Volume 1

Capitulo 39: Macio e confortável

Todas as camas do dormitório ganhavam um par de lençóis listrados azul e branco, mas Ye Wanwan não gostava deles, porque a fazia se sentir desconfortável. Por isso, foi até o mercado próximo e comprou uma colcha muito maior e mais confortável, com peônias vermelhas estampadas. A mudança era notável.

No entanto, ter Si Yehan deitado em cima daqueles desenhos de flores era uma visão bem estranha. De alguma forma, a garota sentiu que a cama havia se tornado mais… elegante...

— Você vai dormir aqui?

— Vem cá.

Com um suspiro, a mulher caminhou até a cama de forma obediente. Assim que estava próxima o suficiente, ele a pegou em seus braços para ficarem deitados juntos. 

“…… Se é ele quem quer dormir, por que eu preciso ir junto?!”

Vozes de garotas passando do lado de fora em frente a porta podiam ser ouvidas enquanto elas riam e conversavam. Sentindo seu coração subir pela garganta, Ye Wanwan tentou aconselhá-lo com urgência: — Você sabe, minha cama é muito dura, dormir nela é muito ruim! Se está com sono, que tal ir descansar em casa?

O sujeito continuou a abraçá-la, como se ela fosse um travesseiro.

— Aqui é macio e confortável.

Em resposta àquilo, ela fez uma careta.

“Ele tá falando da cama ou de mim!?”

— Nono Mestre, tem certeza de que não quer voltar e dormir na mansão? A minha voz vai te distrair, a cama é pequena, então suas pernas nem cabem. E não é só isso, o Dr. Mo disse que você não consegue nem dormir bem, e…

Ela tentava ao máximo dissuadi-lo daquela ideia, mas tudo estava passando por um ouvido e saindo pelo outro. Por fim, a jovem fechou a boca, sem saber mais o que dizer.

Quando o silêncio reinou, o indivíduo voltou a abrir os olhos.

— Fale. — ordenou com sua voz rouca.

Entretanto, a resposta dela demorou a fechar; tudo que conseguiu foi um “?” confuso.

— Continue falando.

“Não já basta ser tão difícil de agradar, agora precisa que eu fique murmurando enquanto você dorme?”

Ye Wanwan quis, simplesmente, chutar a colcha no chão e levantar, mas é claro que não teve coragem pra isso. Tudo que podia fazer era resmungar e acenar com a cabeça.

— Então…

“O que eu devo falar?”

— Bem, vou ditar o número pi pra você, tá legal? — perguntou, duvidosa.

Uma certa pessoa grunhiu e concordou, sem expressar qualquer desaprovação.

Assim, ela começou a recitar: — 3.1415926535897...

Pi é um decimal infinito. É dito que se alguém recitasse por mais de 10 horas consecutivas, seriam cerca de 100.000 dígitos. A garota não anotou quantos números tinha dito, mas já que Si Yehan não a mandou parar, ela continuou, sem ousar descansar nem um minuto.

O homem deitado ao seu lado era tão bonito que podia iluminar todo o Qing He até o topo do céu. Seu cabelo preto era como a luz fraca da noite; suas feições faciais esculpidas; sua pele perfeita sem falhas, e, embora seus lábios finos parecessem um pouco assimétricos, ainda eram extremamente atraentes — mesmo um único fio do seu cabelo demonstrava a parcialidade de Deus —, e, esse exato momento, não era uma exceção, enquanto tinha a gravata folgada no pescoço, exibindo uma parte da sua clavícula…

Quando não estava sentindo medo dele, Ye Wanwan percebia o quão difícil era se deitar ao lado de alguém com tantas qualidades e não fazer nada.

Sem saber quanto tempo se passou, ela acabou ficando sonolenta de tanto contar, e acabou cedendo ao sono. Só uma batida abrupta na porta a acordou de súbito.

TUM TUM TUM—

O baque era muito alto e reverberava nas paredes.

“Porra! Aconteceu o que eu temia!”

A jovem era como um pássaro assustado pelo mero puxar de um arco. Si Yehan ainda estava profundamente adormecido, mesmo depois deles serem atrapalhados pelo som vindo da porta. Apenas as suas sobrancelhas charmosas se franziram, e uma nuvem negra começou a se formar acima da sua cabeça.

Ficou um pouco surpresa, afinal, ele ainda estava dormindo. “Não é porque ele mal consegue dormir que o Dr. Mo precisa hipnotizá-lo?”

Porém, agora não era o momento de ficar pensando. Apressada, a mulher empurrou a pessoa ao seu lado de forma gentil e disse: — Si Yehan! Acorde! Vamos!



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