Volume 2

Capítulo 3: Faíscas Dispersas no Baile Noturno (1)

NT: O termo “convocar”, no contexto de conjurações, foi substituído por “evocar”.


Ofegante, Menou rapidamente tirou os cobertores.

Ela era uma Executora treinada. Mesmo se ela estiver em um estado de sono profundo, ela pode despertar completamente no momento em que sente perigo.

Ela sentiu que estava sonhando com o passado, mas os últimos vestígios de seus sonhos foram expulsos de sua mente pela realidade. Ela rolou para o lado e caiu da beirada da cama. No meio segundo que levou para cair, ela apoiou-se com a mão para reduzir o impacto e aterrissou agilmente com os dois pés.

Alguém acabou de me atacar? Ela olhou para sua cama e congelou em espanto.

Algo pesado havia acabado de aterrissar onde Menou estava dormindo instantes atrás.

Era Akari, quicando no colchão com molas.

Aw, você desviou. Bom diiia, Menou!”

O que ela está tentando fazer? Tendo mergulhado na cama onde Menou estava dormindo, Akari senta-se e acena alegremente.

Menou, que ainda estava em postura de batalha no chão, soltou um suspiro e endireitou-se. Ela entrou em modo combate à toa. Seus ombros afundam e ela encara Akari.

“Por que fez isso, Akari? Estava planejando me esmagar com o peso extra que você ganhou?”

“Espera, o quê!? De onde você tirou isso!? Eu não ganhei peso! …O-ou ganhei?”

“Eu não vou dizer. É importante ser auto-consciente.”

“Quêêêê—?!”

Menou mantém sua voz calma. Se tem uma coisa que ninguém sabe de onde veio, foi aquele ataque surpresa.

Ela foi atacada de repente durante seu sono. Por que ela não ficaria chateada? Virando com um “hmph,” ela começou a se arrumar, lavando seu rosto e vestindo sua túnica de sacerdotisa. Essa pousada não tinha nenhuma balança ou algo do tipo, é claro. O único ponto de comparação em uma jornada como essa era seu próprio eu do dia anterior.

Enquanto Menou trocava de roupa e prendia seu cabelo com a fita, Akari beliscou sua própria barriga nervosamente e soltou um suspiro de alívio.

“Estou perfeitamente ótima. N-não brinque assim comigo! Você não estava acordando, então pensei em te ajudar, só isso.”

“E não conseguiu pensar em uma forma melhor de fazer isso?”

“Eu apenas me deixei levar pelos meus sentimentos por vo—aí!?”

Ela estava com uma expressão mansa para alguém confessando intenção criminosa. Menou decidiu não perdoá-la, então aplicou uma retribuição em forma de um peteleco na testa.

Akari segurou sua cabeça em lágrimas e mostrou um olhar reprovador.

Ehhh… Mas eu achei meio estranho. Você nunca dorme até tarde.”

“…Isso é verdade.” Menou tinha muito o que pensar sobre a noite anterior.

Pelo que ela soube posteriormente, os homens que ela entregou aos cavaleiros no dia anterior, de repente se transformaram em monstros e enlouqueceram. Felizmente, os cavaleiros conseguiram derrotá-los antes de causarem qualquer casualidade, mas esse não era o problema.

“Esse trabalho está tomando uma forma mais incômoda do que eu esperava.”

“Ah, é?”

“Estou investigando essa droga perigosa chamada monstrina, então… Escute, Akari. Se um estranho lhe der uma pílula vermelha, certifique-se de não ingeri-la, está bem?”

“Nem eu aceitaria algo tão suspeito…”

Era seguro assumir que a transformação dos homens em monstros se deve à monstrina.

Uma propriedade perigosa do Pecado Original é sua habilidade de corroer e dominar outro material. Em outras palavras, se alguém fosse capaz de converter o Conceito de Pecado Original para uma forma de pílula, então seria possível transformar qualquer um que a consumisse em um monstro.

Os usuários de monstrina não estão realmente sendo fortalecidos fisicamente. Suas formas físicas estão mudando de humano para monstro, e o fortalecimento é meramente um resultado disso.

Então a Fourth não estava de fato usando a monstrina para tentar arrecadar dinheiro. Ao circulá-la por toda a cidade, eles poderiam transformar as pessoas inocentes que a estavam consumindo em monstros e cometer terrorismo em uma escala massiva. Essa droga é realmente muito perigosa.

Isso explica porque havia tantos monstros aparecendo em Libelle ultimamente. Quando Menou relatou isso à Sicilia, ela imediatamente começou a investigar o estado da distribuição de monstrina e começou a apreender qualquer um que tivesse ingerido a droga. Felizmente, ainda não havia chegado ao porto de fato, mas ainda havia muitos motivos para se preocupar.

A escala desse incidente estava se tornando muito maior do que o que elas imaginavam inicialmente.

“De qualquer forma, tenho muito mais trabalho a fazer.”

“Hmm?” Akari simplesmente inclinou sua cabeça, curiosa.

 

*

 

“O que significa isso, Lady Manon?”

