Volume 2

Capítulo 63: Você é incrível!

Se o quarto da Ye Wanwan podia ser comparado com um conto de fadas, então o quarto de Si Yehan era a cena de um pesadelo — tão escuro e sombrio quanto o cômodo que tinha no Jardim Jin.

Quando entraram, já havia alguém os esperando. O doutor particular, Mo Xuan.

Ao vê-los, o médico levantou, os cumprimentando: — Nono mestre, senhorita Ye.

O sujeito parecia acostumado à presença do psicanalista naquela hora, tarde da noite, e não esboçou qualquer reação ao caminhar até a sua cama. A garota seguiu atrás dele, os seus passos muito mais hesitantes.

— Vou atrapalhar se eu ficar aqui?

Sabia que ninguém tinha permissão de interromper a sessão de hipnose do jovem mestre. Mo Xuan fixou seus olhos nela. Teoricamente, a presença da jovem atrapalharia, porque, para que o hipnotismo funcionasse, o lugar precisava estar silencioso e fechado, sem interferências externas. 

Entretanto, considerando o debate desta noite, e o fato dela ter sido trazida pessoalmente pelo paciente, o doutor não ousava mandá-la para fora. 

— Vamos ver se funciona.

Ah, certo. — Ela concordou.

Si Yehan deitou-se na cama e franziu as sobrancelhas ao vê-la em pé, afastada. A mulher ficou um pouco confusa. O sujeito tinha pedido que ficasse com ele, mas Ye Wanwan não tinha entendido o que o “ficar” significava. Além disso, com a presença do médico, estava com vergonha de se deitar ao lado dele.

— Venha aqui. — Enquanto ela hesitava, a paciência do grande demônio se esgotou.

Sentindo o perigo no ar, a jovem correu e se sentou na beirada da cama. Mas, no momento que tocou os lençóis, o indivíduo estendeu o braço longo e puxou o seu corpo, agarrando-a pela cintura e apoiando a cabeça na sua barriga.

Encostada na cabeceira da cama, e sendo usada como travesseiro, ela ficou em modo estátua novamente. O especialista estava ocupado se preparando para a sessão, mas ficou surpreso ao presenciar a mudança de atitude da garota.

No passado, Ye Wanwan via Si Yehan como uma besta assustadora, e sempre o rejeitava, impondo-se com selvageria. 

“Felizmente, essa mulher percebeu o que é melhor a se fazer e parou de se rebelar. Senão, no fim, quem iria acabar sofrendo seria ninguém mais do que ela.”

Do ponto de vista de alguém de fora, ele sabia que as ações de Si Yehan em forçar a garota a ficar do seu lado eram erradas. Mas tentar aplicar o bom senso a essa pessoa sem emoções, que representava o inferno na terra, era uma tarefa inútil.

Depois de alguns minutos, Mo Xuan terminou os preparativos.

— Nono mestre, podemos começar? — perguntou, caminhando até a cama, mas Si Yehan não respondeu. Então, tentou chamar novamente: — Nono mestre?  

Ainda assim, sem respostas. Por fim, Ye Wanwan percebeu que ele estava dormindo pacificamente de olhos fechados. 

— O nono mestre já dormiu! Doutor Mo, você é incrível! — exclamou.

“........” O médico ficou calado por um longo tempo; seus olhos estavam fixos na cena, e a sua língua queria dizer algo, mas estava sem palavras. “Eu, incrível? Mas nem fiz nada ainda!”

O psicanalista se aproximou e reconheceu que o sujeito não só estava dormindo, mas estava em sono profundo. As pessoas falando no quarto não o atrapalharam nem um pouquinho. Aquela cena o deixou com uma sensação estranha.

“Será que Si Yehan está mesmo conseguindo dormir por causa dela? Por que eu nunca percebi isso antes? E também, eu não vi a Ye Wanwan fazendo nada de diferente, então como isso acontece?”



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