A Garota que Comeu a Morte Japonesa

Tradução: Apollo

Revisão: Apollo


Volume Único – Segunda Parte

Capítulo 33: Obrigada Pela Refeição

Shera recebeu a notícia de que Katarina havia morrido em batalha. Seu rosto pálido desmoronou e ela sentiu-se violentamente enjoada.

Ela se ajoelhou e seu vômito se misturou com sangue no chão. Era tudo ácido estomacal.

Dallas, que reportou a ela, esfregou as suas costas minúsculas.

— Ei. Você está bem?

— Sim, eu apenas me sinto um pouco mal. Eu vou melhorar imediatamente.

— … Me desculpe, eu deveria tê-la parado, à força se necessário. É minha culpa.

— Está tudo bem. Katarina tinha suas razões. Isso é tudo.

— M-Mas…

— Podemos nos encontrar novamente um dia. Minha cavalaria… está sempre junto.

Empurrando a mão de Dallas que tentou pegá-la, Shera começou a voltar para seu próprio quarto.

Um cavaleiro apoiou o corpo dela e lentamente começou a andar para a frente.

Ela não podia mais andar sozinha, mas mesmo assim, sua foice não se separou de suas costas.

Não poderia lutar sem isso.

Tendo entrado no quarto, Shera encostou-se à janela e depois deslizou para o chão.

Então lentamente fechou os olhos. Estava cansada, muito cansada. Não queria se mexer.

Seu estômago estava vazio, mas não sentia fome. Paradoxalmente, não queria comer nada.

Ela sentia que mesmo se houvesse um banquete na frente dela, seu estômago não aguentaria.

— … Eu me pergunto por que… me lembro… daquela antiga vila. Eu odeio aquele lugar.

Shera abriu os olhos e o mundo ficou embaçado.

Seu escritório triste, só por um momento, brilhou com a cena de sua aldeia em chamas.

Uma sombra negra vestida em trajes esfarrapados penetrava a débil Shera. Ela olhou para Shera à distância, esperando por sua chance.

Não era hora ainda.

 

Uma semana depois da queda de Sayeff. Quando dois meses se passaram desde o início do cerco, o comandante defensor, Larce, tomou a decisão comovente.

Notificação de Larce para todos os soldados em Cyros.

“Ao mesmo tempo em que o amanhecer chegar, todos os soldados sairão da Forte, atacarão o quartel-general inimigo e irão até o general do exército rebelde.

No entanto, isso não é obrigatório. Aqueles que se opõem ao decreto podem permanecer na Forte.

Foi uma honra poder lutarmos juntos até hoje. Senhores, agradeço de coração por sua lealdade e bravura.”

Larce não suportava que seus soldados sofressem o horror conhecido como fome. Então não havia outro jeito. Valentemente, eles iriam invadir o campo inimigo e encontrar seus momentos finais como guerreiros.

O que acontecia com aqueles que permaneceram na Forte ficava a cargo do comandante do Exército da Libertação. Larce acreditava que todos seriam mortos. Se seus adversários tivessem alguma piedade, aceitariam a rendição anterior.

— … Eu não posso acreditar que eu, de todas as pessoas, teria escolhido atacar e ter uma morte honrosa. Este tipo de fim é mais adequado para Balbora; isso está além de mim.

***

Shera reuniu sua cavalaria e eles fizeram a última ceia juntos.

Outras unidades também decidiram fazer uma refeição, e havia muitas pessoas que tinham rostos de luto, mas o grupo de Shera era diferente.

Não havia sentido em refeições se não aproveitassem. Mesmo que fosse sem gosto, junto dos amigos, tornava-se mais deliciosa do que nunca.

O menu luxuoso de hoje é o seguinte:

Tão delicioso que fazia o queixo cair, o famoso e reputado pão. Como era de uma preciosidade excessiva, apenas uma partedele poderia ser preparada.

E sopa purificada de tal clareza cristalina que pode até ser confundida com água. Parecia que havia uma colher de sal salpicado para destacar seus sabores sutis.

— Uma obra-prima que reflete o trabalho de um habilidoso chef, disse calmamente Shera com uma cara séria, e os cavaleiros tinham sorrisos em seus rostos. Indo junto com eles, Shera também tinha um sorriso. Dallas também mostrava um, mas irônico.

Desde que chegaram a Cyros, foi o jantar mais divertido e delicioso que ela já teve. Provavelmente nunca se esqueceria disso pelo resto de sua vida.

Shera, de alguma forma, sentiu seu corpo se tornar mais leve. Se sentia muito bem agora.

A sombra negra e ameaçadora estava retrocedendo.

Da guarnição de Cyros, cinco mil se ofereceram para participar do ataque.