No início da atual reunião emergencial, a qual tem sido realizada diariamente desde a chegada de Flarette, Manon foi imediatamente acusada por outros membros da Fourth.

Geralmente, eles apenas tratavam sua presença como uma formalidade, mas agora todos estavam olhando para ela. Manon piscou diante da inusitada mudança de eventos.

“Do que está falando?”

“Do ataque, obviamente! O fracasso foi lamentável, mas…por que eles viraram monstros, incluindo o Kaiser!?”

“Kaiser…?” As sobrancelhas de Manon se aproximam em concentração por um momento enquanto ela vasculha suas memórias.

Kaiser. Quem era mesmo? O nome parecia familiar. Definitivamente não era alguém importante, mas ela também suspeita que não era um completo estranho.

Após repetir esse nome em sua cabeça algumas vezes, ela conseguiu se lembrar.

“Ah, sim, Kaiser. Sr. Kaiser, não é? Sim, eu me lembro agora.” Ela bateu suas mãos juntas suavemente ao se recordar.

Era aquele homem robusto que Manon transformou em monstro na tarde de ontem quando o mesmo fracassou com seu ataque surpresa. A cena toda era tão insignificante que ela esqueceu completamente.

Satisfeita consigo mesma por se lembrar, Manon pressionou suas palmas juntas e sorriu.

“Por acaso eu estava passando por ali, apenas isso.”

“Passando, você diz…?”

“Ah, sim. Eu estava coincidentemente na região durante o ataque. Seria problemático para todos vocês se o Sr. Kaiser vazasse informações valiosas, não seria? Então, como uma integrante da Fourth que sou, resolvi tomar medidas preventivas. Flarette também estava lá, então achei melhor tratar de tudo prontamente.”

Manon sorriu e os demais executivos da Fourth ficaram chocados em silêncio.

Suas expressões não estavam encontrando culpa em Manon, exatamente. Eles pareciam estar tentando e falhando em descobrir a melhor forma de abordá-la.

“Lady Manon. Foi a srta. quem propôs inicialmente a distribuição de monstrina. Não foi?”

“Sim, correto.”

“A monstrina é incrivelmente viciante e seus usuários se sentem eufóricos. Foi isso que a srta. nos disse quando trouxe o receptáculo Etéreo que a produz.”

“Sim. A droga que temos distribuído foi adaptada para ter esses efeitos, então ela funciona conforme sua descrição.”

“Distribuí-la por toda a cidade nos dará acesso à capital. E se necessário, nós podemos usar os cidadãos que ingeriram a monstrina como reféns para conter a Faust. Como último recurso absoluto, nós podemos transformá-los em monstros para aumentar nosso número de peões e usá-los para confrontar a Faust e os cavaleiros diretamente. Não foi isso que a srta. nos disse?”

“Acredito que sim.”

Todos aqui não levavam a jovem Manon tão a sério. A Fourth em Libelle, afinal, eram principalmente amigos e aparentados da casa de Libelle. Como eles conheciam Manon desde sua infância, e ela não demonstrava sinais de levar as reuniões a sério, eles naturalmente faziam pouco caso dela.

Mas agora, tudo isso mudou.

“Então por que Kaiser se tornou um monstro!? Não faz sentido!”

“Ahh, entendo o que está querendo dizer.”

É claro, todos os líderes atualmente presentes sabiam dos riscos da monstrina, embora pudesse não ter ficado claro para os membros menores da Fourth. Consumí-la daria ao usuário um corpo musculoso e sensação de onipotência, mas isso era apenas um efeito colateral de sua lenta transformação física em monstros. Se uma pessoa soubesse do eventual destino dos usuários de monstrina, ela obviamente nunca usaria a droga em si mesma.

Então por que um dos líderes se transformou em um monstro?

A razão era simples. Manon apontou para a comida na mesa com seu leque.

“Eu misturei essa comida com monstrina.”

Essa era uma das razões deles terem chegado a uma conclusão tão irracional na reunião de ontem.

Todos ingeriram monstrina por meio da comida na mesa. A intoxicação resultante e a excessiva sensação de poder foi o que levou eles a optar por um ataque tão imprudente e agir imediatamente.

Gritos raivosos preenchem a sala.

Afinal, Kaiser se tornou um monstro, entrou em fúria desenfreada e foi eliminado pelos cavaleiros. Além de estar declarando inequivocamente que foi ela quem o transformou em um monstro, Manon acabou de revelar que todos eles também haviam ingerido a droga. A aterrorizante constatação de que qualquer um deles poderia virar um monstro estava percorrendo seus nervos.

“Sua maldita! O que diabos está pensando!?”

O sorriso calmo de Manon permaneceu inalterado.

“Acalmem-se, por favor.” Ela tirou uma pílula vermelha de sua manga.

Força Etérea: Sacrificar—Conluio do Caos, Puro Conceito [Maldade]—Evocar [Corda de pular enroscada]

A pílula vermelha desapareceu da palma de Manon.

“O quê?!”

Dessa vez, surgiram gritos de choque.

