazer é anotar a “verdade”.
— Então não há necessidade de alteração. Eu não escrevi nenhuma invenção.
— Para o Deus da Morte, tudo além de que ela era uma oficial mulher deve ficar de forma não clara. Assuntos desnecessários, como ser uma menina nascida em uma vila agrícola, não precisam ser escritos.
— Mas isso é fato. Eu descobri isso em documentos e também conduzi entrevistas.
— Seu idiota. Todos os líderes do Reino lutaram apenas por seus próprios interesses. Nós não temos que deixar um registro de qualquer outra coisa. Você deve descrever em detalhes quão maravilhosamente os líderes do Exército da Libertação lutaram.
— Isso seria muito unilateral. Não aprovo a necessidade dessas alterações. Não há sentido em registros se eles não forem compilados de um ponto de vista neutro.
O Secretário-Chefe trouxe outra passagem que exigia que fosse revisada: “O Exército da Libertação mirou a abertura criada pelo conflito entre o Reino e o Império e fez um levantamento armado no Fortaleza Salvador.”
— Isto é falso. O povo implorou desesperadamente pelo Exército da Libertação e se revoltou relutantemente. Eles não exercitaram poder armado para desejos pessoais. Não se engane.
— A verdade é a verdade. Além disso, sobre a Rebelião de Tenan, o evento real ainda não está claro. Temos que investigar mais os detalhes.
Declarou o Secretário idoso, e o chefe disse que não era necessário.
— Os acontecimentos reais são claros. É evidente que o comandante ladrão de Bertha naquela época, Darvit, deu as instruções para isso. Há muitas testemunhas também.
— Não há provas precisas de que Darvit deu as instruções para isso.
— O que é certo é que houve vítimas e que os soldados do Reino cometeram o massacre. Há toda a sua evidência objetiva.
— Em primeiro lugar, os primórdios são obscuros. Por que o senhor feudal de Tenan atacaria os camponeses? Os camponeses marchando estavam em grande número e ele deveria saber o que aconteceria se usasse violência. Além disso, deveria ter havido uma cobrança temporária, mas não há registros disso. Para onde todos os bens roubados foram? Há muitos pontos de incerteza.
— Hmph, não é um problema. O senhor feudal provavelmente usou tudo para enriquecer seu próprio estilo de vida. Esse homem só pensava em si mesmo.
O Secretário não concordou e descartou os documentos, incapaz de acompanhar a farsa do Secretário-Chefe.
— O maior ponto de dúvida é, por que os camponeses ergueram a bandeira do Exército da Libertação em Tenan depois da revolta? Quem tinha a posse de uma bandeira de guerra? Os eventos foram muito favoráveis. É quase como se o Exército da Libertação tivesse entrado em Bertha sabendo que…
O Chefe bateu violentamente na mesa, cortando as palavras do Secretário.
— Cale-se! Ouça, eu não me importo se você está aqui ou não, eu tenho muitos substitutos para você. Se não concordar, deixe esse trabalho agora mesmo. Não preciso de pessoas como você que ainda tenham anexos ao antigo Reino!
— Que estúpido. Eu prefiro cem vezes mais do que estar escrevendo uma história fabricada. Eu vou me retirar. Bom para você que pode escrever sua história lendária então. Visar um país a mil anos? Será uma sorte sobreviver até mesmo cem.
— Seu filho da puta, você sabe o que vai acontecer com você, certo-!?
— Por favor sinta-se livre. Nessa idade, não tenho nada me prendendo a este mundo. Suas ameaças não me assustam.
Rasgando e jogando fora os documentos compilados, o velho Secretário saiu da sala.
Depois de fechar violentamente a porta, ele suspirou com uma expressão sombria no rosto.
— A história é escrita pelos vencedores e nada mudará. É importante estudar e refletir sobre a história e não repetir os mesmos erros. Por que isso não pode ser entendido?
As expressões dos oficiais que passavam eram alegres. Tudo estava bem e tranquilo agora, mas um dia, eles provavelmente repetiriam os mesmos erros mais uma vez.
Era por isso que uma história precisava ser escrita, para também deixar um aviso. Por que eles não entendem isso?
Eles não tentaram entender.
— Talvez não seja que eles não mudem, é que não podem mudar. E assim, tolamente repetem seus erros. Absolutamente fútil.