Aqueles que escolheram permanecer na Forte e encontrar seus objetivos eram aqueles que não podiam se mover e aqueles que se agarravam ao seu último raio de esperança, se render.

Dos dois mil cavaleiros de Shera, mil estavam montados e novecentos seguiriam a pé.

Os cem restantes pediram para ficar e defender. Eram aqueles que sofreram ferimentos graves na batalha anterior e ainda não se recuperaram. Eram incapazes de participar do ataque.

— Eu não posso deixar vocês para trás. Ficarei em casa e lutarei até o fim com vocês.

Disse Shera, usando sua armadura preta, apoiando-se no ombro de um cavaleiro, e um soldado que aspirava defender na ausência abanou a cabeça para o lado enquanto sorria.

— Sou grato pelos sentimentos, mas devo recusar. O Oficial de Equipe Sidamo disse a verdade, certo? “A Cavalaria deve morrer do lado de fora”. As promessas devem ser mantidas, certo, Coronel?

Os outros soldados que também permaneceriam abriram a boca para concordar.

Honestamente, todos queriam morrer lutando com Shera. Mas, estavam sem seus cavalos, e sendo incapazes de se mover como desejavam, não eram nada além de um fardo.

Nesse caso, assumiriam um dever diferente.

— …

— O quê? Sua preocupação é desnecessária. A Cavalaria da Coronel Shera é invencível. Nós vamos cuidar daqui, esperando o dia em que você venha nos encontrar novamente. Para sempre.

— Isso mesmo, nunca seremos derrotados. Além disso, temos que cuidar das batatas que cultivamos juntos.

— Quando elas derem frutos, a guerra certamente terá terminado. Quando chegar a hora, mostrarei minha habilidade e prepararei um delicioso ensopado. Por favor, aguarde ansiosamente por isso.

— … Compreendo. Eu definitivamente irei até vocês. Teremos um delicioso banquete então, juntos. Eu prometo.

Shera sorriu e os soldados assentiram entusiasticamente.

— Viva a Coronel!

— Que as fortunas da guerra estejam com você!

— Vocês também, cuidem-se. Vamos nos encontrar de novo, com certeza.

— Sim senhora-!

As cem pessoas que permaneciam na Forte escolheram não defender os portões, mas proteger sua querida plantação. Nada aconteceria se a pequena força deles defendesse os portões.

Por isso, queriam lutar em seu lugar precioso. Tiveram a liberdade para escolher seus leitos de morte pelo menos.

Não foi pelo Reino, mas sim por Shera, pensavam os cavaleiros restantes por unanimidade.

***

Como se invadisse a escuridão da noite, o céu estava ficando branco.

Dirigindo-se aos soldados reunidos nos portões principais, Larce levantou a voz, com o rosto sombrio, enquanto dava sua ordem. Sombrio, por causa da amargura de ordenar que morressem, mas escondeu o fato.

— Senhores, agradeço profundamente por ficarem comigo até hoje. Nós vamos mostrar ao exército rebelde, o espírito da guarnição de Cyros. Nós vamos fazê-los conhecer o valor da elite do Reino. Sem falha, vamos segurar a cabeça do comandante!

— OU-!

— Tudo bem, abram os portões! A Morte será nosso arauto! Escoltem a Coronel Shera até o quartel-general inimigo!

— Viva o Reino! Viva o Primeiro Exército!

— Todas as unidades, comecem o ataque! Para a frente-! Para a frente!

— UOOOOOOOOOO-!

A ponte levadiça foi baixada e os portões se abriram.

Larce atacava como a vanguarda e os soldados incitaram seus cavalos atrás dele.

A estratégia era muito simples. Larce e a infantaria derrubariam as cercas, paliçadas e trincheiras ao redor e então parariam quaisquer reforços até que morressem. A unidade de Shera escalaria seus cadáveres e entraria no quartel-general inimigo.

“Sem expectativas para retornar vivo”

Todos os homens da Cavalaria de Shera ergueram as lanças e prepararam-se para atacar.

Shera olhou para cada um deles e assentiu apenas uma vez.

— Mataremos o máximo da escória rebelde que conseguirmos colocar as mãos. Eu vou lutar, até que não consiga mais. Então fiquem comigo. Obrigada por tudo. Foi realmente um prazer comer com todos vocês. Sou eternamente grata.

— Foi uma honra estar com você, Coronel.

— Coronel, muito obrigado!

— Vida Longa à Senhorita Shera!

— Viva a Coronel Shera!

— Bem. Vamos… Levantem as bandeiras! A Cavalaria de Shera começará a investida! Matem todos-!

— Comecem a investida! Sigam a Coronel!

Shera reuniu sua força e galopou em seu cavalo. Dallas gritou, e a cavalaria seguiu, os sons de seus cascos ressoavam.