Um dos membros sentado na mesa redonda—uma mulher—teve seus braços extremamente torcidos. Seus ossos quebraram. Suas juntas dobraram em ângulos aparentemente impossíveis. Como uma corda com nós, seus braços se moveram anormalmente e começaram a se enrolar lentamente no próprio pescoço da mulher.

Ela tentou resistir, mas eram seus próprios braços que a estavam estrangulando. Movida por puro desespero, ela levantou seus pés e tentou encaixá-los entre seu pescoço e seus braços. Conforme ela se enrolava e batia as pernas, ela parecia muito uma formiga lutando para não se afogar.

“Ah…brghh…”

Finalmente, a mulher sufocou e parou de se mover completamente.

“Agora, mais alguma queixa?”

A sala de reuniões ficou em um silêncio mortal.

Mas um corajoso homem idoso disparou um olhar odioso em Manon.

“Como se atreve! Você é apenas um fracasso que não foi sequer capaz de herdar o poder de sua mãe… O Conde Libelle estar acamado também foi obra sua!?”

“…Que rude. Eu ainda sou uma filha perfeitamente obediente, fique sabendo.” Manon encolheu os ombros. “É simples, na realidade. Eu fui solicitada a propagar a monstrina em troca de pegar poder emprestado para realizar minha vingança, então eu queria que o máximo de pessoas possível a consumisse.”

“Vingança, você diz?” O rosto do homem idoso distorce em surpresa. “Mas o Conde Libelle nunca… Espere. Não me diga que você vendeu a Fourth para as mãos de um forasteiro!?”

“Vender…? Quem no mundo seria tão generoso para comprar uma organização tão imprestável?” Manon balançou sua cabeça, incrédula que os membros da Fourth ainda se consideravam tão valiosos. “Essa foi minha própria decisão.”

“Isso é conversa fiada! Como se uma pequena garota como você pudesse causar tal agitação por conta própria! Quem realmente está por trás disso!?”

O homem idoso ficou ainda mais nervoso.

Ele surpreendentemente estava próximo da verdade, mas completamente fora da marca ao mesmo tempo.

“Flarette está aqui…a aprendiz de Flare, que tirou a vida da minha mãe. Aquela terrível mulher que a matou porque ela era uma perdida… Como filha, é apenas de natureza humana que eu deva responder de acordo, não?”

Olhando niveladamente para os membros pálidos, Manon continuou indiferentemente.

“E então eu realizei certos preparativos para o baile que acontecerá amanhã à noite no Castelo Libelle. Certifiquem-se de comparecer.”

Ela não se importava com o que nenhum deles pensava.

Essa vingança era o desejo de Manon e de mais ninguém.

 

*

 

A luz do sol do entardecer lança um vermelho profundo sobre a paisagem.

Nesta cidade portuária, o vento muda com base no horário do dia. À noite, ele diminui para uma leve brisa em direção ao mar. Em um beco escuro entre as longas sombras de dois prédios, um borrifo de sangue jorra no ar.

Gah!

Esse grito amedrontado veio de um jovem rapaz no fim da adolescência.

Esses jovens eram delinquentes de Libelle, garotos arrogantes que pensam ser os lutadores mais fortes do mundo. Achando a vida pacífica muito entediante, eles se uniram em busca de emoções baratas e entusiasmo, cometendo atos iníquos sempre que conseguiam escapar dos olhos vigilantes de cavaleiros e sacerdotisas.

Verdade seja dita, eles eram a epítome da imprudência juvenil. E embora eles normalmente fossem cheios de confiança infundada e arrogância, nesse momento, todos eles estavam pingando sangue, com os rostos preenchidos de medo.

Diante deles estava uma garota, cuja adorabilidade estava completamente descabida.

Seu cabelo rosa estava preso em duas trancinhas com elásticos combinando. Estatura pequena e vestida com um traje de sacerdotisa branco, ela se dirigiu aos jovens rapazes com uma fala mansa.

“Já não é hora de confessar?”

Essa garota era fundamentalmente diferente das sacerdotisas que eles conheciam. Ela era violenta sem um sinal de hesitação. Não havia piedade ou compaixão em sua voz. E acima de tudo, a arma que ela estava empunhando era indescritivelmente sórdida.

Era uma serra.

Os jovens rapazes já estavam com lacerações por todo o corpo. Os ferimentos não eram particularmente profundos; seria difícil infligir dano apenas brandindo a fina e flexível lâmina.

Mas isso não mudava o fato de que seus ataques eram muito dolorosos.

Como a arma era destinada a serrar coisas, não cortá-las, ela causa uma dor maçante que atormenta o cérebro. Geralmente, uma luta daria a esses rapazes um pouco de entusiasmo, mas a dor de sua serra rapidamente esmagou o desejo deles por batalha.

“C-como assim, ‘confessar’? Quem diabos é você!?”