Um retrato de Altura decorava o salão do Palácio Real.
Nada realmente mudaria no final? Enquanto orava para que seus próprios medos terminassem como ansiedade desnecessária, ele olhou para a pintura de seu símbolo de esperança.
***
Durante o festival de comemoração, Diener conduziu uma reunião com os influentes da Capital Real Blanc.
Ele estava voltando para o Palácio Real e, por perto, trouxera seus agentes armados. Havia uma razão pela qual era tão arriscado ao ponto de manter guardas consigo.
No outro dia, o horrível cadáver do General Octavio foi descoberto.
Além disso, no quartel repleto de soldados, ele foi encontrado em seu escritório, que estava sob proteção estrita.
Parecia que Octavio sofrera uma tortura árdua e havia tido uma morte horrível, sem descrição.
Diener impôs uma ordem rígida e procurou o criminoso. Mas a investigação não estava indo bem.
Não havia nenhum humano no Novo Reino que parecesse se beneficiar com a morte de Octavio, agora que ele havia perdido seu poder político. Era um assassino matando indiscriminadamente sob as garras da loucura? Ou havia algum tipo de ressentimento? De qualquer maneira, esse era um assunto preocupante.
Consequentemente, os guardas ligados a figuras-chave do Novo Reino foram mais reforçados como medida de precaução.
— … Não sei de onde esse lunático veio, mas essa forma de matar não parece o trabalho de um humano. Foi o Diabo ou…..
A Morte.
Sussurrou Diener, e calafrios repentinos percorreram sua espinha.
Essa era a rua principal da Capital Real. As figuras das pessoas que estavam ali antes, não apareciam mais. No entanto, tarde da noite, até podia ser, isso não era natural.
As tavernas ainda estava abertas e devia haver clientes. Haveria até mesmo uma quantidade deprimente de prostitutas convidadas. A situação atual era uma que jamais aconteceria nos quArtirões do prazer a essa hora da noite. Então, por quê?
O disfarçado Diener usava roupas leves que um comerciante usaria. Como armas, só tinha uma adaga escondida entre as roupas.
Sentindo-se em perigo, estalou os dedos, dando o sinal para os agentes escondidos nas proximidades.
Olhou em volta e deu o sinal mais uma vez.
— Alguém! Responda!
Tentou chamar diretamente em voz alta.
….. Nenhuma resposta. Não havia ninguém ali? Diener aumentou sua vigilância.
No nevoeiro à sua frente, uma silhueta negra começou a aparecer.
— É inútil. Já matei todos. Você é o único que resta.
Uma voz aguda como a de uma mulher se dirigiu a ele.
— Q-Quem está aí!? Agentes, matem essa pessoa! Alguém! Não conseguem me ouvir !?
Diener entrou em pânico e chamou os guarda-costas em volta dele. Não houve resposta de ninguém.
— Eu matei aquele lixo, Octavio, então pensei em me vingar de você depois. Eu vim até aqui, só por você.
Uma breve silhueta humana apareceu no nevoeiro e mais uma sombra – um monstro desumano, vestido com vestes negras e esfarrapadas e carregando uma grande foice.
As duas sombras, a da menina e a da Morte, se aproximaram de Diener.
— D-D-Deus da Morte, Shera Zade! V-Você ainda está viva!?
— Eu consegui algo para comer e fiquei bem. Ah, tão delicioso. Um sabor que jamais enjoarei, não importa quantas vezes eu coma….. Venha agora, podemos começar? Vander se foi e está esperando por você.
— Va-Vander? V-Você, não me diga, você comeu Vander!? Sua mulher louca!
Gritou Diener com uma pergunta e Shera sorriu em negação.
— O que eu comi foi uma coisa mais diferente. Além disso, não como humanos. Isso não soa algo extremamente repugnante?
— N-Não fode comigo! Volte para o inferno, você é a trapaceira da Morte!
Diener sacou a adaga e apontou para a Morte. Ele não podia morrer.
Este era o começo. Ele ajudaria Altura, realizaria um regime justo e faria o Novo Reino florescer.
Ele não queria morrer. Tinha com medo de morrer. Não era este o começo de onde iria aproveitar a prosperidade? Foi por causa disso que trabalhou e apostou tudo. Se manchou em sujeira e ficou preso até o fim.