Bandeiras negras passavam pelos portões, corvos brancos e bárbaros corriam para o campo aberto, para levar a Morte ao Exército da Libertação, para levar ainda mais um homem para a morte com eles.

***

A guarnição de Cyros e a Cavalaria de Shera começaram o ataque.

Sentindo o ataque do Exército do Reino, Diener concentrou soldados na frente do quartel-general e ordenou-lhes que utilizassem as defesas construídas para aniquilá-los.

Ele planejou matar todos e não deixar ninguém passar. Não deixaria nem mesmo um único homem escapar.

— O inimigo já está enfraquecido. Fiquem calmos e mirem neles. Atirem e matem todos.

— Senhor Diener, os preparativos estão completos.

— Bom, comecem a captura de Cyros. Não tomem prisioneiros; matem todos.

— Sim senhor!

O mensageiro foi embora. Agora que a força principal da guarnição havia feito um ataque, a Forte de Cyros estava quase vazia. Ela cairia imediatamente com um ataque de trinta mil.

Com as táticas de fome desta vez, ele foi capaz de manter as perdas dos soldados a um mínimo absoluto. O cerco acabou perfeitamente.

Seria simples demais afastar o ataque impensado do inimigo. Eles construíram uma linha firme de defesa.

A cavalaria da Morte não seria capaz de fazer isso. A única coisa que os esperava era uma morte miserável.

“Bem, mesmo se ficassem dentro da Forte, só estariam indo em direção às suas mortes por causa de uma fome infernal. Na verdade, nós poderíamos ser considerados Messias, por libertá-los de sua miséria. Kukuh, um Messias que salva a Morte, ó como isso me faz rir.”

Com o riso mais sincero, Diener pegou sua luneta. As mortes dos tolos do Reino, isso tinha os ingredientes da comédia final.

***

Depois que Shera e os outros atacaram, como enxames de formigas em busca de presas, o Exército da Libertação invadiu a Forte de Cyros.

Aqueles que decidiram cumprir seus objetivos ali, protegeram desesperadamente os portões, mas foram quebrados sem qualquer dificuldade.

Não havia mais necessidade de aríetes. O Exército da Libertação agarrou-se aos portões e forçou a derrubada com marretas de ferro.

Os soldados enfraquecidos foram invadidos pelo Exército da Libertação com muito ardor e foram mortos sem piedade.

Para os soldados atacantes do Exército da Libertação, havia poucas chances de fazer um nome para eles. Para serem reconhecidos por seu valor em batalha, tiveram que massacrar completamente a todos.

Este não era um campo de batalha, apenas um simples campo de caça.

Não houve rendição aceita. Não havia necessidade de ouvir o outro implorando por sua vida.

Os soldados que largaram suas espadas e se renderam foram chutados e empalados com lanças. Suas cabeças foram perfuradas inúmeras vezes por espadas.

O mesmo para os feridos. Tomar prisioneiros era desnecessário. De acordo com as instruções de Diener, mataram todos, não deixando nenhum restante.

Em meio a tudo isso, havia um grupo de soldados que resolutamente lutou até o fim. Eles diferiam dos soldados do Reino que corriam por aí tentando escapar como se fossem aranhas bebês dispersas. No pátio da Forte, os cem tomaram uma formação quadrada e ousadamente continuaram resistindo.

Diante deles, estavam os cadáveres dos soldados do Exército da Libertação e, no momento, com sorrisos ferozes em seus rostos, retiravam suas lanças da carne recém-morta.

— Hahaha. Eles não têm coragem. Seus números são ótimos, mas depois de tudo, são apenas um amontoado lixo.

— Se a Coronel estivesse aqui, eles teriam morrido em menos de um minuto.

— Nós sozinhos somos suficientes.

— Devemos levar o máximo que pudermos conosco. Vamos matar ainda mais um homem.

Eles, a Cavalaria de Shera, cercaram a plantação em uma formação quadrada, e no centro deles estava a sua batalha.

Os soldados do Exército da Libertação em torno deles hesitaram em dar um passo à frente.

Aquela bandeira era o símbolo da Morte. Eles se distinguiriam se a derrubassem, mas não queriam morrer quando já haviam vencido.

Aqueles precipitados por méritos que tinham energeticamente ido para a matança já haviam se tornado pedaços de carne.

A Forte havia sido amplamente suprimida, mas apenas esse pátio continuava tenazmente resistindo. Mesmo se sofressem feridas, ou seus números diminuíssem, a Cavalaria de Shera nunca os deixaria se aproximarem da plantação.

Os soldados mártires da Morte não temiam ninguém.

Perdendo a paciência, um comandante do Exército da Libertação apareceu, trazendo bestas. Como ele não achava que teria que usá-las em uma supressão, levou tempo para se preparar.