“Eu pensei que já tinha explicado essa parte…” Revirando os olhos para os jovens nervosos, ela irritadamente explicou seu propósito. “Estou procurando pela Fourth que habita nesta cidade. A escória da sociedade deve ingerir ou pelo menos carregar aquela tal droga monstrina, ceeerto? Anda logo e desembucha toda a informação que tiverem, suas cobaias falantes.”

“E—Eu não sei do que cê tá falando!”

“Sem mentiras, por favor.” Momo estreitou os olhos e brandiu a serra. Seu ruído afiado ao cortar o ar fez vários dos garotos tremerem.

Embora seus ferimentos fossem superficiais, a sensação da lâmina da serra na pele provocava um certo pavor primitivo. Eles já foram cortados diversas vezes à essa altura. Alguns deles já estavam traumatizados pelo resto da vida. Apenas ver a serra balançando como um chicote era o suficiente para drenar o sangue de seus rostos.

Mas seus espíritos rebeldes ainda não tinham sido completamente esmagados. Um deles até julgou que ela não poderia cortá-los tão severamente. Ele levantou seu punho e avançou sobre ela em um ataque suicida.

Seu julgamento não estava totalmente errado. Na verdade, jogar seu peso em uma investida provavelmente era uma decisão até mais correta contra uma serra.

A sacerdotisa de cabelo rosa fez uma careta, irritada.

“Credo, como vocês são irritantes.”

O garoto correndo em sua direção foi recebido com um chute giratório aéreo, que o fez voar.

Uma luz fosforescente preenche o beco escuro. Um rápido e instantâneo Aprimoramento Etéreo impulsionou seu chute com uma força inacreditável para alguém de pequena estatura como a dela.

O jovem rapaz colidiu com a parede e caiu no chão, onde ficou deitado, gemendo e incapaz de se levantar. Os olhos da garota ficam completamente frios enquanto ela se aproxima dele.

“Isso está se tornando um incômodo. Talvez seja mais rápido se eu serrar fora um dos seus braços?”

Não era uma ameaça vazia. A garota enrolou a serra ao redor do ombro do garoto. Ele luta para escapar, mas ela o imobilizou completamente.

“N-não…! Cê acha mesmo que pode se safar dessa!?”

“Não posso? Alguém realmente se importaria se o lixo de um beco escuro fosse descartado?”

Não havia hesitação em sua voz. A ameaça gélida gerou calafrios nas espinhas dos rapazes.

“Provavelmente seria um alívio para os Plebeus que vocês sempre incomodam. Nem a Ordem dos Cavaleiros não investigaria seriamente as mortes de estorvos como vocês. Eles vão apenas assumir que vocês levaram uma de suas brigas costumeiras longe demais e morreram como idiotas. Sem testemunhas, sem suspeitos. Esse seria o fim de vocês, não? Por isso é importante ser cuidadoso sobre como você se retrata no dia-a-dia.”

“M-mas você é uma sacerdotisa! Não tem como você de fato matar alguém!”

“Quem saaabe? Eu sou um sacerdotisa errante em uma peregrinação, e só ficarei nesta cidade por alguns dias. Mesmo se eu fosse descoberta, a Faust não se importaria com uma cidadezinha minúscula como Libelle. Pelo contrário, elas podem até me elogiar por me livrar do lixo.”

Não havia o menor traço de consciência em seu tom. Sua impiedade é tão discrepante quanto a de uma sacerdotisa comum que eles ficaram ainda mais aterrorizados.

“Apressem-se e me contem tudo que sabem! Eu não estou com humor para escutar seus gritinhos chorosos.”

“P-pare…! A gente não tem nada a ver com a Fourth, sério! E também não queremos chegar perto deles! Disseram pra gente não tomar aquela droga sinistra! Não é, galera!? É verdade!”

“Entendo…”

Seus dutos lacrimais devem ter cedido ao medo; torrentes de lágrimas e ranho começaram a inundar seu rosto. Definitivamente não parecia atuação. Ele pode até estar falando a verdade, pensou Momo, mas ser gentil com lixo não beneficiaria ela ou Menou de forma alguma, então ela decidiu serrar o braço dele fora por via das dúvidas.

“Bom, é agora ou nunca.” Momo agarrou ambas as pontas da serra e pisou no ombro do rapaz para mantê-lo no lugar, provocando um grito maior.

“Seu demôniooo!”

“S-se nossa líder estivesse aqui, você estaria morta!”

“…Líder?”

Justo quando Momo estava prestes a serrar, as palavras de um dos delinquentes chamou sua atenção. Se eles ainda pensavam que sua líder poderia ajudá-los mesmo nessa situação, eles deviam ter um volume considerável de fé em quem quer que fosse.

Isso era perfeito.

Essa tal líder provavelmente poderia dar a ela informações melhores do que as desses desordeiros de nível inferior. Momo decidiu extrair a localização dessa pessoa por meio de sua serra, mas se distraiu antes que pudesse voltar a usá-la.

“Aqui! Essa sacerdotisa esquisita nos atacou do nada!”

Um dos delinquentes que fugiram aparentemente foi chamar essa “líder” para ajudá-los.