Até que construísse os alicerces, a base para o seu Reino de mil anos, ele não podia morrer. Não havia como morrer.
— Fufu, seu rosto diz que você realmente não quer morrer. Mas tudo ficará bem. Eu vou te ajudar a querer morrer.
A lâmina nua foi facilmente interceptada pela Morte. Diener colocou mais força, tentando desesperadamente fazer algo acontecer. Ele cerrou os dentes.
— Eu não posso morrer ainda! Viverei até construir os alicerces do Novo Reino! Então irei–
— Não, não. Eu decidi que iria te matar. Não pense que vai morrer confortavelmente. Levarei o tempo que precisar e acabar com você. Chore o quanto quiser. Você não precisa se segurar, ok?
— Você não entende? Se me matar, todos os sacrifícios pagos até agora serão inúteis! Se for eu, posso salvar vários milhares, não, várias dezenas de milhares
— Silêncio.
Como se dissesse que estava machucando seus ouvidos, ela agarrou a adaga de Diener e a tirou dele. A Morte pingava sangue vermelho.
Ela acariciou o rosto de sua presa com as mãos molhadas. E apunhalou uma faca em seu ombro. Diener gritou de dor.
— ….. Guaaaaaaa-!
— Um sujo, dez sacrificados e mil salvos, disse Vander. Esse era o seu ensinamento, certo?
Ela aproximou o rosto o máximo que pôde de Diener. Olhou diretamente para ele com “olhos” girando com loucura, ódio e sede de sangue.
— H-Hih-!
— Só a minha opinião, mas somente terminar com uma coisa suja é meio injusto. Então…
— P-Pare!
A sombra de Shera e da Morte se sobrepuseram e se tornaram uma só. Ela tirou uma pequena foice grossa de sua cintura.
Sorriu para seu sacrifício e a Morte começou seu trabalho.
***
Várias horas depois, quando a espessa neblina se dissipou da rua principal, lá estava Diener, uma ruína do que ele foi uma vez.
Uma maneira de morrer exatamente igual a Octavio. Seu rosto na morte estava longe de ser pacífico.
O Estrategista Diener, a figura chave por trás da vitória na Guerra de Libertação, teve uma morte não natural, sem testemunhar o crescimento do Novo Reino.
Oficialmente, foi tratado como tendo morrido devido a um acidente, e a Morte nunca apareceu na Capital Real depois.
Altura lamentou a morte de Diener e realizou uma grande cerimônia fúnebre. A vaga de Primeiro-Ministro preparada para ele ficaria vaga por enquanto.
A morte de seu cérebro atingiu Altura de forma extremamente dura. Neste momento mais importante, uma pessoa confiável havia desaparecido.
Foi escrito nas Crônicas da Guerra de Libertação que o estrategista era rico em determinação, cheio de inteligência e transbordando de lealdade, e era um conselheiro exemplar que apoiava sua Rainha das sombras.
Deixando a realidade de lado, era verdade que ele foi reconhecido pelo povo daquela época.
Quer a pessoa estivesse satisfeita com isso ou não, só ele saberia.
***
Quando o Novo Reino Yuz, liderado por Altura, assumiu uma postura afirmativa sobre o politeísmo, a Igreja da Estrela gradualmente começou a vê-la como hostil.
O fator decisivo veio quando a grande quantidade de doações monetárias iniciadas por Cristoph foi encerrada. A Igreja da Estrela anunciou a revogação de sua proteção.
Depois disso, a relação deles se deteriorou completamente. Altura se viu em uma situação embaraçosa, rotulada de herege pela Igreja da Estrela.
Além disso, as lutas internas entre os chefões do antigo Reino e do Novo Reino se intensificaram, e Altura foi forçada a sofrer no comando de tudo isso.
Aqueles que Diener havia forçosamente suprimido instantaneamente se levantaram.
A política era uma escolha de dar e receber. Um mundo onde todos podem ser felizes não existe.
Presa entre seus sonhos e realidade, ela angustiou, sofreu e finalmente se desesperou, ficou doente devido à ansiedade.
Deixou o mundo aos trinta anos, e seu filho mais novo e ainda jovem, sob a tutela de Julius, tornou-se o novo Rei depois dela.