Era uma desgraça que não tivessem sido capazes de esmagá-los com um número esmagador de soldados. Mal tinham força restante neles.

— Vocês lutaram bem, mesmo sendo soldados do Reino. Vou elogiar vocês. Mas isso é o mais longe que vão. Besteiros, formações.

Por ordem do comandante, os besteiros formaram três fileiras e miraram.

Os cavaleiros prepararam suas lanças, prontas para o seu momento.

— Viva a Coronel Shera! Vitória para a Coronel!

Os cavaleiros cantaram em uníssono e o comandante baixou a espada.

Os besteiros puxaram o gatilho e dispararam. Então uma segunda saraivada. E uma terceira. A primeira fileira recarregava.

A Cavalaria de Shera desmoronou silenciosamente. Alguns cravaram as lanças no chão, recusando-se a cair.

— Esses caras vão se mover até o final mesmo. Continuem atirando. Não há necessidade de reserva.

O comandante que tinha ouvido falar da abominação dessa cavalaria a partir de Diener e Finn se assegurou de não se aproximar. Manteve distância e continuou atirando.

Os corpos dos cavaleiros eram tratados como manequins usados ​​para a prática de tiro, e os besteiros zombavam quando disparavam suas flechas.

Depois de várias centenas de disparos, não havia ninguém vivo.

Seus corpos eram como ouriços cômicos. Os soldados do Exército da Libertação riram.

— Esses idiotas nos fizeram perder tempo. E tudo isso por quê?

Murmurou o comandante, com desprezo, olhando para os cadáveres dos cavaleiros.

Um soldado leu a placa e falou.

— Sua Excelência! Parece que este estranho jardim é do Deus da Morte. Sua assinatura está nela e diz para não o danificar!

— Ridículo. Eles perseveraram aqui apenas para proteger um jardim? O que diabos estavam pensando? Os feitos dos loucos são difíceis de entender.

O comandante cuspiu com mal humor.

— Tudo pela Coronel Shera? Eles não ficaram loucos?

— Estas são batatas de Wells? Eles morreram por batatas!

Um soldado arrancou uma das plantas enterradas no campo como se estivesse tocando alguma coisa imunda. Então a esmagou com veemência.

— Bem, tanto faz. Se isso é tão importante, vamos enterrá-los juntos. Eles são os abomináveis ​​soldados do Deus da Morte; nós não queremos que ressuscitem sobre nós.

— Entendido!

— Heheh, vamos queimar tudo! Saiam do caminho!

Os soldados do Exército da Libertação chutaram os cadáveres da cavalaria enquanto os reuniam em um só lugar.

O campo de batatas de Wells, tão cuidadosamente criado por Shera, foi tragicamente devastado.

Eles arrancaram as plantações com suas espadas, cavaram o campo inteiramente com suas lanças e pisaram na terra um número incontável e incomensurável de vezes com suas botas.

Jogaram óleo em cima dos cadáveres e atearam fogo neles e nos destroços das plantações.

— Tudo bem, vá levantar nossa bandeira em cima desta Forte. Deixe o estrategista saber da nossa vitória.

— Entendido!

— Droga, finalmente para a Capital Real. Faz algum tempo já.

A infantaria seguiu o comandante e começou a subir uma torre.

Atrás deles havia uma montanha flamejante de cadáveres e as ruínas queimadas da plantação.

***

Quartel-General do Exército da Libertação. Diener duvidava de seus olhos para a situação que progredia diante deles.

Impedir o inimigo com uma linha de defesa e aniquilar eles com arqueiros estacionados. Deveria ter sido tão simples.

Mas, o que era esta cena se desdobrando diante dele? Não conseguia entender nada.

— P-Por quê? Por que não podem ser parados?

O Exército do Reino enchia as trincheiras com cadáveres, destruía as cercas e se livrava das paliçadas, tudo isso enquanto resistiam às flechas.

Durante todo esse tempo, os soldados estavam matando às centenas.

Ele recebera a notícia de que o general inimigo Larce já havia morrido. Não era estranho que ainda não tinham perdido a vontade de lutar?

— Senhor Diener, o inimigo é como ratos encurralados. Com suas rotas de fuga completamente bloqueadas, só podem lutar.

— Cale-se! Envie mais soldados para a frente! Eles não podem se aproximar!

— E-Entendido!

Construindo o bloqueio, eliminando todas as rotas de fuga, tudo isso era Diener. Também foi ele quem ignorou sua rendição e decidiu esmagar todos eles.

A infantaria sobrevivente do inimigo colidiu com a vanguarda de seu aliado. Atrás deles estava a cavalaria erguendo uma bandeira negra e levantando uma nuvem de poeira.