Melhor ainda. Momo virou em direção à origem da voz. Independente de quem pudesse ser, provavelmente tinha informações mais úteis do que as desses idiotas.

Momo sorriu de uma forma sinistra, mas então o sorriso congelou em seu rosto.

Ela escutou o estalo de passos, ecoando alto mesmo ao ar livre.

E então, alguém com uma presença esmagadoramente poderosa apareceu.

Era uma mulher alta o suficiente para ficar ombro a ombro com qualquer homem, com seu cabelo loiro tingido de vermelho logo atrás dela. Seus belos traços são tanto selvagens quanto refinados. A quantidade de pele exposta por seu vestido angular e aberto nas costas era um tanto excessiva, mas ela se mostra orgulhosa, como se quisesse exibir a beleza física do seu corpo.

“Sinceramente. Quem quer que seja, não vou permiti-la causar o caos na—oh?”

Era ninguém menos do que Ashuna Grisarika, cujos olhos brilharam quando se depararam com Momo.

“Ooh! Se não é a Momo!”

Sem dizer uma palavra, Momo carregou sua serra com Força Etérea.

Força Etérea: Conectar—Serra, Brasão—

“Se estamos nos encontrando novamente em um lugar desses, realmente deve ser—”

Invocar [Oscilação]

“É aqui que você morre, Princesinha!”

Berrando com intensa emoção, fazendo parecer sua serenidade até aquele momento inimaginável, Momo lançou-se para frente e balançou sua serra vibrante como um chicote.

 

*

 

A batalha entre Momo e Ashuna acabou rapidamente.

Havia pouco a ser dito sobre. Momo queria uma luta séria, mas a Princesa amante de batalhas estava muito feliz para enfrentá-la. Fazê-la contente era o oposto do objetivo de Momo, então ela desistiu assim que seu ataque inicial falhou.

E claro, Ashuna não parecia nem um pouco incomodada pelo fato de Momo tê-la atacado.

“Você é sempre tão enérgica, Momo!”

“Calada…”

Ashuna sorriu alegremente para Momo, cuja única resposta foi uma queixa aborrecida.

Elas estavam sentadas lado-a-lado em um bar decadente em uma adega perto do beco.

Os jovens delinquentes que Momo estava pressionando para obter informações se dispersaram. Quando souberam que Momo era uma conhecida de Ashuna, eles inexplicavelmente aceitaram tudo sem mais queixas. Momo achou tudo terrivelmente desgastante.

“Então o que raios você está fazendo aqui, Sua Alteza? No mínimo, eu esperava que você estivesse no Castelo Libelle.”

“‘Sua Alteza?’ Vamos, Momo, não seja tão formal. Por que não continua me chamando de Princesinha, minha amiga?”

“Por que diabos você não morreu naquelas ruííínas…!?”

Em meros minutos de conversa, a compostura de Momo já estava escorregando conforme Ashuna ralava seus nervos.

No caminho para esta cidade, Ashuna e Momo se depararam uma com a outra na Fronteira Selvagem. Ashuna arrastou Momo para explorar algumas ruínas ancestrais que elas encontraram no caminho, mas Momo usou Ashuna como isca para escapar e deixou-a sozinha no local. E mesmo assim, aqui estava ela, sã e salva—e mais irritante do que nunca, no que dizia respeito a Momo.

Mas por alguma razão, isso apenas deixou Ashuna ainda mais feliz.

“Falando nas ruínas, aquelas gárgulas foram bem difíceis. Inimigos com base no Conceito de Pecado Original sempre são desagradáveis. Especialmente demônios. Meu estilo de luta não parece ser muito bem compatível com eles.”

“Bom, isso é porque sua única estratégia é a força bruta, Princesinha. E gárgulas são mais imitações do que de fato demônios, já que eles são apenas estátuas de pedra que foram conferidas com energia demoníaca.”

Os próprios corpos dos demônios são compostos de Pecado Original. Essencialmente, um demônio é o resultado da extração de essência de um Pecado Original. Qualquer coisa que ele absorva, seja orgânico ou inorgânico, será transformado em algo de natureza maligna. O Conceito de Pecado Original naturalmente corrói a composição fundamental das coisas e as tornam todas iguais.

“As gárgulas absorveram demônios fisicamente e mudaram sua própria composição. É mais um monstro do que um demônio. Afinal, um monstro realmente não passa de uma coisa viva que absorveu um Pecado Original e mudou sua natureza.”

“Isso é verdade?”

“É.”

As Conjurações de Pecado Original são únicas em termos de origem. Antigamente, não existia tal coisa. Cerca de mil anos antes, o ser que trouxe os demônios e os monstros para este mundo apareceu subitamente.

O originador de todos os Conceitos de Pecado Original foi o Pandemônio.

Uma única menina com um Puro Conceito e uma imaginação selvagem criou os demônios, e o sangue e carne que ela derramava se tornaram monstros. As Conjurações de Pecado Original foram baseadas inicialmente em um Puro Conceito controlado por uma única Ádvena. Foram as imitações inferiores que ficaram conhecidas como Conjurações de Pecado Original.