Parecia que as disputas entre colegas estadistas haviam se estabelecido por enquanto, mas essa era a era da intensificação do antagonismo em relação aos interesses nacionais, religião e raça.
O que Altura pretendia, um mundo onde ninguém tinha que sofrer, onde todos pudessem ter esperança, era uma realidade distante.
***
Passados trinta anos, quando as memórias da Guerra de Libertação se tornaram nebulosas, a história se repetiu.
O Novo Reino não alcançou mil anos.
Após a morte de Julius, que administrou substancialmente os assuntos do governo, o Império fortaleceu suas atividades e mais uma vez aplicou pressão para que isso engolisse o Reino.
O Reino cedeu às ameaças e aceitou várias demandas, e as finanças começaram a tornar-se terríveis.
Para compensar, foram obrigados a mais uma vez aumentar os impostos reduzidos temporariamente.
Muitos senhores aproveitaram a oportunidade para declarar independência em oposição às políticas efeminadas do Reino e tudo foi novamente lançado em um estado de guerra civil.
E o golpe fatal foi quando o Reino arbitrariamente executou uma política oprimindo a Igreja da Estrela: eles impunemente impuseram um imposto de religião.
— Todo fiel deve oferecer uma quantia fixa de dinheiro ao Reino. Sua fé no Reino então será garantida
Em resposta à perseguição do Reino, a Igreja da Estrela declarou a separação do Novo Reino.
— Oponha-se à perseguição injusta e acabe com os hereges com força armada — Foi o decreto dado a todos os fiéis.
Como resultado, tornou-se uma ocorrência frequente onde os adeptos da Igreja da Estrela faziam revoltas armadas dentro do Reino. Senhores influentes também se juntaram em seus grupos, e revoltas armadas finalmente se tornaram uma revolução completa.
Este foi o fim da paz temporária.
***
Forte de Cyros, com fumaça negra subindo.
Na frente de uma lápide sem nome, coberta de musgo, estava uma oficial solitária. Ela não estava lá para rezar. Apenas observava, olhando inabalavelmente e, aparentemente, muito intrigada.
Uma feiticeira envolta em um manto rosa aproximou-se da oficial. Seu manto tinha o emblema da Igreja da Estrela estampado.
Como seu rosto estava oculto pelo capuz, era difícil dizer, mas seu pescoço pálido se mostrava através dele.
— Sua Excelência. O que está olhando?
— Só olhando para isso. Ouvi dizer que havia algo interessante aqui, então vim procurar. Parece que essa coisa é meu túmulo.
A oficial pegou um livro e jogou para a feiticeira. ‘Crônicas da Guerra de Libertação’ estava escrito nele.
Depois de dar uma olhada em seu conteúdo, a feiticeira fez “hmph” em desgosto; chamas brotaram de suas mãos e incineraram o livro em um segundo.
— Esse tipo de livro sem valor não deveria existir neste mundo. É um livro vulgar com fabricações liberais. Por favor, fique tranquila, reunirei a história de Sua Excelência um dia.
Seria algo magnífico, glorioso e incompreensível, ela pensou, mas não falou.
Se ela acidentalmente deixasse sair, antes de se tornar famosa, tudo estaria terminado antes mesmo de começar.
— Apesar de estar morta, você tem sangue quente. É assim que é, eu me pergunto?
— Senhora. É isso mesmo. Depois que peguei esse corpo, meu lado brutal aumentou mais ou menos.
“Entendo”, sussurrou a oficial, então se levantou, girou a foice e pulverizou a lápide.
Ela não precisava dessa farsa feita pelo lixo. Havia algo mais apropriado para eles, afinal.
— Seu rosto parece bastante refrescado. E sua pele está bem ruim também.
— Se Sua Excelência não estivesse aqui, eu teria feito isso.
Sob o capuz, ela levantou os óculos. Seus lábios estavam bem curvados.
— Se eu deixasse isso para você, até o Forte teria sido destruído, então eu fiz isso. Afinal, este é o meu precioso lar.
Ela afastou o cabelo castanho que estava mais comprido do que antes e se espreguiçou. O vento estava refrescante e a luz do sol estava quente.
Bons produtos certamente cresceriam. Mesmo se murchassem, mesmo se fossem queimados, poderiam plantar mais.