Eles priorizavam não a vitória, mas a morte e o sofrimento de seu inimigo jurado e o sangue de seus camaradas do Exército da Libertação estava sendo inutilmente derramado.

Diener lamentou sua decisão, mas já era tarde demais.

Os soldados da Morte mergulharam para a frente, apontando para o seu quartel-general, criando mais sacrifícios o tempo todo.

O Exército da Libertação tentou atacá-los de todos os lados, mas o ímpeto da cavalaria inimiga não diminuiu.

— Merda-! Neste ritm...

— Senhor Diener! A Cavalaria do Leão! A cavalaria de Finn chegou!

— O-O quê!?

Justo quando Diener começou a pensar em evacuar do quartel-general, a cavalaria que corria com a bandeira do Leão derrotava os soldados da Morte.

A infantaria do Exército do Reino, entediante em sua formação, foi interrompida.

Os soldados que continuaram avançando com determinação, infalíveis em seu ímpeto, uma vez parados, eram frágeis.

— Senhor Diener!

— Eu sei! Não perca esta chance, conecte-se à unidade de Finn e esmague todos de uma vez!

Diener subitamente levantou-se e deu sua ordem.

 

Heroicamente balançando sua lança, capitalizando sua mobilidade e derrotando o Exército do Reino, estava Finn e sua Cavalaria do Leão.

A moral do inimigo era certamente alta, mas seus movimentos eram monótonos. Parecia que não conseguiam acompanhar os movimentos afiados da cavalaria.

A fome sem dúvida havia minado sua resistência. Finn cortou a cabeça de um soldado do Reino.

— Coronel! O Deus da Morte está à frente de nós! A Cavalaria da Morte está avançando!

Gritou a Ajudante Milla enquanto balançava sua espada. A Cavalaria da Morte estava correndo em linha reta, seguindo a estrada que a infantaria do Reino havia aberto para eles.

Na frente estava Shera. Ela estava tomando banho em grandes volumes de spray de sangue. Seus ombros se levantavam com sua respiração enquanto agitava seu cavalo.

— Então a Morte vem por último, afinal. Eles devem estar consideravelmente enfraquecidos pela fome. Eu não vou perder desta vez.

— Coronel!

— Eu não vou sozinho. Esta é uma luta até a morte. Venham comigo; não se segurem.

— Sim senhor!

— Aqui vamos nós! Nós vamos matar o Deus da Morte e fazer um nome para nós mesmos! Deixe-os conhecer a força da Cavalaria do Leão!

Ordenou Finn e a cavalaria começou a atacar em resposta.

A reputação de Finn já era claramente inabalável, mas se ele matasse Shera aqui, podia-se dizer que alcançaria o ápice do renome.

balançando diante de seus olhos estava fama e glória. Ele não podia deixar essa chance escapar.

Quatro mil de infantaria do Exército do Reino tinham finalmente esgotado sua resistência, e sua força estava enfraquecendo.

Ele deve isolar todos e esmagá-los depois. O inimigo estava cercado por uma força dez vezes maior. Não havia derrota desde o início.

A Cavalaria do Leão colidiu com a Cavalaria da Morte.

Finn decidiu mirar em Shera e apertou mais a lança. Um golpe foi lançado quando passaram um pelo outro. Ele pretendia acabar com isso lá.

Shera segurava a foice na horizontal com as duas mãos. Sua lâmina estava suja de sangue e estava colhendo as almas de muitos.

— Deus da Morte, Shera! Sua cabeça é minha!

— …

De repente, Shera jogou sua foice para cima. No momento em que ele olhou para cima, prontamente, duas foices brotaram dos ombros de Finn.

Shera havia jogado duas pequenas foices de sua cintura.

— O quê…

— Eu não tenho tempo para brincar com você. Meu objetivo é apenas a cabeça do Comandante Supremo.

Sem olhar para Finn, que entrou em colapso com dor intensa, Shera avançou com seus mil cavaleiros.

Tendo caído de seu cavalo, Finn estava coberto de lama dos cavalos. Gritava enquanto se contorcia, manchando-se de sujeira.

Até que Milla notou e correu até ele, estava sendo atormentado pela dor sem fim.

Pegando sua foice, Shera mais uma vez agarrou as rédeas.

Com a Cavalaria do Leão de Finn rompida, Shera avançou em direção ao quartel-general, a bandeira do general inimigo flutuando acima dela, enquanto quebrava as cercas defensivas.

Para segurar o inimigo em seus calcanhares, os cavaleiros, por sua própria vontade decidiram parar e se viraram.

Shera só foi para frente, para frente e para frente. Aqueles que a seguiam eram Dallas com pouco mais de duzentos cavaleiros. Os outros se entregaram à morte e foram atrapalhar a formação do inimigo.