Momo bebeu o leite que ela pediu enquanto se lembrava dessa história de origem.

O Pandemônio foi selado como um dos Quatro Principais Erros Humanos, e portanto se tornou o nome do local das ruínas. O Puro Conceito selado sobre o oceano ao sul de Libelle era a nascente dos monstros que agora assolam este mundo.

“Mas eu não entendo. Por que se dar ao trabalho de conferir demônios a outra coisa? Ao torná-los mais físicos, eles perdem sua imortalidade, certo? Não dá para simplesmente evocar um demônio intocado, como naquela vez no Reino de Grisarika?”

“É uma questão de criar mais massa. Evocar um demônio de grande massa do Conceito de Pecado Original requer um sacrifício de tamanho equivalente, sem contar as técnicas de conjuração de alto nível. É mais custo-efetivo evocar demônios menores e inferiores, e conferi-los a algo, seja inanimado ou não. Porém, mais importante, Pincesa Líderzinha…”

Momo não estava aqui para explicar a natureza dos demônios ou do Pecado Original. Ela olhou fixamente para Ashuna.

“Mesmo se eu generosamente ignorar o porquê você está aqui em primeiro lugar, como raios você acabou bancando o ‘rei’ para aqueles bebês trastes?”

“Ei, não os chame assim. Eles são bons meninos. Uma vez que você os faz seguirem suas ordens, eles são quase adoráveis.”

Como de costume, elas estavam seguindo linhas de raciocínio completamente diferentes. Ashuna provavelmente não estava evitando a pergunta intencionalmente, mas sua resposta estranhamente desalinhada gerou uma expressão amarga no rosto de Momo.

“Conversar com você é estresse garantido…”

“É mesmo? Eu me divirto conversando com você, Momo. Além disso, a maioria deles são apenas jovens da Nobreza se metendo em malandragem na cidade. Nunca se sabe, pode acabar sendo benéfico conhecê-los no futuro.”

“Mergulhar no lixão não me parece muito benéfico. Sem falar que, você mesma não está no auge da sua fase de adolescente rebelde, Princesinha?”

“Ora, vamos. Eles ainda são jovens. Sempre vale a pena conversar com a geração mais jovem apenas por essa razão. Afinal, nós temos aproximadamente a mesma idade.”

Não era completamente ilógico, Momo supôs. E parecia inútil pressioná-la mais que isso.

Ashuna era uma princesa de uma nação diferente. Criar conexões pessoais aqui não seria de nenhuma utilidade prática para ela. Neste continente, havia pouca interação entre as nações, já que todos estavam separados pela Fronteira Selvagem. Eles não estavam completamente desconectados, mas a maior parte das nações não tem tempo ou energia para gastar com seus vizinhos.

“As coisas não estão saindo do controle na sua própria nação neste momento?” Momo perguntou. “Digo, seu prezado pai não acabou de ter sua cabeça decepada pela Santa Inquisição recentemente? Eu sei que você é a filha mais nova, mas deveria meeesmo estar brincando por aqui?”

Você não iria para outra nação se as coisas estivessem saindo do controle no seu lar?”

O pai de Ashuna cometeu o pecado de evocar uma Ádvena há apenas três semanas atrás. Na verdade, foi ele que evocou Akari para este mundo.

Enquanto Momo olha para Ashuna minuciosamente, tentando sondar seus objetivos, Ashuna olha de volta.

“Conflito político simplesmente não é comigo. Eu queria ir embora rápido antes que fosse arrastada para isso. Alguns parentes meus simplesmente adoram fazer coisas simples serem desnecessariamente complicadas, sabe? Não quero ter nada a ver com a seleção de nosso próximo líder, muito obrigado.”

“Quanto egocentrismo…”

“Prefiro pensar nisso como estar preparada. Parte da razão de eu ter me tornado uma cavaleira em primeiro lugar foi para que eu tivesse a permissão para carregar uma espada não importa onde eu fosse, caso precisasse fugir de algum disparate político.” Ashuna gargalhou alegremente.

Realmente, era um comportamento adequadamente irresponsável para a Princesa Cavaleira despreocupada e justiceira. Momo não conseguiu esconder sua estupefação diante da declaração atipicamente descontraída de uma suposta integrante da Nobreza.

“Enfim, diga-me uma coisa: Por que você estava implicando com eles, Momo?”

Enquanto Ashuna muda de tópico, de volta ao assunto em questão, Momo fica em silêncio.

Sua intenção era pressionar os delinquentes locais por informação para encontrar os membros e o esconderijo da Fourth em Libelle. Como ela está em território desconhecido, essa parecia ser a maneira mais rápida de descobrir as coisas.

Porém, Ashuna já estava muito à sua frente e até conseguiu colocar os delinquentes sob o seu controle.

“...Estou tentando dar um limpa na Fourth. Eles são comuns como baratas, sério, mas os dessa cidade definitivamente estão envolvidos em algum tipo de cerimônia relacionada com Pecado Original. Você sabe alguma coisa sobre uma pílula vermelha?”

