Volume 1
Capítulo 50: Quer mesmo me beijar?
O ensaio finalmente começou depois das ordens dadas por Si Xia…
Mesmo as pessoas que estavam relutantes em partir, engoliram os protestos e seguiram para a saída depois de ouvi-lo. Em resposta, Ye Wanwan só deu de ombros, indiferente.
“Se quer mesmo fazer isso, vamos ver quanto tempo você vai aguentar.”
A parte dele na peça não era muito longa, por isso, o garoto passou a maior parte do tempo sentado na beirada da janela, dormindo. Só quando chegou a última cena, que alguém veio gentilmente o acordar.
— Hmm… Si Xia, chegou a sua vez…
A próxima cena envolvia os sete anões, que haviam colocado a Branca de Neve no caixão de cristal. O príncipe do reino vizinho chegou montado no seu cavalo branco, e reviveu a mulher adormecida através de um beijo romântico.
Franzindo as sobrancelhas, o jovem abriu os olhos mesmo com relutância. Ele foi recebido por olhares simpáticos, como se estivessem fazendo um minuto de silêncio em sua homenagem.
“O que diabos há com essas expressões de pena?”
Ye Wanwan se jogou em cima da mesa que havia sido preparada para simular o caixão, e enquanto balançava as pernas, pegou da mochila a sua bolsa de maquiagens.
— Espera um pouco. Vou retocar a make! — “Sombra mais escura, blush bem forte e batom aplicado! Agora é só misturar pra dar o efeito máximo!” Pensou, pintando todo o rosto. — Tá bom. Já estou pronta.
Ao terminar de passar o batom, ela ergueu o rosto e se deitou na madeira. Sob a pressão da intenção assassina das garotas, Si Xia ajeitou o cabelo bagunçado, abriu um dos botões da camisa e caminhou passo a passo até a lateral da mulher que o aguardava.
Encarando o cabelo verde e espalhafatoso, a maquiagem heavy-metal que se assemelhava a um fantasma e as tatuagens de caveira que cobriam todo o corpo, sem falar nos lábios tão roxos que pareciam preto, o estômago do jovem estava tendo um ataque de revirar rios e oceanos*.
Si Xia tentou se convencer de que era melhor terminar com tudo o mais rápido possível. Então, antes que desistisse, respirou fundo e mergulhou a cabeça…
“Fui em quem tirei o nome dela da caixa. Mesmo que pra isso eu tenha que me ajoelhar e pedir ajuda aos céus, preciso continuar!”
— Ugh, para! — A garota estava tão nervosa que gritou, fechando os olhos para não ver o que estava prestes a acontecer. Mais do que um conto de fadas, aquele cenário parecia mais com um filme de terror na sua mente.
— Puta merda! Não me diga que eles vão beijar de verdade! Somos só estudantes do colegial, não precisamos fazer algo muito realista! O beijo deve ser falso!
— Fala sério, é claro que precisa ser falso! Mas o problema é… dá mesmo pra fingir essa cena?
***
Um beijo falso? Dar três passos na direção dela já era difícil, imagine ter que chegar perto o suficiente para um beijo. Quando Si Xia se inclinou, seu rosto desviou da garota e ele começou a tossir violentamente.
Ao ver aquilo, as estudantes ao redor começaram a ficar nervosas e levaram várias garrafas de água e toalhas para o garoto usar. Cheng Xue alternou seu olhar entre a Branca de Neve horrenda e o Príncipe Encantando, quase se debulhando em lágrimas de tanto estresse.
— Si Xia, não se esforce demais, tá bom?
Ye Wanwan se levantou, sentindo um pouco de culpa ao vê-lo daquele jeito.
— Ei! Você tá bem?
Depois de beber a garrafa de água inteira, ele finalmente conseguiu se acalmar um pouco. Com grande dificuldade, respondeu: — Você… mude a cor do batom…
— Já que eu comi uma maçã envenenada, é claro que meus lábios deviam estar da cor roxa! Assim faz mais sentido. — Ela piscou, fingindo inocência.
Por outro lado, o seu parceiro parecia estar a ponto de cair duro.
— Cala a boca e muda isso logo!
— Vou mudar~ Já tô indo mudar~! — Os lábios dela se encurvaram, e o seu rosto esboçou uma expressão de indecisão. Um tempo depois, a jovem retirou da bolsa o algodão e começou a limpar a cor roxa da boca, trocando para um vermelho comum. — Assim ficou melhor?
— Vamos tentar de novo. — Si Xia apertou os olhos com força.
Depois de murmurar um “oh” distraído, Ye Wanwan se deitou novamente na mesa e eles tentaram reproduzir a cena novamente. O homem encarou aquela aparência exagerada, e a boca sangrenta aberta como uma tigela sacrificial*, mas no fim… fugiu correndo de volta para a sala de aula.
Vários minutos se passaram antes deles virem a figura masculina de novo, parecendo à beira de um desmaio, como um cadáver drenado e vazio. Ao ver aquilo, Ye Wanwan ficou sem palavras.
“Ele já tentou o suficiente. Será que esse cara precisa mesmo ir tão longe por puro orgulho masculino? Si Xia poderia ter evitado todo esse problema indo até a professora e pedindo pra ser feita uma troca de atores. Se fizesse isso, eu não teria que me esforçar tanto agora!”
...