— Haah, Haah.

— Quase lá Coronel! Essa é a bandeira de merda de Diener!

— Pena que não é Altura.

— Agora não é hora de ser gananciosa! É um milagre termos chegado até aqui!

— Não existem milagres. Apenas ódio e determinação.

Ela balançou a foice enquanto rangia os dentes. Não poderia se mover em breve. Não havia muito tempo sobrando.

Evitando as flechas que caiam como chuva, Shera avançou.

Um homem de rosto angular, em forma e relativamente jovem entrou em sua linha de visão. Diferente dos outros soldados, ele vestia um uniforme sem amarrotado.

Seus dentes estavam cerrados com tanta força que sangue jorrava de seus lábios. Parecia que estava extremamente enfurecido.

Ela pensou em jogar uma foice, mas usou a última naquele cara do leão de antes.

Tanto faz. Provavelmente era melhor arrancar a cabeça dele com a foice. Shera segurou sua foice no alto.

Um último golpe. Ela tinha um último golpe. Sua presa final seria esse merda. Iria matá-lo, com certeza.

Sua cavalaria atrás dela diminuía em números enquanto continuavam. Só um pouco mais. Só um pouco mais.

Apenas alguns segundos de distância da cabeça do inimigo, a apenas mais um passo de distância.

— Besteiros. Fogo!

Ao mesmo tempo, uma voz familiar gritou, várias flechas perfuraram o corpo de Shera.

Shera sentiu como se fosse cair de seu cavalo por causa impacto. Ela agarrou as rédeas e resistiu.

Seu mundo mudou de direção. Quando verificou o dono da voz, era o traidor, Vander. Shera soltou um sorriso ao ver seu rosto nostálgico.

Ah, quão nostálgico era o Castelo de Bertha. Katarina, Sidamo, Jarlder. Havia tantos humanos interessantes. Darvit, Conrado, Dallas. Havia tantos humanos estranhos. Diener, Vander, Octavio. Havia toneladas de humanos repugnantes.

Tantas coisas aconteceram. Neste ano, houve realmente tantas coisas.

Ela estava cansada.

O sangue escorria violentamente de sua boca e Shera deitou-se em seu cavalo. Mesmo assim, não soltou sua foice.

— O Deus da Morte foi atingido! Peguem sua cabeça!

Disse Vander e a infantaria avançou. Mais flechas foram disparadas para dar cobertura.

Sua cavalaria estava em sua frente, com os braços abertos enquanto morriam, protegendo-a.

Dallas tomou as rédeas de Shera desmoronada e puxou fortemente.

— Espere aí! Ei-!

— … Esse… é o fim… eu me pergunto.

— Retardada! Ainda não-! Nós ainda não tomamos a cabeça do cuzão!

— Mas… estou um pouco… cansada.

— Cale-se! Eu não quero ouvir a Morte choramingar! Ei você, pegue a Coronel e fuja! Use tudo o que tem e fuja para algum lugar!

— M-Mas.

Um jovem cavaleiro ficou confuso com a ordem de Dallas.

Ele estava pronto para morrer; por que tinha que fugir? Não conseguia entender. Não podia abandonar seus companheiros e fugir.

— Isso vai incomodar esses caras! Se ela fugir, aquela idiota vai ficar puta. Vamos, mexa-se! Não volte atrás!

— En-entendido!

Pegando o corpo de Shera, o jovem cavaleiro recuou. Vários cavaleiros seguiram para protegê-lo.

Dallas tinha um sorriso fino e se virou. Ele havia encontrado um bom lugar para morrer. Seu maldito pai provavelmente não iria reclamar se morresse protegendo uma mulher. Isso era o melhor.

— Heh-, este é o fim! Shera, isso é por você!

Dallas e a cavalaria sobrevivente espremeram as últimas forças e atacaram.

Seguiram em frente para o grupo de besteiros e lutaram duro, apesar de serem atingidos por flechas. Eram quase como demônios do mal.

Eles honestamente lutaram muito. Para ganhar tempo até que Shera pudesse escapar, devastaram o quartel-general de Diener.

Um homem matou dez. Na verdade, ainda mais, e todos lutaram como os maiores cavaleiros da história.

No final, foram puxados de seus cavalos por uma manada de soldados enlouquecidos, seus membros crucificados e todos morreram enquanto riam loucamente.

Dallas também, não como um homem de Madros, mas simplesmente como Dallas, morreu lutando.

Com o inimigo aniquilado, o quartel-general do Exército da Libertação estava finalmente recuperando sua compostura.

Libertado do medo iminente da morte diante dele, Diener passou a mão trêmula pelo cabelo.