“Ah, aquilo, é? Você trabalha rápido.”

“Sabe de alguma coisa sobre?”

“É claro. Eu tenho colocado um fim à circulação dessa tal monstrina. A Fourth tentou distribuí-la para esses meus capangazinhos. Então eu tenho usado essa informação para calcular a rota deles. Já marquei o local onde eles a estão produzindo, e também já tenho uma ideia sólida de quem está por trás disso. Aqui, dê uma olhada nisso.”

Momo levantou suas sobrancelhas, mas Ashuna apenas sorriu e pegou algo de seus seios.

“Está vendo? Eu recebi um convite de Manon Libelle para um baile noturno no Castelo Libelle.”

“Manon Libelle…? Ela é a filha do lorde desta cidade, se bem me lembro. E o que tem ela?”

“Bom, o chefe da família, Trizista Libelle, está com a saúde debilitada. E portanto, eles estão realizando uma festa para estreá-la como sua sucessora, ao que parece.”

Evidentemente, a carta selada que ela estava abanando era um convite por escrito. Muito apropriado para uma princesa, mesmo se ela fosse de outro reino.

“É apenas um palpite, mas acho que ela está envolvida nos movimentos da Fourth em Libelle. Por que não vamos até lá e investigamos juntas?”

“Por que você naturalmente presume que eu irei trabalhar com você, Princesinha?”

“Bom, por que não? Não é nada demais.”

“Eu passo. Obrigada. Parece uma perda de tempo.”

Ashuna parecia um tanto chocada. “Você não virá comigo? Pois bem, por que você não infiltra a base de produção de monstrina enquanto eu investigo Manon Libelle? Não seria tão ruim dividirmos o trabalho e compartilharmos nossos resultados depois. Na verdade, por que não fazemos disso uma competição para ver quem obtém mais informações, enquanto agimos?”

“Suponho que tudo bem, mas você serve mesmo para espreitar, Princesinha?”

Oh-ho? Detesto lhe dizer isso, Momo, mas não há nada que eu não possa fazer. Tenho bastante orgulho da minha habilidade de farejar as fraquezas de um inimigo.”

“Farejar? Se você é dependente de um sexto sentido esquisito, já é um mau sinaaal…”

Momo bufou desdenhosamente. Nenhuma pessoa sensata colocaria tanta fé em um instinto que ela não consegue sequer explicar corretamente. Nunca tinha ouvido falar de uma princesa que vive de puro instinto animal, ela pensou ironicamente, encolhendo os ombros exageradamente.

Claro, isso não parecia incomodar Ashuna. Afinal, ela era uma princesa da Nobreza e realizou tantos feitos que passou a ser vastamente conhecida como a Princesa Cavaleira. Ela estava mais do que feliz em aceitar um desafio de Momo.

“Acredite no que quiser, Momo. Você irá engolir essas palavras quando conhecer meu talento investigativo. Eu prometo que voltarei desse baile noturno com informações valiosas.”

“Por que eu deveria me importar? Você pode fazer o que quiser, Princesinha. Eu vou destruir essa tal base de produção. Estarei aguardando notícias de seu grande sucesso.”

Momo zombou da princesa confiante e a deixou para trás.

 

*

 

“Entããão, acabou que ela ainda está viva.”

No saguão da pousada, mais tarde naquela noite, Menou franziu a testa com o relatório verbal de Momo.

“Por que uma Princesa do Reino de Grisarika se tornaria a chefe de um bando de delinquentes…?”

Após conseguir um quarto de hotel barato para a noite, Menou furtivamente deixou Akari para se encontrar com Momo.

Ashuna era uma princesa autêntica, mesmo sendo de um reino diferente. Não fazia absolutamente sentido algum ela estar comandando jovens vândalos nos becos de alguma outra nação.

“Não sei a justificativa. Se tivesse que adivinhar, diria que ela faz isso por diversããão.”

“É um senso estranho de diversão para uma princesa. Francamente… E como ela já descobriu a base de produção e a mandante? Ela certamente não chegou aqui muito antes de mim.”

Menou imaginou que elas haviam deixado a nação vizinha mais ou menos na mesma data. Como Menou estava viajando com Akari, uma total novata, ela planejou a jornada com cautela. Ashuna provavelmente tomou a rota mais curta possível pela divisa através da Fronteira Selvagem, mas mesmo assim, não poderia haver uma diferença maior do que uma semana entre suas chegadas. O fato dela ter reunido tanta informação promissora em tão pouco tempo, não era nada menos que impressionante.

“Suponho que não a chamam de Princesa Cavaleira à toa. Ela é certamente ousada para enfiar o nariz em todos esses assuntos, seja por bem ou por mal.”

“Concooordo. Então eu suponho que vou destruir essa tal base de produção amanhã a noite.”

“Sobre isso, Momo. Na verdade, estou planejando me infiltrar no baile noturno no Castelo Libelle amanhã como uma convidada.”

Como Ashuna havia mencionado, Manon Libelle estava organizando um baile. Como o Conde Libelle estava acamado, essa festa pretendia introduzir Manon ao público como sua representante.