— …… Você vai ficar aqui depois que as batalhas terminarem?
— Mhm. Eu tenho que manter minha promessa para com eles. Vou fazer um campo de batatas que cobrirá o Forte. As batatas colhidas serão apreciadas por mim e pelos meus companheiros. Já que você está morta, eu me pergunto se você não vai participar?
Ela deu um sorriso travesso e a feiticeira parecia amarga.
— Eu sou a ajudante de Sua Excelência. Claro que adoraria participar. Eu te seguiria até os confins da terra.
— Mas os mortos não sentem fome, certo? Eu ouvi isso há muito tempo.
— Não, eles sentem. Eu fico com mais fome porque estou morta. Eu sei, porque morri.
— É assim então. Essa é uma nova descoberta. Então vou te dar isso.
Ela tirou duas nozes de um saco de pano e as entregou à feiticeira, uma feiticeira dos mortos.
— M-Muito obrigada!
A mulher de aparência doente alegremente começou a girá-las na mão com um sorriso no rosto.
— Se eu não tomar cuidado, você estará girando outra coisa imediatamente. Pensei ter dito para você parar; é um mau hábito.
— P-Por favor, desculpe-me.
— Quantas vezes eu tenho que dizer isso, eu me pergunto.
Um mensageiro vestido com vestes negras de sacerdote veio junto a essas duas que estavam conversando alegremente.
— Sua Excelência! Preparativos para o ataque estão em ordem!
— ….. Entendido. Diga a Veloce que estaremos lá logo.
— Sim senhora!
Veloce Gael liderava uma infantaria pesada negra e era uma oficial mulher que tinha herdado a disposição forte de seu avô.
Ela provavelmente teria uma grande influência nessa batalha também, como a sucessora do Indomável Jarlder.
Ao ver o mensageiro correr, a necromante falou.
— Então é assim que termina, talvez.
— Não, apenas começa. Irei compensar por aquela vez.
— Estou na expectativa. Se quiser, pode assumir o comando com Veloce. Não sou adequada para essas coisas.
— …. Eu vou recusar. Sinto que me desculpei antes também.
— Mesmo? Não posso fazer nada então.
Com o manto esvoaçando, a Morte empurrou sua foice e começou a andar calmamente.
Atrás dela, seguiu a necromante reverentemente. E atrás delas, com seus corpos cobertos por armaduras negras, marchavam fileiras de seus Mártires.
A Morte olhou casualmente para o céu e um corvo branco estava circulando o topo da torre.
Uma bandeira negra com um brasão de corvo branco esvoaçava triunfantemente no topo dela.
— Parece que não haverá uma terceira vez.
A Morte sorriu com pura alegria.
***
O Novo Reino Yuz não era tão forte quanto nos dias da Guerra de Libertação e as famílias dos chefes generais e a família real foram mortas.
A linhagem do Reino Yuz havia chegado ao fim.
As famílias de heróis, principalmente a de Beffluz e Finn, também foram praticamente exterminadas.
Os netos dos heróis que lutaram pelo povo foram ironicamente mortos por essas mesmas pessoas.
A insurreição armada de adeptos da Igreja da Estrela se espalhou pelo Império e também pela Nações Unidas e o continente Mundo Novo caiu em um estado muito parecido com um caldeirão do inferno.
O conflito sobre a hegemonia irrompeu sob a bandeira da Igreja da Estrela e tornou-se uma era em que senhores da guerra rivais procuravam expandir seu território. Parecia que ainda havia algum caminho a percorrer antes do advento de uma era pacífica.
Além disso, em um grupo da Revolução de Fiéis da Estrela, havia alguém que diziam ser parecido com o “Deus da Morte”, mas os detalhes eram completamente incertos.
Foi apenas escrito em documentos da Igreja da Estrela que uma jovem general, empunhando uma foice, e sua cavalaria negra tinham conquistado realizações que ninguém mais poderia se igualar.
Depois de obter o controle sobre a Capital Real, foi apenas registrado que ela e suas tropas desapareceram. O nome da general não foi deixado para trás.
No entanto, uma estranha lenda permaneceu, que na noite antes de todas as notícias sobre eles serem apagadas, houve uma celebração movimentada, realizada nas ruínas de um certo local.
A Morte mantém suas promessas.
Fim.