— … O que é isso…

Ele olhou seu acampamento meio destruído.

Na frente dele estavam os cadáveres dos soldados do Exército da Libertação. Seus rostos mortos eram de tristeza.

Quando olhou para os cadáveres dos Cavaleiros da Morte, todos morreram com sorrisos de ridículo, sentindo-se satisfeitos. Seus rostos pareciam zombar da falta de jeito de Diener.

Vander se aproximou e falou.

— … Senhor Diener. Você está ferido?

— O que acabou de acontecer!? Eu fui derrotado pelo Deus da Morte novamente?

— Por favor acalme-se. A Morte foi repelida. É a sua vitória.

— Isso parece uma vitória para você? Eu pretendia esgotá-los pela fome e evitar sacrifícios sem sentido, mas o que é esse estado lastimável!?

— …

— Eu, eu… Por que, por que não preparei uma rota de fuga? Por que eu transformei todo o inimigo em soldados da Morte? Me tornei um vaidoso desprevenido?

Sete mil da guarnição de Cyros estavam cercados por cinquenta mil e passaram fome. Mas devido ao ataque do inimigo desta vez, provavelmente mais de sete mil se tornaram baixas.

Devido ao erro de julgamento de Diener, sacrifícios desnecessários foram pagos. Ele havia inutilmente levado o inimigo a um canto, e todos haviam se transformado em soldados da Morte.

Era uma regra de ferro que uma maneira de escapar deve ser fornecida ao inimigo em um cerco. Por isso havia organizado uma rota de fuga em Bertha.

Deixe um mero pedaço de esperança para os vivos – para evitar que o inimigo endureça sua determinação e lute até a morte. Deveria saber disso. Ele não poderia ficar mais arrependido.

Brincara com a vida e essa foi a compensação pelo seu escárnio. E se aceitasse a rendição naquele momento?

Diener desabou para frente. Em lugar algum ele parecia um vencedor.

Se fosse o seu antigo eu, não teria tomado esse tipo de decisão. Para a vitória do Exército da Libertação, deveria ter apagado toda a sua inimizade. O Exército da Libertação era seu tudo.

Quando mudou? Quando seu ódio pela Morte superou a vida de seus companheiros?

Diener agonizou com a transformação dele. Mas, mesmo assim, seu ódio pela Morte não estava desaparecendo.

— Senhor Diener. Shera ainda não morreu. Sua permissão para prosseguir. Vou matá-la e prestar homenagem aos nossos companheiros.

A Morte ainda estava viva. Aquela intenção assassina perfurante de mais cedo passou pelo fundo de sua mente. Suas costas se arrepiaram por causa do medo de morrer.

— … Mate-a. Não importa os custos. Vander, você deve matá-la. Aquela coisa não pode ser deixada viva. Você tem que matá-la!

Gritou Diener com olhos vazios. Sua calma constante e recolhimento, seu comportamento composto, haviam desaparecido por completo.

— Deixe comigo.

Vander pegou suas tropas e começou a perseguir. Eles correram na direção que Shera escapou.

***

Uma pequena região de floresta a oeste de Cyros. Shera e o jovem cavaleiro escaparam para lá.

Não havia sinais dos outros cavaleiros. Todos os membros haviam atraído o inimigo, agindo como uma distração, e morreram em batalha.

O jovem soldado apoiou Shera contra uma grande árvore e começou o tratamento de seus ferimentos. Seu cavalo havia parado há algum tempo, já que fora ultrapassado seus limites e usado em excesso.

A partir daqui, teriam que fugir a pé.

Ele cuidadosamente puxou as flechas dela, tirou a armadura e parou o sangramento em um buraco de cada vez. Quando sua pele nua entrou em sua visão, o cavaleiro desviou os olhos.

— Você já fez o suficiente. As flechas foram… mergulhadas em veneno, me parece. Aqui já é… longe o suficiente.

Shera murmurou com uma voz fraca. As flechas de besta estavam cobertas de veneno mortal.

Era uma arma fatal que os homens prepararam contra a Morte.

O veneno rapidamente entrou no corpo de Shera. Sua pouca resistência remanescente logo se esgotaria, como uma vela prestes a se extinguir.

— … Eu não posso fazer isso.

— Isso é uma ordem. A patente, em um exército, é absoluta. Você já fez o suficiente… fuja. Eu estou bem aqui.

Ela tentou agarrar sua foice, mas nenhuma força entrou em suas mãos. Já não consegui mais se mover.

O jovem cavaleiro tinha uma expressão ressentida no rosto depois de tremer um pouco e então sorriu levemente.

— Coronel, se você morrer, não vai mais ficar com fome. Afinal, os mortos não sentem fome.