Como a líder da Faust nesta cidade, Sicilia também foi convidada. Menou conseguiu obter um convite, então ela planejava comparecer, também. Com sorte, ela estava com esperança de infiltrar-se no castelo.

“Duvido que haverá alguém forte na base de produção, então eu posso ir soziiinha! Porém, mais importante, queriiida!”

Momo estava acostumada a trabalhar separadamente, então ela insistiu que Menou não ficasse tão preocupada. Em vez disso, ela agarrou os ombros de Menou com força.

“Momo?”

“Deixe-me fazer o seu vestido!”

“O meu vestido? Por quê?” Menou piscou, confusa.

O traje de sacerdotisa que Menou e Momo geralmente usam era perfeitamente aceitável como vestimenta formal para a Faust. O único problema em potencial era que os trajes de ambas foram ligeiramente modificados, mas elas ainda poderiam usá-los em qualquer evento com orgulho.

“Eu vestirei minha túnica de sacerdotisa no baile. Como serei parte da comitiva da Pastora Sicilia, nada mais lógico.”

“Não é lógico!” Momo berrou. “Escute, queriiida! Você não vai à essa festa para se divertir. Você estará investigando o inimigo e infiltrando-se na base deles! Por que você vestiria uma roupa que praticamente grita ‘Eu sou uma sacerdotisa’ em território inimigo!?”

“H-hmm. Suponho que tenha razão, mas…”

“Além disso, aquela maldita Princesinha estará lá. Ela tem instintos estupidamente aguçados, então o que aconteceria se ela fixasse os olhos em vocêêê!?”

Momo estava divagando, mas havia uma certa verdade em suas palavras. A intensidade de seu tom fez Menou encolher um pouco.

“E acima de tudo!” Momo apertou seu punho dramaticamente, sem deixar brecha para protesto. “Você ficaria tão estilosa, queriiida!!”

“M-mas, Momo…” Menou tentou acalmar sua assistente de olhos brilhantes com uma voz tranquila e racional. “O baile é amanhã. Você não teria tempo ou materiais para fazer um vestido até lá, mesmo se fosse apenas uma fantasia, teria?”

“Uma noite é o suficiente.” Momo declarou.

Ela parecia determinada. Evidentemente, Menou não tem muita experiência em alfaiataria para saber quanto tempo leva para fazer um vestido. Mas Momo parecia muito confiante, soando como se ela realmente fosse capaz.

“Bom, não há tempo há perdeeer. Com sua licença!”

Aparentemente cheia de inspiração, Momo saltou para fora da sala, deixando Menou sozinha.

Ela certamente é o tipo de assistente que pode cumprir qualquer tarefa que tiver em mente. Com toda a certeza, ela entregará o vestido amanhã. Mesmo assim, Menou não conseguia evitar de se perguntar porque Momo é tão obcecada com as coisas mais estranhas.

“Bom, deixando a Momo de lado…o problema real é a Akari.”

Havia um outro problema na cabeça de Menou.

Era Akari, é claro. Se Menou fosse para o baile no Castelo Libelle, ela garantidamente faria um escândalo e exigiria ir junto.

Com um grande suspiro, Menou voltou para o quarto no qual Akari estava esperando.

 

*

 

“Eu quero ir, também!”

Efetivamente, a reação de Akari ao plano de Menou para o dia seguinte foi exatamente como ela previu.

“Não é justo! Não é justo! Fui eu que falei que queria ir lá primeiro! Por que você pode ir e eu não? A vida é tão injusta!”

“Eu já disse, não é questão de justeza. É apenas para o meu trabalho…”

“Que tipo de trabalho super divertido é esse!?”

A maioria dos convidados nesses tipos de festa, estão lá como parte de seu dever profissional.

“E além do mais! O que você vai fazer se eu for sequestrada ou algo parecido enquanto você estiver fora, Menou!?”

“Eu farei uma oração em honra ao seu sacrifício necessário.”

“O quê?!”

Akari estava começando a ficar irracional, então Menou respondeu friamente.

“Piadas à parte, seria muito mais difícil te levar comigo. Sinto muito, mas os convites são somente para uma pessoa—sem acompanhantes. Além disso, você não tem nada para vestir, tem?”

“Eu tenho meu uniforme escolar!”

“Ah… Bom, suponho que isso seja um tipo de traje formal.”

O uniforme que Akari estava usando quando foi evocada certamente poderia passar. Ele estava guardado em sua bagagem, mas seria conspícuo demais se ela o usasse em público.

“Mas não. Nós não temos nenhum costume de estudantes usarem esses tipos de uniformes neste mundo. Você apenas terá que ficar aqui e se comportar.”

“Mrrr…” Akari parou de amuar para à tempo de lançar um olhar de cachorro para Menou. “Então, você ao menos vai me deixar te ver em um vestido, não vai?”

Menou sorriu docilmente. “Nem em sonho.”

“Então eu quero ir, tambééém!”

Nenhuma quantia adicional de persuasão era o suficiente para impedir Akari.



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