Brincou maldosamente o jovem soldado e Shera curiosamente olhou para ele. Aquelas palavras, quando e onde as ouvira antes? Algum lugar, há algum tempo.

— … Você é?

— Prometi te dar pão e queijo, lembra? Não há queijo, mas tenho pão. Aqui.

O jovem cavaleiro empurrou um pequeno pedaço de pão na boca de Shera e ele se levantou.

O pão estava úmido de sangue, mas Shera achou delicioso.

Os arredores ficaram barulhentos. Parecia que seu cavalo cansado foi descoberto.

O inimigo chegaria em breve. O jovem cavaleiro desembainhou a espada e ficou na frente de Shera.

Um comandante do Exército da Libertação apareceu, empurrando as moitas. Na mão dele estava uma lâmina nua brilhando com uma luz perigosa.

— Finalmente te encontrei. Ei você, vou te deixar ir se fugir agora. Fique fora do caminho.

— Me recuso! Lutarei até o meu fim! Não há derrota para a Cavalaria de Shera!

— Entendo. Então não direi nada fútil. Morra.

O comandante do Exército da Libertação e o jovem cavaleiro entraram em confronto. Espadas cruzadas e uma batalha até a morte se desenrolou.

O jovem cavaleiro tinha a vantagem do entusiasmo, mas era superado em técnica, talento e experiência.

Depois de trocar dez golpes, o jovem cavaleiro foi abatido.

Ele estendeu a mão na direção de Shera, enquanto morria. O jovem que foi salvo pela Morte, morreu defendendo-a.

O comandante do Exército da Libertação apertou a espada com sangue fresco e aproximou-se de Shera.

O nome do homem era Vander. O humano que antes era ajudante de Shera.

— Já faz algum tempo, Major. Melhor, você é uma Coronel agora, né?

— … Segundo-Tenente Vander.

— Não, também fui promovido. Agora sou um Major. Finalmente alcancei o seu eu daquela época.

Vander embainhou a espada e olhou para Shera. Sua respiração era tão fraca quanto a de um inseto. Mesmo que ele não fizesse nada, ela provavelmente morreria. As flechas venenosas infalivelmente passaram pela Morte.

— …

— Eu… tive medo de você naquele momento e me joguei no Exército da Libertação. No entanto, em todos os lugares que fui, era a mesma coisa no final. Não existe um exército “limpo”. Só nessa idade eu percebi, acho que também sou um ser humano sem esperança.

Vander disse tirando sarro de si mesmo. Ao pertencer a ambos os exércitos, havia visto sujeira mais do que o suficiente. Diener era o humano que carregava toda aquela imundície, e Vander, sob sua supervisão direta, agora também estava sujo.

— …

— A razão pela qual você se tornou o Deus da Morte – eu finalmente sei agora, porque você tem tanta animosidade em relação ao Exército da Libertação….. Aqueles que destruíram o seu local de nascimento, fomos nós, o Exército da Libertação. Eu fui informado por Diener. Este mundo é honestamente nojento. Não há justiça em lugar algum.

— … Entendo, então foi Diener.

Murmurou Shera, como se estivesse gravando em si mesma. Ela nunca esqueceria. Matá-lo, absolutamente iria matá-lo.

— Sim. Um sujo, dez sacrificados e mil salvos. Isso é uma inevitabilidade. Alguém tem que fazer isso. Se ninguém agir, dezenas de milhares de humanos morrerão nas mãos de políticos idiotas. Eu tomei a decisão de me sujar. Assim—

Vander pegou a grande foice de Shera ao lado dela. Ao contrário de sua aparência, era leve. Estranhamente se encaixava nas mãos dele, como se sempre estivesse usando.

— Vou te matar. A existência da “Morte” não é necessária no novo mundo. Você matou muitos, já fez demais.

Vander colocou a lâmina da foice no pescoço de Shera. Ela não resistiu.

No mundo embaçado de Shera, Vander parecia distorcido.

Algo, que despertou uma lembrança de algum lugar, de algum tempo, possuía Vander – uma sombra negra.

Shera voltou os olhos para o pescoço dele e para a garganta macia. O seu apetite começou a jorrar de algum lugar. Um pouco de força voltou. Seus olhos começaram a brilhar com uma luz negra.

— Pelo menos tornarei isso indolor e te darei uma morte tranquila. Coronel Shera……, isso é um adeus!

No instante em que Vander segurou a foice acima de sua cabeça, Shera se levantou do chão.

Vander ficou chocado com a pessoa, que estava à beira da morte, se movendo de repente. A foice caiu de suas mãos.

Os braços macios e pequenos de Shera, envolveram carinhosamente o pescoço de Vander.

Shera sussurrou apenas uma palavra, sua respiração quente, coincidentemente, acariciava sua orelha.

— … Delicioso…



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